A química de Bradley Cooper e Jennifer Lawrence em cena é inquestionável, os dois sustentam os diálogos e demonstram afiados na hora da atuação, mas suas atuações estão longe de ser grandes coisa. Bradley não consegue chegar ao ponto que seu personagem precisava em muitos dos momentos, Pat (Bradly Cooper) fica parecendo um abobalhado e mais uma vez vemos Jennifer interpretando Tiffany uma descompensada cabeça, o que não impressiona a ponto de ter ganhado um Oscar de Melhor Atriz.
Robert de Niro está incrível no papel de Pat Senior um homem que sofre de TOC, mas poderia ter aparecido menos e dado um pouco mais de lugar a atriz Jacki Weaver (Dolores Solitano), que estava perfeita e deu um gosto de quero mais, suas cenas foram curtas e sem profundidade, uma pena, ainda que um pouco ofuscada, Jacki quem mais brilhou no filme. David O. Russel mais uma vez se garante com um elenco que sabe o que está fazendo.
O filme tratará sobre a vida e seus problemas, mas que em tudo podemos enxergar e aproveitar as coisas boas, mesmo nas piores situações e isso já é entregue só no título do filme “O Lado Bom da Vida”. Um filme com uma temática muito complicada, mas que atinge um perfeito equilíbrio.
O roteiro foi adaptado por David O. Russel baseado no livro “Silver Linings Playbook” publicado por Matthew Quick, com diálogos quase sem interrupções o que dá uma ideia falsa de improvisação dos atores, o que ficou genial. O romance entre os dois personagens Pat e Tiffany é clichê até certo ponto, o personagem de Bradley acredita que consegue vencer a doença com pensamentos positivos e o amor dos pais, simplesmente não colou, o roteiro se mostra em muitas vezes previsível, mas flui bem consegue ir do drama a comédia de forma elegante e bem estruturada.
Indicado em oito categorias do Oscar e só levou na categoria de Melhor Atriz. Um filme que passa uma boa mensagem de superação, com tantos elementos de problemas psicológicos ao esporte, tem sua história muito bem equilibrada, vale a pena assistir. ‘O Lado Bom da Vida’ é irresistivelmente excêntrico.
'Os Croods 2: Uma Nova Era' apresenta essencialmente o mesmo conflito que o primeiro filme, entre força bruta e sagacidade, entre medo e conhecimento, os Croods ainda estão procurando um novo lugar para chamar de lar. A família encontra a residência dos Bettermans, onde o filme se passa em sua maior parte do tempo, embora o local seja colorido e criativo, ele carece de todo o escopo e escala da longa jornada de seu antecessor pelos locais da era pré-histórica.
Essa sequência, por outro lado, trouxe animações faciais que já eram expressivas um pouco mais aprimoradas, produzindo alguns dos momentos mais engraçados da comédia física de 'Os Croods 2: Uma Nova Era'. O filme recebeu um notável rebaixamento da trilha sonora original de Alan Silvestri. A trilha sonora foi um dos destaques no primeiro longa, pontuando seus momentos importantes.
Eu acho que ri um pouco mais com 'Os Croods 2: Uma Nova Era' do que no primeiro filme, em grande parte ao seu caráter de desenho animado aprimorado e ao contraste dos Bettermans com as travessuras dos Croods. O filme não parece realmente interessado em fornecer nenhuma outra reação além de risadas leves, mas depois de um ano como este, eu estava perfeitamente feliz em sentar e desfrutar de mais uma hora e meia com essa família maluca.
Nesse sentido, os roteiristas ficam desesperados com uma subtrama excessivamente complicada e fútil, que incentiva Crawford a pisar fundo no acelerador. As crianças pequenas podem rir desse nível de humor estilo violência retroativa. Mais divertidos são as criativas feras pré-históricas, de tubarões terrestres a lobos-aranha de seis olhos e uma tribo de “macacos de soco” que desenvolveu uma linguagem que consiste inteiramente em socos e tapas.
Dizer que um filme ajudava a “passar o tempo” parecia uma maldição com um elogio fraco. Hoje, parece um serviço essencial. 'Os Croods 2: Uma Nova Era' oferece muita cor e muito humor físico que fará a criançada se entreter bastante, mas o seu enredo é fraco.
Filmes sobre esportes é muito comum no território norte-americano, é uma pena que aqui em nosso país o gênero seja tão escasso e pouco explorado, mas '14×100: Correndo por um Sonho' pode fazer a indústria repensar sobre o assunto.
A narrativa apresenta uma equipe feminina, que carrega a responsabilidade do ouro olímpico, mas que também traz uma narrativa do que é ser mulher no esporte e na sociedade. O roteiro bem construído de LG Bayão, Carlos Cortez e Caroline Fioratti, amplifica a potência de três atos muito bem definidos e traz os assuntos e as críticas de uma maneira muito bem explorada e aprofundada.
O público mais atento perceberá a crítica ao racismo estrutural no Brasil e no esporte, no momento que vemos o mercado publicitário privilegiando Maria Lúcia pelo seu padrão estético, mesmo ela sendo a responsável pela perda do jogos olímpicos do ano anterior, Adriana não teve a mesma "sorte" que sua companheira.
A direção de Tomás Portella é excepcional ao dar voz às personagens, os diálogos são o grande responsável em fazer a narrativa correr de uma maneira muito natural, mas às vezes soam didáticos demais, as atrizes permitem que tudo pareça orgânico, parece que eu estava acompanhando uma cinebiografia. O diretor mescla arte cinema com elementos comerciais da indústria cinematográfica, fugindo bastante do padrão televisivo, que é o certo a fazer.
A fotografia de Pedro Márquez é repleta de detalhes, com cores frias e aposta em cenas imersivas, sufocantes, contemplativas, que representam tanto o luto pela derrota quanto o júbilo pela vitória. '14×100: Correndo por um Sonho' trazia a sensação de realmente estar assistindo a uma competição.
Thalita Carauta é muito conhecida pelo seu trabalho em Zorra Total, sua atuação como Adriana é excelente, profunda e verossímil. Sua dinâmica com a também talentosa Fernanda de Freitas é o que concede emoção à trama. Roberta Alonso, Jaciara e Priscila Steinman completam o elenco de forma contida, mas eficaz. Augusto Madeira traz um tom de leveza ao trazer um de alívio cômico com o seu personagem.
'14×100: Correndo por um Sonho' deixa algumas pontas soltas. Maria Lúcia nutre uma atração por Adriana, mas isso não é profundamente explorado. Apesar de não prejudicar o resultado final, o filme precisa utilizar de muitos efeitos especiais nas cenas do mundial, a computação gráfica fica visualmente estranha e óbvia, mas é necessário evidenciar o excelente trabalho sob a supervisão de Felipe Rio Branco, pois os efeitos eram necessários.
O filme coloca sob os holofotes a representatividade feminina no esporte. '14×100: Correndo por um Sonho' é uma excelente experiência cinematográfica para o cinema nacional dentro da temática esportiva que pouco é explorada. O resultado é uma obra atual, necessária e divertida, que entretém, informa e emociona.
"Nunca tenha medo" é o lema da família de homens das cavernas disfuncionais deste filme, mas para um longa-metragem que é ostensivamente sobre o medo do desconhecido, "Os Croods" é familiar demais, se arriscando pouco.
Ao longo do caminho que "Os Croods" percorre, ele também apresenta uma meditação profunda sobre o conflito secular entre força bruta e capacidade intelectual, entre ignorância aterrorizada e pensamento racional. A família não é particularmente inteligente, mas tem sagacidade suficiente para nos manter engajados o suficiente para nos sentirmos inquietos.
Foi difícil de investir nessa animação, pois literalmente não temos ideia de que qual deus ex machina, criatura exótica ou atividade sísmica pode estar esperando na próxima esquina para mudar as probabilidades novamente.
"Os Croods" tem uma mistura estranha entre fantasia e pré-história. Apenas os personagens Eep e Grug tem algum tipo de personalidade comum (nós temos um bebê selvagem, um filho sombrio, uma sogra irritante e uma esposa sem personalidade) e o design de personagem não ajuda em nada, eles são muito feio. Eles podem muito bem ser alienígenas, se você imaginar isso.
O filme opta por ambientar a maior parte dela em um passado inteiramente fantástico. Há uma grande variedade de animais, entre eles felinos gigantes com cores de papagaio, cães com mandíbulas de crocodilo, baleias terrestres, macacos assassinos e ursos com cabeça de coruja dividindo o mundo com plantas maravilhosamente renderizados, mas completamente fabricados, e caracterizado por uma física impossível.
Talvez as crianças mais novas se divirtam o suficiente com as cores fluorescentes, paisagens fantásticas e palhaçadas para não se importar com a falta do tipo de coerência da história e humor mais sofisticado que esperamos da animação de estúdio de grande orçamento. "Os Croods" nos deixa abaixo no essencial do personagem e da história.
'Fogaréu', é um filme brasileiro dirigido por Flávia Neve, ficou em terceiro lugar na mostra Panorama da 72° edição do Festival de Berlim.
O Brasil vive uma crise política histórica nos últimos anos, talvez viva por toda a sua história. Certos atrasos da nossa sociedade que sempre vem átona, mostram que ainda há muito pelo que lutar. Toda a revolta gera um grito que ecoa de várias formas. 'Fogaréu' é um grito revoltante em forma de filme, apesar das suas boas intenções, o filme se escora na sua superficialidade, ao invés de construir narrativas ricas.
'Fogaréu' lança os holofotes para problemáticas tipicamente brasileiras, como exemplo: a escravidão contemporânea, conflitos entre povos originários e fazendeiros, homofobia, do coronelismo político. Os problemas políticos e sociais apresentados no longa, cutucam o público de uma maneira incômoda, mas parece que nós brasileiros nos acostumamos a viver anestesiados aos problemas que nos afligem.
Infelizmente, 'Fogaréu' segue um caminho de superficializar todo o seu potencial, entregando todas as problemáticas levantadas em “momentos de efeito”, feito massivamente em seu segundo ato inclusive. O roteiro tem argumentos e trama mal desenvolvidos, oferecendo um deus ex-machina preguiçoso com diálogos forçadamente expositivos.
O filme poderia ter maneirado na exposição e deixando o trabalho para a atuação, 'Fogaréu' conta com um excelente e competente elenco. Bárbara Colen é capaz de observar duas mulheres exploradas com toda a dor, raiva e compaixão através do olhar. Nena Inoue dá vida a personagem mais cativante do filme, Mocinha, que a leva de vítima a resistente. Estes personagens são fortes, ambíguos, e ganham vida através de atores plenamente capazes de transmitir os dilemas de seus personagens sem verbalizá-los.
'Fogaréu' flerta um pouco com a fantasia. O longa-metragem utiliza o fogo, com um artifício simbólico, ao invés de literal. Toda vez que o filme destaca objetos e metáforas, 'Fogaréu' cresce bastante e se valoriza mais.
Carregado de frases feitas e muito expositivo, 'Fogaréu' da diretora Flávia Neves desperdiça uma boa ideia por não saber que caminho trilhar. O filme é um monte de ideias soltas que não estabelecem uma unidade.
'Como Treinar o Seu Dragão 3', um terceiro e presumivelmente capítulo final do escritor e diretor Dean DeBlois, é difícil não engasgar com a perspectiva de uma despedida comovente e igualmente difícil de não desejar que os elementos individuais dispararam de forma tão consistente quanto anunciada.
A animação em si continua impressionante, há uma sequência inicial em que o céu está cheio de dragões é um sinal precoce dos deleites visuais que estão por vir e acaba sendo o destaque do filme.
Com o diretor de fotografia de crack, Roger Deakins, continuando seu papel como consultor visual, o filme derrama sobre as cenas luxuosamente imaginadas de destruição em massa por chamas. Existem também vários interlúdios líricos de voo e uma sequência estendida de um adorável de cortejo entre dragões.
Gosto das sequências sem palavras que 'Como Treinar o Seu Dragão 3' oferece, embora sejam um pouco atenuadas. O alívio cômico entre os colegas de Soluço poderia ter sido mais usado, mas a inteligência verbal nunca foi o ponto forte dessa franquia. 'Como Treinar o Seu Dragão 3' se assemelha a 'Avatar', para melhor ou para pior. A história de amor de um menino e seu dragão se assemelha a um milhão de outras histórias.
Acredito que por um tempo nosso mundo ficará sem os dragões de 'Como Treinar o Seu Dragão', não foi fácil dizer adeus para uma das minhas animações preferidas. 'Como Treinar o Seu Dragão 3' chega em seu último capítulo com uma animação impecável e um excelente senso de humor.
Depois de 'Gonzaga: De Pai Para Filho', o diretor Breno Silveira retorna ao sertão para contar a história de Lindalva e Emília em 'Entre Irmãs'. O longa se passa na década de 1930 e é uma adaptação do livro 'A Costureira e o Cangaceiro', de Frances de Pontes Peebles.
O primeiro ato apresenta bem os personagens e foi aqui que o filme me prendeu. O bando de Carcará segue tomando vilas e pilhando cadáveres. Luzia os acompanha consentindo com as matanças e por vezes assumindo a liderança ao lado do cangaceiro. Já Emília mais parece uma hóspede no conforto da família patriarcal de Degas. O único elo entre as duas narrativas são os jornais noticiando a costureira ao lado do bando.
Deixar de lado a relação das irmãs depois do primeiro ato, não só desestabilizou a minha conexão pela história, mas abriu uma oportunidade para 'Entre Irmãs' se encher de arcos desnecessários e chatos. As subtramas sobre homossexualidade desse longa-metragem não se encaixam bem na trama, eles não são aprofundados para trazer à tona discussões interessantes.
Nanda Costa e Júlio Machado conseguem segurar a força interpretativa do longa e contam com as melhores cenas do filme. A trilha sonora invade as cenas com sons de percussão e violinos genéricos, que apenas repetem as emoções que vemos na tela.
'Entre Irmãs' não está disposto a abordar a dureza do sertão ou o laço entre as irmãs. O diretor Breno Silveira poderia ter deixado esse filme menos grandioso, o resultado seria bem mais positivo. Enquanto isso, eu e você vamos esperar pelo épico brasileiro, pois 'Entre Irmãs' não chega lá.
Esta sequência do filme original, que faturou quase meio bilhão de dólares em 2010, contou com a mais avançada tecnologia de animação, um roteiro elaborado que expande ainda mais seu mundo de fantasia, grande quantidade de ação, cenários e um elenco de milhares de dragões.
Um dos pontos fortes de 'Como Treinar o Seu Dragão 2' foi a maneira como ele infundia personalidade nos dragões, não apenas através dos desenhos coloridos e intrincados dos personagens, mas também por torná-los relacionáveis aos animais domésticos. Assista a Banguela, por exemplo, especialmente enquanto ele brinca ao fundo, e você alternadamente verá a brincadeira e a graça sinuosa de um gato, a lealdade dos animais de carga de um cachorro e o poder e a dignidade de um cavalo.
Claramente esses filmes são obra de pessoas que amam animais. Mais importante, porém, indo além da mensagem ecologicamente correta que todo filme infantil precisa ter, 'Como Treinar o Seu Dragão 2' aborda a complexidade do vínculo emocional entre uma pessoa e um animal. Isso é trazido para casa com nuances excepcionais na cena mais poderosa do filme, quando Banguela acidentalmente mata alguém e Soluço luta com sentimentos de raiva e com o reconhecimento de que Banguela, pobre dragão mau, não pode ajudar sua natureza.
Não há como negar a conquista técnica do filme. A atenção minuciosa aos detalhes se estende do design das criaturas e das pessoas, trazendo mais realismo se comparado com o primeiro filme.
'Como Treinar o Seu Dragão 2' tem seu mundo expandido, com uma boa comédia e um bom roteiro, o filme cresce em sua qualidade e proporciona um elevado produto de entretenimento. Eu sou fã de 'Como Treinar o Seu Dragão 2'.
É bom ver um filme de amadurecimento voltado para um público mais velho como esse. No entanto, o filme de Marc Turtletaub não consegue extrair um verdadeiro sentido de seus eventos. Há uma falta de síntese entre o drama do roteiro e os gestos em direção às escapadas intergalácticas que o filme propõe.
O roteiro de Gavin Steckler é surpreendentemente honesto sobre as dificuldades do envelhecimento e suas observações familiares sobre o apoio necessário para "sobreviver" à velhice parecem muito mais frescas por causa do caminho bizarro que essa história percorre para alcançá-los.
Ben Kingsley é fundamental para seu personagem desde o início, sua performance é sustentada por uma rejeição de autopiedade e uma recusa instável em mostrar medo diante da morte. Junto do ator temos a confiável Jane Curtin, cuja Joyce é obcecada por seus dias de glória de "ir para a cidade", e pela MVP de "Licorice Pizza", Harriet Sansom Harris, cuja Sandy está tão desesperada por conexão que imprime panfletos convidando adolescentes locais a irem até sua casa e ouvirem suas histórias.
Felizmente, sempre que Jules está na tela, a estranheza por si só é mais do que suficiente para tornar essa coisa visível. Cruzando perfeitamente a linha entre o fofo e o assustador, o desempenho incômodo de Quon faz mais com um bodysuit de látex e um par de olhos negros frios do que uma fortuna em CGI poderia esperar realizar.
É uma comédia suavemente inofensiva que é elevada por seu manejo de temas melancólicos de envelhecimento, solidão, e uma performance soberba, mas vulnerável, de Kingsley. Este é um filme sentimental e folclórico, com um final um pouco distorcido, mas há muita gentileza e doçura. "Nosso Amigo Extraordinário" é sobre redescobrir a humanidade por meio de uma conexão emocional sobrenatural, mas a relação entre o trio central e o próprio Jules, o E.T., nunca parece particularmente ressonante.
Adaptado do livro de Cressida Cowell, com o roteiro de Will Davies e dos diretores Dean DeBlois e Chris Sanders, "Como Treinar o Seu Dragão" traz o estereótipo dos vikings com chifres, caras carrancudas e de jeito bruto, mas possui uma grandiosidade visual arrebatadora e uma mensagem forte.
Para mim a maior desvantagem é seu enredo "Zero to Hero" (zero a herói), onde o personagem-título é um desajustado que, depois de acidentalmente causar estragos, precisa passar por treinamento para atingir seu verdadeiro potencial. O resultado de "Como Treinar o Seu Dragão" é uma conclusão antecipada e bastante previsível.
O que faz a animação ser acima da média é sua mensagem sobre tolerância, que envia às crianças uma mensagem positiva sobre os perigos do medo, do preconceito e da violência. É difícil realmente derrubar um filme infantil que tenta fazer algo mais do que a habitual enxurrada de piadas de peido e números musicais.
"Como Treinar o Seu Dragão" também é um pouco mais sério do que os filmes da DreamWorks, oferecendo mais ação e dedicando muito tempo a batalhas aéreas entre dragões domados e malignos.
Essa animação da DreamWorks é um filme doce, brilhante, bonito e cheio de ação. Todos os esforços em entregar algo diferente foi ambicioso e deu certo, porém "Como Treinar o Seu Dragão" entrega uma história previsível e muito presa aos moldes padrões de enredo.
'Pai em Dobro' lembra um outro filme com uma premissa bem parecida, o famoso musical 'Mamma Mia'. O filme poderia ter trabalhado melhor os empecilhos da trama, mas 'Pai em Dobro' não entrega reviravoltas de um jeito carismático.
Revelações, encontros e brigas vão e vêm e são resolvidos facilmente. 'Pai em Dobro' não é uma obra-prima e seu foco é o público infantil. A história é leve, esperançosa, super alegre e sem conflitos. O filme não se preocupa em ser coerente, a galera do "cumpriu sua proposta" não terá do que reclamar, para mim, o filme não é bom. Tudo é fácil e corrido, não há conflito ou um antagonista na trama.
O entusiasmo e carisma de Maisa acaba sustentando diversas cenas, é visível que ela está se divertindo. Sua personagem se entrega com muita facilidade nas situações, criando laços fáceis com todos os personagens que encontra, o exagero da alegria de sua personagem deixa ela boba demais.
O trabalho dos demais atores são ok, por mais rasos que suas tramas sejam. Com a Maísa ocupando o maior espaço de tela, os personagens secundários são subdesenvolvidos e precisam ser limitados em clichês de suas personalidades, não dá espaço para que os personagens coadjuvantes sejam aprofundados.
Há um Rio de Janeiro cheio de cores, com um ritmo de Carnaval e um clima de um Brasil cativante embalado em uma trilha sonora recheada com sucessos de Melim, Anavitória e Rubel. O estilo novelesco das cenas e da trama não favorecem essa produção, nada soa natural deixando o telespectador fora do filme. Os diálogos são bem pobres.
Há um brilho genuíno no escuro em o 'Pai em Dobro' e há uma mensagem fofa sobre família e amizade, mas o filme é muito previsível, deixando-o totalmente sem graça. Sem trama, sem desenvolvimento, conflitos e boas atuações, o filme é um ótimo produto colorido e cheio de esperança na Netflix para as crianças, mas não é um bom filme.
Depois de 13 anos em desenvolvimento, a abordagem de Aaron Sorkin em um julgamento de programa americano em 1969 surge em um momento de terrível relevância. Longe de ser um drama histórico, o uivo estrelado de Sorkin contra a injustiça parece um boletim de notícias particularmente eloquente.
Seu segundo longa-metragem poderoso e oportuno como roteirista e diretor, 'Os 7 de Chicago' mostra Sorkin em seu lugar doce, enterrando-se com curiosidade aguda, indignação apaixonada e oratória suculenta no infame circo do tribunal.
O filme não apresenta um estilo visual particularmente chamativo, mas talvez seja o melhor, pois permite que os espectadores se concentrem apenas nas dificuldades dos personagens e em suas interações, sem se distrair. O cinema de Sorkin nunca chama a atenção para si mesmo, ele deixa seu diálogo e os temas falarem.
O roteiro de Sorkin atinge os nervos em carne viva com seus insights sobre como os Panteras foram explorados no julgamento, colocando um homem negro entre os réus para assustar o júri. O diálogo caracteristicamente animado de Sorkin, voa para longe enquanto os atores lutam verbalmente entre si, tornando mais fácil para os espectadores serem atraídos para a narrativa.
Enquanto alguns personagens de 'Os 7 de Chicago' têm papéis mais elaborados do que outros, Sorkin faz um bom trabalho para dar a cada ator uma oportunidade de brilhar, dando efetivamente ao público uma ideia de quem cada pessoa é como um indivíduo. Cada personagem do filme tem suas características únicas que os fazem se destacar, tornando-os personagens completos.
O longa traz a melhor atuação de Baron Cohen, ele faz uma atuação excelente com Jerry Rubin de Strong, a dupla ainda é responsável pelo humor do filme. Redmayne é perfeitamente agradável e enfadonho como Hayden, e Mateen faz um Seale atraente e carismático. Você vai querer que todos eles tenham mais tempo na tela, ou que ganhassem uma minissérie de suas histórias.
Sorkin fez um filme cativante, esclarecedor e incisivo, tão erudito quanto seu melhor trabalho e sempre baseado principalmente na história e no personagem. Apesar do drama e do tema político, o filme tem boas doses de humor, deixando a experiência agradável. Um veterano do gênero drama de tribunal, Sorkin se sente em casa com esse material politicamente carregado, encontrando o equilíbrio adequado entre puro entretenimento e a seriedade do assunto.
'Aniquilação' é um filme baseado no livro de mesmo nome escrito por Jeff VanderMeer. 'Aniquilação' tem uma história de vida muito interessante. Produzido com orçamento de 40 milhões de dólares aproximadamente, sua produção concluída há mais de dois anos, a Paramount não arriscou lançar o filme nos cinemas, o motivo? Ela achou o filme "intelectual" e "complicado" demais. Pois bem, com os direitos vendidos para a Netflix, 'Aniquilação' entra para o catálogo, como o melhor filme da Netflix até agora.
Tudo bem que o estúdio tem seus motivos, afinal ele foi massacrado pelo "complicado" e "intelectual" demais filme "Mãe!". Afinal, não podemos esquecer que os estúdios cinematográficos precisam de dinheiro para se manter, hoje mais do que nunca, eles vivem do faturamento da bilheteria de seus filmes. Refletindo sobre esse contexto, é triste que as salas de cinema tenham se tornado algo tão limitado em inteligência.
'Aniquilação' bebe da fonte "dos adolescentes curiosos em busca de perigo do desconhecido", mas se engana você que acha que este filme se torna algo genérico, ele está bem longe disso. Aqui os personagens são inteligentes, que agem de forma inteligente, isso já é prova de que ele não é genérico, já que normalmente, filmes de terror são formados por pessoas extremamente burras. Está aí mais um diferencial de 'Aniquilação' ele é incomum e refrescante.
O filme é inteligente, mas ele não sacrifica sua inteligência para mostrar seu suspense. E 'Aniquilação' ganha mais um ponto positivo por isso, ele é bem construído e desprovido de exposições desnecessárias. Há uma cena específica com um urso, que para mim, foi uma das melhores cenas de suspense que já vi na vida, ou pelo menos vai entrar para o meu top 10!
'Aniquilação' é um filme de mulheres em missão, e nisso, o filme trouxe um frescor também, já que não é tão comum os filmes (acredito que de qualquer gênero) tragam mulheres na liderança, no filme essas mulheres brilham e brilham muito e o principal, elas conseguem sustentar a trama. Não escrevo isso duvidando da capacidade feminina de liderar um filme, longe disso, mas esse filme tem uma boa importância na quebra de tabus.
Sobre mulheres fortes e fantásticas, primeiro começo citando as personagens que este filme trouxe. Elas são conturbadas e cheias de traumas em um grau ou outro e é por isso, que todas concordam em entrar, no que muitos pensam, ser outra missão suicida. O grande trunfo deste filme, talvez, pode ser atribuído ao fato destes personagens serem muito humanos. Elas não tem super forças para lutar com monstros no pântano, elas não tem coragem o suficiente para enfrentar o medo da noite, elas têm fraquezas, elas são assim como qualquer outra pessoa que você encontrar na rua.
E em segundo, o brilhante elenco. É difícil falar sobre o elenco já que todas estão incrivelmente perfeitas. Natalie Portman é feroz e forte com sua personagem dentro da "Área X", mas também mostra seu lado doce e sexy com o seu marido em flashback do casal. Leight é outra perfeita, vivendo uma psicóloga secreta e difícil de ler. Enfim, o filme também é um show de atuação, além de tudo.
'Aniquilação' transita entre os gêneros e influências. Se os primeiros momentos do filme evocam lembranças de ficção científica, assim que os personagens se aventuram dentro da "Área X", o filme anda pelo suspense e o horror. Não é um filme de terror como tal, mas Alex Garland aumenta a tensão enquanto o grupo se aventura mais perto de seu objetivo, é tudo orquestrado, os gêneros são na medida certa. Alex Garland não fez um filme sobre um tipo de gênero, mas utilizou de gêneros cinematográficos para recontar uma história, isso foi inteligente.
Dentro da "Área X" encontramos bestas mutantes vagando pelos pântanos, restos humanos retorcidos se escondem nas sombras e a confiança dos membros do esquadrão é esticada até seus limites. Nada disso é transmitido com sombra e escuridão, muito pelo contrário, dentro da bolha, o mundo é fantasioso e colorido, trazendo uma atmosfera, até certo ponto, mágica. O mundo dentro da zona contaminada é alternadamente horripilante e belo, aqui podemos dar outro ponto positivo para o filme ao desconstruir o horror.
Os efeitos especiais são sutis, em alguns momentos eles impactam com suas doses de horror e suspense, e outros momentos os efeitos são poéticos e bonitos, principalmente dentro da "Área X" onde o mundo tem uma atmosfera mística e mágica, os efeitos especiais de 'Aniquilação' também são usados de forma inteligente, na dosagem certa e pelo objetivo certo.
A trilha sonora, assim como os efeitos especiais, somaram com o filme. Ela sabe criar o suspense e trazer o místico em sua melodia. A trilha sabe conduzir o momento para onde ele deve ir, consegue prender e reforçar a intensidade do momento. Ao ouvir as faixas do CD, é possível perceber a típica sonoridade do suspense, com aqueles elementos de filmes épicos ou até mesmo fantasiosos. A música também brincou com os gêneros musicais do horror, suspense e magia, assim como o próprio 'Aniquilação'.
Todo lado científico do filme é explicado com muita simplicidade e objetividade, nada de diálogos "super nerd" da qual não entendemos nada. A ficção científica é tratada sem chatice. Alex Garland criou um filme que aborda questões tão pesadas e sensíveis quanto a depressão, a tristeza e a propensão humana à autodestruição. O filme é completo, muito interessante e uma ficção científica poética.
Se você gosta de cinema como algo para seu entretenimento e divertimento, continue assim... Mas desafio você a ser mais inteligente. Lembre-se de que o cinema é arte, não o consuma somente como algo comercial, mas também como arte. 'Aniquilação' foi um filme que não estreou nos cinemas por ser "intelectual" demais, isso é algo preocupante. Permitam seus cérebros descansarem, mas jamais deixem de usá-lo!
'Aniquilação' é um filme inteligente que faz grandes perguntas e se recusa a fornecer respostas fáceis, o longa deve ser assistido de mente aberta. O cineasta Alex Garland é engenhoso e cria um mundo único com temas sobre moléculas, psicologia, metafísico e algo celestial. A mistura do filme 'Aniquilação' é deslumbrante e desorientadora.
E temos mais uma história de origem em 'Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos'. O longa traz uma história “amigável para a família” de como Peter Pan e Alice surgiram. A roteirista Marissa Kate Goodhill torna Peter e Alice irmãos e os joga em uma família biracial cheia de todos os tipos de problemas horríveis de adultos. Enquanto seus pais, Jack (David Oyelowo) e Rose (Angelina Jolie) lidam com vícios, problemas de dinheiro e a morte de um filho, Peter e Alice escapam para um mundo de fantasia horrivelmente caprichoso e cheio de elementos familiares de seus respectivos contos.
'Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos' traz uma Inglaterra vitoriana fictícia revisionista muito bem vinda, mas infelizmente, o filme tropeça em seu caminho para a terra da fantasia. O longa também é recheado de referências em forma de Easter Eggs durante sua projeção, os elementos famosos das histórias de Alice e Peter são jogados na tela, é quase que uma brincadeira de adivinhação, é claro que tudo é muito óbvio, mas divertido.
O filme meio que cria um “mito de origem” de realidade alternativa para Peter Pan e Alice Liddell, imaginando-os como irmãos, tomados de tristeza quando um terceiro irmão morre. Surpreendentemente, o enredo à medida que se desenrola não combina com as histórias fictícias bem estabelecidas de Peter e Alice e nem com as situações do mundo real de como os autores criaram seus personagens lendários.
Os efeitos especiais aparecem de repente, visualizando a imaginação das crianças e dando a entender que o público pode visitar um mundo de fantasia, mas a viagem nunca acontece. Por quase 80 dos 94 minutos de duração do filme, a roteirista Marissa Kate Goodhill está ocupada demais estabelecendo o entediante "mundo real" em que essas duas crianças foram criadas, até que o público inevitavelmente percebe que o filme não tem intenção de nos levar a outro lugar.
O final é melancólico, até mesmo mágico, pode ser lido como terrível, lamentável, sombrio, embora você queira dizer "o oposto de maravilhoso e feliz". Ainda assim, a música, as performances e os efeitos visuais insistem que isso é adorável. 'Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos' pretende ser uma exposição amargamente irônica da desintegração de uma família? Pode ser.
Não sei o que 'Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos' deve ser, que lições está transmitindo ou para quem foi feito. As crianças não se interessaram pelas imagens do retrocesso e os adultos acharão suas representações de vício, luto e violência superficiais, prolongadas e não recomendadas para os pequenos. Em sua estreia em live-action, a diretora Brenda Chapman falha miseravelmente em integrar o horror e a fantasia.
O diretor Petrus Carity também é responsável pelo roteiro junto com Rosemberg Cariry e Firmino Holanda. Baseado no conto de Carlos Emílio Corrêa Lima, o diretor comanda esta história de forma minuciosa. Petrus também é o fotógrafo do filme, cada composição é feita pensada para causar uma impressão no telespectador. As cores ampliam o tom claustrofóbico através da saturação.
O som é tratado de forma seca, mas presente como uma linguagem fundamental para os personagens; o contato com os tecidos, o desejo por ir além das ondas, o tilintar dos pratos à mesa de madeira, tudo amplia o tom claustrofóbico do filme. A trilha sonora só ajuda a compor esse incômodo constante.
Apesar de seu fundo dramático, o filme traz uma atmosfera de suspense. A história é quase que uma fábula, mas o diretor Petrus Cariry oferece uma estética bem naturalista para o filme, gerando um efeito bastante interessante. A praia é cuidadosamente enquadrada pela fotografia gerando belas imagens, enquanto nossos personagens anunciam profecias, assistem show erótico, presenciam ou imaginam a existência de barcos, o filme traz um ar fantasioso.
A narrativa de 'O Barco' está inteiramente baseada em coisas que partem nas águas, ou chegam nela. O mar é explorado pela dualidade vida e morte: é ele quem fornece o alimento à família, mas é ele quem tira a voz do pai. É o mar quem traz a encantadora forasteira, mas também é ele que impede a fuga do filho mais velho. A natureza, neste caso, representa a liberdade e a prisão.
Muitos personagens não interagem uns com os outros, existindo em núcleos isolados. A mãe Esmerina sabe da existência de Ana? Outras pessoas, além dos membros da família principal, interagem com o cego? A narrativa foge da coletividade, evitando representar os espaços para além do mar, isso pode deixar o telespectador longe do filme.
'O Barco' sugere caminhos narrativos que ele mesmo não pretende seguir. Qualquer forma de linearidade é interrompida, as reviravoltas nunca vêm. O espectador é convidado a transitar por um universo divino, deixando aquela sensação de que tudo talvez não passe de um sonho ou talvez não exista uma moral da história. Isso quebra um pouco a importância do filme.
O filme tem um tom misterioso e há uma constante ameaça de perigo, trazendo uma experiência bastante imersiva. Eu me senti sufocado com a falta de perspectiva dos personagens. Apesar dos pequenos erros, 'O Barco' precisa ser visto, ele é bem feito e bonito.
O humor pastelão, quando bem feito, pode ser uma alegria de assistir. Jogue uma garotinha cética e seu animal de estimação super-herói e isso soa como uma receita para um filme de família comovente, carinhosamente doce e envolvente. De alguma forma 'Flora e Ulysses', dirigido por Nina Khan a partir de um roteiro de Brad Copeland, erra o alvo no que deveria ter sido um filme divertido. O longa infantil tem todos os ingredientes certos, mas não consegue juntá-los, deixando o filme uma casca vazia e pouco carismática.
Com seu luxuoso pelo castanho avermelhado, adoráveis orelhas em tufos e capacidade de fazer expressões faciais incrivelmente matizadas, Ulisses é apenas o mais recente companheiro animado por computação gráfica. Para os pais que cresceram assistindo os live-action mais antigos da Disney vão se surpreender do quão longe essa tecnologia chegou.
A tecnologia pode impressionar, mas o enredo continua a perpetuar o clichê do gênero. O maior problema do filme decorre da perspectiva cínica de Flora, que provavelmente soa muito maduro para o público jovem, mas se mostra inconsistente com a imaginação hiperativa em exibição. Espera-se que o público acredite que uma criança de dez anos não tem nenhum senso de otimismo e esperança. O fato de ela ser cínica certamente pretende ser um aspecto fofo e até engraçado da história, mas é um exagero, especialmente porque o filme restringe essa mesma noção com seu tom.
'Flora e Ulysses' carece de muito do investimento mágico e emocional que faz com que esses filmes para a família valham a pena assistir em qualquer idade. O filme depende muito do esquilo CGI para trazer coração e humor para a história. Flora se torna uma espécie de mentora para Ulisses, convencida de que todo super-herói tem um propósito, ela é ajudada por seu vizinho William (Benjamin Evan Ainsworth), cuja cegueira temporária é explorada por um humor pastelão totalmente desnecessário.
O enredo teria funcionado muito melhor se não fosse tão pouco desenvolvido e emocionalmente vazio, com várias partes do tempo de execução preenchidas por uma bagunça desenfreada. Tecnicamente, a dupla do título é apenas um pouco menos destrutiva do que um tornado comum. Quase todos os cenários do filme envolvem quebrar, derramar ou perturbar espaços arrumados, o que sem dúvida é divertido de assistir se você tem a idade de Flora ou menos.
Por se tratar de um filme da Disney, 'Flora e Ulysses' passa muito tempo fazendo referência a outros notáveis super-heróis agora de propriedade da empresa. De uma forma estranha e indireta, o filme se inclina para a máquina corporativa que está se inclinando para que os super-heróis sejam esses salvadores tão necessários, sejam fictícios ou não.
Esse é o tipo de filme que a Disney costumava fazer quando pessoas como esse crítico também eram crianças. 'Flora e Ulysses' é no fundo, um filme muito simpático, mas seus elementos são mal misturados, deixando o filme bagunçado e pouco carismático.
Daniels fez um trabalho sólido notável de duas horas. 'Preciosa: Uma História de Esperança' é longo e doloroso, mas nunca parece arrastado ou explorador. Existe uma atmosfera real e envolvente cheia de detalhes delicados. O filme não pode ser endossado como entretenimento: as circunstâncias, incidentes e emoções no filme são muito sombrios.
O filme é um drama angustiante sobre uma mãe adolescente abusada determinada a melhorar sua vida, apesar dos obstáculos colocados em seu caminho. Baseado no romance "Push" de Sapphire, o filme parece uma mentira de tão absurdo, a história te arrebata, não para um vitimismo, mas para vontade imensa de uma vida melhor para Preciosa.
A implacabilidade das dificuldades vividas pela personagem pode ser considerada por alguns um pouco de exagero. Ela é estuprada pelo pai, ele tem um filho do próprio pai com síndrome de down, ela espera um segundo filho do pai, jogam uma tv nela, ela apanha de sua mãe enquanto está em trabalho de parto e é constantemente abusada psicologicamente e fisicamente. O filme poderia ter escolhido menos e explorado mais do menos, o que causaria o mesmo efeito. O filme me deixou a impressão de querer forçar para chocar, mas isso não estragou a minha experiência.
A mensagem de 'Preciosa: Uma História de Esperança' é maravilhosa e suas performances são ainda mais. A comediante Mo'Nique tem uma atuação vívida e surpreendentemente variada como a mãe de Preciosa. Ela desloca sua fúria por um homem que ela pensa preferir sua filha do que a ela. Mary é tão vingativa quanto cruel. Para ela, Preciosa não é tanto uma filha, ou mesmo um ser humano, mas uma empregada doméstica e um aumento mensal no cheque de assistência social.
O toque mais incomum é uma assistente social interpretada por uma Mariah Carey mais deselegante do que estamos acostumados a ver. O filme é talvez notável por apresentar Mariah Carey em um papel dramático simples, mas é um papel chamativo e pouco óbvio e Carey faz um trabalho sólido aqui.
A vida de Claireece "Preciosa" Jones é implacavelmente degradante e totalmente desumanizante, ela é um olhar vazio, mas ela é uma pessoa com dor e vergonha. Conforme aprendemos através de narrações em off e sequências de devaneios bem cronometrados de Daniels, ela nutre sonhos de escapar de tudo com muita determinação e pronta para desafios. Preciosa, interpretada com incrível segurança e amplitude pela jovem atriz Gabourey Sidibe, ela domina o filme com calma e astúcia lenta e evitando qualquer coisa bonita ou que chame a atenção, ela surpreende cena após cena com novas rugas, profundidades e contornos.
'Preciosa: Uma História de Esperança' é doloroso, é angustiante, é emocionalmente exaustivo. É também um filme singular, tão difícil de comparar como de esquecer, com uma história que abraça qualquer autoestima destruída. “Todos são um presente do universo” assim como esse filme.
Adaptado do best-seller de Lauren Weisberger sobre o ano em que ela passou como assistente de Anna Wintour, a lendária exigente editora da Vogue, 'O Diabo Veste Prada' oferece uma visão perversa do nível superior do mundo da moda, um mundo que faz a maioria de nós se sentir como voyeurs no grande baile de formatura.
Em uma jogada muito inteligente, Meryl Streep minimiza o papel para que sua Miranda nunca precise levantar a voz para conseguir o que deseja. No mínimo, uma sobrancelha levantada retrata toda a extensão de seu desagrado. Ela exala arrogância, que vem de sua confiança absoluta em sua posição como o árbitro final de todas as coisas da moda. Anne Hathaway é uma ótima atriz, mas aqui, ela interpreta a mesma personagem de 'O Diário da Princesa'.
O filme é mais do mesmo, por isso a personagem principal Andrea Sachs é a história menos interessante do filme. 'O Diabo Veste Prada' deveria (na verdade ele é) de Miranda Priestly, ela deveria ser a vilã odiada da história, mas Meryl Streep fez um trabalho tão legal, trazendo humanidade a personagem, que tudo o que envolve Miranda é o que me traz vontade de voltar ao filme enquanto o assistia.
Aos amantes da moda, o filme é um prato cheio. As fashionistas vão se deslumbrar com o guarda-roupa em exibição por aqui. Mas o filme não encanta somente pelo guarda-roupa, ele traz um lado da moda pouco ou nunca explorado, que é o mundo do jornalismo da moda, trazer o bastidores de uma revista de moda foi algo inovador.
'O Diabo Veste Prada' é uma diversão boa e limpa, mas segue uma fórmula de filme feminino padrão, com os problemas necessários com o namorado, montagens de moda, ajustes de penteado e eventual realização emocional e fortalecimento pessoal. A graça aqui é Meryl Streep e os bastidores do jornalismo da moda que é gostoso de visitar.
'Depois do Casamento' é um filme de drama romântico Pré-Código de 1931 dirigido por Frank Borzage e estrelado por Sally Eilers e James Dunn. É um filme muito bom e muito romântico. O diálogo também é particularmente forte e um dos destaques nesse longa. O mesmo vale para o realismo inesperado e aquela abordagem muito original da vida cotidiana que eles fizeram muito bem.
O longa tem uma mudança chocante no tom. A primeira metade tem um estilo maluco, enquanto a segunda metade é um drama altamente sério. A transição nunca é suave, infelizmente, mas eu simplesmente amei o romance aqui, pois é doce e cativante.
A segunda metade de 'Depois do Casamento' fica séria demais, eu certamente preferia a primeira metade do filme, mas ainda assim respeitei os cineastas por terem ido lá enquanto exploravam a desconfiança no casamento e todos os problemas que um bebê poderia trazer.
Dorothy e Eddie formam um casal tão charmoso, os atores têm uma ótima química e suas interações lúdicas e piadas tornaram este filme um verdadeiro charme. James Dunn e Sally Eilers são excelentes aqui e deveriam ter sido nomeados por suas boas atuações. Ela é muito agradável e ela conseguiu todas as suas cenas dramáticas, enquanto ele é muito cativante e carismático.
Muito do filme depende de um atributo não dito, mas facilmente visível, desse casal. Cada um fica tão determinado a provar ao outro que está disposto a sacrificar qualquer coisa pela felicidade do outro que ambos acabam se sentindo miseráveis. Dorothy se oferece para voltar a trabalhar para ganhar dinheiro para o bebê que ela está escondendo de Eddie, e Eddie lê isso como um sinal de que ela não se sente mimada o suficiente. Ele compra para ela um apartamento novo e chique, e ela se sente péssima por ele ter gastado tanto com ela quando o filho está chegando.
Ele continua girando cada vez mais fora de controle, até que eles mal se falam. À medida que a data do parto se aproxima e ambos chegam a antecipar o bebê, mas esperam que o outro o despreze, há uma palavra que parece pairar sobre ambas as cabeças, o último ato de sacrifício que faria o outro feliz. Veja bem, apesar da liberdade proporcionada aos filmes dos anos 1930, eles ainda não conseguiam dizer a palavra, mas você pode ler isso claramente em todos os seus rostos: aborto.
É bom ver um filme Pré-Código que é tão abertamente honesto sobre sexo. Este é um experimento muito interessante para os geralmente mais glamorosos filmes dos anos 30, pois é basicamente sobre o cotidiano, um romance e um casamento. Provavelmente conseguiriam refazer 'Depois do Casamento' com poucas ou nenhuma mudança no roteiro e provavelmente seria um dos melhores filmes do ano. É bastante corajoso em como esse filme lhe dá com os dois personagens que não querem realmente um bebê.
'Depois do Casamento' é um drama romântico muito bom que apresenta uma mudança de tom chocante no meio da história, mas ainda assim a segunda metade dramática é tematicamente corajosa para sua época e também interessante em sua abordagem do cotidiano. Frank Borzage dirigiu o filme tão bem, enquanto Sally Eilers e James Dunn são fantásticos.
'Livre' é um filme biográfico que é visualmente envolvente e emocionalmente atraente. É difícil livrar-se do sentimento de ambição cuidadosa que mantém tudo avançando de forma tão organizada. Reese Witherspoon assume o papel de Cheryl Strayed, espiritualmente destroçada e caminhando pela Pacific Crest Trail durante o verão de 1995, com as garras de um falcão procurando uma presa abaixo.
Reese Witherspoon é uma excelente atriz, isso sem dúvida, mas sua personagem tem muitas camadas e nuances e ela não anda entrega o que sua personagem precisa. Cheryl é viciada em heroína, traidora e procura no sexo uma forma de se sentir amada, Witherspoon não consegue fazer nenhuma dessas coisas de forma persuasiva.
Quando Cheryl está na trilha à procura de perdão pelos seus pecados e procurando se curar, ela fumega com o equipamento de acampamento defeituoso ou se atrapalha com sua mochila gigantesca como um pastelão profissional, nesse momento a atriz convence.
O roteiro de Nick Hornby e a edição de Vallée unem o passado e o presente em uma trama complexa fácil de acompanhar. Os flashbacks são dominados por Laura Dern, que interpreta Bobbi a mãe sofredora, mas implacavelmente otimista de Cheryl, cuja disposição alegre contrabalança Cheryl. Dern a interpreta de forma tão brilhante que a trágica partida de Bobbi é dolorosa .Infelizmente, Dern não é o personagem principal do filme.
Os flashbacks me causaram um certo desconforto, Reese Witherspoon não convence com filha Laura Dern, as duas parecem ter a mesma idade! A produção deveria ter escolhido uma atriz mais jovem para interpretar a jovem Cheryl, ficou muito estranho.
Há um outro momento estranho no filme, uma raposa aparece durante o filme, enquanto Cheryl está fazendo sua trilha. O animal tem uma simbologia ele tem um significado figurado, já que o filme nos fez entender que essa raposa está no imaginário de Cheryl. Nenhum problema até agora, a única questão é que o CGI é péssimo, estragando totalmente a experiência do filme, é bizarro.
Há uma excelente chance de você sair deste filme e comprar seu próprio par de botas. Vallée e o cinegrafista Yves Bélanger capturam o incrível imediatismo do cenário do livro de maneira tão bela que nunca duvidamos de seus poderes transformadores. Os desertos e montanhas ao longo dos quais Cheryl caminha oferecem vistas deslumbrantes, enquanto o diretor de fotografia Yves Bélanger tira proveito de sua perfeição de cartão-postal.
'Livre' é uma história comovente, envolvente e profundamente sincera, ambientada em um dos cenários mais magníficos do planeta, apesar de uma típica história de queda e redenção com algumas escolhas infelizes, o filme cativa e arrebata para dentro da vida de Cheryl.
Muito elogiado em sua época como um ataque mordaz ao jornalismo, 'Sede de Escândalo' é a entrada inicial no ciclo de "protesto social" da Warner que não foi tão bem quanto o de Hecht-Milestone, muito menos solene e hipócrita com 'A Primeira Página'. Os jornais são um bando de bandidos para 'Sede de Escândalo', que vemos demonstrado enquanto brincam de forma imprudente com vidas.
Nascendo na era pré-código, 'Sede de Escândalo' ainda sim, está repleto de diálogos salgados com repórteres, simpatia por criminosos e alusões a estupro, adultério e suicídio, isso é irônico, já que a degradação moral que o código visava deter na indústria do cinema é paralela à degradação dos padrões da mídia noticiosa atacada na peça de Weitzenkorn e no filme de Mervyn LeRoy.
'Sede de Escândalo' é talvez o mais sombrio no ciclo de filmes com temática jornalística produzidos em Hollywood durante o início dos anos 1930. Vinte anos atrás, Nancy Voorhees era uma estenógrafa engravidada por seu chefe e absolvida por um júri depois de matá-lo com um tiro. Hoje ela é Nancy Townsend, não mais uma mãe solteira, antecipando o casamento iminente de sua própria filha e profundamente apaixonada por seu marido, o padrasto de Jenny, Michael (HB Warner). Mas ela percebe corretamente que sua vida construída está à beira de ser destruída.
O diretor Mervyn LeRoy faz algumas coisas inteligentes com a história de Nancy, mantendo a personagem presa em seu apartamento durante a maioria de seus problemas. Ele também usa a grande janela da sala de estar como um dispositivo de enquadramento, reforçando que não apenas os jornais são espiões voyeurísticos, mas que nós, o público, também estamos dando uma espiada. Isso muda para uma porta mais tarde, à medida que o assédio que o Gazette oferece a leva a ações desesperadas.
Enquanto a vida de Nancy Voorhee entra em colapso, eles ignoram seus apelos enquanto os jornais continuam a voar das prateleiras. Uma cena notável mostra Nancy ligando para o jornal, implorando para falar com qualquer pessoa para que ela possa implorar para que acabem com esse tormento. Usando uma tela dividida, observamos Nancy ficar presa entre os vários funcionários que fazem seus negócios normalmente e, coletivamente, tentam ignorar sua ligação, esperando que ela vá embora.
O personagem central, um autodestrutivo editor de um tablóide chamado Randall (Edward G. Robinson), produz tanto entusiasmo por uma missão de desenterrar o caso de Nancy Voorhees para um serial de sucesso infalível que ele a destrói no processo. Cada cena com Robinson brilha, a raiva misteriosa que ele exibe simplesmente estrala. Poucos atores podem fazer a raiva parecer tão aterrorizante quanto Edward G. Robinson.
Os detalhes técnicos do filme também são sólidos. 'Sede de Escândalo' não faz uso de uma trilha sonora, em vez disso forrando seu início com gritos de Extra e os zumbidos sinistros de uma impressora. Também passamos cerca de dez minutos do filme antes de Randall chegar, embora seja certamente uma metáfora nada sutil, começar com ele lavando as mãos compulsivamente rapidamente nos permite saber em que estamos nos metendo.
'Sede de Escândalo' aborda um dos dois principais objetivos do jornalismo: elevar o discurso público e ganhar dinheiro. As preocupações deste último, infelizmente, muitas vezes superam as do primeiro.
Alex e Marcus escreveram sobre sua experiência em um livro de 2013 com o mesmo nome, mas deixaram muitos detalhes vagos sobre o que realmente aconteceu em suas vidas. 'Diga Quem Sou' vai além do livro, forçando um confronto em seu terceiro ato.
O assunto de 'Diga Quem Sou' é duplo: a busca de Alex para descobrir quem ele realmente é, e a luta de Marcus para saber se ele deveria contar ao irmão toda a extensão do trauma que sofreram quando crianças. O filme primeiro apresenta a história do acidente e a recuperação de Alex, permitindo que os dois irmãos contassem o que aconteceu separadamente.
Marcus reintroduziu Alex para sua mãe, seus amigos, durante toda a sua vida. Anos mais tarde, depois que Alex teve tempo para se aproximar de sua família novamente, sua mãe morreu. Enquanto vasculhava sua casa, Alex começou a suspeitar que algo estava errado com base nos itens encontrados na casa. Ele perguntou a Marcus se eles haviam sofrido abusos quando crianças, Marcus confirmou, mas não deu detalhes.
Por décadas, Alex viveu se perguntando o que teria acontecido, Marcus recusou-se a lhe contar, argumentando que estava protegendo seu irmão. Eles viveram e trabalharam próximos um do outro durante toda a vida, mas a informação retida foi desgastante para ambos.
O cineasta Ed Perkins estrutura de forma inteligente 'Diga Quem Sou' para construir um encontro entre os dois irmãos, no qual eles compartilham a tela pela primeira vez e conversam um com o outro sobre o que aconteceu, em uma cena crua que expõe quanto dano foi causado pelo abuso, que envolve estupro e abuso sexual infantil da mãe e de outras pessoas.
Perkins conta essa história com uma qualidade sombria que o prepara para as verdades desconfortáveis que estão por vir. Alex e Marcus são as únicas vozes presentes no filme, seus testemunhos foram gravados separadamente e em lados opostos da mesma sala sem cor. Mesmo quando o filme corta entre os irmãos, é como se eles estivessem falando um com o outro, e não conversando.
As reconstituições abstratas por meio das quais Perkins ilustra a queda e um punhado de outros eventos importantes são valiosas apenas pela forma como reforçam o clima terrível do documentário; é óbvio que um crime está esperando para ser descoberto por trás de toda essa intriga leve e gentil de Oliver Sacks.
O filme não é apenas uma história selvagem e quase inacreditável, ele é uma reflexão sobre os efeitos duradouros do abuso sexual, a complicada questão das “boas” mentiras e o dilema moral que acompanha a retenção de informações dolorosas. Não há uma solução fácil para a situação em que Alex e Marcus se encontram, mas eles começam a dar passos em direção à cura.
A verdade quando é revelada, é devastadora. O fato de Perkins ter se concentrado em assuntos tão simpáticos torna quase impossível não se comover, mesmo que 'Diga Quem Sou' muitas vezes, pareça menos uma verdade forense do que um fragmento intrigante de uma história que pode, no final, ser impossível de ser contada por completo.
Os irmãos gêmeos contam sua história angustiante em um documentário sobre memória, trauma e silêncio. É complicado contar uma história como a de Alex e Marcus em um documentário, sem ultrapassar uma linha ética que explora a tragédia pessoal para apenas mais uma "reviravolta" de suspense. 'Diga Quem Sou' por pouco, mas com sucesso, deixa os irmãos mergulharem na crueza de seu relacionamento.
O cenário lembra a 'Janela Indiscreta' de Hitchcock. Anna acha que viu seu novo vizinho, Alistair Russell (Gary Oldman), matar sua esposa, Jane (Julianne Moore), que visitou Anna recentemente. Embora a atmosfera seja assustadoramente claustrofóbica, 'A Mulher na Janela' parece mais uma peça teatral do que um filme, com os personagens chegando em sincronia para desfazer sua bagagem emocional como suspeitos.
O filme é agradável não tanto por sua trama sinuosa, mas por sua dedicação artística. O diretor de fotografia Bruno Delbonnel segue nossa protagonista frágil e esgotada por seu ninho de quartos como se a câmera soubesse que ela corre o risco de ser engolida por sua própria casa.
Quando Anna não está reclamando com o marido pelo telefone, ou criticando as pessoas que entregam pacotes em sua porta, ela está reclamando de qualquer outra coisa. Um erro fatal do filme, escrever uma personagem tão chata para comandar o filme.
Amy Adams interpreta Anna como uma velha e mesquinha que odeia as pessoas e adora bebidas, Amy Adams é boa e está excelente aqui, mas sua personagem é desconcertante e a atitude extravagante da atriz torna as coisas mais difíceis depois de um tempo. Você rapidamente se cansa de assistir à apresentação e não simpatiza com a situação de Anna.
A história é uma confusão, com um ritmo desajeitado e crescendo em direção a uma reviravolta totalmente desinteressante. O objetivo aqui era evocar outros filmes clássicos que são um sucesso dentro dessa proposta, mas Joe Wright não consegue reunir nada da tensão claustrofóbica desses filmes. O diretor está muito ocupado encharcando tudo com cores berrantes e deixando sua câmera admirar a casa imponente de Anna.
'A Mulher na Janela' é pretensioso e programático, construído em batidas previsíveis e não oferece nenhum novo toque em qualquer de suas formas antigas. Filmes de gênero formulados podem ser muito divertidos, mas não quando são tão pesados e sérios como esse.
Logo no lançamento de seu trailer, 'Sapatinho Vermelho e os Sete Anões' mergulhou em um mar de problemas, já que toda a sua campanha de marketing deu a entender de se tratar de um filme gordofóbico. Este filme não é o que você pensa que vai ser. Demora um pouco para chegar lá, mas em última análise, ensina às crianças a lição muito importante de se sentir confortável em sua própria pele.
Algo pode ter se perdido na tradução na criação desta animação sul-coreana, porque a mensagem "é o que está dentro que conta" parece ocasionalmente abafada pela ideia de que um par de sapatos pode transformar você em uma visão luminosa e ágil de beleza.
'Sapatinho Vermelho e os Sete Anões' é meio longo para um filme infantil, fazendo as coisas acontecerem apenas cerca de duas horas. A primeira hora pode ser um pouco difícil de assistir. Não porque não seja divertido ou seja lento, mas por causa de onde você acha que o filme está indo.
Um trágico desperdício de talento vocal como Chloe Grace Moretz, Sam Claflin, Gina Gershon e Patrick Warburton, eles acabaram em um filme que parece que seu enredo, cenário e diálogo foram executados várias vezes por meio de um algoritmo de tradução.
A trilha sonora repete as mesmas três baladas pop de som robótico indefinidamente, além de conter canções inesquecíveis. Há momentos esporádicos de aventura e humor, com o subutilizado Prince Average fornecendo as melhores falas.
'Sapatinho Vermelho e os Sete Anões' é aquele tipo de animação que você se pergunta: 'Porque não escolhi um filme Pixar?". Sua mensagem é válida e importante, mas demora para fazer efeito na trama. Com alguns bons momentos de comédia, o longa carece de aventura e emoção.
O Lado Bom da Vida
3.7 4,7K Assista AgoraA química de Bradley Cooper e Jennifer Lawrence em cena é inquestionável, os dois sustentam os diálogos e demonstram afiados na hora da atuação, mas suas atuações estão longe de ser grandes coisa. Bradley não consegue chegar ao ponto que seu personagem precisava em muitos dos momentos, Pat (Bradly Cooper) fica parecendo um abobalhado e mais uma vez vemos Jennifer interpretando Tiffany uma descompensada cabeça, o que não impressiona a ponto de ter ganhado um Oscar de Melhor Atriz.
Robert de Niro está incrível no papel de Pat Senior um homem que sofre de TOC, mas poderia ter aparecido menos e dado um pouco mais de lugar a atriz Jacki Weaver (Dolores Solitano), que estava perfeita e deu um gosto de quero mais, suas cenas foram curtas e sem profundidade, uma pena, ainda que um pouco ofuscada, Jacki quem mais brilhou no filme. David O. Russel mais uma vez se garante com um elenco que sabe o que está fazendo.
O filme tratará sobre a vida e seus problemas, mas que em tudo podemos enxergar e aproveitar as coisas boas, mesmo nas piores situações e isso já é entregue só no título do filme “O Lado Bom da Vida”. Um filme com uma temática muito complicada, mas que atinge um perfeito equilíbrio.
O roteiro foi adaptado por David O. Russel baseado no livro “Silver Linings Playbook” publicado por Matthew Quick, com diálogos quase sem interrupções o que dá uma ideia falsa de improvisação dos atores, o que ficou genial. O romance entre os dois personagens Pat e Tiffany é clichê até certo ponto, o personagem de Bradley acredita que consegue vencer a doença com pensamentos positivos e o amor dos pais, simplesmente não colou, o roteiro se mostra em muitas vezes previsível, mas flui bem consegue ir do drama a comédia de forma elegante e bem estruturada.
Indicado em oito categorias do Oscar e só levou na categoria de Melhor Atriz. Um filme que passa uma boa mensagem de superação, com tantos elementos de problemas psicológicos ao esporte, tem sua história muito bem equilibrada, vale a pena assistir. ‘O Lado Bom da Vida’ é irresistivelmente excêntrico.
Os Croods 2: Uma Nova Era
3.5 150 Assista Agora'Os Croods 2: Uma Nova Era' apresenta essencialmente o mesmo conflito que o primeiro filme, entre força bruta e sagacidade, entre medo e conhecimento, os Croods ainda estão procurando um novo lugar para chamar de lar. A família encontra a residência dos Bettermans, onde o filme se passa em sua maior parte do tempo, embora o local seja colorido e criativo, ele carece de todo o escopo e escala da longa jornada de seu antecessor pelos locais da era pré-histórica.
Essa sequência, por outro lado, trouxe animações faciais que já eram expressivas um pouco mais aprimoradas, produzindo alguns dos momentos mais engraçados da comédia física de 'Os Croods 2: Uma Nova Era'. O filme recebeu um notável rebaixamento da trilha sonora original de Alan Silvestri. A trilha sonora foi um dos destaques no primeiro longa, pontuando seus momentos importantes.
Eu acho que ri um pouco mais com 'Os Croods 2: Uma Nova Era' do que no primeiro filme, em grande parte ao seu caráter de desenho animado aprimorado e ao contraste dos Bettermans com as travessuras dos Croods. O filme não parece realmente interessado em fornecer nenhuma outra reação além de risadas leves, mas depois de um ano como este, eu estava perfeitamente feliz em sentar e desfrutar de mais uma hora e meia com essa família maluca.
Nesse sentido, os roteiristas ficam desesperados com uma subtrama excessivamente complicada e fútil, que incentiva Crawford a pisar fundo no acelerador. As crianças pequenas podem rir desse nível de humor estilo violência retroativa. Mais divertidos são as criativas feras pré-históricas, de tubarões terrestres a lobos-aranha de seis olhos e uma tribo de “macacos de soco” que desenvolveu uma linguagem que consiste inteiramente em socos e tapas.
Dizer que um filme ajudava a “passar o tempo” parecia uma maldição com um elogio fraco. Hoje, parece um serviço essencial. 'Os Croods 2: Uma Nova Era' oferece muita cor e muito humor físico que fará a criançada se entreter bastante, mas o seu enredo é fraco.
4 x 100: Correndo por um Sonho
3.1 12Filmes sobre esportes é muito comum no território norte-americano, é uma pena que aqui em nosso país o gênero seja tão escasso e pouco explorado, mas '14×100: Correndo por um Sonho' pode fazer a indústria repensar sobre o assunto.
A narrativa apresenta uma equipe feminina, que carrega a responsabilidade do ouro olímpico, mas que também traz uma narrativa do que é ser mulher no esporte e na sociedade. O roteiro bem construído de LG Bayão, Carlos Cortez e Caroline Fioratti, amplifica a potência de três atos muito bem definidos e traz os assuntos e as críticas de uma maneira muito bem explorada e aprofundada.
O público mais atento perceberá a crítica ao racismo estrutural no Brasil e no esporte, no momento que vemos o mercado publicitário privilegiando Maria Lúcia pelo seu padrão estético, mesmo ela sendo a responsável pela perda do jogos olímpicos do ano anterior, Adriana não teve a mesma "sorte" que sua companheira.
A direção de Tomás Portella é excepcional ao dar voz às personagens, os diálogos são o grande responsável em fazer a narrativa correr de uma maneira muito natural, mas às vezes soam didáticos demais, as atrizes permitem que tudo pareça orgânico, parece que eu estava acompanhando uma cinebiografia. O diretor mescla arte cinema com elementos comerciais da indústria cinematográfica, fugindo bastante do padrão televisivo, que é o certo a fazer.
A fotografia de Pedro Márquez é repleta de detalhes, com cores frias e aposta em cenas imersivas, sufocantes, contemplativas, que representam tanto o luto pela derrota quanto o júbilo pela vitória. '14×100: Correndo por um Sonho' trazia a sensação de realmente estar assistindo a uma competição.
Thalita Carauta é muito conhecida pelo seu trabalho em Zorra Total, sua atuação como Adriana é excelente, profunda e verossímil. Sua dinâmica com a também talentosa Fernanda de Freitas é o que concede emoção à trama. Roberta Alonso, Jaciara e Priscila Steinman completam o elenco de forma contida, mas eficaz. Augusto Madeira traz um tom de leveza ao trazer um de alívio cômico com o seu personagem.
'14×100: Correndo por um Sonho' deixa algumas pontas soltas. Maria Lúcia nutre uma atração por Adriana, mas isso não é profundamente explorado. Apesar de não prejudicar o resultado final, o filme precisa utilizar de muitos efeitos especiais nas cenas do mundial, a computação gráfica fica visualmente estranha e óbvia, mas é necessário evidenciar o excelente trabalho sob a supervisão de Felipe Rio Branco, pois os efeitos eram necessários.
O filme coloca sob os holofotes a representatividade feminina no esporte. '14×100: Correndo por um Sonho' é uma excelente experiência cinematográfica para o cinema nacional dentro da temática esportiva que pouco é explorada. O resultado é uma obra atual, necessária e divertida, que entretém, informa e emociona.
Os Croods
3.7 1,1K Assista Agora"Nunca tenha medo" é o lema da família de homens das cavernas disfuncionais deste filme, mas para um longa-metragem que é ostensivamente sobre o medo do desconhecido, "Os Croods" é familiar demais, se arriscando pouco.
Ao longo do caminho que "Os Croods" percorre, ele também apresenta uma meditação profunda sobre o conflito secular entre força bruta e capacidade intelectual, entre ignorância aterrorizada e pensamento racional. A família não é particularmente inteligente, mas tem sagacidade suficiente para nos manter engajados o suficiente para nos sentirmos inquietos.
Foi difícil de investir nessa animação, pois literalmente não temos ideia de que qual deus ex machina, criatura exótica ou atividade sísmica pode estar esperando na próxima esquina para mudar as probabilidades novamente.
"Os Croods" tem uma mistura estranha entre fantasia e pré-história. Apenas os personagens Eep e Grug tem algum tipo de personalidade comum (nós temos um bebê selvagem, um filho sombrio, uma sogra irritante e uma esposa sem personalidade) e o design de personagem não ajuda em nada, eles são muito feio. Eles podem muito bem ser alienígenas, se você imaginar isso.
O filme opta por ambientar a maior parte dela em um passado inteiramente fantástico. Há uma grande variedade de animais, entre eles felinos gigantes com cores de papagaio, cães com mandíbulas de crocodilo, baleias terrestres, macacos assassinos e ursos com cabeça de coruja dividindo o mundo com plantas maravilhosamente renderizados, mas completamente fabricados, e caracterizado por uma física impossível.
Talvez as crianças mais novas se divirtam o suficiente com as cores fluorescentes, paisagens fantásticas e palhaçadas para não se importar com a falta do tipo de coerência da história e humor mais sofisticado que esperamos da animação de estúdio de grande orçamento. "Os Croods" nos deixa abaixo no essencial do personagem e da história.
Fogaréu
3.4 21'Fogaréu', é um filme brasileiro dirigido por Flávia Neve, ficou em terceiro lugar na mostra Panorama da 72° edição do Festival de Berlim.
O Brasil vive uma crise política histórica nos últimos anos, talvez viva por toda a sua história. Certos atrasos da nossa sociedade que sempre vem átona, mostram que ainda há muito pelo que lutar. Toda a revolta gera um grito que ecoa de várias formas. 'Fogaréu' é um grito revoltante em forma de filme, apesar das suas boas intenções, o filme se escora na sua superficialidade, ao invés de construir narrativas ricas.
'Fogaréu' lança os holofotes para problemáticas tipicamente brasileiras, como exemplo: a escravidão contemporânea, conflitos entre povos originários e fazendeiros, homofobia, do coronelismo político. Os problemas políticos e sociais apresentados no longa, cutucam o público de uma maneira incômoda, mas parece que nós brasileiros nos acostumamos a viver anestesiados aos problemas que nos afligem.
Infelizmente, 'Fogaréu' segue um caminho de superficializar todo o seu potencial, entregando todas as problemáticas levantadas em “momentos de efeito”, feito massivamente em seu segundo ato inclusive. O roteiro tem argumentos e trama mal desenvolvidos, oferecendo um deus ex-machina preguiçoso com diálogos forçadamente expositivos.
O filme poderia ter maneirado na exposição e deixando o trabalho para a atuação, 'Fogaréu' conta com um excelente e competente elenco. Bárbara Colen é capaz de observar duas mulheres exploradas com toda a dor, raiva e compaixão através do olhar. Nena Inoue dá vida a personagem mais cativante do filme, Mocinha, que a leva de vítima a resistente. Estes personagens são fortes, ambíguos, e ganham vida através de atores plenamente capazes de transmitir os dilemas de seus personagens sem verbalizá-los.
'Fogaréu' flerta um pouco com a fantasia. O longa-metragem utiliza o fogo, com um artifício simbólico, ao invés de literal. Toda vez que o filme destaca objetos e metáforas, 'Fogaréu' cresce bastante e se valoriza mais.
Carregado de frases feitas e muito expositivo, 'Fogaréu' da diretora Flávia Neves desperdiça uma boa ideia por não saber que caminho trilhar. O filme é um monte de ideias soltas que não estabelecem uma unidade.
Como Treinar o Seu Dragão 3
4.0 498 Assista Agora'Como Treinar o Seu Dragão 3', um terceiro e presumivelmente capítulo final do escritor e diretor Dean DeBlois, é difícil não engasgar com a perspectiva de uma despedida comovente e igualmente difícil de não desejar que os elementos individuais dispararam de forma tão consistente quanto anunciada.
A animação em si continua impressionante, há uma sequência inicial em que o céu está cheio de dragões é um sinal precoce dos deleites visuais que estão por vir e acaba sendo o destaque do filme.
Com o diretor de fotografia de crack, Roger Deakins, continuando seu papel como consultor visual, o filme derrama sobre as cenas luxuosamente imaginadas de destruição em massa por chamas. Existem também vários interlúdios líricos de voo e uma sequência estendida de um adorável de cortejo entre dragões.
Gosto das sequências sem palavras que 'Como Treinar o Seu Dragão 3' oferece, embora sejam um pouco atenuadas. O alívio cômico entre os colegas de Soluço poderia ter sido mais usado, mas a inteligência verbal nunca foi o ponto forte dessa franquia. 'Como Treinar o Seu Dragão 3' se assemelha a 'Avatar', para melhor ou para pior. A história de amor de um menino e seu dragão se assemelha a um milhão de outras histórias.
Acredito que por um tempo nosso mundo ficará sem os dragões de 'Como Treinar o Seu Dragão', não foi fácil dizer adeus para uma das minhas animações preferidas. 'Como Treinar o Seu Dragão 3' chega em seu último capítulo com uma animação impecável e um excelente senso de humor.
Entre Irmãs
4.2 203 Assista AgoraDepois de 'Gonzaga: De Pai Para Filho', o diretor Breno Silveira retorna ao sertão para contar a história de Lindalva e Emília em 'Entre Irmãs'. O longa se passa na década de 1930 e é uma adaptação do livro 'A Costureira e o Cangaceiro', de Frances de Pontes Peebles.
O primeiro ato apresenta bem os personagens e foi aqui que o filme me prendeu. O bando de Carcará segue tomando vilas e pilhando cadáveres. Luzia os acompanha consentindo com as matanças e por vezes assumindo a liderança ao lado do cangaceiro. Já Emília mais parece uma hóspede no conforto da família patriarcal de Degas. O único elo entre as duas narrativas são os jornais noticiando a costureira ao lado do bando.
Deixar de lado a relação das irmãs depois do primeiro ato, não só desestabilizou a minha conexão pela história, mas abriu uma oportunidade para 'Entre Irmãs' se encher de arcos desnecessários e chatos. As subtramas sobre homossexualidade desse longa-metragem não se encaixam bem na trama, eles não são aprofundados para trazer à tona discussões interessantes.
Nanda Costa e Júlio Machado conseguem segurar a força interpretativa do longa e contam com as melhores cenas do filme. A trilha sonora invade as cenas com sons de percussão e violinos genéricos, que apenas repetem as emoções que vemos na tela.
'Entre Irmãs' não está disposto a abordar a dureza do sertão ou o laço entre as irmãs. O diretor Breno Silveira poderia ter deixado esse filme menos grandioso, o resultado seria bem mais positivo. Enquanto isso, eu e você vamos esperar pelo épico brasileiro, pois 'Entre Irmãs' não chega lá.
Como Treinar o seu Dragão 2
4.1 1,4K Assista AgoraEsta sequência do filme original, que faturou quase meio bilhão de dólares em 2010, contou com a mais avançada tecnologia de animação, um roteiro elaborado que expande ainda mais seu mundo de fantasia, grande quantidade de ação, cenários e um elenco de milhares de dragões.
Um dos pontos fortes de 'Como Treinar o Seu Dragão 2' foi a maneira como ele infundia personalidade nos dragões, não apenas através dos desenhos coloridos e intrincados dos personagens, mas também por torná-los relacionáveis aos animais domésticos. Assista a Banguela, por exemplo, especialmente enquanto ele brinca ao fundo, e você alternadamente verá a brincadeira e a graça sinuosa de um gato, a lealdade dos animais de carga de um cachorro e o poder e a dignidade de um cavalo.
Claramente esses filmes são obra de pessoas que amam animais. Mais importante, porém, indo além da mensagem ecologicamente correta que todo filme infantil precisa ter, 'Como Treinar o Seu Dragão 2' aborda a complexidade do vínculo emocional entre uma pessoa e um animal. Isso é trazido para casa com nuances excepcionais na cena mais poderosa do filme, quando Banguela acidentalmente mata alguém e Soluço luta com sentimentos de raiva e com o reconhecimento de que Banguela, pobre dragão mau, não pode ajudar sua natureza.
Não há como negar a conquista técnica do filme. A atenção minuciosa aos detalhes se estende do design das criaturas e das pessoas, trazendo mais realismo se comparado com o primeiro filme.
'Como Treinar o Seu Dragão 2' tem seu mundo expandido, com uma boa comédia e um bom roteiro, o filme cresce em sua qualidade e proporciona um elevado produto de entretenimento. Eu sou fã de 'Como Treinar o Seu Dragão 2'.
Nosso Amigo Extraordinário
3.5 78 Assista AgoraÉ bom ver um filme de amadurecimento voltado para um público mais velho como esse. No entanto, o filme de Marc Turtletaub não consegue extrair um verdadeiro sentido de seus eventos. Há uma falta de síntese entre o drama do roteiro e os gestos em direção às escapadas intergalácticas que o filme propõe.
O roteiro de Gavin Steckler é surpreendentemente honesto sobre as dificuldades do envelhecimento e suas observações familiares sobre o apoio necessário para "sobreviver" à velhice parecem muito mais frescas por causa do caminho bizarro que essa história percorre para alcançá-los.
Ben Kingsley é fundamental para seu personagem desde o início, sua performance é sustentada por uma rejeição de autopiedade e uma recusa instável em mostrar medo diante da morte. Junto do ator temos a confiável Jane Curtin, cuja Joyce é obcecada por seus dias de glória de "ir para a cidade", e pela MVP de "Licorice Pizza", Harriet Sansom Harris, cuja Sandy está tão desesperada por conexão que imprime panfletos convidando adolescentes locais a irem até sua casa e ouvirem suas histórias.
Felizmente, sempre que Jules está na tela, a estranheza por si só é mais do que suficiente para tornar essa coisa visível. Cruzando perfeitamente a linha entre o fofo e o assustador, o desempenho incômodo de Quon faz mais com um bodysuit de látex e um par de olhos negros frios do que uma fortuna em CGI poderia esperar realizar.
É uma comédia suavemente inofensiva que é elevada por seu manejo de temas melancólicos de envelhecimento, solidão, e uma performance soberba, mas vulnerável, de Kingsley. Este é um filme sentimental e folclórico, com um final um pouco distorcido, mas há muita gentileza e doçura. "Nosso Amigo Extraordinário" é sobre redescobrir a humanidade por meio de uma conexão emocional sobrenatural, mas a relação entre o trio central e o próprio Jules, o E.T., nunca parece particularmente ressonante.
Como Treinar o seu Dragão
4.2 2,4K Assista AgoraAdaptado do livro de Cressida Cowell, com o roteiro de Will Davies e dos diretores Dean DeBlois e Chris Sanders, "Como Treinar o Seu Dragão" traz o estereótipo dos vikings com chifres, caras carrancudas e de jeito bruto, mas possui uma grandiosidade visual arrebatadora e uma mensagem forte.
Para mim a maior desvantagem é seu enredo "Zero to Hero" (zero a herói), onde o personagem-título é um desajustado que, depois de acidentalmente causar estragos, precisa passar por treinamento para atingir seu verdadeiro potencial. O resultado de "Como Treinar o Seu Dragão" é uma conclusão antecipada e bastante previsível.
O que faz a animação ser acima da média é sua mensagem sobre tolerância, que envia às crianças uma mensagem positiva sobre os perigos do medo, do preconceito e da violência. É difícil realmente derrubar um filme infantil que tenta fazer algo mais do que a habitual enxurrada de piadas de peido e números musicais.
"Como Treinar o Seu Dragão" também é um pouco mais sério do que os filmes da DreamWorks, oferecendo mais ação e dedicando muito tempo a batalhas aéreas entre dragões domados e malignos.
Essa animação da DreamWorks é um filme doce, brilhante, bonito e cheio de ação. Todos os esforços em entregar algo diferente foi ambicioso e deu certo, porém "Como Treinar o Seu Dragão" entrega uma história previsível e muito presa aos moldes padrões de enredo.
Pai em Dobro
3.0 130 Assista Agora'Pai em Dobro' lembra um outro filme com uma premissa bem parecida, o famoso musical 'Mamma Mia'. O filme poderia ter trabalhado melhor os empecilhos da trama, mas 'Pai em Dobro' não entrega reviravoltas de um jeito carismático.
Revelações, encontros e brigas vão e vêm e são resolvidos facilmente. 'Pai em Dobro' não é uma obra-prima e seu foco é o público infantil. A história é leve, esperançosa, super alegre e sem conflitos. O filme não se preocupa em ser coerente, a galera do "cumpriu sua proposta" não terá do que reclamar, para mim, o filme não é bom. Tudo é fácil e corrido, não há conflito ou um antagonista na trama.
O entusiasmo e carisma de Maisa acaba sustentando diversas cenas, é visível que ela está se divertindo. Sua personagem se entrega com muita facilidade nas situações, criando laços fáceis com todos os personagens que encontra, o exagero da alegria de sua personagem deixa ela boba demais.
O trabalho dos demais atores são ok, por mais rasos que suas tramas sejam. Com a Maísa ocupando o maior espaço de tela, os personagens secundários são subdesenvolvidos e precisam ser limitados em clichês de suas personalidades, não dá espaço para que os personagens coadjuvantes sejam aprofundados.
Há um Rio de Janeiro cheio de cores, com um ritmo de Carnaval e um clima de um Brasil cativante embalado em uma trilha sonora recheada com sucessos de Melim, Anavitória e Rubel. O estilo novelesco das cenas e da trama não favorecem essa produção, nada soa natural deixando o telespectador fora do filme. Os diálogos são bem pobres.
Há um brilho genuíno no escuro em o 'Pai em Dobro' e há uma mensagem fofa sobre família e amizade, mas o filme é muito previsível, deixando-o totalmente sem graça. Sem trama, sem desenvolvimento, conflitos e boas atuações, o filme é um ótimo produto colorido e cheio de esperança na Netflix para as crianças, mas não é um bom filme.
Os 7 de Chicago
4.0 581 Assista AgoraDepois de 13 anos em desenvolvimento, a abordagem de Aaron Sorkin em um julgamento de programa americano em 1969 surge em um momento de terrível relevância. Longe de ser um drama histórico, o uivo estrelado de Sorkin contra a injustiça parece um boletim de notícias particularmente eloquente.
Seu segundo longa-metragem poderoso e oportuno como roteirista e diretor, 'Os 7 de Chicago' mostra Sorkin em seu lugar doce, enterrando-se com curiosidade aguda, indignação apaixonada e oratória suculenta no infame circo do tribunal.
O filme não apresenta um estilo visual particularmente chamativo, mas talvez seja o melhor, pois permite que os espectadores se concentrem apenas nas dificuldades dos personagens e em suas interações, sem se distrair. O cinema de Sorkin nunca chama a atenção para si mesmo, ele deixa seu diálogo e os temas falarem.
O roteiro de Sorkin atinge os nervos em carne viva com seus insights sobre como os Panteras foram explorados no julgamento, colocando um homem negro entre os réus para assustar o júri. O diálogo caracteristicamente animado de Sorkin, voa para longe enquanto os atores lutam verbalmente entre si, tornando mais fácil para os espectadores serem atraídos para a narrativa.
Enquanto alguns personagens de 'Os 7 de Chicago' têm papéis mais elaborados do que outros, Sorkin faz um bom trabalho para dar a cada ator uma oportunidade de brilhar, dando efetivamente ao público uma ideia de quem cada pessoa é como um indivíduo. Cada personagem do filme tem suas características únicas que os fazem se destacar, tornando-os personagens completos.
O longa traz a melhor atuação de Baron Cohen, ele faz uma atuação excelente com Jerry Rubin de Strong, a dupla ainda é responsável pelo humor do filme. Redmayne é perfeitamente agradável e enfadonho como Hayden, e Mateen faz um Seale atraente e carismático. Você vai querer que todos eles tenham mais tempo na tela, ou que ganhassem uma minissérie de suas histórias.
Sorkin fez um filme cativante, esclarecedor e incisivo, tão erudito quanto seu melhor trabalho e sempre baseado principalmente na história e no personagem. Apesar do drama e do tema político, o filme tem boas doses de humor, deixando a experiência agradável. Um veterano do gênero drama de tribunal, Sorkin se sente em casa com esse material politicamente carregado, encontrando o equilíbrio adequado entre puro entretenimento e a seriedade do assunto.
Aniquilação
3.4 1,6K Assista Agora'Aniquilação' é um filme baseado no livro de mesmo nome escrito por Jeff VanderMeer. 'Aniquilação' tem uma história de vida muito interessante. Produzido com orçamento de 40 milhões de dólares aproximadamente, sua produção concluída há mais de dois anos, a Paramount não arriscou lançar o filme nos cinemas, o motivo? Ela achou o filme "intelectual" e "complicado" demais. Pois bem, com os direitos vendidos para a Netflix, 'Aniquilação' entra para o catálogo, como o melhor filme da Netflix até agora.
Tudo bem que o estúdio tem seus motivos, afinal ele foi massacrado pelo "complicado" e "intelectual" demais filme "Mãe!". Afinal, não podemos esquecer que os estúdios cinematográficos precisam de dinheiro para se manter, hoje mais do que nunca, eles vivem do faturamento da bilheteria de seus filmes. Refletindo sobre esse contexto, é triste que as salas de cinema tenham se tornado algo tão limitado em inteligência.
'Aniquilação' bebe da fonte "dos adolescentes curiosos em busca de perigo do desconhecido", mas se engana você que acha que este filme se torna algo genérico, ele está bem longe disso. Aqui os personagens são inteligentes, que agem de forma inteligente, isso já é prova de que ele não é genérico, já que normalmente, filmes de terror são formados por pessoas extremamente burras. Está aí mais um diferencial de 'Aniquilação' ele é incomum e refrescante.
O filme é inteligente, mas ele não sacrifica sua inteligência para mostrar seu suspense. E 'Aniquilação' ganha mais um ponto positivo por isso, ele é bem construído e desprovido de exposições desnecessárias. Há uma cena específica com um urso, que para mim, foi uma das melhores cenas de suspense que já vi na vida, ou pelo menos vai entrar para o meu top 10!
'Aniquilação' é um filme de mulheres em missão, e nisso, o filme trouxe um frescor também, já que não é tão comum os filmes (acredito que de qualquer gênero) tragam mulheres na liderança, no filme essas mulheres brilham e brilham muito e o principal, elas conseguem sustentar a trama. Não escrevo isso duvidando da capacidade feminina de liderar um filme, longe disso, mas esse filme tem uma boa importância na quebra de tabus.
Sobre mulheres fortes e fantásticas, primeiro começo citando as personagens que este filme trouxe. Elas são conturbadas e cheias de traumas em um grau ou outro e é por isso, que todas concordam em entrar, no que muitos pensam, ser outra missão suicida. O grande trunfo deste filme, talvez, pode ser atribuído ao fato destes personagens serem muito humanos. Elas não tem super forças para lutar com monstros no pântano, elas não tem coragem o suficiente para enfrentar o medo da noite, elas têm fraquezas, elas são assim como qualquer outra pessoa que você encontrar na rua.
E em segundo, o brilhante elenco. É difícil falar sobre o elenco já que todas estão incrivelmente perfeitas. Natalie Portman é feroz e forte com sua personagem dentro da "Área X", mas também mostra seu lado doce e sexy com o seu marido em flashback do casal. Leight é outra perfeita, vivendo uma psicóloga secreta e difícil de ler. Enfim, o filme também é um show de atuação, além de tudo.
'Aniquilação' transita entre os gêneros e influências. Se os primeiros momentos do filme evocam lembranças de ficção científica, assim que os personagens se aventuram dentro da "Área X", o filme anda pelo suspense e o horror. Não é um filme de terror como tal, mas Alex Garland aumenta a tensão enquanto o grupo se aventura mais perto de seu objetivo, é tudo orquestrado, os gêneros são na medida certa. Alex Garland não fez um filme sobre um tipo de gênero, mas utilizou de gêneros cinematográficos para recontar uma história, isso foi inteligente.
Dentro da "Área X" encontramos bestas mutantes vagando pelos pântanos, restos humanos retorcidos se escondem nas sombras e a confiança dos membros do esquadrão é esticada até seus limites. Nada disso é transmitido com sombra e escuridão, muito pelo contrário, dentro da bolha, o mundo é fantasioso e colorido, trazendo uma atmosfera, até certo ponto, mágica. O mundo dentro da zona contaminada é alternadamente horripilante e belo, aqui podemos dar outro ponto positivo para o filme ao desconstruir o horror.
Os efeitos especiais são sutis, em alguns momentos eles impactam com suas doses de horror e suspense, e outros momentos os efeitos são poéticos e bonitos, principalmente dentro da "Área X" onde o mundo tem uma atmosfera mística e mágica, os efeitos especiais de 'Aniquilação' também são usados de forma inteligente, na dosagem certa e pelo objetivo certo.
A trilha sonora, assim como os efeitos especiais, somaram com o filme. Ela sabe criar o suspense e trazer o místico em sua melodia. A trilha sabe conduzir o momento para onde ele deve ir, consegue prender e reforçar a intensidade do momento. Ao ouvir as faixas do CD, é possível perceber a típica sonoridade do suspense, com aqueles elementos de filmes épicos ou até mesmo fantasiosos. A música também brincou com os gêneros musicais do horror, suspense e magia, assim como o próprio 'Aniquilação'.
Todo lado científico do filme é explicado com muita simplicidade e objetividade, nada de diálogos "super nerd" da qual não entendemos nada. A ficção científica é tratada sem chatice. Alex Garland criou um filme que aborda questões tão pesadas e sensíveis quanto a depressão, a tristeza e a propensão humana à autodestruição. O filme é completo, muito interessante e uma ficção científica poética.
Se você gosta de cinema como algo para seu entretenimento e divertimento, continue assim... Mas desafio você a ser mais inteligente. Lembre-se de que o cinema é arte, não o consuma somente como algo comercial, mas também como arte. 'Aniquilação' foi um filme que não estreou nos cinemas por ser "intelectual" demais, isso é algo preocupante. Permitam seus cérebros descansarem, mas jamais deixem de usá-lo!
'Aniquilação' é um filme inteligente que faz grandes perguntas e se recusa a fornecer respostas fáceis, o longa deve ser assistido de mente aberta. O cineasta Alex Garland é engenhoso e cria um mundo único com temas sobre moléculas, psicologia, metafísico e algo celestial. A mistura do filme 'Aniquilação' é deslumbrante e desorientadora.
Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos
2.4 27 Assista AgoraE temos mais uma história de origem em 'Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos'. O longa traz uma história “amigável para a família” de como Peter Pan e Alice surgiram. A roteirista Marissa Kate Goodhill torna Peter e Alice irmãos e os joga em uma família biracial cheia de todos os tipos de problemas horríveis de adultos. Enquanto seus pais, Jack (David Oyelowo) e Rose (Angelina Jolie) lidam com vícios, problemas de dinheiro e a morte de um filho, Peter e Alice escapam para um mundo de fantasia horrivelmente caprichoso e cheio de elementos familiares de seus respectivos contos.
'Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos' traz uma Inglaterra vitoriana fictícia revisionista muito bem vinda, mas infelizmente, o filme tropeça em seu caminho para a terra da fantasia. O longa também é recheado de referências em forma de Easter Eggs durante sua projeção, os elementos famosos das histórias de Alice e Peter são jogados na tela, é quase que uma brincadeira de adivinhação, é claro que tudo é muito óbvio, mas divertido.
O filme meio que cria um “mito de origem” de realidade alternativa para Peter Pan e Alice Liddell, imaginando-os como irmãos, tomados de tristeza quando um terceiro irmão morre. Surpreendentemente, o enredo à medida que se desenrola não combina com as histórias fictícias bem estabelecidas de Peter e Alice e nem com as situações do mundo real de como os autores criaram seus personagens lendários.
Os efeitos especiais aparecem de repente, visualizando a imaginação das crianças e dando a entender que o público pode visitar um mundo de fantasia, mas a viagem nunca acontece. Por quase 80 dos 94 minutos de duração do filme, a roteirista Marissa Kate Goodhill está ocupada demais estabelecendo o entediante "mundo real" em que essas duas crianças foram criadas, até que o público inevitavelmente percebe que o filme não tem intenção de nos levar a outro lugar.
O final é melancólico, até mesmo mágico, pode ser lido como terrível, lamentável, sombrio, embora você queira dizer "o oposto de maravilhoso e feliz". Ainda assim, a música, as performances e os efeitos visuais insistem que isso é adorável. 'Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos' pretende ser uma exposição amargamente irônica da desintegração de uma família? Pode ser.
Não sei o que 'Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos' deve ser, que lições está transmitindo ou para quem foi feito. As crianças não se interessaram pelas imagens do retrocesso e os adultos acharão suas representações de vício, luto e violência superficiais, prolongadas e não recomendadas para os pequenos. Em sua estreia em live-action, a diretora Brenda Chapman falha miseravelmente em integrar o horror e a fantasia.
O Barco
3.1 12 Assista AgoraO diretor Petrus Carity também é responsável pelo roteiro junto com Rosemberg Cariry e Firmino Holanda. Baseado no conto de Carlos Emílio Corrêa Lima, o diretor comanda esta história de forma minuciosa. Petrus também é o fotógrafo do filme, cada composição é feita pensada para causar uma impressão no telespectador. As cores ampliam o tom claustrofóbico através da saturação.
O som é tratado de forma seca, mas presente como uma linguagem fundamental para os personagens; o contato com os tecidos, o desejo por ir além das ondas, o tilintar dos pratos à mesa de madeira, tudo amplia o tom claustrofóbico do filme. A trilha sonora só ajuda a compor esse incômodo constante.
Apesar de seu fundo dramático, o filme traz uma atmosfera de suspense. A história é quase que uma fábula, mas o diretor Petrus Cariry oferece uma estética bem naturalista para o filme, gerando um efeito bastante interessante. A praia é cuidadosamente enquadrada pela fotografia gerando belas imagens, enquanto nossos personagens anunciam profecias, assistem show erótico, presenciam ou imaginam a existência de barcos, o filme traz um ar fantasioso.
A narrativa de 'O Barco' está inteiramente baseada em coisas que partem nas águas, ou chegam nela. O mar é explorado pela dualidade vida e morte: é ele quem fornece o alimento à família, mas é ele quem tira a voz do pai. É o mar quem traz a encantadora forasteira, mas também é ele que impede a fuga do filho mais velho. A natureza, neste caso, representa a liberdade e a prisão.
Muitos personagens não interagem uns com os outros, existindo em núcleos isolados. A mãe Esmerina sabe da existência de Ana? Outras pessoas, além dos membros da família principal, interagem com o cego? A narrativa foge da coletividade, evitando representar os espaços para além do mar, isso pode deixar o telespectador longe do filme.
'O Barco' sugere caminhos narrativos que ele mesmo não pretende seguir. Qualquer forma de linearidade é interrompida, as reviravoltas nunca vêm. O espectador é convidado a transitar por um universo divino, deixando aquela sensação de que tudo talvez não passe de um sonho ou talvez não exista uma moral da história. Isso quebra um pouco a importância do filme.
O filme tem um tom misterioso e há uma constante ameaça de perigo, trazendo uma experiência bastante imersiva. Eu me senti sufocado com a falta de perspectiva dos personagens. Apesar dos pequenos erros, 'O Barco' precisa ser visto, ele é bem feito e bonito.
Flora e Ulysses
3.1 19O humor pastelão, quando bem feito, pode ser uma alegria de assistir. Jogue uma garotinha cética e seu animal de estimação super-herói e isso soa como uma receita para um filme de família comovente, carinhosamente doce e envolvente. De alguma forma 'Flora e Ulysses', dirigido por Nina Khan a partir de um roteiro de Brad Copeland, erra o alvo no que deveria ter sido um filme divertido. O longa infantil tem todos os ingredientes certos, mas não consegue juntá-los, deixando o filme uma casca vazia e pouco carismática.
Com seu luxuoso pelo castanho avermelhado, adoráveis orelhas em tufos e capacidade de fazer expressões faciais incrivelmente matizadas, Ulisses é apenas o mais recente companheiro animado por computação gráfica. Para os pais que cresceram assistindo os live-action mais antigos da Disney vão se surpreender do quão longe essa tecnologia chegou.
A tecnologia pode impressionar, mas o enredo continua a perpetuar o clichê do gênero. O maior problema do filme decorre da perspectiva cínica de Flora, que provavelmente soa muito maduro para o público jovem, mas se mostra inconsistente com a imaginação hiperativa em exibição. Espera-se que o público acredite que uma criança de dez anos não tem nenhum senso de otimismo e esperança. O fato de ela ser cínica certamente pretende ser um aspecto fofo e até engraçado da história, mas é um exagero, especialmente porque o filme restringe essa mesma noção com seu tom.
'Flora e Ulysses' carece de muito do investimento mágico e emocional que faz com que esses filmes para a família valham a pena assistir em qualquer idade. O filme depende muito do esquilo CGI para trazer coração e humor para a história. Flora se torna uma espécie de mentora para Ulisses, convencida de que todo super-herói tem um propósito, ela é ajudada por seu vizinho William (Benjamin Evan Ainsworth), cuja cegueira temporária é explorada por um humor pastelão totalmente desnecessário.
O enredo teria funcionado muito melhor se não fosse tão pouco desenvolvido e emocionalmente vazio, com várias partes do tempo de execução preenchidas por uma bagunça desenfreada. Tecnicamente, a dupla do título é apenas um pouco menos destrutiva do que um tornado comum. Quase todos os cenários do filme envolvem quebrar, derramar ou perturbar espaços arrumados, o que sem dúvida é divertido de assistir se você tem a idade de Flora ou menos.
Por se tratar de um filme da Disney, 'Flora e Ulysses' passa muito tempo fazendo referência a outros notáveis super-heróis agora de propriedade da empresa. De uma forma estranha e indireta, o filme se inclina para a máquina corporativa que está se inclinando para que os super-heróis sejam esses salvadores tão necessários, sejam fictícios ou não.
Esse é o tipo de filme que a Disney costumava fazer quando pessoas como esse crítico também eram crianças. 'Flora e Ulysses' é no fundo, um filme muito simpático, mas seus elementos são mal misturados, deixando o filme bagunçado e pouco carismático.
Preciosa: Uma História de Esperança
4.0 2,0K Assista AgoraDaniels fez um trabalho sólido notável de duas horas. 'Preciosa: Uma História de Esperança' é longo e doloroso, mas nunca parece arrastado ou explorador. Existe uma atmosfera real e envolvente cheia de detalhes delicados. O filme não pode ser endossado como entretenimento: as circunstâncias, incidentes e emoções no filme são muito sombrios.
O filme é um drama angustiante sobre uma mãe adolescente abusada determinada a melhorar sua vida, apesar dos obstáculos colocados em seu caminho. Baseado no romance "Push" de Sapphire, o filme parece uma mentira de tão absurdo, a história te arrebata, não para um vitimismo, mas para vontade imensa de uma vida melhor para Preciosa.
A implacabilidade das dificuldades vividas pela personagem pode ser considerada por alguns um pouco de exagero. Ela é estuprada pelo pai, ele tem um filho do próprio pai com síndrome de down, ela espera um segundo filho do pai, jogam uma tv nela, ela apanha de sua mãe enquanto está em trabalho de parto e é constantemente abusada psicologicamente e fisicamente. O filme poderia ter escolhido menos e explorado mais do menos, o que causaria o mesmo efeito. O filme me deixou a impressão de querer forçar para chocar, mas isso não estragou a minha experiência.
A mensagem de 'Preciosa: Uma História de Esperança' é maravilhosa e suas performances são ainda mais. A comediante Mo'Nique tem uma atuação vívida e surpreendentemente variada como a mãe de Preciosa. Ela desloca sua fúria por um homem que ela pensa preferir sua filha do que a ela. Mary é tão vingativa quanto cruel. Para ela, Preciosa não é tanto uma filha, ou mesmo um ser humano, mas uma empregada doméstica e um aumento mensal no cheque de assistência social.
O toque mais incomum é uma assistente social interpretada por uma Mariah Carey mais deselegante do que estamos acostumados a ver. O filme é talvez notável por apresentar Mariah Carey em um papel dramático simples, mas é um papel chamativo e pouco óbvio e Carey faz um trabalho sólido aqui.
A vida de Claireece "Preciosa" Jones é implacavelmente degradante e totalmente desumanizante, ela é um olhar vazio, mas ela é uma pessoa com dor e vergonha. Conforme aprendemos através de narrações em off e sequências de devaneios bem cronometrados de Daniels, ela nutre sonhos de escapar de tudo com muita determinação e pronta para desafios. Preciosa, interpretada com incrível segurança e amplitude pela jovem atriz Gabourey Sidibe, ela domina o filme com calma e astúcia lenta e evitando qualquer coisa bonita ou que chame a atenção, ela surpreende cena após cena com novas rugas, profundidades e contornos.
'Preciosa: Uma História de Esperança' é doloroso, é angustiante, é emocionalmente exaustivo. É também um filme singular, tão difícil de comparar como de esquecer, com uma história que abraça qualquer autoestima destruída. “Todos são um presente do universo” assim como esse filme.
O Diabo Veste Prada
3.8 2,4K Assista AgoraAdaptado do best-seller de Lauren Weisberger sobre o ano em que ela passou como assistente de Anna Wintour, a lendária exigente editora da Vogue, 'O Diabo Veste Prada' oferece uma visão perversa do nível superior do mundo da moda, um mundo que faz a maioria de nós se sentir como voyeurs no grande baile de formatura.
Em uma jogada muito inteligente, Meryl Streep minimiza o papel para que sua Miranda nunca precise levantar a voz para conseguir o que deseja. No mínimo, uma sobrancelha levantada retrata toda a extensão de seu desagrado. Ela exala arrogância, que vem de sua confiança absoluta em sua posição como o árbitro final de todas as coisas da moda. Anne Hathaway é uma ótima atriz, mas aqui, ela interpreta a mesma personagem de 'O Diário da Princesa'.
O filme é mais do mesmo, por isso a personagem principal Andrea Sachs é a história menos interessante do filme. 'O Diabo Veste Prada' deveria (na verdade ele é) de Miranda Priestly, ela deveria ser a vilã odiada da história, mas Meryl Streep fez um trabalho tão legal, trazendo humanidade a personagem, que tudo o que envolve Miranda é o que me traz vontade de voltar ao filme enquanto o assistia.
Aos amantes da moda, o filme é um prato cheio. As fashionistas vão se deslumbrar com o guarda-roupa em exibição por aqui. Mas o filme não encanta somente pelo guarda-roupa, ele traz um lado da moda pouco ou nunca explorado, que é o mundo do jornalismo da moda, trazer o bastidores de uma revista de moda foi algo inovador.
'O Diabo Veste Prada' é uma diversão boa e limpa, mas segue uma fórmula de filme feminino padrão, com os problemas necessários com o namorado, montagens de moda, ajustes de penteado e eventual realização emocional e fortalecimento pessoal. A graça aqui é Meryl Streep e os bastidores do jornalismo da moda que é gostoso de visitar.
Depois do Casamento
3.0 12'Depois do Casamento' é um filme de drama romântico Pré-Código de 1931 dirigido por Frank Borzage e estrelado por Sally Eilers e James Dunn. É um filme muito bom e muito romântico. O diálogo também é particularmente forte e um dos destaques nesse longa. O mesmo vale para o realismo inesperado e aquela abordagem muito original da vida cotidiana que eles fizeram muito bem.
O longa tem uma mudança chocante no tom. A primeira metade tem um estilo maluco, enquanto a segunda metade é um drama altamente sério. A transição nunca é suave, infelizmente, mas eu simplesmente amei o romance aqui, pois é doce e cativante.
A segunda metade de 'Depois do Casamento' fica séria demais, eu certamente preferia a primeira metade do filme, mas ainda assim respeitei os cineastas por terem ido lá enquanto exploravam a desconfiança no casamento e todos os problemas que um bebê poderia trazer.
Dorothy e Eddie formam um casal tão charmoso, os atores têm uma ótima química e suas interações lúdicas e piadas tornaram este filme um verdadeiro charme. James Dunn e Sally Eilers são excelentes aqui e deveriam ter sido nomeados por suas boas atuações. Ela é muito agradável e ela conseguiu todas as suas cenas dramáticas, enquanto ele é muito cativante e carismático.
Muito do filme depende de um atributo não dito, mas facilmente visível, desse casal. Cada um fica tão determinado a provar ao outro que está disposto a sacrificar qualquer coisa pela felicidade do outro que ambos acabam se sentindo miseráveis. Dorothy se oferece para voltar a trabalhar para ganhar dinheiro para o bebê que ela está escondendo de Eddie, e Eddie lê isso como um sinal de que ela não se sente mimada o suficiente. Ele compra para ela um apartamento novo e chique, e ela se sente péssima por ele ter gastado tanto com ela quando o filho está chegando.
Ele continua girando cada vez mais fora de controle, até que eles mal se falam. À medida que a data do parto se aproxima e ambos chegam a antecipar o bebê, mas esperam que o outro o despreze, há uma palavra que parece pairar sobre ambas as cabeças, o último ato de sacrifício que faria o outro feliz. Veja bem, apesar da liberdade proporcionada aos filmes dos anos 1930, eles ainda não conseguiam dizer a palavra, mas você pode ler isso claramente em todos os seus rostos: aborto.
É bom ver um filme Pré-Código que é tão abertamente honesto sobre sexo. Este é um experimento muito interessante para os geralmente mais glamorosos filmes dos anos 30, pois é basicamente sobre o cotidiano, um romance e um casamento. Provavelmente conseguiriam refazer 'Depois do Casamento' com poucas ou nenhuma mudança no roteiro e provavelmente seria um dos melhores filmes do ano. É bastante corajoso em como esse filme lhe dá com os dois personagens que não querem realmente um bebê.
'Depois do Casamento' é um drama romântico muito bom que apresenta uma mudança de tom chocante no meio da história, mas ainda assim a segunda metade dramática é tematicamente corajosa para sua época e também interessante em sua abordagem do cotidiano. Frank Borzage dirigiu o filme tão bem, enquanto Sally Eilers e James Dunn são fantásticos.
Livre
3.8 1,2K Assista Agora'Livre' é um filme biográfico que é visualmente envolvente e emocionalmente atraente. É difícil livrar-se do sentimento de ambição cuidadosa que mantém tudo avançando de forma tão organizada. Reese Witherspoon assume o papel de Cheryl Strayed, espiritualmente destroçada e caminhando pela Pacific Crest Trail durante o verão de 1995, com as garras de um falcão procurando uma presa abaixo.
Reese Witherspoon é uma excelente atriz, isso sem dúvida, mas sua personagem tem muitas camadas e nuances e ela não anda entrega o que sua personagem precisa. Cheryl é viciada em heroína, traidora e procura no sexo uma forma de se sentir amada, Witherspoon não consegue fazer nenhuma dessas coisas de forma persuasiva.
Quando Cheryl está na trilha à procura de perdão pelos seus pecados e procurando se curar, ela fumega com o equipamento de acampamento defeituoso ou se atrapalha com sua mochila gigantesca como um pastelão profissional, nesse momento a atriz convence.
O roteiro de Nick Hornby e a edição de Vallée unem o passado e o presente em uma trama complexa fácil de acompanhar. Os flashbacks são dominados por Laura Dern, que interpreta Bobbi a mãe sofredora, mas implacavelmente otimista de Cheryl, cuja disposição alegre contrabalança Cheryl. Dern a interpreta de forma tão brilhante que a trágica partida de Bobbi é dolorosa .Infelizmente, Dern não é o personagem principal do filme.
Os flashbacks me causaram um certo desconforto, Reese Witherspoon não convence com filha Laura Dern, as duas parecem ter a mesma idade! A produção deveria ter escolhido uma atriz mais jovem para interpretar a jovem Cheryl, ficou muito estranho.
Há um outro momento estranho no filme, uma raposa aparece durante o filme, enquanto Cheryl está fazendo sua trilha. O animal tem uma simbologia ele tem um significado figurado, já que o filme nos fez entender que essa raposa está no imaginário de Cheryl. Nenhum problema até agora, a única questão é que o CGI é péssimo, estragando totalmente a experiência do filme, é bizarro.
Há uma excelente chance de você sair deste filme e comprar seu próprio par de botas. Vallée e o cinegrafista Yves Bélanger capturam o incrível imediatismo do cenário do livro de maneira tão bela que nunca duvidamos de seus poderes transformadores. Os desertos e montanhas ao longo dos quais Cheryl caminha oferecem vistas deslumbrantes, enquanto o diretor de fotografia Yves Bélanger tira proveito de sua perfeição de cartão-postal.
'Livre' é uma história comovente, envolvente e profundamente sincera, ambientada em um dos cenários mais magníficos do planeta, apesar de uma típica história de queda e redenção com algumas escolhas infelizes, o filme cativa e arrebata para dentro da vida de Cheryl.
Sede de Escândalo
4.2 4Muito elogiado em sua época como um ataque mordaz ao jornalismo, 'Sede de Escândalo' é a entrada inicial no ciclo de "protesto social" da Warner que não foi tão bem quanto o de Hecht-Milestone, muito menos solene e hipócrita com 'A Primeira Página'. Os jornais são um bando de bandidos para 'Sede de Escândalo', que vemos demonstrado enquanto brincam de forma imprudente com vidas.
Nascendo na era pré-código, 'Sede de Escândalo' ainda sim, está repleto de diálogos salgados com repórteres, simpatia por criminosos e alusões a estupro, adultério e suicídio, isso é irônico, já que a degradação moral que o código visava deter na indústria do cinema é paralela à degradação dos padrões da mídia noticiosa atacada na peça de Weitzenkorn e no filme de Mervyn LeRoy.
'Sede de Escândalo' é talvez o mais sombrio no ciclo de filmes com temática jornalística produzidos em Hollywood durante o início dos anos 1930. Vinte anos atrás, Nancy Voorhees era uma estenógrafa engravidada por seu chefe e absolvida por um júri depois de matá-lo com um tiro. Hoje ela é Nancy Townsend, não mais uma mãe solteira, antecipando o casamento iminente de sua própria filha e profundamente apaixonada por seu marido, o padrasto de Jenny, Michael (HB Warner). Mas ela percebe corretamente que sua vida construída está à beira de ser destruída.
O diretor Mervyn LeRoy faz algumas coisas inteligentes com a história de Nancy, mantendo a personagem presa em seu apartamento durante a maioria de seus problemas. Ele também usa a grande janela da sala de estar como um dispositivo de enquadramento, reforçando que não apenas os jornais são espiões voyeurísticos, mas que nós, o público, também estamos dando uma espiada. Isso muda para uma porta mais tarde, à medida que o assédio que o Gazette oferece a leva a ações desesperadas.
Enquanto a vida de Nancy Voorhee entra em colapso, eles ignoram seus apelos enquanto os jornais continuam a voar das prateleiras. Uma cena notável mostra Nancy ligando para o jornal, implorando para falar com qualquer pessoa para que ela possa implorar para que acabem com esse tormento. Usando uma tela dividida, observamos Nancy ficar presa entre os vários funcionários que fazem seus negócios normalmente e, coletivamente, tentam ignorar sua ligação, esperando que ela vá embora.
O personagem central, um autodestrutivo editor de um tablóide chamado Randall (Edward G. Robinson), produz tanto entusiasmo por uma missão de desenterrar o caso de Nancy Voorhees para um serial de sucesso infalível que ele a destrói no processo. Cada cena com Robinson brilha, a raiva misteriosa que ele exibe simplesmente estrala. Poucos atores podem fazer a raiva parecer tão aterrorizante quanto Edward G. Robinson.
Os detalhes técnicos do filme também são sólidos. 'Sede de Escândalo' não faz uso de uma trilha sonora, em vez disso forrando seu início com gritos de Extra e os zumbidos sinistros de uma impressora. Também passamos cerca de dez minutos do filme antes de Randall chegar, embora seja certamente uma metáfora nada sutil, começar com ele lavando as mãos compulsivamente rapidamente nos permite saber em que estamos nos metendo.
'Sede de Escândalo' aborda um dos dois principais objetivos do jornalismo: elevar o discurso público e ganhar dinheiro. As preocupações deste último, infelizmente, muitas vezes superam as do primeiro.
Diga Quem Sou
3.9 105 Assista AgoraAlex e Marcus escreveram sobre sua experiência em um livro de 2013 com o mesmo nome, mas deixaram muitos detalhes vagos sobre o que realmente aconteceu em suas vidas. 'Diga Quem Sou' vai além do livro, forçando um confronto em seu terceiro ato.
O assunto de 'Diga Quem Sou' é duplo: a busca de Alex para descobrir quem ele realmente é, e a luta de Marcus para saber se ele deveria contar ao irmão toda a extensão do trauma que sofreram quando crianças. O filme primeiro apresenta a história do acidente e a recuperação de Alex, permitindo que os dois irmãos contassem o que aconteceu separadamente.
Marcus reintroduziu Alex para sua mãe, seus amigos, durante toda a sua vida. Anos mais tarde, depois que Alex teve tempo para se aproximar de sua família novamente, sua mãe morreu. Enquanto vasculhava sua casa, Alex começou a suspeitar que algo estava errado com base nos itens encontrados na casa. Ele perguntou a Marcus se eles haviam sofrido abusos quando crianças, Marcus confirmou, mas não deu detalhes.
Por décadas, Alex viveu se perguntando o que teria acontecido, Marcus recusou-se a lhe contar, argumentando que estava protegendo seu irmão. Eles viveram e trabalharam próximos um do outro durante toda a vida, mas a informação retida foi desgastante para ambos.
O cineasta Ed Perkins estrutura de forma inteligente 'Diga Quem Sou' para construir um encontro entre os dois irmãos, no qual eles compartilham a tela pela primeira vez e conversam um com o outro sobre o que aconteceu, em uma cena crua que expõe quanto dano foi causado pelo abuso, que envolve estupro e abuso sexual infantil da mãe e de outras pessoas.
Perkins conta essa história com uma qualidade sombria que o prepara para as verdades desconfortáveis que estão por vir. Alex e Marcus são as únicas vozes presentes no filme, seus testemunhos foram gravados separadamente e em lados opostos da mesma sala sem cor. Mesmo quando o filme corta entre os irmãos, é como se eles estivessem falando um com o outro, e não conversando.
As reconstituições abstratas por meio das quais Perkins ilustra a queda e um punhado de outros eventos importantes são valiosas apenas pela forma como reforçam o clima terrível do documentário; é óbvio que um crime está esperando para ser descoberto por trás de toda essa intriga leve e gentil de Oliver Sacks.
O filme não é apenas uma história selvagem e quase inacreditável, ele é uma reflexão sobre os efeitos duradouros do abuso sexual, a complicada questão das “boas” mentiras e o dilema moral que acompanha a retenção de informações dolorosas. Não há uma solução fácil para a situação em que Alex e Marcus se encontram, mas eles começam a dar passos em direção à cura.
A verdade quando é revelada, é devastadora. O fato de Perkins ter se concentrado em assuntos tão simpáticos torna quase impossível não se comover, mesmo que 'Diga Quem Sou' muitas vezes, pareça menos uma verdade forense do que um fragmento intrigante de uma história que pode, no final, ser impossível de ser contada por completo.
Os irmãos gêmeos contam sua história angustiante em um documentário sobre memória, trauma e silêncio. É complicado contar uma história como a de Alex e Marcus em um documentário, sem ultrapassar uma linha ética que explora a tragédia pessoal para apenas mais uma "reviravolta" de suspense. 'Diga Quem Sou' por pouco, mas com sucesso, deixa os irmãos mergulharem na crueza de seu relacionamento.
A Mulher na Janela
3.0 1,1K Assista AgoraO cenário lembra a 'Janela Indiscreta' de Hitchcock. Anna acha que viu seu novo vizinho, Alistair Russell (Gary Oldman), matar sua esposa, Jane (Julianne Moore), que visitou Anna recentemente. Embora a atmosfera seja assustadoramente claustrofóbica, 'A Mulher na Janela' parece mais uma peça teatral do que um filme, com os personagens chegando em sincronia para desfazer sua bagagem emocional como suspeitos.
O filme é agradável não tanto por sua trama sinuosa, mas por sua dedicação artística. O diretor de fotografia Bruno Delbonnel segue nossa protagonista frágil e esgotada por seu ninho de quartos como se a câmera soubesse que ela corre o risco de ser engolida por sua própria casa.
Quando Anna não está reclamando com o marido pelo telefone, ou criticando as pessoas que entregam pacotes em sua porta, ela está reclamando de qualquer outra coisa. Um erro fatal do filme, escrever uma personagem tão chata para comandar o filme.
Amy Adams interpreta Anna como uma velha e mesquinha que odeia as pessoas e adora bebidas, Amy Adams é boa e está excelente aqui, mas sua personagem é desconcertante e a atitude extravagante da atriz torna as coisas mais difíceis depois de um tempo. Você rapidamente se cansa de assistir à apresentação e não simpatiza com a situação de Anna.
A história é uma confusão, com um ritmo desajeitado e crescendo em direção a uma reviravolta totalmente desinteressante. O objetivo aqui era evocar outros filmes clássicos que são um sucesso dentro dessa proposta, mas Joe Wright não consegue reunir nada da tensão claustrofóbica desses filmes. O diretor está muito ocupado encharcando tudo com cores berrantes e deixando sua câmera admirar a casa imponente de Anna.
'A Mulher na Janela' é pretensioso e programático, construído em batidas previsíveis e não oferece nenhum novo toque em qualquer de suas formas antigas. Filmes de gênero formulados podem ser muito divertidos, mas não quando são tão pesados e sérios como esse.
Sapatinho Vermelho e os Sete Anões
3.2 23 Assista AgoraLogo no lançamento de seu trailer, 'Sapatinho Vermelho e os Sete Anões' mergulhou em um mar de problemas, já que toda a sua campanha de marketing deu a entender de se tratar de um filme gordofóbico. Este filme não é o que você pensa que vai ser. Demora um pouco para chegar lá, mas em última análise, ensina às crianças a lição muito importante de se sentir confortável em sua própria pele.
Algo pode ter se perdido na tradução na criação desta animação sul-coreana, porque a mensagem "é o que está dentro que conta" parece ocasionalmente abafada pela ideia de que um par de sapatos pode transformar você em uma visão luminosa e ágil de beleza.
'Sapatinho Vermelho e os Sete Anões' é meio longo para um filme infantil, fazendo as coisas acontecerem apenas cerca de duas horas. A primeira hora pode ser um pouco difícil de assistir. Não porque não seja divertido ou seja lento, mas por causa de onde você acha que o filme está indo.
Um trágico desperdício de talento vocal como Chloe Grace Moretz, Sam Claflin, Gina Gershon e Patrick Warburton, eles acabaram em um filme que parece que seu enredo, cenário e diálogo foram executados várias vezes por meio de um algoritmo de tradução.
A trilha sonora repete as mesmas três baladas pop de som robótico indefinidamente, além de conter canções inesquecíveis. Há momentos esporádicos de aventura e humor, com o subutilizado Prince Average fornecendo as melhores falas.
'Sapatinho Vermelho e os Sete Anões' é aquele tipo de animação que você se pergunta: 'Porque não escolhi um filme Pixar?". Sua mensagem é válida e importante, mas demora para fazer efeito na trama. Com alguns bons momentos de comédia, o longa carece de aventura e emoção.