Vinicius Giglio Uzêda

Adaptar Kerouac não foi tarefa fácil, mas acho que o roteiro de Rivera e a mão de Salles não deixam a desejar. O espírito da juventude incipiente norte-americana dos anos 50 está lá. Ficam reflexões sobre amizade, vida e limite. Poderia ter aprofundado o contexto artístico dos beatniks que está presente de forma tão sutil e por vezes se torna imperceptível. Bom filme, bom filme...

Filme mais do que necessário, se tratando de (co)produções nacionais. O tom sóbrio e psicológico do filme é marcante, sobretudo reforçado pelo passo lento da narrativa. O que me despertou maior interesse foi como a "brasilidade", ou nossos traços culturais que ajudam a moldar nossa identidade nacional, foi inserida no filme de forma sutil. Explorar a participação brasileira na Segunda Guerra no cinema é fundamental tanto para nossa história quanto para nossa produção cinematográfica, que longe de ser mais um "globofilmes" encontra nessa obra um grande referencial. Contudo, o roteiro peca demais. A construção dos diálogos faz com que haja uma quebra na historicidade pretendida, os personagens principais não são bem desenvolvidos enquanto personagens, a narrativa lenta que cria o sentimento de angústia passa do limite dramático e se torna enfadonha, perde-se a mão nos voice overs.

Ainda assim é sensacional que tenhamos produzido um filme sobre a participação brasileira na Segunda Guerra e seu intenso horror, sobre a frágil humanidade dos soldados e sobre a própria condição humana.

8/10

filme mediano. não acho nem de longe merecido o Oscar