A novela de Elizabeth Jhin enfrentou dificuldades de audiência na faixa das 18h da televisão. E o início da trama se mostrou bastante arrastado. Agora, o enredo da autora sempre teve potencial e ganhou ritmo quando chegou quase na metade.
O mistério que envolvia o assassinato de Júlia Castelo despertava interesse e as viagens no tempo da mocinha foram uma ousadia da escritora que funcionou. As relações entre os personagens estavam muito bem entrelaçadas e todos tinham alguma ligação com o passado. As várias teorias sobre os rumos do folhetim dominaram as redes sociais e a repercussão foi imensa. A trama foi a mais assistida da streaming enquanto esteve no ar e a terceira produção mais buscada pelo Google em 2019. Um feito e tanto. O final, então, foi repleto de adrenalina e cenas emocionantes. A produção foi um acerto. Vale destacar Vitória Strada, Alinne Moraes, Irene Ravache, Felipe Camargo, Rafael Cardoso, Clara Galinari, entre tantos outros bons nomes que deram um show.
Margot descobre que seu filho está morto em "Espelho da Vida": O desespero e a dor de uma mãe pôde ser sentido através da entrega de Irene Ravache. O momento em que Margot ouviu Hugo (Cadu Libonati) dizer que o filho desaparecido estava morto dilacerou o coração de quem assistiu. Que cena espetacular.
Cris confunde passado e presente em "Espelho da Vida": Após ter sido dopada, a mocinha surtou e acabou misturando os personagens do passado de 1930 com os do presente de 2019. Vitória Strada brilhou em uma das suas cenas mais difíceis da novela de Elizabeth Jhin e a cena ainda merece elogios pela direção de Pedro Vasconcellos.
Júlia Castelo consola a mãe em "Espelho da Vida": Triste pelo sofrimento da mãe, que se viu presa pelo marido e impedida de viver o romance com o padre Luis (Ângelo Antonio), Júlia abraçou Piedade e as duas choraram copiosamente. Show de Vitória Strada e Julia Lemmertz.
Danilo promete ao filho que jamais irá abandoná-lo em "Espelho da Vida": Em uma regressão, Daniel sonhou com um lindo momento em que Júlia e André brincavam felizes. O rapaz só não sabia que nesse instante ele e a esposa estavam mortos. A promessa de Danilo com os olhos lacrimejados emocionou e a cena teve sensibilidade de sobra. Rafael Cardoso e Vitória Strada perfeitos.
Júlia conhece a avó e vê que é a Guardiã em "Espelho da Vida": Sem imaginar que a misteriosa mulher que toma conta do casarão abandonado de Júlia tem importância no seu passado, Cris se choca ao ver que ela é sua avó Albertina em 1930. O impacto do encontro foi sentido pelo olhar de Vitória Strada. Suzana Faini também brilhou.
Daniel visita o túmulo de Danilo em "Espelho da Vida": Dilacerante a cena em que o mocinho se depara com o seu antepassado. Rafael Cardoso emocionou e o choro dolorido de Daniel diante do túmulo de Danilo Breton comoveu quem assistia. Uma das melhores cenas das últimas semanas de novela.
Isabel tem pesadelo em "Espelho da Vida": Aterrorizante a cena em que a vilã se depara com seu rosto desfigurado e se transformando em um monstro. Alinne Moraes passou todo o desespero da personagem com imenso talento e vale elogiar os primorosos efeitos especiais promovidos pela equipe de Pedro Vasconcellos.
Isabel fica presa no espelho em "Espelho da Vida": A vilã descobriu o segredo de Cris e se chocou com a viagem no tempo. Embora tenha achado maluquice, tentou entrar no portal e conseguiu. Mas ficou presa entre as dimensões e se desesperou. Alinne Moraes deu mais um show em cena e a autora ousou com uma sequência sensacional.
Augusto morre em "Espelho da Vida": A cena da morte do grande amor da arrogante Hildegard em 1930 comoveu do início ao fim. A despedida destacou o talento de Irene Ravache e Reginaldo Faria. A cena ainda serviu para expor com mais nitidez as razões para os sofrimentos de Margot no presente.
Isabel e Grace se perdoam em "Espelho da Vida": Após vários embates e muitas mágoas, a vilã se desarmou pela primeira vez diante de sua mãe e as duas deram um abraço comovente. Alinne Moraes e Patricya Travassos emocionaram na surpreendente sequência escrita pela autora.
Danilo visita o filho em "Espelho da Vida": Comovente a cena em que o espírito do mocinho visitou o filho e prometeu que voltaria para ficar com ele. Rafael Cardoso deu um banho de emoção e fez o público chorar junto com ele na triste, mas sensível sequência.
Freiras impedem que Gustavo Bruno invada convento em "Espelho da Vida": A sequência foi de arrepiar. Madre Joana (Ana Lucia Torre) reuniu todas as freiras e conseguiu impedir a entrada do vilão com seus capangas, protegendo Danilo. A direção de Pedro Vasconcellos impressionou e o efeito de luzes com as velas ficou espetacular.
Ana vê a filha atrás do espelho em "Espelho da Vida": Desesperada com o desaparecimento de Cris e já sabendo da viagem interdimensional da filha, Ana resolveu conferir com seus próprios olhos e se chocou quando viu a imagem de Cris através do espelho. Júlia Lemmertz e Vitória Strada emocionaram no aguardado reencontro.
Eugênio agride Júlia em "Espelho da Vida": O intolerante patriarca esbofeteou a filha quando descobriu que a herdeira estava grávida de Danilo. A forte cena foi brilhantemente interpretada por Felipe Camargo, Vitória Strada e Júlia Lemmertz. Aliás, o trio vivenciou muitos momentos de grande impacto.
Américo tem alucinação com Júlia morta em "Espelho da Vida": Após mais uma bebedeira, o 171 invadiu a mansão abandonada e entrou em surto. Fruto de seu cruel antepassado. A cena em que Américo se deparou com a filha morta deitada na cama impressionou e Felipe Camargo estava em seu melhor momento na carreira.
Teresa impede que a mãe seja assassinada em "Espelho da Vida": O grito da menina quando viu Eugênio apontando uma arma para Graça provocou grande impacto. Graças ao desespero da menina que a lavadeira não foi morta pelo vilão. Clara Galinari foi uma grata surpresa da novela e essa foi uma de suas muitas ótimas cenas. Patricya Travassos e Felipe Camargo também brilharam.
André se emociona em "Espelho da Vida": Após muita espera, o personagem finalmente se deu conta que o momento dos pais se reencontrarem na nova vida estava próximo. A emoção daquele velhinho que tinha um olhar de criança foi passada com brilhantismo por um grande Emiliano Queiroz.
Vicente ora com vários espíritos em "Espelho da Vida": Após a dolorosa descoberta da morte do filho, Margot iniciou uma oração com a amiga Cris, mas não imaginava que junto com elas estava seu amado Vicente, além de vários amigos da outra dimensão. A cena foi de uma delicadeza impressionante.
Assassinato de Júlia Castelo em "Espelho da Vida": O grande mistério da excelente novela das seis de Elizabeth Jhin foi exposto no último capítulo e a sequência fez valer a espera. Impactante e de tirar o fôlego a cena em que Eugênio atira para matar Danilo, mas se assusta quando a filha se joga na frente do amado e acaba levando o rito certeiro. O momento em que os corpos de Júlia e Cris se separam após a morte da jovem de 1930 foi extraordinário. Uma cena que teve a direção irretocável de Pedro Vasconcellos e uma entrega total de Felipe Camargo, Vitória Strada, Rafael Cardoso, Alinne Moraes e Júlia Lemmertz.
Eugênio chora de culpa em "Espelho da Vida": O choro desolador do frio coronel expôs o lado humano do vilão, que não se conformou com o que acabou fazendo. Felipe Camargo soube valorizar o melhor personagem que já teve em sua carreira. Que cena forte.
Margot encontra o neto em "Espelho da Vida": A cena mais emocionante da novela. O aguardado momento em que Margot descobre que Daniel, a reencarnação de Danilo Breton, é seu neto, fez até o mais insensível chorar. O abraço comoveu ao som de "Oração" (cantada por A Banda Mais Bonita da Cidade). Irene Ravache deu um banho de atuação e Rafael Cardoso emocionou ao lado de Letícia Persiles.
Cris e Isabel brigam em "Espelho da Vida": O embate entre mocinha e vilão é algo tradicional na teledramaturgia e o clichê não faltou nem em trama de viagem no tempo. A cena em que Cris se cansa das ironias de Isabel e a coloca contra parece destacou o talento de Vitória Strada e Alinne Moraes.
Dora cobra Eugênio em "Espelho da Vida": A ambiciosa vilã se indignou quando soube pela mãe que era filha do milionário Eugênio e fez questão de cobrar o abandono do pai. O desabafo recheado de ódio da personagem foi defendido com uma atuação irretocável de Alinne Moraes. Deu para sentir todo o rancor de Dora.
Gentil se declara a Américo em "Espelho da Vida": Apaixonada platonicamente pelo 171, a irmã de Margot se declara para seu amor. Mas Américo finge que está dormindo e ouve tudo. A cena foi muito bem interpretada pela sempre genial Ana Lucia Torre.
Isabel incendeia o casarão em "Espelho da Vida": O surto da vilã provocou o fechamento do ciclo da novela. A mansão abandonada de Júlia Castelo, que tinha o portal para outra dimensão, acabou incendiado por Isabel e o efeito foi de tirar o fôlego. Mais um show de Alinne Moraes e da direção.
Isabel, Grace e Priscila se abraçam em "Espelho da Vida": Já presa, a vilã recebe a visita da filha e da mãe, demonstrando arrependimento. As três refletem sobre os erros cometidos e o futuro. Uma cena delicada protagonizada por Alinne Moraes, Patricya Travassos e Clara Galinari.
Américo salva Cris em "Espelho da Vida": O controverso personagem, sem imaginar o que aconteceu em sua outra vida, consegue impedir que a tragédia se repita durante uma cena do filme sobre Júlia Castelo. Como Isabel troca a bala de festim da cena por uma de verdade, Cris seria novamente assassinada, mas o pai a salva em uma cena tão dilacerante quanto a de 1930. Américo não resiste, mas quebra um ciclo macabro de várias encarnações. Felipe Camargo, Vitória Strada e Rafael Cardoso brilharam novamente.
Margot morre em "Espelho da Vida": Após encontrar a paz com seu neto, a personagem desencarna e seu filho Pedro, vivido Erom Cordeiro, é quem a leva para outra dimensão. A cena teve toda a delicadeza necessária e Irene Ravache protagonizou outra linda sequência.
Alain e Cris têm acerto de contas em "Espelho da Vida": Depois de muito negar sobre a existência de vidas passadas, Alain finalmente acredita e tem uma conversa definitiva com Cris. Os dois se emocionam e se perdoam por tudo. João Vicente de Castro e Vitória Strada convenceram.
André agradece a fidelidade de Bendita em "Espelho da Vida": Mesmo sabendo que está falando com a famosa atriz Débora Martins, o querido senhor agradece toda a ajuda que Bendita deu a Júlia e Danilo em outra vida. A mulher não entende muito bem, mas se emociona com a mensagem e os dois se abraçam. Lindo momento de Luciana Malcher e Emiliano Queiroz.
André morre em "Espelho da Vida": Concluída sua missão de juntar os pais novamente, o personagem se despede feliz e se emociona com Vicente e Albertina, que chegam para lhe buscar. Emiliano Queiroz, Reginaldo Faria, Suzana Faini, Vitória Strada e Rafael Cardoso emocionaram.
Final de "Espelho da Vida": Um final tocante, sensível e lindamente escrito por Elizabeth Jhin. A autora fechou o ciclo de sua linda novela da melhor forma possível com uma mensagem emocionante e o filme de Júlia Castelo devidamente realizado.
Essa fila é pra candidato a Papai Noel." "Eu sei..." "O senhor não se encaixa no nosso perfil."
"Papai Noel preto???" "Teve até presidente dos Estados Unidos..." "Presidente até vai, mas Papai Noel...." " Vc sabe que a imagem de Jesus não é loirinho de olho azul, né??? Agora vai mudar a imagem pra tu ver o que acontece..."
Te digo com plena convicção que a televisão, nesta década, acertou em cheio com alguns especiais de fim de ano, como por exemplo: - "Papai Noel Existe" (2010) - não confundir com o especial de 2006 que também utiliza esse título; - "O Natal Perfeito" (2018); - "Juntos A Magia Acontece" (2019).
O diferencial de especiais como esses está na história de personagens que, mesmo com a realidade nua e crua que os cerca, possuem cada um iniciativa para trazer o clima natalino à tona, no melhor sentido da palavra.
Em um passado tão distante, a Globo promovia uma leva de especiais de Natal maravilhosos e vários deles acabavam virando série fixa no ano seguinte. Funcionava também como uma experimentação. Infelizmente, a emissora não faz mais isso já há um certo tempo em virtude da contenção de despesas. Alguns poucos especiais ainda resistem.
Ano passado foi exibido o lindo "O Natal Perfeito", escrito por Priscilla Steinman. E em 2019 foi ao ar "Juntos a Magia Acontece".
Escrita por Cleissa Regina Martins, a trama tem uma mensagem simples e eficiente sobre a magia do Natal e ainda expõe a questão da representatividade negra, com um elenco composto por atores negros em sua grande maioria.
A primeira cena da felicidade de Orlando (Milton Gonçalves) e Neuza (Zezé Motta) comoveu, enquanto a morte da matriarca da família sensibilizou logo na sequência seguinte. E nem foi necessária a imagem do falecimento.
Um enfeite de Natal se quebrando foi o suficiente.
Ao longo do enredo, o público se envolve com a iniciativa da neta de Orlando, a carismática Letícia (Gabriely Mota)
, que resolve provar para todos seus amigos que Papai Noel existe e acaba envolvendo sua família
na complicada missão. A mãe Vera (Camila Pitanga), o pai Jorge (Luciano Quirino), o tio André (Fabrício Boliveira) e, claro, o avô, se motivam com o otimismo daquela criança e ganham um sopro de esperança,
, com Orlando chegando vestido de Papai Noel em uma caravana de caminhões,
foi emocionante e a alegria das crianças arrepiou.
Vale citar também a importância de alguns diálogos criticando o racismo entranhado na sociedade, como o estranhamento da existência de um "bom velhinho" negro e a aceitação de um Jesus loiro de olhos azuis. Além dos ótimos atores citados, ainda merecem menção o talentoso elenco infantil e as luxuosas participações de Tony Tornado, Aracy Balabanian, Francisco Cuoco e Zezé Polessa.
"Juntos a Magia Acontece" teve esse título por conta de uma ousada ação comercial da Globo com a Coca-Cola. É a primeira vez que algo do tipo acontece. A união de teledramaturgia com ação publicitária que interfere diretamente no nome da trama. E valeu a pena.
Encantadora do início ao fim, "Orgulho e Paixão" foi a melhor novela de 2018
A primeira novela de Marcos Berstein como autor apresentou diversos problemas. "Além do Horizonte", exibida em 2013 na faixa das sete, foi um folhetim ousado e sofreu várias mudanças em virtude da baixa audiência ---- conseguindo ficar atrativa da metade para o final. O escritor desenvolvia a trama em parceria com Carlos Gregório e já havia trabalhado com João Emanuel Carneiro no roteiro do aclamado filme "Central do Brasil" (1998) e na ótima série "A Cura" (2010). Chegou a ser também colaborador de Lícia Manzo na primorosa "A Vida da Gente" (2011). Após as experiências citadas, Marcos recebeu a missão de escrever um enredo como autor principal na Globo. Assim nasceu a deliciosa "Orgulho e Paixão", que, depois de 161 capítulos, chegou ao fim no dia 24/09/18, fechando seu ciclo com um capítulo belíssimo.
A estreia do autor em um trabalho solo não poderia ter sido melhor. Berstein foi muito inteligente em adaptar vários romances de sucesso da escritora inglesa Jane Austen em uma só novela, aproveitando todo o potencial que livros como "Razão e Sensibilidade (1811), "Orgulho e Preconceito" (1813), "Mansfield Park" (1814), "Emma (1815), "A Abadia de Northanger (1818) e "Lady Susan" (1871) poderiam render. E como renderam bem. Ele inseriu vários personagens marcantes da autora em sua criação e conseguiu mesclá-los com outros novos perfis através um enredo bem construído e desenvolvido com habilidade, cuja maior qualidade foi o ritmo ágil. O telespectador não podia se dar ao luxo de perder um ou dois capítulos na semana.
A trama esteve recheada de personagens carismáticos e casais apaixonantes. Aliás, nunca antes um folhetim conseguiu apresentar tantos romances encantadores juntos. Não faltou par para "shippar" e Berstein fez questão de destacar cada um através ciclos que se abriam e fechavam dentro do enredo. Tanto que foram vários casamentos realizados bem antes das últimas semanas de novela. E, quase sempre, quando há casório na ficção antes do final é porque haverá alguma desgraça ao longo dos meses. Não foi o caso da trama das seis. As cerimônias muitas vezes serviam como um elemento vital para o prosseguimento do conflito dos pares, vide o caso de Cecília (Anaju Dorigon) e Rômulo (Marcos Pitombo), que precisaram enfrentar as maldades de Tibúrcio (Oscar Magrini) e Josephine (Christine Fernandes) na Mansão do Parque. Jane (Pâmela Tomé) e Camilo (Maurício Destri) são outros bons exemplos, pois o casal encarou as dificuldades financeiras em virtude da retaliação da então amarga Julieta (Gabriela Duarte).
A história teve leveza, comédia e dramaticidade bem equilibradas, explorando com astúcia todas essas características e proporcionando para o telespectador uma sucessão de atrativos acontecimentos ao longo de seis meses. Os mocinhos Darcy Williamson (Thiago Lacerda) e Elisabeta Benedito (Nathalia Dill) tiveram uma boa química e passaram por várias provações, fazendo jus ao bom dramalhão. Mas eram perfis inteligentes e ativos. Nunca recuaram diante dos vilões e as separações do casal não duravam muito tempo justamente por causa da rápida descoberta das armações de seus algozes. A constante movimentação do enredo, inclusive, proporcionou um rodízio de vilanias. Inicialmente, Susana (Alessandra Negrini) e sua fiel escudeira Petúlia (Grace Gianoukas) eram as responsáveis pelas maldades (várias delas cômicas) e depois cederam lugar para o intransigente Lorde Williamson (Tarcísio Meira em uma luxuosa participação, que infelizmente precisou ser interrompida por uma infecção pulmonar do ator).
A chegada da poderosa Lady Margareth (Natália do Vale em um de seus melhores momentos) resultou em uma das maiores viradas da novela e a perua inglesa que odiava o Brasil logo virou a grande vilã da história, praticando maldades em quase todos os núcleos. Era uma víbora bem maniqueísta daquelas que o público ama odiar. Movimentou o roteiro até o fim, destacando o talento da veterana que não era valorizada assim há muito tempo. A tia de Darcy ainda virou uma espécie de 'capitã' dos vilões, o que acabou beneficiando outros perfis sem escrúpulos como Xavier (Ricardo Tozzi), Uirapuru (Bruno Gissoni) e a já citada Josephine. A sogra de Cecília, por sinal, fez da vida da nora um inferno e ainda tentou prejudicar o romance de Brandão (Malvino Salvador) e Mariana (Chandelly Braz). Christine também recebeu o devido valor do escritor e pela primeira vez viveu um perfil de importância nas novelas da Globo. Os maus eram tão bem construídos quanto os bons, embora maniqueístas (o que não é demérito algum).
Todavia, houve espaço também para personagens complexos. Julieta Bittencourt foi o melhor papel da carreira de Gabriela Duarte, conseguindo "empatar" com a mimada Maria Eduarda, de "Por Amor" (1997). A Rainha do Café parecia uma víbora no início do enredo, mas aos poucos o público foi conhecendo o lado humano e o passado sofrido da poderosa mulher que se defendia com um tom arrogante e autoritário. Seus conflitos com Camilo resultavam sempre em grandes cenas e a descoberta do amor --- através da relação com Aurélio --- serviu como um desarme, após longos anos vivendo um luto pela sua própria dor, física e emocional. A química da atriz com Marcelo Faria foi imediata e o casal fez um merecido sucesso. O romance marcou a virada da personagem, que resolveu reconstruir sua vida e suas relações. Gabriela se entregou por completo e merece indicações como Melhor Atriz Coadjuvante nas futuras premiações. Vale citar, ainda, Fani (Thammy Di Calafiori), cujas atitudes frias eram justificadas pelo passado doloroso em virtude de uma traumática separação familiar e amorosa ---- foi ''doada" pela mãe e separada de Edmundo (Nando Rodrigues) pelo preconceituoso patrão Tibúrcio, além de ter sido manipulada por Josephine.
Os romances açucarados rechearam a história com cenas sensíveis e até lúdicas. Como já mencionado, foram muitos pares apaixonantes e todos com bom destaque. O par Ema (Agatha Moreira) e Ernesto (Rodrigo Simas) foi um dos melhores e o relacionamento improvável deu tão certo que o autor aumentou significativamente a importância dos personagens, que passaram a dividir o protagonismo com a família Benedito. A química entre os atores foi imensa e o jogo de gato e rato entre a Baronesinha e o Carcamano divertiu. Berstein ainda tinha uma carta na manga que só usaria depois da metade de seu folhetim: o amor de Luccino (Juliano Laham) e Otávio (Pedro Henrique Muller). A homossexualidade foi tratada com toda delicadeza possível e a construção daquele envolvimento se mostrou um dos muitos êxitos da produção. A sintonia ficou evidente, os atores emocionaram e ainda houve a quebra de um tabu da faixa das seis, que nunca havia exibido um beijo entre iguais em 47 anos. O par se juntou aos vários bem conduzidos pelo escritor.
Vale mencionar, inclusive, a habilidade que o criador do enredo teve para abordar questões atuais em uma novela de época. Mesmo ambientada em 1910, "Orgulho e Paixão" conseguiu explorar o empoderamento feminino, o machismo, a homossexualidade, a violência contra a mulher e outros assuntos importantes de forma muito mais competente que vários folhetins atuais, como "Segundo Sol", por exemplo. Vide a impactante cena em que Mariana teve seus cabelos cortados à força por Xavier, o forte momento da intolerância de Gaetano (Jairo Mattos) diante da condição sexual de Luccino e a dilacerante sequência da revelação dos constantes estupros sofridos por Julieta. Cenas de forte apelo dramático e reflexivo. A licença poética em torno dos vários casais que transaram antes de casar ou em cima da aceitação aparentemente rápida a respeito de Luccino acabou sendo bastante válida e não atrapalhou em nada a condução do enredo. Pelo contrário, se mostrou útil para a abordagem de temas pertinentes.
A valorização do bem escalado elenco foi outro ponto alto, assim como a trilha sonora de qualidade com músicas escolhidas para cada casal ou personagem, fugindo da falta de personalidade que vem acometendo vários outros folhetins. Fred Mayrink fez uma ótima direção e foi muito feliz nessa preocupação em torno da escolha de uma canção para cada romance. Nathalia Dill, Thiago Lacerda, Anaju Dorigon, Vera Holtz ( hilária na pele da espalhafatosa Ofélia), Tatu Gabus Mendes (Felisberto), Gabriela Duarte, Christine Fernandes, Natália do Vale, Marcos Pitombo, Maurício Destri, Pâmela Tomé, Chandelly Braz (em seu melhor momento), Agatha Moreira, Rodrigo Simas, Marcelo Faria, Grace Gianoukas e Alessandra Negrini formando uma dupla perfeita, Rosane Gofman (Nicoleta), Thammy Di Calafiori, Vânia de Brito (Dona Agatha), Bruna Griphao (Lidia), Isabella Santoni (Charlotte), Joaquim Lopes (Olegário), Laila Zaid (Ludmila), Silvio Guindane (Januário) e Ary Fontoura ---- impagável vivendo o rabugento Barão de Ouro Verde (que em virtude do sucesso acabou tendo sua morte, prevista para o segundo mês de novela, adiada para a última semana) ----- foram alguns dos muitos destaques da produção.
Outra qualidade foi a coragem da exibição de vários pequenos musicais dentro do enredo, sem prejudicar a narrativa. A ideia do autor começou timidamente através de Lídia e Randolfo (que só conseguia se livrar da gagueira cantando), mas acabou estendida a todos os núcleos, aproveitando a maioria dos personagens, sempre em função do casal atrapalhado. Os números remeteram aos clássicos da Disney e o clima de conto de fadas que sempre predominou no folhetim ficava ainda mais evidente durante esses momentos. Deu gosto de ver as performances dos atores e as coreografias, tão bem ensaiadas, em cenas que homenageavam a infância do telespectador. A própria abertura da novela, com belíssimas animações ao som de "Doce Companhia", cantada pela talentosa Lucy Alves, já caracterizava bem a trama ---- assim como os caprichados congelamentos no fim de cada capítulo.
Porém, nem tudo deu certo, como é normal em qualquer folhetim. O núcleo protagonizado por Jorge (Murilo Rosa) e Amélia (Letícia Persiles) ficou avulso em virtude do sucesso do casal "Erma". O intuito era colocar Jorge como par de Ema, assim como no livro de Jane Austen, mas o improvável funcionou infinitamente melhor e o advogado perdeu a função. Tanto que Amélia morreria logo no início para o romance do personagem seguir com a filha de Aurélio. O autor decidiu deixá-la viva para fazer companhia a Jorge, mas eles não tiveram enredo. A apreensão por causa da doença dela não era o bastante para despertar interesse. Junto com eles, inclusive, Mariko (Jaqueline Sato) também acabou deslocada, assim como Tenória (Priscila Marinho) e Estilingue (JP Rufino vivendo mais um tipo igual aos últimos que interpretou) ---- ao menos o enredo da empregada ser filha do Barão de Ouro Verde acabou deslanchando na reta final. Outro erro foi a escalação de Ricardo Tozzi para viver Xavier. O ator é fraco e não convenceu na pele do vilão, embora o perfil tenha sido interessante e movimentado o roteiro. Mas foram erros muito pequenos e não atrapalharam em nada o conjunto harmonioso da produção.
A reta final da história foi empolgante e emocionante, honrando a qualidade da novela. O lindo musical do casamento de Lidia e Randolfo se mostrou um primor, enquanto a morte do Barão resultou na sequência mais delicada e linda de "Orgulho e Paixão" , fechando a participação de Ary Fontoura com brilhantismo. Impossível não ter chorado. O penúltimo capítulo se mostrou eletrizante, sendo necessário destacar a queda de Josephine no penhasco, após ter sido vítima de sua própria armadilha e a sequência de tirar o fôlego em torno da bomba colocada no trem por Xavier, resultando em um desespero geral dos personagens que viajavam para a inauguração da ferrovia construída por Darcy. Parecia um filme do "007", sem exagero. A briga entre Brandão e Xavier em cima do vagão e as atitudes dignas de uma super heroína de Elisabeta (que jogou a bomba para fora do trem e ainda ajudou a freá-lo com Ernesto e Darcy) foram de tirar o fôlego. Aquela típica ação que faz parte dos momentos decisivos de qualquer bom roteiro.
O último capítulo foi um verdadeiro espetáculo de poesia, fantasia e muito amor.
Após seus planos fracassarem, Lady Margareth se matou e Natália do Vale fechou sua participação brilhantemente. Petúlia ter virado a "madama" e Susana a sua empregada foi uma sacada de mestre, assim como Uirapuru ter ficado impotente e Tibúrcio enlouquecido em sua mansão. A passagem de tempo de cinco anos serviu para apresentar as novas famílias formadas e a ironia de todas as irmãs Benedito terem apenas filhos homens foi genial, assim como Luccino e Otávio morarem em casas vizinhas que se ligam com uma porta no corredor. O livro de Elisabeta recebeu o título da novela e a narração final da mocinha emocionou com um texto belíssimo de Berstein. A chuva de tinta que caiu sobre o Vale do Café, em mais uma armação fracassada de Susana e Petúlia, coroou o desfecho com o toque lúdico que o enredo sempre carregou. Todos felizes e coloridos.
"No Vale do Café, as coisas não são exatamente como as pessoas acham que seja. Temos homens e mulheres de hábitos retrógrados e imutáveis que apenas pensam em manter as coisas que aprenderam dos seus pais. Mas aqui também temos homens maravilhosos que tratam mulheres como iguais. Também temos jornalistas, médicas, enfermeiras, lavadeiras. Até uma Rainha do Café. Talvez seja apenas um mundo de sonhos, de cores fortes como essas que caíram do céu naquele dia. Talvez só exista na cabeça dos desejosos de amor pleno e generoso. Mas se um dia uma pessoa não tivessem sonhado com aquilo que hoje chamamos de casa, um lar para viver, talvez ainda estivéssemos todos nas cavernas e não teríamos um lugar para chamar de lar. E hoje temos, eu tenho. O meu lar se chama Vale do Café. O nosso lar dos sonhos."
"Orgulho e Paixão" foi uma trama despretensiosa, leve, inteligente e desenvolvida com maestria por uma equipe que transpareceu o amor que sentiu pela produção. Um sucesso de público e crítica. Marcos Berstein escreveu simplesmente a melhor novela de 2018 e soube apresentar uma história perfeita para a faixa das 18h. A média geral foi de 22 pontos --- um ótimo índice, levando ainda em consideração o Horário Eleitoral na reta final --- e merecia muito mais. Tudo o que se espera de um folhetim desse horário foi apresentado com extremo capricho pelo autor, que criou vários personagens encantadores e romances açucarados cativantes. A saudade já se faz presente e essa deliciosa história ficará na memória do público. Jane Austen com certeza estaria feliz.
Mesmo ambientada em 1910, "Orgulho e Paixão" consegue abordar temas atuais com habilidade
O popular "merchandising social" pode ser um problema para qualquer trama. O risco de soar gratuito é considerável e o caso da equivocada "Malhação - Vidas Brasileiras" é um bom exemplo. Abordar questões atuais em uma novela de época, então, é ainda mais complicado. Mas, Marcos Berstein vem conseguindo explorar várias situações com maestria em "Orgulho e Paixão".
Elogiar a ótima novela das seis da Globo virou uma constante e o capítulo no dia 14/08/2018 conseguiu surpreender o público com duas abordagens importantes. A primeira foi a violência contra a mulher, sofrida por Mariana (Chandelly Braz), que se viu sequestrada pelo asqueroso Xavier (Ricardo Tozzi). Após ter se livrado do disfarce de Mário e mostrado para todos os corredores que eles perderam a corrida de moto para uma mulher, a filha de Ofélia (Vera Holtz) quebrou um paradigma em 1910 e provocou a ira do inimigo de Brandão (Malvino Salvador).
Para se vingar, o personagem seguiu ordens de Lady Margareth (Natália do Vale) e prendeu a moça em um cativeiro para cortar os seus cabelos. A cena foi forte e Chandelly protagonizou a sua melhor sequência na trama, emocionando do início ao fim. A atriz expôs o desespero e a dor daquela corajosa mulher que se viu impotente diante da covardia de um homem. Seu choro foi desolador. Ao final do capítulo, ainda exibiram um aviso sobre a necessidade de denunciar uma agressão ---- mesmo alerta exposto em na tosca novela "O Outro Lado do Paraíso" do Walcyr Carrasco. Porém, não foi o único tema importante exposto de forma competente.
O momento em que Luccino (Juliano Laham) revelou ao irmão Ernesto (Rodrigo Simas) que gostava de homens foi marcado pela delicadeza. O choque inicial do noivo de Ema (Agatha Moreira) logo cedeu espaço para a compreensão, resultando em um sensível diálogo e um bonito abraço. Os atores emocionaram e os olhares complementaram muito bem o texto. Rodrigo sempre esteve bem na novela e é um dos destaques do elenco, mas Juliano começou muito mal e melhorou sua atuação ao longo dos meses. O autor acertou quando inseriu a homossexualidade no personagem, visto até então apenas como um rapaz tímido. Sua relação com o Capitão Otávio (Pedro Henrique Muller) também merece menção e vem sendo conduzida com sensibilidade.
E a cena em que Ema consolou Mariana, exibida no capítulo desta quarta (15/08), valorizou a sintonia de Agatha Moreira e Chandelly Braz. Ainda teve um texto bem escrito do autor valorizando as mulheres através da frase da noiva de Ernesto: "É hora de fazer o que uma mulher faz de melhor: secar as lágrimas e resolver os problemas, por piores que sejam". Mais um momento delicado da novela. Aliás, o fato de ser ambientada em 1910 pode até deixar alguns contextos ''exagerados'', afinal, na época não existia empoderamento feminino e muito menos compreensão com romance gay. Todavia, é uma licença poética bastante válida e em nada atrapalha o andamento do roteiro, muito pelo contrário. Até porque o dinamismo do folhetim é observado justamente por causa de certos 'avanços'. Haveria um evidente marasmo se Elisabeta (Nathalia Dill) e Darcy (Thiago Lacerda), por exemplo, demorassem uma eternidade para trocar um simples beijo. Ou se Ema e Ernesto adiassem qualquer tipo de carinho mais ''quente" até o casamento. Há, inclusive, um equilíbrio entre os personagens ''moderninhos'' e os "adequados para o século XIX".
"Orgulho e Paixão" consegue surpreender a cada novo acontecimento e ainda vem abordando temas importantes contemporâneos com todo cuidado necessário. A dramática cena envolvendo Mariana e o apoio de Ernesto a Luccino são apenas algumas provas disso.
"Orgulho e Paixão" surpreende com adorável musical
A qualidade da novela das seis da Globo pode ser observada em qualquer capítulo. É fato que "Orgulho e Paixão" é o melhor folhetim no ar e Marcos Berstein faz por merecer tal honraria. O autor não tem poupado conflito e ainda tem conseguido criar cenas que fogem do comum, como momentos clipados. A longa sequência envolvendo todo o elenco da trama, exibida nesta quarta-feira (25/07/2018), arrepiou quem assistiu e provocou um clima lúdico simplesmente encantador.
O escritor já havia explorado um musical mais curto no triângulo envolvendo Lídia (Bruna Griphao), Randolfo (Miguel Rômulo) e Otávio (Pedro Henrique Muller) no início da trama e deu tão certo que uma proposta mais ousada foi elaborada, funcionando tão bem quanto. Desta vez, no entanto, tudo não passou de um sonho de Randolfo, pois praticamente todos os personagens participaram, o que resultou em uma cena de quase oito minutos.
E que delícia de cena. Atormentado pela fala de Lídia sobre o nervosismo que sente com sua gagueira e que só seriam felizes num mundo onde todos só cantassem, Randolfo acabou cochilando. A partir de então, a opereta se iniciou e passeou por todos os núcleos. Elisabeta (Nathalia Dill), Darcy (Thiago Lacerda), Ofélia (Vera Holtz), Felisberto (Tato Gabus Mendes), Mariana (Chandelly Braz) e Brandão (Malvino Salvador) cantaram e protagonizaram rápidos diálogos com o soldado, enquanto Lídia também soltava sua voz.
Até valsa teve com os casais Rômulo (Marcos Pitombo)/Cecília (Anaju Dorigon) e Fani (Thammy Di Calafiori)/Edmundo (Nando Rodrigues), enquanto a participação de Julieta (Gabriela Duarte) surpreendeu em um solo. Detalhe que o ritmo mudava a cada momento e parodiava vários clássicos, como "Fígaro Fígaro Fígaro", de Luciano Pavarotti, por exemplo. Ema (Agatha Moreira), Ernesto (Rodrigo Simas), Camilo (Maurício Destri), Jane (Pâmela Tomé), Aurélio (Marcelo Faria) e Petúlia (Grace Gianoukas) foram outros ilustres participantes.
O momento mais hilário foi Barão dançando e sentindo dores nas costas, evidenciando o show de Ary Fontoura. Isso em meio a uma apresentação de todos valsando com seus respectivos pares românticos do enredo. Impossível não ter lembrado dos clássicos "Cinderela", "A Bela e a Fera" ou qualquer outro musical emblemático da Disney. A referência ficou clara e conseguiu deixar o conjunto desse folhetim ainda melhor. Vale citar ainda o sapateado de Joaquim Lopes e JP Rufino perto do final, marcando a presença de Olegário e Estilingue.
"Orgulho e Paixão" não cansa de surpreender o público e esse musical apaixonante já entrou na lista das melhores cenas da novela. Um instante de puro conto de fadas que pausou um pouco os vários acontecimentos da novela, cujas reviravoltas seguem a todo vapor.
A melhor novela de 2018 com louvor. Marcos Berstein estreou como autor solo com o pé direito, após um trabalho criticado em parceria com Carlos Gregório, quando escreveu a ousada "Além do Horizonte", em 2013. A novela das seis, baseada em vários livros de sucesso da escritora Jane Austen, foi irretocável. Foram vários casais apaixonantes, um elenco muito bem escalado, personagens construídos com excelência e uma trilha sonora de qualidade. A trama ainda abordou temas importantes, como violência contra a mulher, racismo e homossexualidade, mesmo ambientada em 1910. Vale citar também os lindos musicais e o destaque de vários atores, como Gabriela Duarte, Ary Fontoura, Agatha Moreira, Rodrigo Simas, Nathalia Dill, Alessandra Negrini, Natália do Vale, entre tantos mais. O colorido Vale do Café deixou muita saudade.
Por que "Orgulho e Paixão" foi ignorada no "Melhores do Ano (exclusivamente Globo)" e na "APCA" em 2018?
Escolhas são sempre muito subjetivas. Afinal, cada um tem sua opinião e gosto pessoal. Por isso mesmo, as premiações sempre rendem polêmicas e injustiças. Dificilmente alguma sai ilesa de reclamações. Tanto que muitas vezes críticos discordam uns dos outros e até da opinião do público. Ainda sim, independente da análise de cada um, é fato que "Orgulho e Paixão" foi uma novela bastante injustiçada em várias premiações deste final de ano, principalmente no "Melhores do Ano" e na "APCA".
E o grave problema nem foi perder em várias categorias, afinal, isso acaba fazendo parte, concorde-se ou não. Mas, sim, ter sido completamente ignorada. O caso mais gritante foi o "Melhores do Ano", do "Domingão do Faustão". Já conhecido por premiar apenas produtos e atores da Globo (o que é diferente do justo Troféu Imprensa do SBT), o evento simplesmente considerou que a trama de Marcos Berstein, baseada em vários sucessos da escritora inglesa Jane Austen, não existiu em 2018. Se o enredo tivesse fracassado em audiência ou repercussão, até daria para entender. Agora o folhetim foi um sucesso de público e crítica.
Infelizmente, de uns anos para cá, o esquecimento das novelas das seis e das sete virou uma espécie de ''padrão" da premiação criada em 1995. Ainda assim, havia uma 'tentativa de disfarce', como por exemplo a indicação de um ator ou atriz em apenas uma ou duas categorias. Eram indicações quase sempre sem chances de vitória, agora, ao menos, a trama era lembrada.
Foi o caso da também injustiçada "Novo Mundo" em 2017. A primorosa trama de Alessandro Marson e Thereza Falcão foi representada por Guilherme Piva na categoria Ator Coadjuvante e Letícia Colin como Melhor Atriz, além de ausências sentidas, como Caio Castro em Melhor Ator e Vivianne Pasmanter Melhor Atriz Coadjuvante.
Já com "Orgulho e Paixão" nem houve essa preocupação. Ela não foi indicada em categoria alguma. Como o trabalho irretocável de Gabriela Duarte, na pele da complexa Julieta Bitencourt, a Rainha do Café, não foi lembrado em Atriz Coadjuvante? Ela viveu um de seus maiores momentos na carreira e emocionou do início ao fim. Pedro Henrique Muller se destacou na pele do sensível Capitão Otávio e jamais poderia ter sido esquecido em Ator Revelação. Agatha Moreira (perfeita como Ema), Rodrigo Simas (ótimo como Ernesto), Natália do Vale (genial como Lady Margareth) e Ary Fontoura (cativante como Barão de Ouro Verde) também mereciam lembrança. Isso apenas citando alguns nomes.
Após esse festival de "esquecimentos", esperava-se que a APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) pelos menos repararia essa injustiça, nem que fosse em apenas uma categoria. Afinal, a premiação não conta com a votação popular e se baseia na escolha de vários nomes que entendem de televisão. Mas, surpreendentemente não aconteceu. A novela das seis também foi ignorada em absolutamente todas as categorias. E a mais absurda delas foi a de Melhor Dramaturgia. Foram selecionadas "Assédio" (série da streaming), "O Tempo Não Para" (novela das sete da Globo), "Onde Nascem os Fortes" (trama das 23h da Globo), "Sob Pressão" (série da O2 Filmes) e "O Negócio" (série da HBO). Com todo respeito aos votantes, "Orgulho e Paixão" foi a melhor novela do ano com vantagem. "Onde Nascem os Fortes" foi uma ótima macro série, agora teve uma barriga incômoda ao longo dos meses, e "O Tempo Não Para" é uma novela agradável, mesmo com visíveis problemas de desenvolvimento. A trama das seis foi impecável. Ágil, repleta de viradas a cada semana e com vários casais apaixonantes, além de ousados musicais e um elenco talentoso, a história conquistou do primeiro ao último capítulo. No lugar de, pelo menos, uma dessas produções citadas deveria estar. Se não houve espaço para atores e atrizes (realmente os selecionados foram muito bons), nessa categoria era obrigação.
"Orgulho e Paixão", independente do gosto de cada um, foi uma novela muito bem escrita e desenvolvida. O conjunto se mostrou harmonioso, a trilha sonora de bom gosto foi selecionada com a preocupação para cada romance ou personagem, os personagens eram ricos, e praticamente todos os atores tiveram chance de destaque em algum momento do enredo. Os vários elogios que a produção recebeu fizeram jus ao que foi apresentado e a trama deixou saudades. É lamentável que essas duas premiações tenham ignorado tudo isso.
Antes com remakes, após produções “O Rebu, Amores Roubados, A Teia, Dupla Identidade, A Cura, etc.” as teleseries tem investido apostado em dramaturgia originais, com menos “cara” de telenovela.
Envolvendo muito amor, sexo, nudez, traição e mistérios “Onde Nascem Os Fortes” já mostrou inúmeras cenas quentes , deixando os espectadores de boca aberta. Diante disso, confira dez cenas sensuais do folhetim no link: gente.ig.com.br/sexo-tv/2018-06-25/cenas-quentes-onde-nascem-os-fortes.html
Confira no site as cinco performances que temos que ficar de olho na macro série: gente.ig.com.br/tvenovela/2018-04-22/onde-nascem-os-fortes-performances.html
"Onde Nascem os Fortes" tem tudo para honrar a faixa das onze...
"Amar, odiar, perdoar. Até onde vai a sua força?". A pergunta sempre presente nas chamadas de "Onde Nascem os Fortes" já deixava clara a intenção da nova trama das onze da televisão do Brasil: provocar o público através de uma premissa irresistível. Afinal, o ser humano é repleto de camadas muitas vezes difíceis de decifrar, principalmente diante de adversidades. A história que começa a ser contada explora a saga da corajosa Maria (Alice Wegmann), que não mede esforços para encontrar seu irmão gêmeo, o provocador Nonato (Marco Pigossi). E o primeiro capítulo conseguiu apresentar essa intenção com louvor.
George Moura e Sérgio Goldenberg são autores que já viraram "experts" na faixa das 23h. Responsáveis pelas irretocáveis "O Canto da Sereia" (2013), "Amores Roubados" (2014) e "O Rebu" (2014), os dois sabem aproveitar toda a liberdade do horário mais tardio e a dupla ainda segue com a competente direção de José Luiz Villamarim e fotografia de Walter Carvalho, outros profissionais que também fizeram parte das produções mencionadas. Tendo como base o "currículo recente" deles, portanto, a chance da atual trama ser ótima é bastante alta.
Gravada no sertão da Paraíba, a "macro série" tem o sertão como um dos seus alicerces. Segundo os escritores, é o protagonista do enredo que contracena sem ser filmado. E pela primeira vez a TV exibirá uma novela (embora insista em não chamar mais assim na faixa das onze) já quase finalizada. Ou seja, não haverá mudança alguma na condução da história mesmo que porventura o telespectador a rejeite. Isso é ótimo, principalmente diante de alguns casos recentes onde todas as alterações feitas para agradar o público acabaram prejudicando os roteiros (vide "A Lei do Amor" e depois "Deus Salve o Rei"). Agora também não deixa de ser um voto de confiança na qualidade da trama.
A estreia primou pela força da ambientação (é possível sentir o "poder" do sertão nas atitudes de cada pessoa) e apresentou os perfis centrais de forma cautelosa, sem pressa. Porém, o ritmo não foi nada arrastado. Se prender ao enredo é bastante fácil. A fragilidade da jovem Aurora (Lara Tremouroux) --- vítima de Lúpus --- serviu como elemento humanizador do poderoso Pedro Gouveia (Alexandre Nero) e da religiosa Rosinete (Débora Bloch), que cuidam da filha com o maior cuidado. O amor de ambos pela filha ficou evidente, assim como a conturbada relação do casal. Já a cumplicidade entre Maria e Nonato pôde ser vista nos poucos momentos que tiveram juntos. Os irmãos foram ao Sertão (fictícia cidade do enredo) conhecer novas trilhas, mesmo contra a vontade da mãe, a engenheira química Cássia (Patrícia Pillar). A mocinha, inclusive, quase foi violentada por dois motoqueiros na estrada, até ser salva por Hermano (Gabriel Leone), o outro filho de Pedro e Rosinete.
A protagonista logo se sentiu atraída pelo rapaz, sendo correspondida. Enquanto os dois se aproximavam cada vez mais, Nonato se envolvia em uma briga com Pedro, após ter flertado com Joana (Maeve Jinkings), amante do dono da maior empresa da região que explora bentonita. O jeito provocador e encrenqueiro do irmão de Maria transpareceu logo no início, assim como o poder que Pedro tem na região. O empresário não aguentou as provocações e partiu para cima do jovem, que não se intimidou em nenhum momento. Nem mesmo quando foi espancado por capangas de Pedro, desafiando o "rival", sem medo de morrer. O personagem não sumiu (ou morreu) na estreia, agora o mote do roteiro foi exposto com habilidade, assim como a potência que esse fato terá nos futuros desdobramentos. Destaque para a frase do juiz Ramiro (Fábio Assunção) encerrando primeiro capítulo:
"Todo os dias são do caçador".
O começo dessa instigante história serviu para constatar a entrega do bem escalado elenco e a força dos personagens principais. Alice Wegmann tem tudo para viver seu melhor momento na carreira, enquanto Alexandre Nero, Patrícia Pillar, Débora Bloch, Fábio Assunção e Gabriel Leone prometem se destacar em todos os capítulos. Outro excelente nome é o de Jesuíta Barbosa, que impressionou com sua performance na pele de Shakira do Sertão, durante um show no bar onde Maria e Nonato foram se divertir. Seu trabalho corporal está primoroso. Vale lembrar que esse perfil é o filho do violento Ramiro, que não desconfia da profissão noturna de Ramirinho.
"Onde Nascem os Fortes" teve uma estreia das mais promissoras. George Moura e Sérgio Goldenberg ---- que agora encaram um enredo inédito, após três ótimas adaptações juntos ---- apresentaram uma história instigante, repleta de elementos bem amarrados e conflitos que têm tudo para honrar a faixa das 23h.
"Onde Nascem os Fortes": o que esperar da próxima trama das onze?
Em 2017, a TV decidiu parar de chamar as produções das 23h de novela, adotando o termo "macro série". O objetivo é vender melhor no mercado internacional, pois, algumas novelas da faixa, que já são curtas (cerca de 60 capítulos), foram condensadas ainda mais para o exterior.
Os autores que escrevem a trama têm um excelente currículo e justamente com enredos destinados a faixas mais tardias. George Moura e Sérgio Goldenberg produziram a elogiada "O Canto da Sereia" em 2013 e a primorosa "Amores Roubados" em 2014, duas minisséries que prenderam a atenção do público mesclando suspense e drama. A dupla ainda escreveu o excelente remake de "O Rebu", em 2014, resultando em uma novela repleta de empolgantes enigmas e personagens sombrios. Três produções irretocáveis. Eles também repetem a parceria com o ótimo José Luiz Villamarim e o competente Walter Carvalho como diretores. Ou seja, a possibilidade de um novo acerto é bem grande.
E o enredo é dos mais interessantes. Uma história cheia de amores impossíveis, ódio e perdão, que se passa no sertão nordestino, em um território onde, às vezes, quem vence é o mais forte e não a lei. A saga de Maria (Alice Wegmann) norteia a trama. Ela é um jovem aventureira que tenta descobrir a qualquer custo o paradeiro do irmão gêmeo, Nonato (Marco Pigossi em uma participação especial), desaparecido misteriosamente após flertar com a sedutora Joana (Maeve Jinkings), funcionária e amante do empresário Pedro Gouveia (Alexandre Nero), também conhecido como "Rei do Sertão". O poderoso homem é casado com Rosinete (Débora Bloch) e pai do paleontólogo Hermano (Gabriel Leone) e de Aurora (Lara Tremouroux).
Na trama, Maria e Nonato viajam para a cidade de Sertão, terra natal de sua mãe, a engenheira química Cássia (Patrícia Pillar), em busca de novas trilhas de bicicleta. Lá, Maria se apaixona por Hermano, mas tudo entra em colapso com o sumiço de seu irmão. A protagonista, então, passa a investigar esse angustiante mistério e se afasta do seu amor assim que descobre o parentesco com Pedro Gouveia. Desconfiada que o poderoso homem está envolvido no desaparecimento de Nonato, Maria declara guerra ao empresário, que, por sua vez, não medirá esforços para proteger sua reputação. Esse embate faz com que Cássia retorne à cidade depois de muitos anos e tenha o apoio de Ramiro (Fábio Assunção), um juiz de direito violento e corrupto que tem interesses escusos por trás desse suposto altruísmo.
O clima tenso logo vira o protagonista desse drama, interrompendo romances, alterando destinos e fazendo com que segredos de família guardados há anos sejam desenterrados. É uma história com grande potencial e perfeita para a faixa das 23h, tendo a liberdade de explorar cenas mais pesadas e impactantes, o que não aconteceu com "Os Dias Eram Assim" ano passado. E o elenco ainda conta com outros nomes de peso, além dos já citados, como Irandhir Santos, Carla Salle, Enrique Diaz, Titina Medeiros, Camila Márdila, Lee Taylor, José Dumont, Mariana Molina, Jesuíta Barbosa ----- que viverá Ramirinho, filho de Ramiro, cujo maior segredo é sua vida noturna, trabalhando como a transformista Shakira do Sertão ----, entre outros.
E não poderia ter escolhido o momento tão necessário. Afinal, "Os Dias Eram Assim" foi uma decepção e se arrastou ao longo dos meses com um enredo limitado e repetitivo. Não teve nada de super e nem de série. Todavia, em 2018, isso parece ter mudado.
"Onde Nascem os Fortes" tem potencial. A obra vem apresentando atrativas chamadas, algumas narradas pela maravilhosa Elba Ramalho (que canta uma música da trilha), e tem boas chances de honrar o horário destinado a enredos mais pesados.
Que não seja uma típica propaganda enganosa da Rede Globo!
CURIOSIDADE:
Geograficamente há uma diferença entre Sertão e Cariri. É nesse espaço onde se encontram as locações da série. Agora, para efeitos narrativos, creio que o Sertão aqui equivale a um espaço simbólico que designa um modo distinto de vida. Sobre isso, vale destacar o que diz a literatura especializada:
"O Sertão designa, de um modo geral, em todo o Brasil, as regiões interioranas, de população relativamente escassa, onde vigoram costumes e padrões culturais ainda rústicos. No caso do nordeste, a palavra possuiu configuração semântico-sociológica ainda mais definida: significa a zona rural, em geral semi-árida do interior, sujeita às secas periódicas e caracterizada pelo predomínio da pecuária extensiva, em contraste com a faixa litorânea, dominada pelo cultivo da cana e pelo complexo cultural dela derivado".
DINIZ, Dilma Castelo Branco. COELHO, Haydée Ribeiro. Regionalismo. In: FIGUEIREDO, Eurídice. (Org.). Conceitos de Literatura e Cultura.
Trama densa e entrega do elenco foram as marcas de "Onde Nascem os Fortes"
A macro série (nomenclatura adotada pela TV para classificar produções das onze) marcou a volta da bem-sucedida parceria dos talentosos George Moura e Sérgio Goldenberg. Os autores das aclamadas minisséries "O Canto da Sereia" (2013) e "Amores Roubados" (2014) e do primoroso remake de "O Rebu" (2014) retornaram em grande estilo na faixa que os consagraram. "Onde Nascem os Fortes", dirigida brilhantemente por José Luiz Villamarim e Walter Carvalho (outros grandes parceiros dos escritores nos três trabalhos anteriores), esbanjou qualidades do início ao fim.
A história em torno do misterioso desaparecimento de Nonato (Marco Pigossi), irmão gêmeo da protagonista Maria (Alice Wegmann), na fictícia Sertão ----- local repleto de figuras obscuras e complexas ----- foi desmembrado habilmente ao longo dos meses e os escritores presentearam o público com uma produção refinada, onde a entrega do elenco e o enredo denso foram as principais marcas. Aos poucos, foi possível observar que o sumiço do rapaz que provocou uma briga com o poderoso Pedro Gouveia (Alexandre Nero) era apenas a ponta do fio de um novelo bem mais espesso e embaraçado.
Logo no primeiro capítulo ficou claro que o juiz Ramiro (Fábio Assunção) tinha relação no desaparecimento do rapaz em virtude da sua rivalidade com Pedro.
Então, os escritores resolveram desenvolver a trama em etapas. A primeira foi voltada para a incansável saga de Maria em busca dos responsáveis pelo sumiço de Nonato, declarando guerra a Pedro e deixando a mãe, Cássia (Patrícia Pillar), desesperada. A entrega de Alice nesse início, por sinal, merece um justo reconhecimento. Sua atuação visceral impressionou e comprovou o quão acertada foi a sua escalação para o papel. Protagonizou uma cena mais difícil que a outra, cuja dramaticidade era de total importância.
Acontece que a demora da conclusão dessa etapa expôs o único defeito da macro série: o ritmo. Houve uma evidente enrolação durante esse período, cansando o telespectador. Ou seja, a bem escrita trama não necessitava de 55 capítulos. Poderia ter sido contada em 40 dias com facilidade e sem correria. O jogo de gato e rato de Pedro e Maria não se sustentou por tanto tempo, principalmente porque os demais personagens do roteiro ficaram sem maior importância durante esse período. Valeu para explorar o show de Alice e os ótimos desempenhos de Alexandre Nero, Patrícia Pillar e Enrique Diaz (o calhorda delegado Plínio, agora um dos melhores personagens da carreira do ator).
Quando descobriram que Nonato estava morto e Maria foi presa após ter sequestrado seu ex-namorado Hermano (Gabriel Leone)
, por isso, houve o fechamento de um ciclo e o início de outro. A história, então, retomou o fôlego e seguiu despertando atenção até o final, provando que sempre teve potencial para deslanchar. Maria perdeu o destaque e o foco passou a ser a relação tensa entre Ramiro e Ramirinho, além da saga de Cássia em busca da identidade do assassino do filho. A impressão, inclusive, era de uma segunda temporada dentro do enredo. Fábio Assunção e Jesuíta Barbosa cresceram merecidamente no roteiro e protagonizaram várias sequências fortes.
A cena em que o filho se revelou como Shakira do Sertão para o pai foi uma das mais impactantes. O clima de tensão que passou a dominar os encontros deles acabou refletindo nos momentos do juiz com Cássia, desconfiada do jeito frio do homem que a ajudava até então. Os alertas subliminares do rapaz a respeito da índole de seu pai também serviram para a mãe de Maria iniciar uma investigação.
A cada nova descoberta a respeito das atitudes do juiz, Cássia constatava o quanto esteve enganada. A percepção final foi no instante que descobriu como se chamavam os pássaros de Ramiro ---- todos tinham os nomes de suas vítimas (sacada genial dos escritores).
E o clima de tensão da história aumentava. Até mesmo uma inesperada aproximação com Pedro Gouveia aconteceu, iniciando uma relação amorosa intensa e perigosa.
Por sua vez, Ramirinho se libertava fazendo vários shows como Shakira do Sertão e até um clipe chegou a gravar (com uma versão ótima de "Menina Veneno"), com a direção de Plínio. Acontece que sua angústia continuava e o rapaz se deixou levar pelas drogas, fornecidas pelo delegado. Já Maria enfrentava constantes brigas na cadeia e quase foi morta por uma detenta.
Ou seja, todos os núcleos tinham suas movimentações e seguiam interligados direta ou indiretamente. O único conflito que ficou mais deslocado foi o de Samir (Irandhir Santos sempre magistral) e poderia ter rendido melhor. Mesmo assim, o ator brilhou e vale destacar Camila Márdila vivendo a fiel escudeira Aldina e Maeve Jinkings na pele da controversa Joana. O enredo da libertação sexual de Rosinete também ficou um pouco deslocado, enquanto Débora Bloch deu seu banho costumeiro de interpretação e foi uma das muitas intérpretes grandiosas do elenco.
É preciso citar ainda a talentosa Lara Tremouroux que emocionou com sua doce Aurora, filha de Pedro e Rosinete que sofria com a consequência do Lúpus. Além das debilidades físicas, a doença era motivo de vergonha da menina, traumatizada com as manchas de seu corpo. Ela protagonizou cenas fortes
com Enrique Diaz e sensibilizou ao lado de Ravel Andrade, quando a personagem descobriu o amor nos braços do tímido Clécio.
Outro bom nome do elenco foi Lee Taylor. O ator se entregou nas cenas do inconsequente Simplício. E José Dumont esteve impecável interpretando o Tião das Cacimbas, perfil que parecia avulso no começo da história até o momento em que seu passado veio à tona. O homem que fornecia pássaros silvestres a Ramiro
matou a própria filha e Cássia ficou com os netos do desequilibrado homem. O público soube, então, que Nonato e Maria não eram filhos biológicos da mulher. Para culminar, eram herdeiros de Pedro Gouveia, o responsável indireto pela morte do rapaz.
Revelação feita apenas na penúltima semana em uma virada muito bem construída pelos autores.
A reta final, inclusive, se mostrou impecável e repleta de grandes interpretações.
A monstruosidade cada vez maior de Ramiro assustou e destacou a entrega de Fábio Assunção na pele de um aterrorizante vilão. Alexandre Nero emocionou quando Pedro descobriu que Maria e Nonato eram seus filhos, enquanto Patrícia Pillar engrandeceu a tela no momento em que Cássia contou a Maria sobre a sua verdadeira origem. Alice Wegmann seguiu visceral com a revolta da moça e Jesuíta Barbosa mostrou a sua habilidade cênica ao expor o ódio de Ramirinho no enfrentamento com o pai, um dia depois de ter sido espancado pelos capangas dele.
Além de todas as qualidades mencionadas, a direção de José Villamarim merece um destaque à parte. Várias cenas foram filmadas em ângulos diferenciados, muitas vezes focalizando os atores de longe e deixando o cenário como protagonista, além da preocupação com a trilha sonora, sempre complementando as sequências. E que músicas bem escolhidas. "Ave de Prata" (Elba Ramalho), "Alguém Cantando" (Caetano Veloso), "Agalopada" (Zé Ramalho), "Dia de Branco" (Geraldo Azevedo), "Dois Animais na Selva Suja na Rua" (Nação Zumbi), "Mal Necessário" (Jesuíta Barbosa), "Os Povos" (Milton Nascimento), "Todo Homem" (Zeca Veloso) ---- lindo tema de abertura e tudo a ver com a trama ----, "Don`t Explain" (Nina Simone), "Back To Black" (Jesuton), "Son Of a Preacher Man" (Dusty Springfield) e "Your Song" (Elton John) foram algumas que embalaram a obra. O diretor ainda conseguiu extrair o melhor do elenco em todas as cenas.
O último capítulo foi simplesmente impecável do primeiro ao último minuto.
A cena em que Ramirinho contou para Cássia e Pedro o que aconteceu com Nonato arrepiou através do flashback de Ramiro obrigando o próprio filho a matar o rapaz. Isso depois de ter assassinado vários presos junto com Plínio.
Uma catarse impressionante. Jesuíta Barbosa, Marco Pigossi, Enrique Diaz, Patrícia Pillar, Fábio Assunção e Alexandre Nero arrebatadores. Logo depois, inclusive, o telespectador nem teve tempo para um respiro, pois
Ramiro chegou com sua gangue e metralhou a casa onde os três estavam. Maria, todavia, chegou e atirou no juiz. O mesmo, então, confessou que matou Nonato e a protagonista quase vingou o irmão, mas acabou impedida pelo pai. A cena primou pela entrega de Alice Wegmann e Nero.
Um show.
Já todas as cenas posteriores não ficaram atrás no quesito emoção. Camila Márdila e Irandhir Santos sensibilizaram quando Aldina e Samir discursaram para o povo sofrido do Sertão em meio a uma abençoada chuva. A despedida
de Maria e Hermano, passeando juntos e aparentemente sem destino
, fechou o enredo de forma esperançosa.
"Onde Nascem os Fortes" foi uma produção luxuosa e a aclamação da crítica especializada é um justo reconhecimento a mais esse grande trabalho de George Moura e Sérgio Goldenberg. A bem-sucedida dupla parece destinada a abrilhantar a faixa das 23h e tomara que os dois não demorem muito a voltar. Ao contrário da trama exibida ano passado, o enredo dos autores honrou a classificação de "macro série".
"Amor sem Igual" não deve enfrentar dificuldade para manter a audiência de "Topíssima"
"Topíssima", novela de Cristianne Fridman, não foi um grande sucesso da Record. Ainda sim, não fez feio na audiência e sua média em torno dos oito pontos, até pelo horário que era exibida (por volta das 19h45), se mostrou satisfatória. Afinal, a emissora voltou apostar em uma novela não bíblica, após anos produzindo apenas formatos do gênero. E a autora, por falta de opção (os bispos demitiram vários escritores, como Carlos Lombardi e Gustavo Reiz), recebeu a missão de escrever outro folhetim para substituir a sua obra.
Cristianne criou, então, "Amor sem Igual", que estreou nesta terça-feira (10/12/19), na faixa das 20h30. Nem Walcyr Carrasco, autor mais requisitado da Globo, teve tamanha proeza: encerrar uma novela e escrever a sua substituta.
No caso da Record, houve uma ideia de última hora porque as gravações de "Gênesis", trama bíblica prevista para esse horário, atrasou. E como a produção contemporânea cumpriu o objetivo, os responsáveis apelaram para a autora, que também já recebeu a ordem para escrever "Topíssima 2". Só é difícil imaginar como arranjará tempo para a realização desse outro pedido nada simples.
A nova história tem uma premissa ousada em se tratando de uma emissora evangélica. A protagonista é Angélica, uma prostituta conhecida como Poderosa, interpretada por Day Mesquita (ironicamente, a atriz viveu Maria Madalena em "Jesus"). A trama, dirigida por Rudi Lagemann e ambientada em São Paulo, tem como premissa o clichê mais conhecido pelo filme "Uma Linda Mulher", de 1990.
Mas ao invés de se apaixonar por um rico empresário, a garota de programa se encanta por um agrônomo que vende legumes cultivados em seu sítio no Mercado Municipal de SP, o retraído Miguel (Rafael Sardão). Os dois se cruzam, pela primeira vez, em um posto de gasolina à beira da estrada, e se aproximam quando o gerente da lanchonete que fica no local a destrata. Ela ganha uma carona e se surpreende com o tratamento respeitoso.
A protagonista é bem caricata. As perucas chamativas e a vestimenta colorida destoa com as garotas de programa da ''vida real", ainda mais as que trabalham à beira de estradas. Aliás, a licença poética está na forma glamorosa da prostituta. Ela vive com dificuldade e está com aluguel atrasado, mesmo assim cobra trezentos reais (muito mais que as colegas) e usou um cartão de crédito que parecia bem generoso quando comprou uma caxemira em uma loja de luxo. Uma contradição. Isso faz parte de uma obra de ficção. A história da mocinha, por sinal, é bem sofrida, fazendo jus ao folhetim clássico. Rejeitada desde a infância pelo pai, o milionário Ramiro (Juan Alba), que foi amante de sua mãe, a jovem foi criada por um casal, cujo homem abusou dela quando a menina tinha 13 anos. A partir do trauma, a personagem passou a fazer biscates para sobreviver até virar uma prostituta.
O início do enredo mostra Ramiro arrependido e investigando o paradeiro de sua bastarda. O filho Tobias (Thiago Rodrigues), porém, esconde que sabe o paradeiro da irmã e ainda ordenou assassiná-la. O vilão mandou o segurança Bernard (Heitor Martinez) dar um fim na prostituta e o assassino profissional tentou executar o serviço no momento em que Angélica pegava carona com Miguel. Os dois acabaram sofrendo um grave acidente de carro e a cena foi bem dirigida. Poderosa conseguiu escapar e ainda salvou o protagonista. Como o objetivo não foi alcançado, mais tarde o capanga do irmão da mocinha a espancou ---- depois que se passou por cliente. Ocorre que o mocinho a salvou assim que viu a caxemira rosa da garota à beira da estrada e a levou a um hospital particular. O vínculo entre eles estava feito. Os dois primeiros capítulos foram ágeis e bem estruturados.
A novela tem uma história simples, mas a autora consegue prender a atenção de quem assiste. Outros personagens também se destacam, como Furacão (Dani Moreno), melhor amiga e colega de profissão de Angélica. O divertido feirante Oxente (Ernane Morais), que trabalha no Mercado Municipal ao lado de Miguel e o tem como filho, é mais um tipo que sobressai. Bárbara França vive Fernanda, irmã íntegra de Tobias, e a ótima Selma Egrei interpreta a elegante Norma, sogra de Ramiro que nunca perdoou a traição do genro com a filha já falecida. Michelle Batista vive a ingênua Maria Antônia, filha de Oxente que sofre de transtorno bipolar e nutre um amor platônico por Miguel. A menina ainda tem um Instagram para desabafar sobre seus sentimentos ---- a rede social existe e a personagem interage com o público (uma clara cópia do contexto envolvendo Vivi Guedes, vivida por Paolla Oliveira em "A Dona do Pedaço"). Manuela do Monte (Fabiana), Andréa Avancini (Zenaide), Eduardo Lago (Luiggi), Pedro Nercessian (Roberto), Castrinho (Bento), Carlos Takeshi (Takashi), Brenda Sabryna (Rosa) e Kika Kalache (Serena) são mais alguns nomes do elenco.
"Amor sem Igual" teve um começo correto e Cristianne Fridman criou uma protagonista cativante. Angélica é um tipo carismático e Day Mesquita está muito bem no papel. Não será difícil a trama manter os índices de "Topíssima" ou até aumentá-los de forma moderada.
A novela das sete já pode ser considerada um fenômeno de qualidade. "Bom Sucesso" vem fazendo jus ao seu título e merece o prestígio dos telespectadores. A história escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, dirigida por Luiz Henrique Rios, conquistou o público e as razões não são poucas, pelo menos até o momento. Resta torcer para que siga assim.
A premissa do folhetim até parece um pouco fúnebre ou dramática demais: a troca de exames entre um senhor milionário com um câncer terminal e uma humilde mulher trabalhadora do subúrbio do Rio de Janeiro. Nada contra os dramas, por sinal. Agora, a faixa das 19h se caracterizou por obras mais leves e cômicas. Então, um enredo com uma história 'pesada' poderia afastar o telespectador. E os autores estão conduzindo essa temática em torno da chegada da morte com uma sensibilidade ímpar.
A relação de amizade entre Paloma (Grazi Massafera) e Alberto (Antônio Fagundes) vem se mostrando a cada dia mais encantadora e a sintonia dos atores salta aos olhos. Rosane e Paulo ainda acertaram com a rapidez do término das confusões envolvendo a troca dos exames.
Evitaram uma possível perda de veracidade do contexto (afinal, Paloma não apresentaria sintoma algum) e mostraram que têm muitas cartas na manga. Tanto que a novela segue despertando atenção, mesmo sem grandes acontecimentos ou viradas. O cotidiano dos personagens repletos de carisma já atrai.
A aproximação da mocinha com o dono da editora Prado Monteiro vem proporcionando ótimos momentos, além da importância de expor uma infinita variedade de livros através da paixão dos personagens pela literatura. As citações de vários diálogos clássicos de alguns contos não soam forçadas e temperam o texto com delicadeza. "Otelo", "Dom Casmurro", "Alice no País das Maravilhas", "Peter Pan" e "O Magico de Oz" são alguns dos mencionados até o momento. "Alice" e "Peter", inclusive, são os nomes de dois filhos de Paloma e os livros infantis ainda norteiam a relação da protagonista com Marcos (Rômulo Estrela), filho de Alberto com quem a costureira passou uma noite inesquecível em Búzios ---- quando achava que tinha pouco tempo de vida.
O relacionamento dos mocinhos, inclusive, nem começou ainda, o que é ótimo. A famigerada paixão arrebatadora de primeiro capítulo não aconteceu e tudo vem sendo construído aos poucos. Marcos é um típico playboy que se recusa a crescer e não acredita no amor. É movido pelo desejo. Não por acaso, se mostra um mulherengo convicto. Mas já está apaixonado por Paloma e ainda não se deu conta ---- enquanto não descobre, se envolve em muitos problemas com a exagerada Silvana Nolasco (Ingrid Guimarães). Já a mocinha tenta reconstruir sua vida com o ex Ramon (David Junior) para oficializar a família "perfeita" e viver o que não conseguiu desde que o rapaz a abandonou grávida no passado. O triângulo é desenvolvido com competência pelos autores e não há maniqueísmo. Todos são humanos com boas camadas.
E a abordagem em torno da amargura de Nana (Fabíula Nascimento) também agrada. Nada de vilã ou mocinha. A personagem é um tipo complexo delicioso. O desprezo do pai, Alberto, a afeta imensamente e a morte da mãe ainda é sentida. Sua relação com a filha, Sofia (Valentina Vieira), não é nada fácil e sua frieza é sentida pela menina. O casamento com o canalha Diogo (Armando Babaioff) tem mais baixos do que altos e nem desconfia que o marido a trai com Gisele (Sheron Menezzes), sua secretária. O simpático Mário (Lúcio Mauro Filho) é apaixonado por Nana desde a infância, mas a empresária sempre o rejeitou. A relação entre tapas e beijos da personagem com o irmão Marcos e outro ponto de conflito interessante.
Até mesmo a vilania promove risos involuntários de quem assiste. Babaioff está impagável de advogado 171 e a ironia de Diogo promove situações geniais. O ator merecia uma oportunidade como essa há muito tempo. Sua química com Sheron é evidente e até as ofensas trocadas com Alberto divertem. Obviamente, é certo que o vilão ganhará ares mais pesados com o tempo. Natural de qualquer folhetim. Mas mesmo assim é um tipo carismático que conquista sem esforço. Vale citar também a divertida trama da editora envolvendo a tímida Evelyn (Mariana Molina), a ranzinza Thaíssa (Yasmin Gomlesvsky) e o introspectivo Felipe (Arthur Sales). O típico clichê da menina desajeitada que vira uma mulher fatal para conquistar o rapaz desejado. No caso, honrando a literatura, a estagiária tenta se transformar em Irene Adler, ídola de Filipe ---- personagem presente nos contos sobre Sherlok Holmes. O núcleo ainda conta com William (Diego Montez) e Jefferson (Felipe Haiut), outros perfis promissores. Não seria justo ignorar a boa trama envolvendo o basquete ---- protagonizada por Ramon, Patrick (Caio Cabral), Gabriela (Giovanna Coimbra) e Vicente (Gabriel Contente) ---- e o verossímil cotidiano escolar através da escola Dias Gomes (merecida homenagem ao saudoso autor).
"Bom Sucesso" tem feito por merecer todos os elogios de público e crítica. Além de reunir todos os elementos que um bom folhetim precisa, apresenta uma legião de personagens cativantes e conflitos bem delineados, mesclando com habilidade leveza, humor e drama. É uma novela para assistir sorrindo.
Trama capenga de A Dona do Pedaço pode ditar os rumos do horário nobre da Globo...
A Dona do Pedaço, terceira incursão de Walcyr Carrasco na faixa das nove da Globo, reafirmou o talento do autor para oferecer ao espectador o que ele quer. O novelista, hábil reciclador de histórias, mostrou que um fiapo de trama, mas com muitos pontos de viradas e episódios de catarse, é uma das maneiras mais infalíveis de fisgar o público. Mais uma vez, deu certo.
O sucesso de A Dona do Pedaço mostra que o público não se importava com a falta de sentido do enredo. Tanto fazia quais eram as motivações da vilã Josiane (Agatha Moreira), desde que suas atitudes a levassem à catarse. Nunca fez sentido o ódio de Josiane pela mãe, a excessivamente ingênua Maria da Paz (Juliana Paes), mas isso não importou de fato. Pontos de virada, como quando Maria da Paz descobriu as armações da filha, ou o julgamento que levou a vilã à cadeia, é que seguraram o público diante da telinha.
Também não importou se Vivi Guedes (Paolla Oliveira) era uma digital influencer de araque. Seu romance com Chiclete (Sergio Guizé) pegou fogo, ao ponto de seu ex Camilo (Lee Taylor) virar um psicopata desequilibrado. E que a manteve em cárcere privado diante dos olhos de todos, que nada fizeram para ajudá-la. Não fez sentido, mas levou ao apoteótico momento em que Chiclete salva a mocinha. Mais um ponto de virada, que provoca a catarse e, consequentemente, o interesse da audiência.
Estilo
Walcyr Carrasco tem um estilo didático de contar suas histórias. Um tom quase infantil, que funciona muito bem nas comédias românticas das seis dele. Ao levar este estilo ao horário nobre, mesclando o tom tatibitate com histórias pretensamente adultas e com algum merchandising social, o novelista aperfeiçoou tal estilo. E foi ao encontro do que o público espera dele, afinal, todas as suas novelas das 21 horas foram sucesso de audiência.
E, a princípio, não há problema nisso. Carrasco tem uma maneira de criar que dá resultados, embora a crítica torça o nariz, e isso não o desmerece. Afinal de contas, ele cria novelas populares, e a verdade é que o autor é muito bom nisso.
O que pode ser um problema é que o sucesso das novelas de Walcyr Carrasco se reflita na faixa das nove como um todo. Basta puxar pela memória os últimos títulos do horário para perceber que a Globo teve mais erros que acertos no horário. Carrasco está entre os acertos e, por isso, se tornou referência. E seu estilo pode impregnar no processo criativo de outros autores. Isso não é bom para o público.
Despretensão
Avenida Brasil, principal sucesso das nove da década, consagrou João Emanuel Carneiro. Que levou seu estilo meio noir à sua trama seguinte, a pretensiosa A Regra do Jogo. Não deu certo. Enquanto isso, Carrasco enfileirou sucessos. Deste modo, em sua novela seguinte, Carneiro optou por uma trama mais simples (e até simplória), Segundo Sol. Que não foi um fiasco, mas esteve longe de ser uma unanimidade.
Ou seja, o estilo “carrasquiano” vem influenciando outros autores que buscam sucesso. E isso não é bom. O que torna a faixa das nove atrativa é justamente a rotatividade de temas e estilos. Num momento em que a direção da emissora adota uma fórmula pronta para alcançar o sucesso, o processo criativo é prejudicado.
Felizmente, isso ainda não é regra. Amor de Mãe vem aí, lançando uma nova autora e com a intenção de propor um enredo mais maduro e bem construído. Ou seja, a emissora ainda está disposta a apostar em novidade e mesclar estilos e temáticas. Mas, caso Amor de Mãe não emplaque, a tendência é que o estilo catártico de Walcyr volte com força total. E, para isso, já temos o próprio Walcyr Carrasco. Não é preciso que outro autor tente segui-lo.
Camila discursa para Lurdes em "Amor de Mãe": Com o diploma na mão, a menina fez questão de homenagear a mãe, que a adotou assim que a achou abandonada em uma estrada de terra. A cena foi lindamente protagonizada por Jéssica Ellen e Regina Casé na novela de Manuela Dias, dirigida por José Luiz Villamarim.
Lurdes descobre aneurisma em "Amor de Mãe": Adriana Esteves sempre brilha em todas as novelas que participa e nessa não é diferente. O choro desesperado de Thelma com a descoberta de seu pouco tempo de vida foi muito bem defendido pela atriz, que vem formando uma boa dupla com Regina Casé.
Lurdes acha dinheiro na praia em "Amor de Mãe": A cena mais divertida da nova novela das nove até então. A personagem mais cativante do enredo achou dois blocos grossos de notas em plena praia e quase foi roubada por uma catadora. Thelma chega a morder a mão da ladra para ajudar a amiga e as duas saem correndo rindo. Regina Casé e Adriana Esteves simplesmente hilárias.
Kátia morre em "Amor de Mãe": Vera Holtz fez uma participação muito pequena, mas conseguiu alguns bons momentos e a morte de sua personagem foi um deles. O desespero de Sandro e a angústia de Lurdes também foram muito bem mostrados por Humberto Carrão e Regina Casé.
Vicente espanca Betina em "Amor de Mãe": Angustiante a cena em que o ex da enfermeira a espanca. As cenas de violência não foram exibidas, com exceção de um tapa, mas o grito de desespero da personagem já bastou, assim como a imagens dos chutes dados pelo agressor. Rodrigo Garcia e Isis Valverde brilharam.
"Tudo é incerto, menos o amor de mãe". A frase, adaptada do romancista e poeta James Joyce (1882/1941) ---- "Tudo é incerto neste mundo hediondo, mas não o amor de uma mãe" é a frase original ----, é a premissa da telenovela, que marca a estreia de Manuela Dias como autora solo. E, por conta dessa afirmação, fica bem claro que o enredo abordará uma visão mais romanceada da maternidade. Com a dura missão de manter os elevados índices da qualidade na TV, a trama, dirigida por José Luiz Villamarim e fotografia de Walter Carvalho, estreou no dia 22/11/2019, com um emocionante primeiro capítulo.
Regina Casé, Taís Araújo e Adriana Esteves vivem Lurdes, Vitória e Thelma, mulheres que exercem a maternidade em sua plenitude, cada uma à sua maneira. Apesar de viverem em realidades diferentes, com trajetórias distintas, a vida das três se entrelaça ao longo do enredo. Uma proposta parecida com "Justiça", da mesma autora ---- quatro pessoas eram presas por crimes que cometeram em momentos de fúria e ao longo da história tinham suas vidas cruzadas. O trio protagonista foi bem apresentado na estreia através de breves flashbacks e dramas no presente.
Lurdes é babá e mãe de cinco filhos, sendo que um deles não foi criado ao seu lado. Ela busca um novo emprego e consegue uma entrevista na casa de Vitória, uma advogada bem-sucedida que, com a iminência da chegada do filho que pretende adotar, precisa de uma babá. Vitória perdeu um bebê aos seis meses de gestação e não conseguiu superar o trauma. É durante a conversa com Vitória que Lurdes lembra de seu passado em Malaquias, cidade fictícia do Rio Grande do Norte, onde o marido Jandir (Daniel Ribeiro) vendeu o filho Domênico quando ela estava no hospital dando a luz à filha caçula. Foi por isso que a mulher veio para o Rio de Janeiro e acabou ficando ---- criando os filhos Magno (Juliano Cazarré), Ryan (Thiago Martins), Érica (Nana Costa) e Camila (Jéssica Ellen).
O primeiro capítulo usou a entrevista de emprego para apresentar o trauma de Lurdes e ligá-la no presente com Vitória e Thelma. A forma como tudo foi feito primou pela engenhosidade dramatúrgica. Lucy Alves emocionou na pele de Lurdes mais jovem e a cena em que a personagem matou o marido acidentalmente, logo depois que o marido confessou a venda do filho e tentou estuprá-la, impactou. E Regina Casé está impecável vivendo a batalhadora mulher. Após o elo estabelecido com Vitória na entrevista --- incluindo uma conversa sobre filhos, que fez a advogada lembrar da perda de seu bebê em um traumático julgamento ----, Lurdes se desesperou ao ver Thelma passando mal na rua e a ajudou. As duas foram a um hospital e lá descobriram que Thelma tem um aneurisma cerebral inoperável. A triste notícia acabou criando um vínculo entre ambas.
O enlace das três protagonistas é concluído quando Vitória tenta convencer Thelma a vender seu restaurante para Álvaro (Irandhir Santos), seu cliente milionário, e acaba transformando a dona em sua inimiga quando usa o aneurisma como argumento para o negócio. Lurdes fica em uma saia justa, pois gosta de ambas. Mas voltando ao primeiro capítulo, a direção de José Luiz Villamarim logo sobressaiu em um plano sequência ótimo envolvendo Magno (Juliano Cazarré) andando no meio de um trânsito caótico. O filho mais velho de Lurdes chegou a dar uma informação a Vitória. O seu drama com a esposa em coma e a filha doente (Arieta Correa e Clara Galinari, respectivamente) também foi brevemente exposto em uma cena com a enfermeira Betina, vivida por Isis Valverde.
E a cena mais emocionante da estreia foi protagonizada por Regina Casé e Jéssica Ellen, quando Camila homenageou sua mãe em um lindo discurso da sua formatura como professora de História. A personagem enalteceu os professores, a educação no país e reconheceu o esforço que Lurdes fez para criá-la --- a menina foi encontrada abandonada e logo adotada. Já a abertura da novela é simples, mas bonita, ao som do clássico "É", de Gonzaguinha, de 1988. "O Que É Que Há?", de Fábio Jr.; "Minha Mãe", de Gal Costa e Maria Bethânia; "Onde Estará o Meu Amor?", de Maria Bethânia; e "Todo Homem", de Caetano Veloso e filhos, são alguns outros clássicos da trilha.
"Amor de Mãe" teve uma estreia com forte carga dramática e protagonistas que prometem arrancar muitas lágrimas dos telespectadores. Manuela Dias utilizou a fórmula da bem-sucedida "Justiça" para o desenvolvimento da premissa de sua primeira novela e esse início provocou a melhor das impressões.
O capítulo final de "A Dona do Pedaço" não foi melhor nem pior que os demais 160. Nem teria como ser diferente. Uma novela criada às pressas, em duas ou três semanas, com personagens mal construídos, diálogos pobres e situações absurdas não iria se salvar nos seus últimos 75 minutos.
O final de Vivi Guedes (Paolla Oliveira) conseguiu ser pior do que o restante de sua trama. Após se submeter a um policial psicopata, Camilo (Lee Taylor), a influenciadora digital terminou numa praia deserta ao lado de um matador de aluguel, Chiclete (Sérgio Guizé). Abriu mão do que gostava de fazer, da independência e da sua força pelo amor por um pistoleiro, que não pagou pelos crimes que cometeu. Sinistro. Vários personagens foram esquecidos e nem mereceram finais.
O autor surpreendeu, é verdade, com os desfechos das duas vilãs principais, Fabiana (Nathalia Dill) e Josiane (Agatha Moreira). O flerte de ambas com a religião acabou se revelando como hipocrisia pura... E se o Walcyr quiser ele consegue facilmente fazer uma continuação de A Dona do Pedaço tendo como premissa somente Fabiana como matadora de aluguel do ES descobrindo o império evangélico construído por Josiane graças a morte do pastor. MEDO!!!
"Está sendo um soco no estômago", o desfecho de Josiane fez mostrar seu perfil patológico verdadeiro... Psicopatas nascem psicopatas!
Detalhe: 4% da população são psicopatas.
O que é um PISCOPATA?
A maldade e a frieza da psicopata Josiane (Agatha Moreira), personagem da novela "A Dona do Pedaço", habita entre nós, na vida real. A cada 25 pessoas, uma é perversa, desprovida de culpa e capaz de passar por cima de qualquer ser humano para satisfazer os próprios interesses. Os psicopatas são 4% da população. E não há cura para eles.
Quem quer confirma isso leia o livro da a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, “Mentes Perigosas – o psicopata mora ao lado”, que já vendeu inúmeros exemplares.
Para Ana Beatriz, o grande desafio da televisão é fazer a distinção entre o psicopata (Josiane).
Segundo a médica, a diferença principal é que o psicopata tem um déficit no campo das emoções, é incapaz de sentir amor ou compaixão e é indiferente em relação ao próximo. E para esse caso, não existe tratamento.
“O psicopata não enlouquece nunca, pois ele não tem afeto. Ele não é capaz de se botar no lugar do outro e tentar sentir a dor que ele provocou. Agora o problema dele não é cognitivo, a razão funciona bem e ele tem a capacidade plena de distinguir o que é certo e o que é errado. Ele tem certeza que está infringindo a lei, agora não se importa com isso e até calcula os danos para saber o custo-benefício da ação”, explica a psiquiatra.
De acordo com a médica, o psicopata já nasce com uma predisposição genética à manifestação desse tipo de comportamento de indiferença afetiva:
“O sistema emocional do psicopata vem desconectado e não conecta novamente. Não tem cura até o momento”.
A médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa afirmou que essa manifestação pode ser aumentada ou diminuída:
“Se você tem uma sociedade que tolera desrespeito, preconceito, tiranias, injustiças, violências, isso acaba fomentando que psicopatas que manifestem mais. Se tem uma sociedade de tolerância zero, a tendência é reduzir essa manifestação. Uma pessoa não vira psicopata. Ela vai manifestando ao longo da vida”.
A impunidade alimenta a psicopatia!
Segundo Ana Beatriz, os países mais capitalistas tendem a revelar maior número de psicopatas. Para ela, a recente crise econômica que abateu o sistema foi uma “crise de valores psicopáticos”. Assim como os desvios de verbas e corrupções que afligem o Brasil e a impunidade diante de tais escândalos.
“Desvio de merenda escolar, por exemplo, isso atinge milhares de pessoas, são crianças que ficam sem estudar. Superfaturamento ou desvio de verba de medicamentos, todas são atitudes francamente psicopáticas”, exemplifica, argumentando que os responsáveis por tais ações sabem que milhares de pessoas serão prejudicadas, ou seja, usam a razão e atuam sem qualquer sentimento.
A médica lembra que esses casos não entram em fichas policias, agora são tão graves quanto um assassinato:
“As pessoas associam psicopatia com assassinato, ocorre que a maioria dos psicopatas não mata”.
Níveis de psicopatas!
Ana Beatriz afirmou que há três níveis de psicopatas:
- o leve, que aplica os famosos golpes 171 (estelionato ou fraude) e atinge uma pessoa;
- o moderado, que aplica o mesmo golpe, porém em uma esfera social mais alta (como o superfaturamento na compra de remédios para o sistema de saúde pública) e acaba lesando milhares de pessoas;
- o grave, que seria o serial killer, o assassino para quem não basta matar, tem que haver atos de crueldade. Esse último tipo, é raro, ainda sim existe.
Dos 4% de psicopatas da população, 1% é grave e 3% são leves e moderados. A personagem Josiane, por exemplo, é uma psicopata de nível alta, pois ela sempre lesa mais de uma só pessoa, em um grande sistema, e é capaz de matar.
Segundo a médica, o grande tratamento para os psicopatas “é a postura que temos com essa pessoa”. A grande arma da sociedade, segundo a médica, é não tolerar a impunidade.
Nota: Na minha humilde opinião, o pior erro do Walcyr Carrasco foi a principal mensagem da novela é NÃO FAZER ABSOLUTAMENTE NADA para esclarecer o perfil que de uma pessoa psicopata e NEM expor quais os meios para detectar com rapidez esse tipo de psicopata.
A Dona do Pedaço consagra mediocridade do horário nobre com tramas duvidosas.
"A Dona do Pedaço" teve equívocos que precisam ser citados. O núcleo da família dos sem-teto tinha um grande destaque até a metade da história, mas foi perdendo a função e só Cornélia cresceu. Marco Nanini não conseguiu bons momentos como Eusébio e a trama da "Mão boba" na reta final não teve a menor necessidade. Rosi Campos e Tonico Pereira convenceram como Doroteia e Chico, mas também não tiveram muito destaque. O núcleo de Amadeu sempre esteve deslocado e se desaparecesse não faria falta. Tanto que a morte da esposa, Gilda (Heloísa Jorge), não provocou impacto e a relação do mocinho com o filho, Carlito (João Gabriel D`Aleluia), não tinha relevância. A única exceção era Silvia, vivida pela talentosa Lucy Ramos, que ganhou trama própria como professora e depois Digital Influencer ---- ainda assim, o surgimento de Abdias (Felipe Titto) foi gratuito, vide seu drama raso do alcoolismo. A história dos adolescentes na escola por causa de Cássia foi outra questão que ficou avulsa na novela ---- os surtos de Merlim (Cadu Libonati) cansaram rapidamente.
Algumas situações também abusaram da inteligência do público, como Fabiana aconselhando os gerentes do banco de Maria da Paz para cobrar a dívida da boleira, ou o festival de transferências bancárias milionárias através de celulares, sem qualquer interferência do banco. A cena do assassinato do garoto de programa foi a mais constrangedora da trama e a direção da equipe de Amora Mautner ficou devendo muito. O efeito tosco da queda do prédio virou piada com razão. E o contexto também não convenceu, uma vez que o rapaz quis levar a mulher que matou seu namorado para um lugar sem testemunha ou câmeras. Ao menos houve uma compensação no quase assassinato de Téo, muito bem realizada. Aliás, a estupidez do personagem cansou o telespectador. Rainer foi bem, mas a cegueira do fotógrafo diante de Josiane não deu para engolir. Ao contrário do que ocorreu com Maria da Paz, pois uma mãe acreditar na índole da filha por amor, mesmo diante de tantas evidências contrárias, é bem mais crível. E, ao contrário do que parte da crítica afirma, o ódio de Jo pela mãe passou longe de ser uma falha. Menina rica e bem criada não pode ter falha de caráter? Não pode odiar a mãe "sem motivo"? Pode. E a vida real está aí para mostrar isso todos os dias em telejornais.
Na opinião de alguns, o autor quis dizer que as pessoas não mudam , que nascemos e crescemos com um só coração que nenhuma religião vai fazer milagres pós mudam por um tempo até terem uma oportunidade de errar novamente! Mostrou que nem sempre o bem vence o mal e que apesar de todos os erros eles podem ter um final feliz... Novo da sociedade mais realmente ele mostrou a real que o final feliz não existe e que a vida continua com seus erros insanos e nojentos.
Tudo explicado, não é? ERRADO
Entendo seu posicionamento no texto. Os diferentes aspectos da Fé não foram criticadas, e sim usadas com desrespeito. O pior de tudo foi Fabiana rezar após matar um homem e aparecer toda feliz na cena seguinte. Cadê a crítica? Cadê o exemplo? Cadê o contraponto? Por que Josiane teve que agir com tamanha violência? Por ser psicopata? Essa é uma explicação plausível.
Agora, o que incomoda é a impunidade e o uso de aspectos das crenças de fé das pessoas de forma irresponsável e vazia. Um assassino de aluguel frio tem seu final feliz com a mulher que diz amar numa ilha deserta, e esta mulher larga sua vida para viver ao lado dele. Entende? Todos os vilões tiveram finais felizes. Régis, que estava realmente levando a religião a sério e esforçando-se para mudar, foi brutalmente assassinado. Qual a mensagem que o autor como Walcyr Carrasco quis passar? Para mim ele quis dizer que quem lucra é quem é mau, infiel, sujo. Desrespeito com as crenças da Fé, com a polícia, com a justiça, com o cidadão de bem.
Foi uma novela péssima, com um final péssimo, triste, pessimista e constrangedor.
MARINA (Denise Dumont) – Criada pelo pai, Estevão (Carlos Zara), em regime de total liberdade, em uma ilha afastada do Rio de Janeiro. É uma moça simples, com uma cultura surpreendente para a sua idade, fruto de informações transmitidas pelo pai. Ao se mudar para o Rio, fica chocada com os costumes na nova cidade. Não sabe se comportar em ambientes finos e detesta hipocrisias, mentiras e injustiças. Adora todos os tipos de animais. Tem um carinho muito grande por Tonho (Fábio Mássimo), seu amigo na ilha, e se apaixona por Marcelo (Lauro Corona), depois que se muda para o Rio de Janeiro.
ESTEVÃO (Carlos Zara) – Escritor famoso, embora sem grande sucesso de vendagem. Com a morte da esposa, decide abandonar tudo e viver com a filha, Marina (Denise Dumont), em uma ilha afastada da cidade. A mudança foi para resguardar a menina dos comentários duvidosos sobre a morte da mãe. É um homem sofrido, mas muito inteligente, liberal e de forte personalidade. Sofre muito ao mandar sua filha estudar no Rio de Janeiro, o que o faz voltar à cidade.
TONHO (Fábio Mássimo) – Amigo de Marina (Denise Dumont) na ilha. Apaixonado pela moça, ele decide ir atrás dela no Rio de Janeiro. Acaba voltando para a ilha, pois não consegue se adaptar à cidade grande.
SÔNIA (Norma Blum) – Mulher amargurada e sofrida. Foi grande amiga de Rosa, mãe de Marina (Denise Drumont). Sente pela menina uma imensa ternura e a apoia quando ela se muda para o Rio de Janeiro. Acompanhou de perto os problemas de relacionamento entre Rosa e Estevão (Carlos Zara). É amiga de Anita (Beatriz Lira).
ANITA (Beatriz Lira) – Casada com Otávio (Antonio Patiño). Dinâmica e prática, faz tudo pelos filhos – Adriana (Tetê Pritzl), Soninha (Monique Curi) e Luís (Haroldo Blota) – e pelo marido. Discorda de Otávio em algumas situações, principalmente em relação à educação dos filhos. Ela é mais liberal que o marido. Não gosta de seu ex-cunhado, Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), por ter acompanhado o sofrimento de sua irmã, mas tem um grande carinho pelo sobrinho Marcelo (Lauro Corona). É confidente e conselheira de Sônia (Norma Blum).
OTÁVIO (Antonio Patiño) – Casado com Anita (Beatriz Lira). Homem ambicioso e conservador. Tem mania de doenças e morre de medo de sofrer um enfarto. Vive em choque com as ideias avançadas dos filhos, Adriana (Tetê Pritzl), Soninha (Monique Curi) e Luís (Haroldo Blota). É um bom pai e marido e muito amigo de Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro) e Estevão (Carlos Zara).
ADRIANA (Tetê Pritzl) – Filha de Otávio (Antonio Patiño) e Anita (Beatriz Lira) e irmã de Luís (Haroldo Blota) e Soninha (Monique Curi). É a melhor amiga de Vera (Élida L’Astorina) e perturba a vida de Marina (Denise Dumont) nos primeiros dias dela na cidade grande. Nunca está satisfeita com nada e vive criando casos com a família. É fútil e sonhadora. Sente ciúmes de Marina em relação à sua mãe.
SONINHA (Monique Curi) – Filha mais nova de Otávio (Antonio Patiño) e Anita (Beatriz Lira) e irmã de Adriana (Tetê Pritzl) e Luís (Haroldo Blota). Menina travessa, mas de ótimo coração. Torna-se muito amiga de Marina (Denise Dumont). Adora montar e, no começo da novela, ganha um cavalo de Estevão (Carlos Zara), o que a deixa muito feliz. Quer ser tornar uma campeã de equitação.
LUÍS (Haroldo Blota) – Filho de Otávio (Antonio Patiño) e Anita (Beatriz Lira) e irmão de Adriana (Tetê Pritzl) e Soninha (Monique Curi). Luís é um rapaz simpático e sem grandes ambições. Admira muito o primo Marcelo (Lauro Corona), a quem sempre acompanha, mas não tem a mesma coragem dele. Enfrenta seus próprios preconceitos e os de seus colegas ao se apaixonar por Lelena (Irís Nascimento), uma jovem negra, colega de escola.
LELENA (Irís Nascimento) – Menina negra, companheira de colégio de Adriana (Tetê Pritzl) e, mais tarde, de Marina (Denise Dumont). Devido ao preconceito que sofre, não se entrosa com as outras meninas de sua classe. Ela se apaixona por Luís (Haroldo Blota).
LEILA (Léa Garcia) – Mãe de Lelena (Irís Nascimento). Mulher forte, inteligente, combativa, uma intelectual negra. Ela é professora de história no colégio da filha.
CARLOS EDUARDO (Oswaldo Loureiro) – Pai de Marcelo (Lauro Corona). É ambicioso e faz questão de cultivar a fama de conquistador. Só que, no fundo, é um homem extremamente solitário. Só amou uma mulher na vida, mas foi rejeitado. Talvez por isso não se entregue a ninguém. Nunca foi um bom pai, mas chega a tentar reconquistar o amor do filho.
MARCELO (Lauro Corona) – Marcelo alimenta uma grande revolta contra o pai, Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), por quem foi criado sem muito carinho, mas, ainda assim, o admira e tenta imitá-lo em algumas situações. O rapaz tem uma grande mágoa: a separação dos pais. Sempre teve tudo o que quis, mas apenas no plano material. Mantém o namoro com Vera (Élida L’Astorina) só porque ela atura todas as suas maluquices. Muito carente, aproxima-se de Marina (Denise Dumont) movido por uma forte atração. O amor que sente por ela modifica sua vida, acabando com a sensação de vazio com que convivia.
DIANA (Rosana Penna) – Mulher da alta sociedade, interesseira, muita vaidosa e que faz tudo para sair nas colunas sociais. Vive do dinheiro da família e do de Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), de quem já foi namorada e se tornou amiga. É maquiavélica e não hesita ante nada para conseguir o que quer.
MARLENE (Glauce Graieb) – Secretária particular e assistente de Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), de quem é o braço direito. Ela é apaixonada por ele há anos e, por isso, sofre com os namoros do chefe. Ele só recorre a ela como um ombro amigo. Apaixona-se por Ivan (Edson Celulari), mas luta contra esse amor por achar o rapaz muito jovem para ela.
JOHN WAYNE (Élcio Romar) – Um garotão rico e cheio de vontades. O apelido, aliás, é por ser um machista convencido. É amigo de Luís (Haroldo Blota) e Marcelo (Lauro Corona), por quem sempre é influenciado.
ARMANDO (Roberto de Cleto) – Pai de Fernanda (Beth Goulart) e de Vera (Élida L’Astorina) e marido de Rita (Célia Biar). É um homem de classe que não dá muito valor às futilidades adoradas por sua esposa. Gosta muito da filha Fernanda.
RITA (Célia Biar) – Mãe de Fernanda (Beth Goulart) e Vera (Élida L’Astorina) e esposa de Armando (Roberto de Cleto). Mulher fútil da alta sociedade, que vive em festas, recepções e cabeleireiros. Dá muito valor a nome, à tradição e à família, por isso vive implicando com os namoros de sua filha.
FERNANDA (Beth Goulart) – Moça moderna e feminista. Estuda psicologia e vive na casa dos pais por comodidade. Tem conflitos com a mãe, Rita (Célia Biar), e se dá melhor com o pai, Armando (Roberto Cleto). É irmã de Vera (Élida L’Astorina). Sente-se atraída por Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), um homem mais velho, mas acaba se apaixonando pelo mecânico José (Fábio Junqueira), um jovem mais pobre que ela.
VERA (Élida L’Astorina) – Filha de Rita (Célia Biar) e Armando (Roberto de Cleto) e irmã de Fernanda (Beth Goulart). É namorada de Marcelo (Lauro Corona), mas não é apaixonada por ele. Na verdade, gosta mais do status que o namoro lhe proporciona. Vive brigando com a irmã e é extremamente influenciada pela mãe. É amiga de Adriana (Tetê Pritzl) e persegue Marina (Denise Dumont), principalmente depois de perder o namorado para ela.
ANA (Lúcia Veríssimo) – Amiga de Vera (Élida L’Astorina) e Adriana (Tetê Pritzl). Namora o instrutor de equitação Ivan (Edson Celulari), mas sua família a proíbe de ver o rapaz. Depois da ascensão social dele, volta a procurá-lo.
JOÃO (Castro Gonzaga) – Lutou muito para vencer na vida e comprou seu próprio bar, perto de sua casa. Tem grande orgulho da família – é casado com Matilde (Maria Pompeu) e pai de Ivan (Edson Celulari) e Maria (Zaira Zambelli) –, mas não se dá muito bem com o filho, por perceber que ele sempre procura as maneiras mais fáceis de ganhar dinheiro. Seu sonho é que o rapaz trabalhe com ele no bar.
MATILDE (Maria Pompeu) – Mulher de João (Castro Gonzaga) e mãe de Ivan (Edson Celulari) e Matilde (Maria Pompeu). Acata todas as vontades do marido e se orgulha de tudo o que ele já conquistou. Matilde é uma mulher muito religiosa, adora os filhos e tem a certeza de que Ivan será, no futuro, um grande campeão.
IVAN (Edson Celulari) – Rapaz simpático, tipo atlético, capaz de tudo para abandonar o mundo da pobreza e mudar de vida. O instrutor de hipismo começa a ganhar dinheiro ao ser escolhido por Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro) para montar o cavalo Campeão. Seu ponto fraco são as mulheres. Não é muito ligado à família, mas tem grande carinho pela irmã Maria (Zaira Zambelli). É filho de Matilde (Maria Pompeu) e João (Castro Gonzaga).
MARIA (Zaira Zambelli) – Irmã de Ivan (Edson Celulari) e filha de João (Castro Gonzaga) e Matilde (Maria Pompeu). Moça tímida e ligeiramente melancólica. Um acidente na infância a faz mancar um pouco. É apaixonada por um vizinho, José (Fábio Junqueira), mas acha que não o merece. Vive escutando os problemas dos outros e tentando mostrar o lado bom das coisas. Adora o irmão e sofre quando ele sai de casa. Maria é muito ativa e ajuda dona Felícia (Lourdes Mayer) na associação de bairro.
PIRULITO (Ankito) – Técnico de Ivan (Edson Celulari). Vive atrás do rapaz, tentando organizar e controlar a vida dele. É uma espécie de consciência de Ivan, que, muitas vezes, esquece o profissionalismo. Pirulito é um grande conhecedor de animais.
MÁRIO (Milton Moraes) – Marido de Donana (Suely Franco) e pai de José (Fábio Junqueira) e Gilda (Ísis Koschdosky). Começou a beber depois de uma série de desilusões. Por conta da doença, ficou desempregado e passou a viver de biscates. Tenta se recuperar e vencer o alcoolismo, procura emprego, mas sempre se desilude.
DONANA (Suely Franco) – Esposa de Mário (Milton Moraes) e mãe de José (Fábio Junqueira) e Gilda (Ísis Koschdosky). Sofre com o marido alcoólatra e desempregado, mas tem esperança de que ele se cure. São seus filhos que sustentam a casa. Donana é grande amiga de Matilde (Maria Pompeu), sua vizinha.
GILDA (Ísis Koschdoski) – Filha de Mário (Milton Moraes) e Donana (Suely Franco) e irmã de José (Fábio Junqueira). É apaixonada por Ivan (Edson Celulari) há muito tempo, mas já não tem esperanças de conquistá-lo. É a melhor amiga de Maria (Zaira Zambelli). Luta com dificuldades para ajudar no sustento da casa e manter o equilíbrio familiar. É a conselheira de José, que não aceita o comportamento do pai.
JOSÉ (Fábio Junqueira) – Rapaz honesto, tímido e trabalhador, mas que não se conforma com a vida que leva. É filho de Donana (Suely Franco) e Mário (Milton Moraes) e irmão de Gilda (Isis Kochdosky). Amigo de Ivan (Edson Celulari), é um escritor nas horas vagas. Ele faz questão de se manter informado e sonha publicar um livro. É mecânico na oficina de Aluísio (Germano Filho) e conserta o carro de Marcelo (Lauro Corona) e seus amigos. Envolve-se com Fernanda (Beth Goulart), mas tem receio de ser rejeitado pela família da moça por sua condição social.
FELÍCIA (Lourdes Mayer) – Viúva, sozinha no mundo, e vizinha de Donana (Suely Franco) e Matilde (Maria Pompeu). Dedica todo o seu tempo à Associação de Moradores do bairro. É muito prestativa, despachada, mas, às vezes, fala demais e se intromete onde não deveria.
ALUÍSIO (Germano Filho) – Dono da oficina onde José (Fábio Junqueira) trabalha. Acredita na recuperação do alcoólatra Mário (Milton Moraes) e lhe indica alguns biscates. Gosta dos fregueses da oficina, principalmente de Marcelo (Lauro Corona), a quem, algumas vezes, aconselha.
RONNIE (Luca de Castro) – Advogado muito dedicado ao trabalho. Ajuda Felícia (Lourdes Mayer) na associação do bairro e em tudo o que estiver a seu alcance. Apaixona-se por Gilda (Ísis Koschdosky). É tímido e desajeitado, além de ser muito inseguro. Não suporta trânsito e vive preocupado com a violência da cidade.
O instrutor Ivan As artimanhas do instrutor de hipismo Ivan (Edson Celulari) para abandonar a pobreza e mudar de vida seguem em paralelo à trama da protagonista Marina.
Filho de Matilde (Maria Pompeu) e João (Castro Gonzaga), donos de um bar, Ivan preocupa-se com a irmã paralítica Maria (Zaira Zambelli) e namora Gilda (Ísis Koschdosky), sua vizinha. Sua grande virada se dá quando é contratado como atleta exclusivo de Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), pai de Marcelo (Lauro Corona), para montar o cavalo Campeão. Ivan torna-se popular no bairro. Diana (Rosana Penna), uma antiga namorada de Carlos Eduardo, se apaixona por ele, que deixa Gilda para começar um novo romance. Com os contatos e a fama que conquistou, Ivan termina rompendo o contrato no Brasil e vai para a Europa, casando-se com a filha do um armador grego.
Marina (Denise Dumont) foi criada pelo pai, Estevão (Carlos Zara), numa ilha distante. Ele é um escritor conhecido do grande público e vai morar na ilha depois que sua mulher, Rosa, comete suicídio. Marina cresce em total liberdade e em contato com a natureza. A menina estuda em um colégio na ilha e dá aulas para os filhos dos pescadores. Os seus únicos amigos são Tonho (Fábio Mássimo), um jovem pescador da região, e o cachorro Fausto. Na adolescência, Marina vai morar na cidade grande para dar continuidade aos estudos. Estevão decide mandá-la para a casa dos padrinhos, Otávio (Antonio Patiño) e Anita (Beatriz Lyra), que vivem no Rio de Janeiro. Marina chega à cidade grande e tem que lidar com um universo completamente diferente do que vivia. Na casa dos padrinhos, não é bem recebida pelos filhos do casal, Adriana (Tetê Pritzl) e Luís (Haroldo Blota). Somente a filha mais nova, Soninha (Monique Curi), a trata com carinho. A melhor amiga de Marina na escola é Lelena (Íris Nascimento), uma menina negra que luta contra o preconceito racial da maioria dos seus colegas. Marina também conhece Marcelo (Lauro Corona), um rapaz mimado que sofre com a separação dos pais. Marina e Marcelo acabam se apaixonando. Mas a ex-namorada de Marcelo, Vera (Élida L’Astorina), não se conforma com o romance e vive tentando separar o casal. Sônia (Norma Blum) era uma grande amiga da mãe de Marina e se casou, tempos depois, com Estevão. Ela acompanhou de perto as dificuldades no relacionamento do escritor e da mulher. No final da história, Sônia faz uma revelação para Marina. Ela diz que se apaixonou por Estevão na mesma época que Rosa, mas decidiu viajar para a Europa com o objetivo de esquecê-lo. De volta ao Brasil, Sônia percebeu que não se desligara de Estevão. Sônia tentou se afastar de Rosa, que já enfrentava sérios problemas psicológicos, mas não conseguiu. Um dia, ela não foi se encontrar com a mãe de Marina, por achar que Rosa fingia passar mal. Rosa acabou se suicidando naquele dia. Desde então, Sônia passou a sentir-se responsável por não ter ajudado a amiga. Ela só consegue se livrar do sentimento de culpa após contar a verdade a Estevão e Marina.
CURIOSIDADES
A novela marcou a estreia dos atores Edson Celulari, Lúcia Veríssimo, Beth Goulart e Glauce Graieb na TV Globo.
'Amor de Mãe': novela repete erro de 'A Dona do Pedaço' ao incluir muitos personagens
A nova novela da Rede Globo, “Amor de Mãe”, é o primeiro trabalho de Manuela Dias no horário das 21h. A novela será a substituta do sucesso “A Dona do Pedaço” no horário nobre da emissora, visto que a trama de Walcyr Carrasco terá o seu fim no próximo dia 22 de novembro, dando espaço para a mais nova empreitada da emissora. A produção promete ser um sucesso tanto quanto sua antecessora, mas trás consigo alguns problemas desde já.
A trama marca a volta de Regina Casé para as Novelas da emissora. O último trabalho da apresentadora e atriz na emissora em novelas aconteceu em 2001, com a novela “As Filhas da Mãe”, em que ela esteve presente do começo ao fim da trama. Contudo, ela retornou em algumas outras produções para papeis menores e de menor duração, como, por exemplo, em “Ciranda de Pedra”, de 2008, e também “Cheias de Charme”, de 2012.
Erros prévios em 'Amor de Mãe'
O colunista do UOL, Flavio Ricco, fez um apontamento muito interessante com a estreia de “Amor de Mãe” se aproximando. Muito se teme pela novela repetir o erro de “A Dona do Pedaço” onde alguns grandes talentos foram desperdiçados com papeis menores, tendo sido pouco explorados.
A trama de Walcyr Carrasco reuniu um elenco de peso, mas, devido ao número de histórias acontecendo simultaneamente, atores e atrizes renomados, como Marco Nanini, Tônico Pereira e Rosamaria Murtinho não foram aproveitados pela trama.
Diante de grandes nomes que irão constar no elenco de “Amor de Mãe”, teme-se que a novela de Manuela Dias acabe caindo no mesmo erro de sua antecessora, e, ao ter personagens em demasia, acabe não tendo desenvolvimento concreto na história, o que poderá fazer com que atores e atrizes renomados acabem ficando em um plano secundário, sendo pouco aproveitados.
Isso porque foi anunciado que o elenco da novela contará com 70 atores, e que serão distribuídos em 9 núcleos diferentes.
Devido a este grande número de profissionais, é algo a se temer que a nova novela repita o mesmo erro, e tenha os mesmo problemas de “A Dona do Pedaço” no desenrolar da trama.
Além dos nomes citados que estiveram na atual novela das 21h, outro grande nome que fez parte do elenco e não foi tão bem aproveitado foi Rosi Campos, que teve pouco destaque em sua personagem, assim como Tônico Pereira e Marco Nanini, que foram seus companheiros de cena por muitas vezes.
Algumas pessoas sequer se lembram que a atriz está na trama, na pele de Dorotéia, esposa de Eusébio (Marco Nanini), e mãe de Rock (Caio Castro), Britney (Glamour Garcia) e Zé Hélio (Bruno Bevan). Os filhos de sua personagem conquistaram um pouco mais de tempo na tela, chegando até mesmo a fazer sucesso com o público, que torcia muito para que eles conseguissem seus objetivos. Agora, resta esperar para ver como a autora Manuela Dias irá desenvolver a história, com tantos personagens ao mesmo tempo.
A novela Suave Veneno, escrita por Aguinaldo Silva, uma trama que é lembrada até hoje em razão de sua vilã, Maria Regina, vivida por Letícia Spiller. A megera segue apontada como uma das mais pérfidas (e caricatas) vilãs da teledramaturgia brasileira.
Suave Veneno girava em torno de Waldomiro Cerqueira (José Wilker), um poderoso empresário, conhecido como “imperador do mármore”. Proprietário da Marmoreal, ele foi casado com Eleonor (Irene Ravache) e tem três filhas: Maria Regina (Letícia Spiller), Maria Antônia (Vanessa Lóes) e Márcia Eduarda (Luana Piovani). A primogênita é, também, sua inimiga, já que os dois destoam dos planos envolvendo a Marmoreal, e Maria Regina vive a armar para prejudicar o pai e se dar bem.
Quando Waldomiro se envolve num acidente no qual atropela Inês (Gloria Pires), uma mulher desmemoriada, se vê obrigado a cuidar dela. Assim, ele a leva para casa, o que gera um sério conflito, já que Eleonor e suas filhas não aceitam a protegida do pai. E Waldomiro e Inês realmente se envolvem, fazendo Maria Regina se enfurecer mais ainda, temendo que Inês ameace sua fortuna.
Ocorreu, mais adiante, a verdade é revelada: Inês, na verdade, fazia parte de um plano de vingança orquestrado pela advogada Clarice Ribeiro (Patrícia França), sua filha bastarda da qual ele nem sabia da existência. Quando Inês desaparece, juntamente com valiosos diamantes, Waldomiro acaba perdendo a presidência da Marmoreal para Maria Regina, enquanto Clarice é misteriosamente assassinada. Já Waldomiro acaba reencontrando Inês, agora num contexto completamente diferente: ela se chama Lavínia, uma moça humilde que vive num bairro do Rio de Janeiro, e nega que seja Inês.
Acostumado com tramas interioranas e cheias de realismo fantástico, Aguinaldo Silva se aventurou numa trama urbana com Suave Veneno. Para isso, o novelista se inspirou em Rei Lear, de William Shakespeare, peça na qual o rei da Bretanha decide dividir o reino entre suas três filhas. A ideia do autor era fazer uma trama movimentada, com muitas viradas ao longo da obra que reconfigurariam toda a história. Acontece que a trama começou muito confusa e o público acabou não compreendendo o roteiro até então.
Para salvar a novela, Aguinaldo Silva acabou fazendo algumas alterações na história. A principal mudança foi a história de Clarice.
A princípio, Clarice não morreria e sua vingança iria mais adiante, com a personagem assumindo a Marmoreal e disputando a presidência com Maria Regina. Então, optou-se pela morte da personagem, instalando o mistério sobre seu assassinato.
A vilã Maria Regina fez muito sucesso em Suave Veneno. Atirando contra tudo e todos, a malvada tratava seus desafetos com apelidos criativos, desferindo as melhores frases da novela.
E quem “surfou” no sucesso da vilã foi Maria Paula, do Casseta & Planeta, que a imitava na sátira Suado Moreno. A versão “casseta” da vilã fez tanto sucesso, que Letícia Spiller chegou a gravar uma participação no humorístico, contracenando com seu “clone”. Outros personagens de sucesso foram a fogosa e misteriosa Carlota Valdez (Betty Faria), a “maria chuteira” Marina (Deborah Secco), e o guru Uálber Cañedo (Diogo Vilela), que previa o futuro sempre acompanhado de seu amigo e assistente Edilberto (Luís Carlos Tourinho). Destaque também para o pintor Eliseu (Rodrigo Santoro), um protegido de Eleonor, que acaba se envolvendo com a filha dela, Márcia.
Com 209 capítulos, Suave Veneno foi escrita por Aguinaldo Silva com colaboração de Ângela Carneiro, Maria Helena Nascimento, Filipe Miguez, Fernando Rebello e Marília Garcia. Teve direção de Marcos Schechtman, Alexandre Avancini e Moacyr Góes, com direção-geral de Ricardo Waddington e Marcos Schechtman, e direção de núcleo de Ricardo Waddington e Daniel Filho.
Curiosidades:
Samara Felippo entrou na trama para fazer parte de um suposto triângulo com Eliseu e Márcia, acontece que a personagem não teve grande destaque na trama. Esta foi a primeira novela a ser baseada em "Rei Lear", de William Shakespeare; a segunda foi Tempos Modernos (2010), que também passou por graves problemas de roteiro.
A história do nordestino que fica rico com uma empresa de mármore é verídica. Foi uma das novelas com menor cidade cenográfica, pois a emissora optou por mais externas, para dar mais realismo à história.
Aguinaldo Silva se baseou no clássico Um Corpo que Cai, de Hitchcock para criar a história de Maria Inês, que some e depois é descoberta por Waldomiro sob novo nome, é perseguida pelo rapaz crendo ser sua falecida esposa. E a inspiração não parou por aí, o nome Carlota Valdez era original do mesmo filme e as roupas da personagem foram baseadas nas personagens dos filmes de Almodóvar. Assim como os cabelo negros e curtos de Letícia Spiller foram inspirados nas madeixas da atriz italiana Isabella Rosellini.
O programa "Conexão Internacional", foi criado por Fernando Barbosa Lima, em 1984, na extinta TV Manchete. A cada programa, uma personalidade era entrevistada por Roberto D'Ávila.
"Conexão Internacional" foi um dos melhores programas do gênero da televisão brasileira.
Dirigido por Walter Salles, o programa Conexão Internacional realizou mais de 80 entrevistas de Roberto D’Ávila com personalidades internacionais das artes e da política, como Fidel Castro, Felipe González, Ted Kennedy, Desmond Tutu, Federico Fellini, Marcello Mastroianni, Woody Allen, Catherine Deneuve, François Mitterrand, Nancy Reagan, Mick Jagger, Albert Sabin e Luciano Pavarotti.
Em um vídeo, Lúcia Leme pergunta a Gal Costa: "Que tipo de pessoa atrai Gal Costa?". A cantora responde sutilmente, e com sinceridade e doçura.
Espelho da Vida
3.8 27A novela de Elizabeth Jhin enfrentou dificuldades de audiência na faixa das 18h da televisão. E o início da trama se mostrou bastante arrastado. Agora, o enredo da autora sempre teve potencial e ganhou ritmo quando chegou quase na metade.
O mistério que envolvia o assassinato de Júlia Castelo despertava interesse e as viagens no tempo da mocinha foram uma ousadia da escritora que funcionou. As relações entre os personagens estavam muito bem entrelaçadas e todos tinham alguma ligação com o passado. As várias teorias sobre os rumos do folhetim dominaram as redes sociais e a repercussão foi imensa.
A trama foi a mais assistida da streaming enquanto esteve no ar e a terceira produção mais buscada pelo Google em 2019. Um feito e tanto. O final, então, foi repleto de adrenalina e cenas emocionantes. A produção foi um acerto. Vale destacar Vitória Strada, Alinne Moraes, Irene Ravache, Felipe Camargo, Rafael Cardoso, Clara Galinari, entre tantos outros bons nomes que deram um show.
Confira as melhores cenas dessa novela:
Margot descobre que seu filho está morto em "Espelho da Vida":
O desespero e a dor de uma mãe pôde ser sentido através da entrega de Irene Ravache. O momento em que Margot ouviu Hugo (Cadu Libonati) dizer que o filho desaparecido estava morto dilacerou o coração de quem assistiu. Que cena espetacular.
Cris confunde passado e presente em "Espelho da Vida":
Após ter sido dopada, a mocinha surtou e acabou misturando os personagens do passado de 1930 com os do presente de 2019. Vitória Strada brilhou em uma das suas cenas mais difíceis da novela de Elizabeth Jhin e a cena ainda merece elogios pela direção de Pedro Vasconcellos.
Júlia Castelo consola a mãe em "Espelho da Vida":
Triste pelo sofrimento da mãe, que se viu presa pelo marido e impedida de viver o romance com o padre Luis (Ângelo Antonio), Júlia abraçou Piedade e as duas choraram copiosamente. Show de Vitória Strada e Julia Lemmertz.
Danilo promete ao filho que jamais irá abandoná-lo em "Espelho da Vida":
Em uma regressão, Daniel sonhou com um lindo momento em que Júlia e André brincavam felizes. O rapaz só não sabia que nesse instante ele e a esposa estavam mortos. A promessa de Danilo com os olhos lacrimejados emocionou e a cena teve sensibilidade de sobra. Rafael Cardoso e Vitória Strada perfeitos.
Júlia conhece a avó e vê que é a Guardiã em "Espelho da Vida":
Sem imaginar que a misteriosa mulher que toma conta do casarão abandonado de Júlia tem importância no seu passado, Cris se choca ao ver que ela é sua avó Albertina em 1930. O impacto do encontro foi sentido pelo olhar de Vitória Strada. Suzana Faini também brilhou.
Daniel visita o túmulo de Danilo em "Espelho da Vida":
Dilacerante a cena em que o mocinho se depara com o seu antepassado. Rafael Cardoso emocionou e o choro dolorido de Daniel diante do túmulo de Danilo Breton comoveu quem assistia. Uma das melhores cenas das últimas semanas de novela.
Isabel tem pesadelo em "Espelho da Vida":
Aterrorizante a cena em que a vilã se depara com seu rosto desfigurado e se transformando em um monstro. Alinne Moraes passou todo o desespero da personagem com imenso talento e vale elogiar os primorosos efeitos especiais promovidos pela equipe de Pedro Vasconcellos.
Isabel fica presa no espelho em "Espelho da Vida":
A vilã descobriu o segredo de Cris e se chocou com a viagem no tempo. Embora tenha achado maluquice, tentou entrar no portal e conseguiu. Mas ficou presa entre as dimensões e se desesperou. Alinne Moraes deu mais um show em cena e a autora ousou com uma sequência sensacional.
Augusto morre em "Espelho da Vida":
A cena da morte do grande amor da arrogante Hildegard em 1930 comoveu do início ao fim. A despedida destacou o talento de Irene Ravache e Reginaldo Faria. A cena ainda serviu para expor com mais nitidez as razões para os sofrimentos de Margot no presente.
Isabel e Grace se perdoam em "Espelho da Vida":
Após vários embates e muitas mágoas, a vilã se desarmou pela primeira vez diante de sua mãe e as duas deram um abraço comovente. Alinne Moraes e Patricya Travassos emocionaram na surpreendente sequência escrita pela autora.
Danilo visita o filho em "Espelho da Vida":
Comovente a cena em que o espírito do mocinho visitou o filho e prometeu que voltaria para ficar com ele. Rafael Cardoso deu um banho de emoção e fez o público chorar junto com ele na triste, mas sensível sequência.
Freiras impedem que Gustavo Bruno invada convento em "Espelho da Vida":
A sequência foi de arrepiar. Madre Joana (Ana Lucia Torre) reuniu todas as freiras e conseguiu impedir a entrada do vilão com seus capangas, protegendo Danilo. A direção de Pedro Vasconcellos impressionou e o efeito de luzes com as velas ficou espetacular.
Ana vê a filha atrás do espelho em "Espelho da Vida":
Desesperada com o desaparecimento de Cris e já sabendo da viagem interdimensional da filha, Ana resolveu conferir com seus próprios olhos e se chocou quando viu a imagem de Cris através do espelho. Júlia Lemmertz e Vitória Strada emocionaram no aguardado reencontro.
Eugênio agride Júlia em "Espelho da Vida":
O intolerante patriarca esbofeteou a filha quando descobriu que a herdeira estava grávida de Danilo. A forte cena foi brilhantemente interpretada por Felipe Camargo, Vitória Strada e Júlia Lemmertz. Aliás, o trio vivenciou muitos momentos de grande impacto.
Américo tem alucinação com Júlia morta em "Espelho da Vida":
Após mais uma bebedeira, o 171 invadiu a mansão abandonada e entrou em surto. Fruto de seu cruel antepassado. A cena em que Américo se deparou com a filha morta deitada na cama impressionou e Felipe Camargo estava em seu melhor momento na carreira.
Teresa impede que a mãe seja assassinada em "Espelho da Vida":
O grito da menina quando viu Eugênio apontando uma arma para Graça provocou grande impacto. Graças ao desespero da menina que a lavadeira não foi morta pelo vilão. Clara Galinari foi uma grata surpresa da novela e essa foi uma de suas muitas ótimas cenas. Patricya Travassos e Felipe Camargo também brilharam.
André se emociona em "Espelho da Vida":
Após muita espera, o personagem finalmente se deu conta que o momento dos pais se reencontrarem na nova vida estava próximo. A emoção daquele velhinho que tinha um olhar de criança foi passada com brilhantismo por um grande Emiliano Queiroz.
Vicente ora com vários espíritos em "Espelho da Vida":
Após a dolorosa descoberta da morte do filho, Margot iniciou uma oração com a amiga Cris, mas não imaginava que junto com elas estava seu amado Vicente, além de vários amigos da outra dimensão. A cena foi de uma delicadeza impressionante.
Assassinato de Júlia Castelo em "Espelho da Vida":
O grande mistério da excelente novela das seis de Elizabeth Jhin foi exposto no último capítulo e a sequência fez valer a espera. Impactante e de tirar o fôlego a cena em que Eugênio atira para matar Danilo, mas se assusta quando a filha se joga na frente do amado e acaba levando o rito certeiro. O momento em que os corpos de Júlia e Cris se separam após a morte da jovem de 1930 foi extraordinário. Uma cena que teve a direção irretocável de Pedro Vasconcellos e uma entrega total de Felipe Camargo, Vitória Strada, Rafael Cardoso, Alinne Moraes e Júlia Lemmertz.
Eugênio chora de culpa em "Espelho da Vida":
O choro desolador do frio coronel expôs o lado humano do vilão, que não se conformou com o que acabou fazendo. Felipe Camargo soube valorizar o melhor personagem que já teve em sua carreira. Que cena forte.
Margot encontra o neto em "Espelho da Vida":
A cena mais emocionante da novela. O aguardado momento em que Margot descobre que Daniel, a reencarnação de Danilo Breton, é seu neto, fez até o mais insensível chorar. O abraço comoveu ao som de "Oração" (cantada por A Banda Mais Bonita da Cidade). Irene Ravache deu um banho de atuação e Rafael Cardoso emocionou ao lado de Letícia Persiles.
Cris e Isabel brigam em "Espelho da Vida":
O embate entre mocinha e vilão é algo tradicional na teledramaturgia e o clichê não faltou nem em trama de viagem no tempo. A cena em que Cris se cansa das ironias de Isabel e a coloca contra parece destacou o talento de Vitória Strada e Alinne Moraes.
Dora cobra Eugênio em "Espelho da Vida":
A ambiciosa vilã se indignou quando soube pela mãe que era filha do milionário Eugênio e fez questão de cobrar o abandono do pai. O desabafo recheado de ódio da personagem foi defendido com uma atuação irretocável de Alinne Moraes. Deu para sentir todo o rancor de Dora.
Gentil se declara a Américo em "Espelho da Vida":
Apaixonada platonicamente pelo 171, a irmã de Margot se declara para seu amor. Mas Américo finge que está dormindo e ouve tudo. A cena foi muito bem interpretada pela sempre genial Ana Lucia Torre.
Isabel incendeia o casarão em "Espelho da Vida":
O surto da vilã provocou o fechamento do ciclo da novela. A mansão abandonada de Júlia Castelo, que tinha o portal para outra dimensão, acabou incendiado por Isabel e o efeito foi de tirar o fôlego. Mais um show de Alinne Moraes e da direção.
Isabel, Grace e Priscila se abraçam em "Espelho da Vida":
Já presa, a vilã recebe a visita da filha e da mãe, demonstrando arrependimento. As três refletem sobre os erros cometidos e o futuro. Uma cena delicada protagonizada por Alinne Moraes, Patricya Travassos e Clara Galinari.
Américo salva Cris em "Espelho da Vida":
O controverso personagem, sem imaginar o que aconteceu em sua outra vida, consegue impedir que a tragédia se repita durante uma cena do filme sobre Júlia Castelo. Como Isabel troca a bala de festim da cena por uma de verdade, Cris seria novamente assassinada, mas o pai a salva em uma cena tão dilacerante quanto a de 1930. Américo não resiste, mas quebra um ciclo macabro de várias encarnações. Felipe Camargo, Vitória Strada e Rafael Cardoso brilharam novamente.
Margot morre em "Espelho da Vida":
Após encontrar a paz com seu neto, a personagem desencarna e seu filho Pedro, vivido Erom Cordeiro, é quem a leva para outra dimensão. A cena teve toda a delicadeza necessária e Irene Ravache protagonizou outra linda sequência.
Alain e Cris têm acerto de contas em "Espelho da Vida":
Depois de muito negar sobre a existência de vidas passadas, Alain finalmente acredita e tem uma conversa definitiva com Cris. Os dois se emocionam e se perdoam por tudo. João Vicente de Castro e Vitória Strada convenceram.
André agradece a fidelidade de Bendita em "Espelho da Vida":
Mesmo sabendo que está falando com a famosa atriz Débora Martins, o querido senhor agradece toda a ajuda que Bendita deu a Júlia e Danilo em outra vida. A mulher não entende muito bem, mas se emociona com a mensagem e os dois se abraçam. Lindo momento de Luciana Malcher e Emiliano Queiroz.
André morre em "Espelho da Vida":
Concluída sua missão de juntar os pais novamente, o personagem se despede feliz e se emociona com Vicente e Albertina, que chegam para lhe buscar. Emiliano Queiroz, Reginaldo Faria, Suzana Faini, Vitória Strada e Rafael Cardoso emocionaram.
Final de "Espelho da Vida":
Um final tocante, sensível e lindamente escrito por Elizabeth Jhin. A autora fechou o ciclo de sua linda novela da melhor forma possível com uma mensagem emocionante e o filme de Júlia Castelo devidamente realizado.
Juntos a Magia Acontece
4.2 5Brasil ainda é RACISTA, infelizmente.
Essa fila é pra candidato a Papai Noel."
"Eu sei..."
"O senhor não se encaixa no nosso perfil."
"Papai Noel preto???"
"Teve até presidente dos Estados Unidos..."
"Presidente até vai, mas Papai Noel...."
" Vc sabe que a imagem de Jesus não é loirinho de olho azul, né??? Agora vai mudar a imagem pra tu ver o que acontece..."
Te digo com plena convicção que a televisão, nesta década, acertou em cheio com alguns especiais de fim de ano, como por exemplo:
- "Papai Noel Existe" (2010) - não confundir com o especial de 2006 que também utiliza esse título;
- "O Natal Perfeito" (2018);
- "Juntos A Magia Acontece" (2019).
O diferencial de especiais como esses está na história de personagens que, mesmo com a realidade nua e crua que os cerca, possuem cada um iniciativa para trazer o clima natalino à tona, no melhor sentido da palavra.
Juntos a Magia Acontece
4.2 5Em um passado tão distante, a Globo promovia uma leva de especiais de Natal maravilhosos e vários deles acabavam virando série fixa no ano seguinte. Funcionava também como uma experimentação. Infelizmente, a emissora não faz mais isso já há um certo tempo em virtude da contenção de despesas. Alguns poucos especiais ainda resistem.
Ano passado foi exibido o lindo "O Natal Perfeito", escrito por Priscilla Steinman. E em 2019 foi ao ar "Juntos a Magia Acontece".
Escrita por Cleissa Regina Martins, a trama tem uma mensagem simples e eficiente sobre a magia do Natal e ainda expõe a questão da representatividade negra, com um elenco composto por atores negros em sua grande maioria.
A primeira cena da felicidade de Orlando (Milton Gonçalves) e Neuza (Zezé Motta) comoveu, enquanto a morte da matriarca da família sensibilizou logo na sequência seguinte. E nem foi necessária a imagem do falecimento.
Ao longo do enredo, o público se envolve com a iniciativa da neta de Orlando, a carismática Letícia (Gabriely Mota)
, que resolve provar para todos seus amigos que Papai Noel existe e acaba envolvendo sua família
A mãe Vera (Camila Pitanga), o pai Jorge (Luciano Quirino), o tio André (Fabrício Boliveira) e, claro, o avô, se motivam com o otimismo daquela criança e ganham um sopro de esperança,
após muita tristeza com o falecimento de Neuza
A cena final
, com Orlando chegando vestido de Papai Noel em uma caravana de caminhões,
Vale citar também a importância de alguns diálogos criticando o racismo entranhado na sociedade, como o estranhamento da existência de um "bom velhinho" negro e a aceitação de um Jesus loiro de olhos azuis. Além dos ótimos atores citados, ainda merecem menção o talentoso elenco infantil e as luxuosas participações de Tony Tornado, Aracy Balabanian, Francisco Cuoco e Zezé Polessa.
"Juntos a Magia Acontece" teve esse título por conta de uma ousada ação comercial da Globo com a Coca-Cola. É a primeira vez que algo do tipo acontece. A união de teledramaturgia com ação publicitária que interfere diretamente no nome da trama. E valeu a pena.
Orgulho & Paixão
4.0 27Encantadora do início ao fim, "Orgulho e Paixão" foi a melhor novela de 2018
A primeira novela de Marcos Berstein como autor apresentou diversos problemas. "Além do Horizonte", exibida em 2013 na faixa das sete, foi um folhetim ousado e sofreu várias mudanças em virtude da baixa audiência ---- conseguindo ficar atrativa da metade para o final. O escritor desenvolvia a trama em parceria com Carlos Gregório e já havia trabalhado com João Emanuel Carneiro no roteiro do aclamado filme "Central do Brasil" (1998) e na ótima série "A Cura" (2010). Chegou a ser também colaborador de Lícia Manzo na primorosa "A Vida da Gente" (2011). Após as experiências citadas, Marcos recebeu a missão de escrever um enredo como autor principal na Globo. Assim nasceu a deliciosa "Orgulho e Paixão", que, depois de 161 capítulos, chegou ao fim no dia 24/09/18, fechando seu ciclo com um capítulo belíssimo.
A estreia do autor em um trabalho solo não poderia ter sido melhor. Berstein foi muito inteligente em adaptar vários romances de sucesso da escritora inglesa Jane Austen em uma só novela, aproveitando todo o potencial que livros como "Razão e Sensibilidade (1811), "Orgulho e Preconceito" (1813), "Mansfield Park" (1814), "Emma (1815), "A Abadia de Northanger (1818) e "Lady Susan" (1871) poderiam render. E como renderam bem. Ele inseriu vários personagens marcantes da autora em sua criação e conseguiu mesclá-los com outros novos perfis através um enredo bem construído e desenvolvido com habilidade, cuja maior qualidade foi o ritmo ágil. O telespectador não podia se dar ao luxo de perder um ou dois capítulos na semana.
A trama esteve recheada de personagens carismáticos e casais apaixonantes. Aliás, nunca antes um folhetim conseguiu apresentar tantos romances encantadores juntos. Não faltou par para "shippar" e Berstein fez questão de destacar cada um através ciclos que se abriam e fechavam dentro do enredo. Tanto que foram vários casamentos realizados bem antes das últimas semanas de novela. E, quase sempre, quando há casório na ficção antes do final é porque haverá alguma desgraça ao longo dos meses. Não foi o caso da trama das seis.
As cerimônias muitas vezes serviam como um elemento vital para o prosseguimento do conflito dos pares, vide o caso de Cecília (Anaju Dorigon) e Rômulo (Marcos Pitombo), que precisaram enfrentar as maldades de Tibúrcio (Oscar Magrini) e Josephine (Christine Fernandes) na Mansão do Parque. Jane (Pâmela Tomé) e Camilo (Maurício Destri) são outros bons exemplos, pois o casal encarou as dificuldades financeiras em virtude da retaliação da então amarga Julieta (Gabriela Duarte).
A história teve leveza, comédia e dramaticidade bem equilibradas, explorando com astúcia todas essas características e proporcionando para o telespectador uma sucessão de atrativos acontecimentos ao longo de seis meses. Os mocinhos Darcy Williamson (Thiago Lacerda) e Elisabeta Benedito (Nathalia Dill) tiveram uma boa química e passaram por várias provações, fazendo jus ao bom dramalhão. Mas eram perfis inteligentes e ativos. Nunca recuaram diante dos vilões e as separações do casal não duravam muito tempo justamente por causa da rápida descoberta das armações de seus algozes. A constante movimentação do enredo, inclusive, proporcionou um rodízio de vilanias. Inicialmente, Susana (Alessandra Negrini) e sua fiel escudeira Petúlia (Grace Gianoukas) eram as responsáveis pelas maldades (várias delas cômicas) e depois cederam lugar para o intransigente Lorde Williamson (Tarcísio Meira em uma luxuosa participação, que infelizmente precisou ser interrompida por uma infecção pulmonar do ator).
A chegada da poderosa Lady Margareth (Natália do Vale em um de seus melhores momentos) resultou em uma das maiores viradas da novela e a perua inglesa que odiava o Brasil logo virou a grande vilã da história, praticando maldades em quase todos os núcleos. Era uma víbora bem maniqueísta daquelas que o público ama odiar. Movimentou o roteiro até o fim, destacando o talento da veterana que não era valorizada assim há muito tempo. A tia de Darcy ainda virou uma espécie de 'capitã' dos vilões, o que acabou beneficiando outros perfis sem escrúpulos como Xavier (Ricardo Tozzi), Uirapuru (Bruno Gissoni) e a já citada Josephine. A sogra de Cecília, por sinal, fez da vida da nora um inferno e ainda tentou prejudicar o romance de Brandão (Malvino Salvador) e Mariana (Chandelly Braz). Christine também recebeu o devido valor do escritor e pela primeira vez viveu um perfil de importância nas novelas da Globo. Os maus eram tão bem construídos quanto os bons, embora maniqueístas (o que não é demérito algum).
Todavia, houve espaço também para personagens complexos. Julieta Bittencourt foi o melhor papel da carreira de Gabriela Duarte, conseguindo "empatar" com a mimada Maria Eduarda, de "Por Amor" (1997). A Rainha do Café parecia uma víbora no início do enredo, mas aos poucos o público foi conhecendo o lado humano e o passado sofrido da poderosa mulher que se defendia com um tom arrogante e autoritário. Seus conflitos com Camilo resultavam sempre em grandes cenas e a descoberta do amor --- através da relação com Aurélio --- serviu como um desarme, após longos anos vivendo um luto pela sua própria dor, física e emocional. A química da atriz com Marcelo Faria foi imediata e o casal fez um merecido sucesso. O romance marcou a virada da personagem, que resolveu reconstruir sua vida e suas relações. Gabriela se entregou por completo e merece indicações como Melhor Atriz Coadjuvante nas futuras premiações. Vale citar, ainda, Fani (Thammy Di Calafiori), cujas atitudes frias eram justificadas pelo passado doloroso em virtude de uma traumática separação familiar e amorosa ---- foi ''doada" pela mãe e separada de Edmundo (Nando Rodrigues) pelo preconceituoso patrão Tibúrcio, além de ter sido manipulada por Josephine.
Os romances açucarados rechearam a história com cenas sensíveis e até lúdicas. Como já mencionado, foram muitos pares apaixonantes e todos com bom destaque. O par Ema (Agatha Moreira) e Ernesto (Rodrigo Simas) foi um dos melhores e o relacionamento improvável deu tão certo que o autor aumentou significativamente a importância dos personagens, que passaram a dividir o protagonismo com a família Benedito. A química entre os atores foi imensa e o jogo de gato e rato entre a Baronesinha e o Carcamano divertiu. Berstein ainda tinha uma carta na manga que só usaria depois da metade de seu folhetim: o amor de Luccino (Juliano Laham) e Otávio (Pedro Henrique Muller). A homossexualidade foi tratada com toda delicadeza possível e a construção daquele envolvimento se mostrou um dos muitos êxitos da produção. A sintonia ficou evidente, os atores emocionaram e ainda houve a quebra de um tabu da faixa das seis, que nunca havia exibido um beijo entre iguais em 47 anos. O par se juntou aos vários bem conduzidos pelo escritor.
Vale mencionar, inclusive, a habilidade que o criador do enredo teve para abordar questões atuais em uma novela de época. Mesmo ambientada em 1910, "Orgulho e Paixão" conseguiu explorar o empoderamento feminino, o machismo, a homossexualidade, a violência contra a mulher e outros assuntos importantes de forma muito mais competente que vários folhetins atuais, como "Segundo Sol", por exemplo. Vide a impactante cena em que Mariana teve seus cabelos cortados à força por Xavier, o forte momento da intolerância de Gaetano (Jairo Mattos) diante da condição sexual de Luccino e a dilacerante sequência da revelação dos constantes estupros sofridos por Julieta. Cenas de forte apelo dramático e reflexivo. A licença poética em torno dos vários casais que transaram antes de casar ou em cima da aceitação aparentemente rápida a respeito de Luccino acabou sendo bastante válida e não atrapalhou em nada a condução do enredo. Pelo contrário, se mostrou útil para a abordagem de temas pertinentes.
A valorização do bem escalado elenco foi outro ponto alto, assim como a trilha sonora de qualidade com músicas escolhidas para cada casal ou personagem, fugindo da falta de personalidade que vem acometendo vários outros folhetins. Fred Mayrink fez uma ótima direção e foi muito feliz nessa preocupação em torno da escolha de uma canção para cada romance. Nathalia Dill, Thiago Lacerda, Anaju Dorigon, Vera Holtz ( hilária na pele da espalhafatosa Ofélia), Tatu Gabus Mendes (Felisberto), Gabriela Duarte, Christine Fernandes, Natália do Vale, Marcos Pitombo, Maurício Destri, Pâmela Tomé, Chandelly Braz (em seu melhor momento), Agatha Moreira, Rodrigo Simas, Marcelo Faria, Grace Gianoukas e Alessandra Negrini formando uma dupla perfeita, Rosane Gofman (Nicoleta), Thammy Di Calafiori, Vânia de Brito (Dona Agatha), Bruna Griphao (Lidia), Isabella Santoni (Charlotte), Joaquim Lopes (Olegário), Laila Zaid (Ludmila), Silvio Guindane (Januário) e Ary Fontoura ---- impagável vivendo o rabugento Barão de Ouro Verde (que em virtude do sucesso acabou tendo sua morte, prevista para o segundo mês de novela, adiada para a última semana) ----- foram alguns dos muitos destaques da produção.
Outra qualidade foi a coragem da exibição de vários pequenos musicais dentro do enredo, sem prejudicar a narrativa. A ideia do autor começou timidamente através de Lídia e Randolfo (que só conseguia se livrar da gagueira cantando), mas acabou estendida a todos os núcleos, aproveitando a maioria dos personagens, sempre em função do casal atrapalhado. Os números remeteram aos clássicos da Disney e o clima de conto de fadas que sempre predominou no folhetim ficava ainda mais evidente durante esses momentos. Deu gosto de ver as performances dos atores e as coreografias, tão bem ensaiadas, em cenas que homenageavam a infância do telespectador. A própria abertura da novela, com belíssimas animações ao som de "Doce Companhia", cantada pela talentosa Lucy Alves, já caracterizava bem a trama ---- assim como os caprichados congelamentos no fim de cada capítulo.
Porém, nem tudo deu certo, como é normal em qualquer folhetim. O núcleo protagonizado por Jorge (Murilo Rosa) e Amélia (Letícia Persiles) ficou avulso em virtude do sucesso do casal "Erma". O intuito era colocar Jorge como par de Ema, assim como no livro de Jane Austen, mas o improvável funcionou infinitamente melhor e o advogado perdeu a função. Tanto que Amélia morreria logo no início para o romance do personagem seguir com a filha de Aurélio. O autor decidiu deixá-la viva para fazer companhia a Jorge, mas eles não tiveram enredo. A apreensão por causa da doença dela não era o bastante para despertar interesse. Junto com eles, inclusive, Mariko (Jaqueline Sato) também acabou deslocada, assim como Tenória (Priscila Marinho) e Estilingue (JP Rufino vivendo mais um tipo igual aos últimos que interpretou) ---- ao menos o enredo da empregada ser filha do Barão de Ouro Verde acabou deslanchando na reta final. Outro erro foi a escalação de Ricardo Tozzi para viver Xavier. O ator é fraco e não convenceu na pele do vilão, embora o perfil tenha sido interessante e movimentado o roteiro. Mas foram erros muito pequenos e não atrapalharam em nada o conjunto harmonioso da produção.
A reta final da história foi empolgante e emocionante, honrando a qualidade da novela. O lindo musical do casamento de Lidia e Randolfo se mostrou um primor, enquanto a morte do Barão resultou na sequência mais delicada e linda de "Orgulho e Paixão" , fechando a participação de Ary Fontoura com brilhantismo. Impossível não ter chorado. O penúltimo capítulo se mostrou eletrizante, sendo necessário destacar a queda de Josephine no penhasco, após ter sido vítima de sua própria armadilha e a sequência de tirar o fôlego em torno da bomba colocada no trem por Xavier, resultando em um desespero geral dos personagens que viajavam para a inauguração da ferrovia construída por Darcy. Parecia um filme do "007", sem exagero. A briga entre Brandão e Xavier em cima do vagão e as atitudes dignas de uma super heroína de Elisabeta (que jogou a bomba para fora do trem e ainda ajudou a freá-lo com Ernesto e Darcy) foram de tirar o fôlego. Aquela típica ação que faz parte dos momentos decisivos de qualquer bom roteiro.
O último capítulo foi um verdadeiro espetáculo de poesia, fantasia e muito amor.
Após seus planos fracassarem, Lady Margareth se matou e Natália do Vale fechou sua participação brilhantemente. Petúlia ter virado a "madama" e Susana a sua empregada foi uma sacada de mestre, assim como Uirapuru ter ficado impotente e Tibúrcio enlouquecido em sua mansão. A passagem de tempo de cinco anos serviu para apresentar as novas famílias formadas e a ironia de todas as irmãs Benedito terem apenas filhos homens foi genial, assim como Luccino e Otávio morarem em casas vizinhas que se ligam com uma porta no corredor. O livro de Elisabeta recebeu o título da novela e a narração final da mocinha emocionou com um texto belíssimo de Berstein. A chuva de tinta que caiu sobre o Vale do Café, em mais uma armação fracassada de Susana e Petúlia, coroou o desfecho com o toque lúdico que o enredo sempre carregou. Todos felizes e coloridos.
"No Vale do Café, as coisas não são exatamente como as pessoas acham que seja. Temos homens e mulheres de hábitos retrógrados e imutáveis que apenas pensam em manter as coisas que aprenderam dos seus pais. Mas aqui também temos homens maravilhosos que tratam mulheres como iguais. Também temos jornalistas, médicas, enfermeiras, lavadeiras. Até uma Rainha do Café. Talvez seja apenas um mundo de sonhos, de cores fortes como essas que caíram do céu naquele dia. Talvez só exista na cabeça dos desejosos de amor pleno e generoso. Mas se um dia uma pessoa não tivessem sonhado com aquilo que hoje chamamos de casa, um lar para viver, talvez ainda estivéssemos todos nas cavernas e não teríamos um lugar para chamar de lar. E hoje temos, eu tenho. O meu lar se chama Vale do Café. O nosso lar dos sonhos."
"Orgulho e Paixão" foi uma trama despretensiosa, leve, inteligente e desenvolvida com maestria por uma equipe que transpareceu o amor que sentiu pela produção. Um sucesso de público e crítica. Marcos Berstein escreveu simplesmente a melhor novela de 2018 e soube apresentar uma história perfeita para a faixa das 18h. A média geral foi de 22 pontos --- um ótimo índice, levando ainda em consideração o Horário Eleitoral na reta final --- e merecia muito mais. Tudo o que se espera de um folhetim desse horário foi apresentado com extremo capricho pelo autor, que criou vários personagens encantadores e romances açucarados cativantes. A saudade já se faz presente e essa deliciosa história ficará na memória do público. Jane Austen com certeza estaria feliz.
Orgulho & Paixão
4.0 27Mesmo ambientada em 1910, "Orgulho e Paixão" consegue abordar temas atuais com habilidade
O popular "merchandising social" pode ser um problema para qualquer trama. O risco de soar gratuito é considerável e o caso da equivocada "Malhação - Vidas Brasileiras" é um bom exemplo. Abordar questões atuais em uma novela de época, então, é ainda mais complicado. Mas, Marcos Berstein vem conseguindo explorar várias situações com maestria em "Orgulho e Paixão".
Elogiar a ótima novela das seis da Globo virou uma constante e o capítulo no dia 14/08/2018 conseguiu surpreender o público com duas abordagens importantes. A primeira foi a violência contra a mulher, sofrida por Mariana (Chandelly Braz), que se viu sequestrada pelo asqueroso Xavier (Ricardo Tozzi). Após ter se livrado do disfarce de Mário e mostrado para todos os corredores que eles perderam a corrida de moto para uma mulher, a filha de Ofélia (Vera Holtz) quebrou um paradigma em 1910 e provocou a ira do inimigo de Brandão (Malvino Salvador).
Para se vingar, o personagem seguiu ordens de Lady Margareth (Natália do Vale) e prendeu a moça em um cativeiro para cortar os seus cabelos. A cena foi forte e Chandelly protagonizou a sua melhor sequência na trama, emocionando do início ao fim. A atriz expôs o desespero e a dor daquela corajosa mulher que se viu impotente diante da covardia de um homem.
Seu choro foi desolador. Ao final do capítulo, ainda exibiram um aviso sobre a necessidade de denunciar uma agressão ---- mesmo alerta exposto em na tosca novela "O Outro Lado do Paraíso" do Walcyr Carrasco. Porém, não foi o único tema importante exposto de forma competente.
O momento em que Luccino (Juliano Laham) revelou ao irmão Ernesto (Rodrigo Simas) que gostava de homens foi marcado pela delicadeza. O choque inicial do noivo de Ema (Agatha Moreira) logo cedeu espaço para a compreensão, resultando em um sensível diálogo e um bonito abraço. Os atores emocionaram e os olhares complementaram muito bem o texto. Rodrigo sempre esteve bem na novela e é um dos destaques do elenco, mas Juliano começou muito mal e melhorou sua atuação ao longo dos meses. O autor acertou quando inseriu a homossexualidade no personagem, visto até então apenas como um rapaz tímido. Sua relação com o Capitão Otávio (Pedro Henrique Muller) também merece menção e vem sendo conduzida com sensibilidade.
E a cena em que Ema consolou Mariana, exibida no capítulo desta quarta (15/08), valorizou a sintonia de Agatha Moreira e Chandelly Braz. Ainda teve um texto bem escrito do autor valorizando as mulheres através da frase da noiva de Ernesto: "É hora de fazer o que uma mulher faz de melhor: secar as lágrimas e resolver os problemas, por piores que sejam". Mais um momento delicado da novela. Aliás, o fato de ser ambientada em 1910 pode até deixar alguns contextos ''exagerados'', afinal, na época não existia empoderamento feminino e muito menos compreensão com romance gay. Todavia, é uma licença poética bastante válida e em nada atrapalha o andamento do roteiro, muito pelo contrário. Até porque o dinamismo do folhetim é observado justamente por causa de certos 'avanços'. Haveria um evidente marasmo se Elisabeta (Nathalia Dill) e Darcy (Thiago Lacerda), por exemplo, demorassem uma eternidade para trocar um simples beijo. Ou se Ema e Ernesto adiassem qualquer tipo de carinho mais ''quente" até o casamento. Há, inclusive, um equilíbrio entre os personagens ''moderninhos'' e os "adequados para o século XIX".
"Orgulho e Paixão" consegue surpreender a cada novo acontecimento e ainda vem abordando temas importantes contemporâneos com todo cuidado necessário. A dramática cena envolvendo Mariana e o apoio de Ernesto a Luccino são apenas algumas provas disso.
Orgulho & Paixão
4.0 27"Orgulho e Paixão" surpreende com adorável musical
A qualidade da novela das seis da Globo pode ser observada em qualquer capítulo. É fato que "Orgulho e Paixão" é o melhor folhetim no ar e Marcos Berstein faz por merecer tal honraria. O autor não tem poupado conflito e ainda tem conseguido criar cenas que fogem do comum, como momentos clipados. A longa sequência envolvendo todo o elenco da trama, exibida nesta quarta-feira (25/07/2018), arrepiou quem assistiu e provocou um clima lúdico simplesmente encantador.
O escritor já havia explorado um musical mais curto no triângulo envolvendo Lídia (Bruna Griphao), Randolfo (Miguel Rômulo) e Otávio (Pedro Henrique Muller) no início da trama e deu tão certo que uma proposta mais ousada foi elaborada, funcionando tão bem quanto. Desta vez, no entanto, tudo não passou de um sonho de Randolfo, pois praticamente todos os personagens participaram, o que resultou em uma cena de quase oito minutos.
E que delícia de cena. Atormentado pela fala de Lídia sobre o nervosismo que sente com sua gagueira e que só seriam felizes num mundo onde todos só cantassem, Randolfo acabou cochilando. A partir de então, a opereta se iniciou e passeou por todos os núcleos.
Elisabeta (Nathalia Dill), Darcy (Thiago Lacerda), Ofélia (Vera Holtz), Felisberto (Tato Gabus Mendes), Mariana (Chandelly Braz) e Brandão (Malvino Salvador) cantaram e protagonizaram rápidos diálogos com o soldado, enquanto Lídia também soltava sua voz.
Até valsa teve com os casais Rômulo (Marcos Pitombo)/Cecília (Anaju Dorigon) e Fani (Thammy Di Calafiori)/Edmundo (Nando Rodrigues), enquanto a participação de Julieta (Gabriela Duarte) surpreendeu em um solo. Detalhe que o ritmo mudava a cada momento e parodiava vários clássicos, como "Fígaro Fígaro Fígaro", de Luciano Pavarotti, por exemplo. Ema (Agatha Moreira), Ernesto (Rodrigo Simas), Camilo (Maurício Destri), Jane (Pâmela Tomé), Aurélio (Marcelo Faria) e Petúlia (Grace Gianoukas) foram outros ilustres participantes.
O momento mais hilário foi Barão dançando e sentindo dores nas costas, evidenciando o show de Ary Fontoura. Isso em meio a uma apresentação de todos valsando com seus respectivos pares românticos do enredo. Impossível não ter lembrado dos clássicos "Cinderela", "A Bela e a Fera" ou qualquer outro musical emblemático da Disney. A referência ficou clara e conseguiu deixar o conjunto desse folhetim ainda melhor. Vale citar ainda o sapateado de Joaquim Lopes e JP Rufino perto do final, marcando a presença de Olegário e Estilingue.
"Orgulho e Paixão" não cansa de surpreender o público e esse musical apaixonante já entrou na lista das melhores cenas da novela. Um instante de puro conto de fadas que pausou um pouco os vários acontecimentos da novela, cujas reviravoltas seguem a todo vapor.
A melhor novela de 2018 com louvor. Marcos Berstein estreou como autor solo com o pé direito, após um trabalho criticado em parceria com Carlos Gregório, quando escreveu a ousada "Além do Horizonte", em 2013. A novela das seis, baseada em vários livros de sucesso da escritora Jane Austen, foi irretocável. Foram vários casais apaixonantes, um elenco muito bem escalado, personagens construídos com excelência e uma trilha sonora de qualidade. A trama ainda abordou temas importantes, como violência contra a mulher, racismo e homossexualidade, mesmo ambientada em 1910. Vale citar também os lindos musicais e o destaque de vários atores, como Gabriela Duarte, Ary Fontoura, Agatha Moreira, Rodrigo Simas, Nathalia Dill, Alessandra Negrini, Natália do Vale, entre tantos mais. O colorido Vale do Café deixou muita saudade.
Orgulho & Paixão
4.0 27Por que "Orgulho e Paixão" foi ignorada no "Melhores do Ano (exclusivamente Globo)" e na "APCA" em 2018?
Escolhas são sempre muito subjetivas. Afinal, cada um tem sua opinião e gosto pessoal. Por isso mesmo, as premiações sempre rendem polêmicas e injustiças. Dificilmente alguma sai ilesa de reclamações. Tanto que muitas vezes críticos discordam uns dos outros e até da opinião do público. Ainda sim, independente da análise de cada um, é fato que "Orgulho e Paixão" foi uma novela bastante injustiçada em várias premiações deste final de ano, principalmente no "Melhores do Ano" e na "APCA".
E o grave problema nem foi perder em várias categorias, afinal, isso acaba fazendo parte, concorde-se ou não. Mas, sim, ter sido completamente ignorada. O caso mais gritante foi o "Melhores do Ano", do "Domingão do Faustão". Já conhecido por premiar apenas produtos e atores da Globo (o que é diferente do justo Troféu Imprensa do SBT), o evento simplesmente considerou que a trama de Marcos Berstein, baseada em vários sucessos da escritora inglesa Jane Austen, não existiu em 2018. Se o enredo tivesse fracassado em audiência ou repercussão, até daria para entender. Agora o folhetim foi um sucesso de público e crítica.
Infelizmente, de uns anos para cá, o esquecimento das novelas das seis e das sete virou uma espécie de ''padrão" da premiação criada em 1995. Ainda assim, havia uma 'tentativa de disfarce', como por exemplo a indicação de um ator ou atriz em apenas uma ou duas categorias. Eram indicações quase sempre sem chances de vitória, agora, ao menos, a trama era lembrada.
Foi o caso da também injustiçada "Novo Mundo" em 2017. A primorosa trama de Alessandro Marson e Thereza Falcão foi representada por Guilherme Piva na categoria Ator Coadjuvante e Letícia Colin como Melhor Atriz, além de ausências sentidas, como Caio Castro em Melhor Ator e Vivianne Pasmanter Melhor Atriz Coadjuvante.
Já com "Orgulho e Paixão" nem houve essa preocupação. Ela não foi indicada em categoria alguma. Como o trabalho irretocável de Gabriela Duarte, na pele da complexa Julieta Bitencourt, a Rainha do Café, não foi lembrado em Atriz Coadjuvante?
Ela viveu um de seus maiores momentos na carreira e emocionou do início ao fim. Pedro Henrique Muller se destacou na pele do sensível Capitão Otávio e jamais poderia ter sido esquecido em Ator Revelação. Agatha Moreira (perfeita como Ema), Rodrigo Simas (ótimo como Ernesto), Natália do Vale (genial como Lady Margareth) e Ary Fontoura (cativante como Barão de Ouro Verde) também mereciam lembrança. Isso apenas citando alguns nomes.
Após esse festival de "esquecimentos", esperava-se que a APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) pelos menos repararia essa injustiça, nem que fosse em apenas uma categoria. Afinal, a premiação não conta com a votação popular e se baseia na escolha de vários nomes que entendem de televisão. Mas, surpreendentemente não aconteceu. A novela das seis também foi ignorada em absolutamente todas as categorias. E a mais absurda delas foi a de Melhor Dramaturgia.
Foram selecionadas "Assédio" (série da streaming), "O Tempo Não Para" (novela das sete da Globo), "Onde Nascem os Fortes" (trama das 23h da Globo), "Sob Pressão" (série da O2 Filmes) e "O Negócio" (série da HBO). Com todo respeito aos votantes, "Orgulho e Paixão" foi a melhor novela do ano com vantagem. "Onde Nascem os Fortes" foi uma ótima macro série, agora teve uma barriga incômoda ao longo dos meses, e "O Tempo Não Para" é uma novela agradável, mesmo com visíveis problemas de desenvolvimento.
A trama das seis foi impecável. Ágil, repleta de viradas a cada semana e com vários casais apaixonantes, além de ousados musicais e um elenco talentoso, a história conquistou do primeiro ao último capítulo. No lugar de, pelo menos, uma dessas produções citadas deveria estar. Se não houve espaço para atores e atrizes (realmente os selecionados foram muito bons), nessa categoria era obrigação.
"Orgulho e Paixão", independente do gosto de cada um, foi uma novela muito bem escrita e desenvolvida. O conjunto se mostrou harmonioso, a trilha sonora de bom gosto foi selecionada com a preocupação para cada romance ou personagem, os personagens eram ricos, e praticamente todos os atores tiveram chance de destaque em algum momento do enredo. Os vários elogios que a produção recebeu fizeram jus ao que foi apresentado e a trama deixou saudades. É lamentável que essas duas premiações tenham ignorado tudo isso.
Onde Nascem os Fortes
3.9 38Antes com remakes, após produções “O Rebu, Amores Roubados, A Teia, Dupla Identidade, A Cura, etc.” as teleseries tem investido apostado em dramaturgia originais, com menos “cara” de telenovela.
Envolvendo muito amor, sexo, nudez, traição e mistérios “Onde Nascem Os Fortes” já mostrou inúmeras cenas quentes , deixando os espectadores de boca aberta. Diante disso, confira dez cenas sensuais do folhetim no link:
gente.ig.com.br/sexo-tv/2018-06-25/cenas-quentes-onde-nascem-os-fortes.html
Confira no site as cinco performances que temos que ficar de olho na macro série:
gente.ig.com.br/tvenovela/2018-04-22/onde-nascem-os-fortes-performances.html
Onde Nascem os Fortes
3.9 38"Onde Nascem os Fortes" tem tudo para honrar a faixa das onze...
"Amar, odiar, perdoar. Até onde vai a sua força?". A pergunta sempre presente nas chamadas de "Onde Nascem os Fortes" já deixava clara a intenção da nova trama das onze da televisão do Brasil: provocar o público através de uma premissa irresistível. Afinal, o ser humano é repleto de camadas muitas vezes difíceis de decifrar, principalmente diante de adversidades. A história que começa a ser contada explora a saga da corajosa Maria (Alice Wegmann), que não mede esforços para encontrar seu irmão gêmeo, o provocador Nonato (Marco Pigossi). E o primeiro capítulo conseguiu apresentar essa intenção com louvor.
George Moura e Sérgio Goldenberg são autores que já viraram "experts" na faixa das 23h. Responsáveis pelas irretocáveis "O Canto da Sereia" (2013), "Amores Roubados" (2014) e "O Rebu" (2014), os dois sabem aproveitar toda a liberdade do horário mais tardio e a dupla ainda segue com a competente direção de José Luiz Villamarim e fotografia de Walter Carvalho, outros profissionais que também fizeram parte das produções mencionadas. Tendo como base o "currículo recente" deles, portanto, a chance da atual trama ser ótima é bastante alta.
Gravada no sertão da Paraíba, a "macro série" tem o sertão como um dos seus alicerces. Segundo os escritores, é o protagonista do enredo que contracena sem ser filmado. E pela primeira vez a TV exibirá uma novela (embora insista em não chamar mais assim na faixa das onze) já quase finalizada.
Ou seja, não haverá mudança alguma na condução da história mesmo que porventura o telespectador a rejeite. Isso é ótimo, principalmente diante de alguns casos recentes onde todas as alterações feitas para agradar o público acabaram prejudicando os roteiros (vide "A Lei do Amor" e depois "Deus Salve o Rei"). Agora também não deixa de ser um voto de confiança na qualidade da trama.
A estreia primou pela força da ambientação (é possível sentir o "poder" do sertão nas atitudes de cada pessoa) e apresentou os perfis centrais de forma cautelosa, sem pressa. Porém, o ritmo não foi nada arrastado. Se prender ao enredo é bastante fácil. A fragilidade da jovem Aurora (Lara Tremouroux) --- vítima de Lúpus --- serviu como elemento humanizador do poderoso Pedro Gouveia (Alexandre Nero) e da religiosa Rosinete (Débora Bloch), que cuidam da filha com o maior cuidado. O amor de ambos pela filha ficou evidente, assim como a conturbada relação do casal. Já a cumplicidade entre Maria e Nonato pôde ser vista nos poucos momentos que tiveram juntos. Os irmãos foram ao Sertão (fictícia cidade do enredo) conhecer novas trilhas, mesmo contra a vontade da mãe, a engenheira química Cássia (Patrícia Pillar). A mocinha, inclusive, quase foi violentada por dois motoqueiros na estrada, até ser salva por Hermano (Gabriel Leone), o outro filho de Pedro e Rosinete.
A protagonista logo se sentiu atraída pelo rapaz, sendo correspondida. Enquanto os dois se aproximavam cada vez mais, Nonato se envolvia em uma briga com Pedro, após ter flertado com Joana (Maeve Jinkings), amante do dono da maior empresa da região que explora bentonita. O jeito provocador e encrenqueiro do irmão de Maria transpareceu logo no início, assim como o poder que Pedro tem na região. O empresário não aguentou as provocações e partiu para cima do jovem, que não se intimidou em nenhum momento. Nem mesmo quando foi espancado por capangas de Pedro, desafiando o "rival", sem medo de morrer. O personagem não sumiu (ou morreu) na estreia, agora o mote do roteiro foi exposto com habilidade, assim como a potência que esse fato terá nos futuros desdobramentos. Destaque para a frase do juiz Ramiro (Fábio Assunção) encerrando primeiro capítulo:
"Todo os dias são do caçador".
O começo dessa instigante história serviu para constatar a entrega do bem escalado elenco e a força dos personagens principais. Alice Wegmann tem tudo para viver seu melhor momento na carreira, enquanto Alexandre Nero, Patrícia Pillar, Débora Bloch, Fábio Assunção e Gabriel Leone prometem se destacar em todos os capítulos. Outro excelente nome é o de Jesuíta Barbosa, que impressionou com sua performance na pele de Shakira do Sertão, durante um show no bar onde Maria e Nonato foram se divertir. Seu trabalho corporal está primoroso. Vale lembrar que esse perfil é o filho do violento Ramiro, que não desconfia da profissão noturna de Ramirinho.
"Onde Nascem os Fortes" teve uma estreia das mais promissoras. George Moura e Sérgio Goldenberg ---- que agora encaram um enredo inédito, após três ótimas adaptações juntos ---- apresentaram uma história instigante, repleta de elementos bem amarrados e conflitos que têm tudo para honrar a faixa das 23h.
Que assim seja!
Onde Nascem os Fortes
3.9 38"Onde Nascem os Fortes": o que esperar da próxima trama das onze?
Em 2017, a TV decidiu parar de chamar as produções das 23h de novela, adotando o termo "macro série". O objetivo é vender melhor no mercado internacional, pois, algumas novelas da faixa, que já são curtas (cerca de 60 capítulos), foram condensadas ainda mais para o exterior.
Os autores que escrevem a trama têm um excelente currículo e justamente com enredos destinados a faixas mais tardias. George Moura e Sérgio Goldenberg produziram a elogiada "O Canto da Sereia" em 2013 e a primorosa "Amores Roubados" em 2014, duas minisséries que prenderam a atenção do público mesclando suspense e drama. A dupla ainda escreveu o excelente remake de "O Rebu", em 2014, resultando em uma novela repleta de empolgantes enigmas e personagens sombrios. Três produções irretocáveis. Eles também repetem a parceria com o ótimo José Luiz Villamarim e o competente Walter Carvalho como diretores. Ou seja, a possibilidade de um novo acerto é bem grande.
E o enredo é dos mais interessantes. Uma história cheia de amores impossíveis, ódio e perdão, que se passa no sertão nordestino, em um território onde, às vezes, quem vence é o mais forte e não a lei. A saga de Maria (Alice Wegmann) norteia a trama.
Ela é um jovem aventureira que tenta descobrir a qualquer custo o paradeiro do irmão gêmeo, Nonato (Marco Pigossi em uma participação especial), desaparecido misteriosamente após flertar com a sedutora Joana (Maeve Jinkings), funcionária e amante do empresário Pedro Gouveia (Alexandre Nero), também conhecido como "Rei do Sertão". O poderoso homem é casado com Rosinete (Débora Bloch) e pai do paleontólogo Hermano (Gabriel Leone) e de Aurora (Lara Tremouroux).
Na trama, Maria e Nonato viajam para a cidade de Sertão, terra natal de sua mãe, a engenheira química Cássia (Patrícia Pillar), em busca de novas trilhas de bicicleta. Lá, Maria se apaixona por Hermano, mas tudo entra em colapso com o sumiço de seu irmão. A protagonista, então, passa a investigar esse angustiante mistério e se afasta do seu amor assim que descobre o parentesco com Pedro Gouveia. Desconfiada que o poderoso homem está envolvido no desaparecimento de Nonato, Maria declara guerra ao empresário, que, por sua vez, não medirá esforços para proteger sua reputação. Esse embate faz com que Cássia retorne à cidade depois de muitos anos e tenha o apoio de Ramiro (Fábio Assunção), um juiz de direito violento e corrupto que tem interesses escusos por trás desse suposto altruísmo.
O clima tenso logo vira o protagonista desse drama, interrompendo romances, alterando destinos e fazendo com que segredos de família guardados há anos sejam desenterrados. É uma história com grande potencial e perfeita para a faixa das 23h, tendo a liberdade de explorar cenas mais pesadas e impactantes, o que não aconteceu com "Os Dias Eram Assim" ano passado. E o elenco ainda conta com outros nomes de peso, além dos já citados, como Irandhir Santos, Carla Salle, Enrique Diaz, Titina Medeiros, Camila Márdila, Lee Taylor, José Dumont, Mariana Molina, Jesuíta Barbosa ----- que viverá Ramirinho, filho de Ramiro, cujo maior segredo é sua vida noturna, trabalhando como a transformista Shakira do Sertão ----, entre outros.
E não poderia ter escolhido o momento tão necessário. Afinal, "Os Dias Eram Assim" foi uma decepção e se arrastou ao longo dos meses com um enredo limitado e repetitivo. Não teve nada de super e nem de série. Todavia, em 2018, isso parece ter mudado.
"Onde Nascem os Fortes" tem potencial. A obra vem apresentando atrativas chamadas, algumas narradas pela maravilhosa Elba Ramalho (que canta uma música da trilha), e tem boas chances de honrar o horário destinado a enredos mais pesados.
Que não seja uma típica propaganda enganosa da Rede Globo!
CURIOSIDADE:
Geograficamente há uma diferença entre Sertão e Cariri. É nesse espaço onde se encontram as locações da série. Agora, para efeitos narrativos, creio que o Sertão aqui equivale a um espaço simbólico que designa um modo distinto de vida. Sobre isso, vale destacar o que diz a literatura especializada:
"O Sertão designa, de um modo geral, em todo o Brasil, as regiões interioranas, de população relativamente escassa, onde vigoram costumes e padrões culturais ainda rústicos. No caso do nordeste, a palavra possuiu configuração semântico-sociológica ainda mais definida: significa a zona rural, em geral semi-árida do interior, sujeita às secas periódicas e caracterizada pelo predomínio da pecuária extensiva, em contraste com a faixa litorânea, dominada pelo cultivo da cana e pelo complexo cultural dela derivado".
DINIZ, Dilma Castelo Branco. COELHO, Haydée Ribeiro. Regionalismo. In: FIGUEIREDO, Eurídice. (Org.). Conceitos de Literatura e Cultura.
Onde Nascem os Fortes
3.9 38Trama densa e entrega do elenco foram as marcas de "Onde Nascem os Fortes"
A macro série (nomenclatura adotada pela TV para classificar produções das onze) marcou a volta da bem-sucedida parceria dos talentosos George Moura e Sérgio Goldenberg. Os autores das aclamadas minisséries "O Canto da Sereia" (2013) e "Amores Roubados" (2014) e do primoroso remake de "O Rebu" (2014) retornaram em grande estilo na faixa que os consagraram. "Onde Nascem os Fortes", dirigida brilhantemente por José Luiz Villamarim e Walter Carvalho (outros grandes parceiros dos escritores nos três trabalhos anteriores), esbanjou qualidades do início ao fim.
A história em torno do misterioso desaparecimento de Nonato (Marco Pigossi), irmão gêmeo da protagonista Maria (Alice Wegmann), na fictícia Sertão ----- local repleto de figuras obscuras e complexas ----- foi desmembrado habilmente ao longo dos meses e os escritores presentearam o público com uma produção refinada, onde a entrega do elenco e o enredo denso foram as principais marcas. Aos poucos, foi possível observar que o sumiço do rapaz que provocou uma briga com o poderoso Pedro Gouveia (Alexandre Nero) era apenas a ponta do fio de um novelo bem mais espesso e embaraçado.
Logo no primeiro capítulo ficou claro que o juiz Ramiro (Fábio Assunção) tinha relação no desaparecimento do rapaz em virtude da sua rivalidade com Pedro.
A entrega de Alice nesse início, por sinal, merece um justo reconhecimento. Sua atuação visceral impressionou e comprovou o quão acertada foi a sua escalação para o papel. Protagonizou uma cena mais difícil que a outra, cuja dramaticidade era de total importância.
Acontece que a demora da conclusão dessa etapa expôs o único defeito da macro série: o ritmo. Houve uma evidente enrolação durante esse período, cansando o telespectador. Ou seja, a bem escrita trama não necessitava de 55 capítulos. Poderia ter sido contada em 40 dias com facilidade e sem correria. O jogo de gato e rato de Pedro e Maria não se sustentou por tanto tempo, principalmente porque os demais personagens do roteiro ficaram sem maior importância durante esse período. Valeu para explorar o show de Alice e os ótimos desempenhos de Alexandre Nero, Patrícia Pillar e Enrique Diaz (o calhorda delegado Plínio, agora um dos melhores personagens da carreira do ator).
Quando descobriram que Nonato estava morto e Maria foi presa após ter sequestrado seu ex-namorado Hermano (Gabriel Leone)
A cena em que o filho se revelou como Shakira do Sertão para o pai foi uma das mais impactantes. O clima de tensão que passou a dominar os encontros deles acabou refletindo nos momentos do juiz com Cássia, desconfiada do jeito frio do homem que a ajudava até então. Os alertas subliminares do rapaz a respeito da índole de seu pai também serviram para a mãe de Maria iniciar uma investigação.
A cada nova descoberta a respeito das atitudes do juiz, Cássia constatava o quanto esteve enganada. A percepção final foi no instante que descobriu como se chamavam os pássaros de Ramiro ---- todos tinham os nomes de suas vítimas (sacada genial dos escritores).
Por sua vez, Ramirinho se libertava fazendo vários shows como Shakira do Sertão e até um clipe chegou a gravar (com uma versão ótima de "Menina Veneno"), com a direção de Plínio. Acontece que sua angústia continuava e o rapaz se deixou levar pelas drogas, fornecidas pelo delegado. Já Maria enfrentava constantes brigas na cadeia e quase foi morta por uma detenta.
É preciso citar ainda a talentosa Lara Tremouroux que emocionou com sua doce Aurora, filha de Pedro e Rosinete que sofria com a consequência do Lúpus. Além das debilidades físicas, a doença era motivo de vergonha da menina, traumatizada com as manchas de seu corpo. Ela protagonizou cenas fortes
com Enrique Diaz e sensibilizou ao lado de Ravel Andrade, quando a personagem descobriu o amor nos braços do tímido Clécio.
matou a própria filha e Cássia ficou com os netos do desequilibrado homem. O público soube, então, que Nonato e Maria não eram filhos biológicos da mulher. Para culminar, eram herdeiros de Pedro Gouveia, o responsável indireto pela morte do rapaz.
A reta final, inclusive, se mostrou impecável e repleta de grandes interpretações.
A monstruosidade cada vez maior de Ramiro assustou e destacou a entrega de Fábio Assunção na pele de um aterrorizante vilão. Alexandre Nero emocionou quando Pedro descobriu que Maria e Nonato eram seus filhos, enquanto Patrícia Pillar engrandeceu a tela no momento em que Cássia contou a Maria sobre a sua verdadeira origem. Alice Wegmann seguiu visceral com a revolta da moça e Jesuíta Barbosa mostrou a sua habilidade cênica ao expor o ódio de Ramirinho no enfrentamento com o pai, um dia depois de ter sido espancado pelos capangas dele.
Além de todas as qualidades mencionadas, a direção de José Villamarim merece um destaque à parte. Várias cenas foram filmadas em ângulos diferenciados, muitas vezes focalizando os atores de longe e deixando o cenário como protagonista, além da preocupação com a trilha sonora, sempre complementando as sequências. E que músicas bem escolhidas. "Ave de Prata" (Elba Ramalho), "Alguém Cantando" (Caetano Veloso), "Agalopada" (Zé Ramalho), "Dia de Branco" (Geraldo Azevedo), "Dois Animais na Selva Suja na Rua" (Nação Zumbi), "Mal Necessário" (Jesuíta Barbosa), "Os Povos" (Milton Nascimento), "Todo Homem" (Zeca Veloso) ---- lindo tema de abertura e tudo a ver com a trama ----, "Don`t Explain" (Nina Simone), "Back To Black" (Jesuton), "Son Of a Preacher Man" (Dusty Springfield) e "Your Song" (Elton John) foram algumas que embalaram a obra. O diretor ainda conseguiu extrair o melhor do elenco em todas as cenas.
O último capítulo foi simplesmente impecável do primeiro ao último minuto.
A cena em que Ramirinho contou para Cássia e Pedro o que aconteceu com Nonato arrepiou através do flashback de Ramiro obrigando o próprio filho a matar o rapaz. Isso depois de ter assassinado vários presos junto com Plínio.
Ramiro chegou com sua gangue e metralhou a casa onde os três estavam. Maria, todavia, chegou e atirou no juiz. O mesmo, então, confessou que matou Nonato e a protagonista quase vingou o irmão, mas acabou impedida pelo pai. A cena primou pela entrega de Alice Wegmann e Nero.
Já todas as cenas posteriores não ficaram atrás no quesito emoção. Camila Márdila e Irandhir Santos sensibilizaram quando Aldina e Samir discursaram para o povo sofrido do Sertão em meio a uma abençoada chuva. A despedida
de Pedro e Cássia
de Maria e Hermano, passeando juntos e aparentemente sem destino
"Onde Nascem os Fortes" foi uma produção luxuosa e a aclamação da crítica especializada é um justo reconhecimento a mais esse grande trabalho de George Moura e Sérgio Goldenberg. A bem-sucedida dupla parece destinada a abrilhantar a faixa das 23h e tomara que os dois não demorem muito a voltar. Ao contrário da trama exibida ano passado, o enredo dos autores honrou a classificação de "macro série".
Amor Sem Igual
3.4 6"Amor sem Igual" não deve enfrentar dificuldade para manter a audiência de "Topíssima"
"Topíssima", novela de Cristianne Fridman, não foi um grande sucesso da Record. Ainda sim, não fez feio na audiência e sua média em torno dos oito pontos, até pelo horário que era exibida (por volta das 19h45), se mostrou satisfatória. Afinal, a emissora voltou apostar em uma novela não bíblica, após anos produzindo apenas formatos do gênero. E a autora, por falta de opção (os bispos demitiram vários escritores, como Carlos Lombardi e Gustavo Reiz), recebeu a missão de escrever outro folhetim para substituir a sua obra.
Cristianne criou, então, "Amor sem Igual", que estreou nesta terça-feira (10/12/19), na faixa das 20h30. Nem Walcyr Carrasco, autor mais requisitado da Globo, teve tamanha proeza: encerrar uma novela e escrever a sua substituta.
No caso da Record, houve uma ideia de última hora porque as gravações de "Gênesis", trama bíblica prevista para esse horário, atrasou. E como a produção contemporânea cumpriu o objetivo, os responsáveis apelaram para a autora, que também já recebeu a ordem para escrever "Topíssima 2". Só é difícil imaginar como arranjará tempo para a realização desse outro pedido nada simples.
A nova história tem uma premissa ousada em se tratando de uma emissora evangélica. A protagonista é Angélica, uma prostituta conhecida como Poderosa, interpretada por Day Mesquita (ironicamente, a atriz viveu Maria Madalena em "Jesus"). A trama, dirigida por Rudi Lagemann e ambientada em São Paulo, tem como premissa o clichê mais conhecido pelo filme "Uma Linda Mulher", de 1990.
Mas ao invés de se apaixonar por um rico empresário, a garota de programa se encanta por um agrônomo que vende legumes cultivados em seu sítio no Mercado Municipal de SP, o retraído Miguel (Rafael Sardão). Os dois se cruzam, pela primeira vez, em um posto de gasolina à beira da estrada, e se aproximam quando o gerente da lanchonete que fica no local a destrata. Ela ganha uma carona e se surpreende com o tratamento respeitoso.
A protagonista é bem caricata. As perucas chamativas e a vestimenta colorida destoa com as garotas de programa da ''vida real", ainda mais as que trabalham à beira de estradas. Aliás, a licença poética está na forma glamorosa da prostituta. Ela vive com dificuldade e está com aluguel atrasado, mesmo assim cobra trezentos reais (muito mais que as colegas) e usou um cartão de crédito que parecia bem generoso quando comprou uma caxemira em uma loja de luxo. Uma contradição. Isso faz parte de uma obra de ficção. A história da mocinha, por sinal, é bem sofrida, fazendo jus ao folhetim clássico. Rejeitada desde a infância pelo pai, o milionário Ramiro (Juan Alba), que foi amante de sua mãe, a jovem foi criada por um casal, cujo homem abusou dela quando a menina tinha 13 anos. A partir do trauma, a personagem passou a fazer biscates para sobreviver até virar uma prostituta.
O início do enredo mostra Ramiro arrependido e investigando o paradeiro de sua bastarda. O filho Tobias (Thiago Rodrigues), porém, esconde que sabe o paradeiro da irmã e ainda ordenou assassiná-la. O vilão mandou o segurança Bernard (Heitor Martinez) dar um fim na prostituta e o assassino profissional tentou executar o serviço no momento em que Angélica pegava carona com Miguel. Os dois acabaram sofrendo um grave acidente de carro e a cena foi bem dirigida. Poderosa conseguiu escapar e ainda salvou o protagonista. Como o objetivo não foi alcançado, mais tarde o capanga do irmão da mocinha a espancou ---- depois que se passou por cliente. Ocorre que o mocinho a salvou assim que viu a caxemira rosa da garota à beira da estrada e a levou a um hospital particular. O vínculo entre eles estava feito. Os dois primeiros capítulos foram ágeis e bem estruturados.
A novela tem uma história simples, mas a autora consegue prender a atenção de quem assiste. Outros personagens também se destacam, como Furacão (Dani Moreno), melhor amiga e colega de profissão de Angélica. O divertido feirante Oxente (Ernane Morais), que trabalha no Mercado Municipal ao lado de Miguel e o tem como filho, é mais um tipo que sobressai. Bárbara França vive Fernanda, irmã íntegra de Tobias, e a ótima Selma Egrei interpreta a elegante Norma, sogra de Ramiro que nunca perdoou a traição do genro com a filha já falecida. Michelle Batista vive a ingênua Maria Antônia, filha de Oxente que sofre de transtorno bipolar e nutre um amor platônico por Miguel. A menina ainda tem um Instagram para desabafar sobre seus sentimentos ---- a rede social existe e a personagem interage com o público (uma clara cópia do contexto envolvendo Vivi Guedes, vivida por Paolla Oliveira em "A Dona do Pedaço"). Manuela do Monte (Fabiana), Andréa Avancini (Zenaide), Eduardo Lago (Luiggi), Pedro Nercessian (Roberto), Castrinho (Bento), Carlos Takeshi (Takashi), Brenda Sabryna (Rosa) e Kika Kalache (Serena) são mais alguns nomes do elenco.
"Amor sem Igual" teve um começo correto e Cristianne Fridman criou uma protagonista cativante. Angélica é um tipo carismático e Day Mesquita está muito bem no papel. Não será difícil a trama manter os índices de "Topíssima" ou até aumentá-los de forma moderada.
Bom Sucesso
4.1 26"Bom Sucesso" é uma novela para assistir sorrindo
A novela das sete já pode ser considerada um fenômeno de qualidade. "Bom Sucesso" vem fazendo jus ao seu título e merece o prestígio dos telespectadores. A história escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, dirigida por Luiz Henrique Rios, conquistou o público e as razões não são poucas, pelo menos até o momento. Resta torcer para que siga assim.
A premissa do folhetim até parece um pouco fúnebre ou dramática demais: a troca de exames entre um senhor milionário com um câncer terminal e uma humilde mulher trabalhadora do subúrbio do Rio de Janeiro. Nada contra os dramas, por sinal. Agora, a faixa das 19h se caracterizou por obras mais leves e cômicas. Então, um enredo com uma história 'pesada' poderia afastar o telespectador. E os autores estão conduzindo essa temática em torno da chegada da morte com uma sensibilidade ímpar.
A relação de amizade entre Paloma (Grazi Massafera) e Alberto (Antônio Fagundes) vem se mostrando a cada dia mais encantadora e a sintonia dos atores salta aos olhos. Rosane e Paulo ainda acertaram com a rapidez do término das confusões envolvendo a troca dos exames.
Evitaram uma possível perda de veracidade do contexto (afinal, Paloma não apresentaria sintoma algum) e mostraram que têm muitas cartas na manga. Tanto que a novela segue despertando atenção, mesmo sem grandes acontecimentos ou viradas. O cotidiano dos personagens repletos de carisma já atrai.
A aproximação da mocinha com o dono da editora Prado Monteiro vem proporcionando ótimos momentos, além da importância de expor uma infinita variedade de livros através da paixão dos personagens pela literatura. As citações de vários diálogos clássicos de alguns contos não soam forçadas e temperam o texto com delicadeza. "Otelo", "Dom Casmurro", "Alice no País das Maravilhas", "Peter Pan" e "O Magico de Oz" são alguns dos mencionados até o momento. "Alice" e "Peter", inclusive, são os nomes de dois filhos de Paloma e os livros infantis ainda norteiam a relação da protagonista com Marcos (Rômulo Estrela), filho de Alberto com quem a costureira passou uma noite inesquecível em Búzios ---- quando achava que tinha pouco tempo de vida.
O relacionamento dos mocinhos, inclusive, nem começou ainda, o que é ótimo. A famigerada paixão arrebatadora de primeiro capítulo não aconteceu e tudo vem sendo construído aos poucos. Marcos é um típico playboy que se recusa a crescer e não acredita no amor. É movido pelo desejo. Não por acaso, se mostra um mulherengo convicto. Mas já está apaixonado por Paloma e ainda não se deu conta ---- enquanto não descobre, se envolve em muitos problemas com a exagerada Silvana Nolasco (Ingrid Guimarães). Já a mocinha tenta reconstruir sua vida com o ex Ramon (David Junior) para oficializar a família "perfeita" e viver o que não conseguiu desde que o rapaz a abandonou grávida no passado. O triângulo é desenvolvido com competência pelos autores e não há maniqueísmo. Todos são humanos com boas camadas.
E a abordagem em torno da amargura de Nana (Fabíula Nascimento) também agrada. Nada de vilã ou mocinha. A personagem é um tipo complexo delicioso. O desprezo do pai, Alberto, a afeta imensamente e a morte da mãe ainda é sentida. Sua relação com a filha, Sofia (Valentina Vieira), não é nada fácil e sua frieza é sentida pela menina. O casamento com o canalha Diogo (Armando Babaioff) tem mais baixos do que altos e nem desconfia que o marido a trai com Gisele (Sheron Menezzes), sua secretária. O simpático Mário (Lúcio Mauro Filho) é apaixonado por Nana desde a infância, mas a empresária sempre o rejeitou. A relação entre tapas e beijos da personagem com o irmão Marcos e outro ponto de conflito interessante.
Até mesmo a vilania promove risos involuntários de quem assiste. Babaioff está impagável de advogado 171 e a ironia de Diogo promove situações geniais. O ator merecia uma oportunidade como essa há muito tempo. Sua química com Sheron é evidente e até as ofensas trocadas com Alberto divertem. Obviamente, é certo que o vilão ganhará ares mais pesados com o tempo. Natural de qualquer folhetim. Mas mesmo assim é um tipo carismático que conquista sem esforço. Vale citar também a divertida trama da editora envolvendo a tímida Evelyn (Mariana Molina), a ranzinza Thaíssa (Yasmin Gomlesvsky) e o introspectivo Felipe (Arthur Sales). O típico clichê da menina desajeitada que vira uma mulher fatal para conquistar o rapaz desejado. No caso, honrando a literatura, a estagiária tenta se transformar em Irene Adler, ídola de Filipe ---- personagem presente nos contos sobre Sherlok Holmes. O núcleo ainda conta com William (Diego Montez) e Jefferson (Felipe Haiut), outros perfis promissores. Não seria justo ignorar a boa trama envolvendo o basquete ---- protagonizada por Ramon, Patrick (Caio Cabral), Gabriela (Giovanna Coimbra) e Vicente (Gabriel Contente) ---- e o verossímil cotidiano escolar através da escola Dias Gomes (merecida homenagem ao saudoso autor).
"Bom Sucesso" tem feito por merecer todos os elogios de público e crítica. Além de reunir todos os elementos que um bom folhetim precisa, apresenta uma legião de personagens cativantes e conflitos bem delineados, mesclando com habilidade leveza, humor e drama. É uma novela para assistir sorrindo.
A Dona do Pedaço
3.4 56 Assista AgoraTrama capenga de A Dona do Pedaço pode ditar os rumos do horário nobre da Globo...
A Dona do Pedaço, terceira incursão de Walcyr Carrasco na faixa das nove da Globo, reafirmou o talento do autor para oferecer ao espectador o que ele quer. O novelista, hábil reciclador de histórias, mostrou que um fiapo de trama, mas com muitos pontos de viradas e episódios de catarse, é uma das maneiras mais infalíveis de fisgar o público. Mais uma vez, deu certo.
O sucesso de A Dona do Pedaço mostra que o público não se importava com a falta de sentido do enredo. Tanto fazia quais eram as motivações da vilã Josiane (Agatha Moreira), desde que suas atitudes a levassem à catarse. Nunca fez sentido o ódio de Josiane pela mãe, a excessivamente ingênua Maria da Paz (Juliana Paes), mas isso não importou de fato. Pontos de virada, como quando Maria da Paz descobriu as armações da filha, ou o julgamento que levou a vilã à cadeia, é que seguraram o público diante da telinha.
Também não importou se Vivi Guedes (Paolla Oliveira) era uma digital influencer de araque. Seu romance com Chiclete (Sergio Guizé) pegou fogo, ao ponto de seu ex Camilo (Lee Taylor) virar um psicopata desequilibrado. E que a manteve em cárcere privado diante dos olhos de todos, que nada fizeram para ajudá-la. Não fez sentido, mas levou ao apoteótico momento em que Chiclete salva a mocinha. Mais um ponto de virada, que provoca a catarse e, consequentemente, o interesse da audiência.
Estilo
Walcyr Carrasco tem um estilo didático de contar suas histórias. Um tom quase infantil, que funciona muito bem nas comédias românticas das seis dele. Ao levar este estilo ao horário nobre, mesclando o tom tatibitate com histórias pretensamente adultas e com algum merchandising social, o novelista aperfeiçoou tal estilo. E foi ao encontro do que o público espera dele, afinal, todas as suas novelas das 21 horas foram sucesso de audiência.
E, a princípio, não há problema nisso. Carrasco tem uma maneira de criar que dá resultados, embora a crítica torça o nariz, e isso não o desmerece. Afinal de contas, ele cria novelas populares, e a verdade é que o autor é muito bom nisso.
O que pode ser um problema é que o sucesso das novelas de Walcyr Carrasco se reflita na faixa das nove como um todo. Basta puxar pela memória os últimos títulos do horário para perceber que a Globo teve mais erros que acertos no horário. Carrasco está entre os acertos e, por isso, se tornou referência. E seu estilo pode impregnar no processo criativo de outros autores. Isso não é bom para o público.
Despretensão
Avenida Brasil, principal sucesso das nove da década, consagrou João Emanuel Carneiro. Que levou seu estilo meio noir à sua trama seguinte, a pretensiosa A Regra do Jogo. Não deu certo. Enquanto isso, Carrasco enfileirou sucessos. Deste modo, em sua novela seguinte, Carneiro optou por uma trama mais simples (e até simplória), Segundo Sol. Que não foi um fiasco, mas esteve longe de ser uma unanimidade.
Ou seja, o estilo “carrasquiano” vem influenciando outros autores que buscam sucesso. E isso não é bom. O que torna a faixa das nove atrativa é justamente a rotatividade de temas e estilos. Num momento em que a direção da emissora adota uma fórmula pronta para alcançar o sucesso, o processo criativo é prejudicado.
Felizmente, isso ainda não é regra. Amor de Mãe vem aí, lançando uma nova autora e com a intenção de propor um enredo mais maduro e bem construído. Ou seja, a emissora ainda está disposta a apostar em novidade e mesclar estilos e temáticas. Mas, caso Amor de Mãe não emplaque, a tendência é que o estilo catártico de Walcyr volte com força total. E, para isso, já temos o próprio Walcyr Carrasco. Não é preciso que outro autor tente segui-lo.
Amor de Mãe
3.8 52 Assista Agora"Amor de Mãe" estreia com forte carga dramática e promissoras protagonistas
Camila discursa para Lurdes em "Amor de Mãe":
Com o diploma na mão, a menina fez questão de homenagear a mãe, que a adotou assim que a achou abandonada em uma estrada de terra. A cena foi lindamente protagonizada por Jéssica Ellen e Regina Casé na novela de Manuela Dias, dirigida por José Luiz Villamarim.
Lurdes descobre aneurisma em "Amor de Mãe":
Adriana Esteves sempre brilha em todas as novelas que participa e nessa não é diferente. O choro desesperado de Thelma com a descoberta de seu pouco tempo de vida foi muito bem defendido pela atriz, que vem formando uma boa dupla com Regina Casé.
Lurdes acha dinheiro na praia em "Amor de Mãe":
A cena mais divertida da nova novela das nove até então. A personagem mais cativante do enredo achou dois blocos grossos de notas em plena praia e quase foi roubada por uma catadora. Thelma chega a morder a mão da ladra para ajudar a amiga e as duas saem correndo rindo. Regina Casé e Adriana Esteves simplesmente hilárias.
Kátia morre em "Amor de Mãe":
Vera Holtz fez uma participação muito pequena, mas conseguiu alguns bons momentos e a morte de sua personagem foi um deles. O desespero de Sandro e a angústia de Lurdes também foram muito bem mostrados por Humberto Carrão e Regina Casé.
Vicente espanca Betina em "Amor de Mãe":
Angustiante a cena em que o ex da enfermeira a espanca. As cenas de violência não foram exibidas, com exceção de um tapa, mas o grito de desespero da personagem já bastou, assim como a imagens dos chutes dados pelo agressor. Rodrigo Garcia e Isis Valverde brilharam.
"Tudo é incerto, menos o amor de mãe". A frase, adaptada do romancista e poeta James Joyce (1882/1941) ---- "Tudo é incerto neste mundo hediondo, mas não o amor de uma mãe" é a frase original ----, é a premissa da telenovela, que marca a estreia de Manuela Dias como autora solo. E, por conta dessa afirmação, fica bem claro que o enredo abordará uma visão mais romanceada da maternidade. Com a dura missão de manter os elevados índices da qualidade na TV, a trama, dirigida por José Luiz Villamarim e fotografia de Walter Carvalho, estreou no dia 22/11/2019, com um emocionante primeiro capítulo.
Regina Casé, Taís Araújo e Adriana Esteves vivem Lurdes, Vitória e Thelma, mulheres que exercem a maternidade em sua plenitude, cada uma à sua maneira. Apesar de viverem em realidades diferentes, com trajetórias distintas, a vida das três se entrelaça ao longo do enredo. Uma proposta parecida com "Justiça", da mesma autora ---- quatro pessoas eram presas por crimes que cometeram em momentos de fúria e ao longo da história tinham suas vidas cruzadas. O trio protagonista foi bem apresentado na estreia através de breves flashbacks e dramas no presente.
Lurdes é babá e mãe de cinco filhos, sendo que um deles não foi criado ao seu lado. Ela busca um novo emprego e consegue uma entrevista na casa de Vitória, uma advogada bem-sucedida que, com a iminência da chegada do filho que pretende adotar, precisa de uma babá. Vitória perdeu um bebê aos seis meses de gestação e não conseguiu superar o trauma.
É durante a conversa com Vitória que Lurdes lembra de seu passado em Malaquias, cidade fictícia do Rio Grande do Norte, onde o marido Jandir (Daniel Ribeiro) vendeu o filho Domênico quando ela estava no hospital dando a luz à filha caçula. Foi por isso que a mulher veio para o Rio de Janeiro e acabou ficando ---- criando os filhos Magno (Juliano Cazarré), Ryan (Thiago Martins), Érica (Nana Costa) e Camila (Jéssica Ellen).
O primeiro capítulo usou a entrevista de emprego para apresentar o trauma de Lurdes e ligá-la no presente com Vitória e Thelma. A forma como tudo foi feito primou pela engenhosidade dramatúrgica. Lucy Alves emocionou na pele de Lurdes mais jovem e a cena em que a personagem matou o marido acidentalmente, logo depois que o marido confessou a venda do filho e tentou estuprá-la, impactou. E Regina Casé está impecável vivendo a batalhadora mulher. Após o elo estabelecido com Vitória na entrevista --- incluindo uma conversa sobre filhos, que fez a advogada lembrar da perda de seu bebê em um traumático julgamento ----, Lurdes se desesperou ao ver Thelma passando mal na rua e a ajudou. As duas foram a um hospital e lá descobriram que Thelma tem um aneurisma cerebral inoperável. A triste notícia acabou criando um vínculo entre ambas.
O enlace das três protagonistas é concluído quando Vitória tenta convencer Thelma a vender seu restaurante para Álvaro (Irandhir Santos), seu cliente milionário, e acaba transformando a dona em sua inimiga quando usa o aneurisma como argumento para o negócio. Lurdes fica em uma saia justa, pois gosta de ambas. Mas voltando ao primeiro capítulo, a direção de José Luiz Villamarim logo sobressaiu em um plano sequência ótimo envolvendo Magno (Juliano Cazarré) andando no meio de um trânsito caótico. O filho mais velho de Lurdes chegou a dar uma informação a Vitória. O seu drama com a esposa em coma e a filha doente (Arieta Correa e Clara Galinari, respectivamente) também foi brevemente exposto em uma cena com a enfermeira Betina, vivida por Isis Valverde.
E a cena mais emocionante da estreia foi protagonizada por Regina Casé e Jéssica Ellen, quando Camila homenageou sua mãe em um lindo discurso da sua formatura como professora de História. A personagem enalteceu os professores, a educação no país e reconheceu o esforço que Lurdes fez para criá-la --- a menina foi encontrada abandonada e logo adotada. Já a abertura da novela é simples, mas bonita, ao som do clássico "É", de Gonzaguinha, de 1988. "O Que É Que Há?", de Fábio Jr.; "Minha Mãe", de Gal Costa e Maria Bethânia; "Onde Estará o Meu Amor?", de Maria Bethânia; e "Todo Homem", de Caetano Veloso e filhos, são alguns outros clássicos da trilha.
"Amor de Mãe" teve uma estreia com forte carga dramática e protagonistas que prometem arrancar muitas lágrimas dos telespectadores. Manuela Dias utilizou a fórmula da bem-sucedida "Justiça" para o desenvolvimento da premissa de sua primeira novela e esse início provocou a melhor das impressões.
Resta torcer para seguir assim.
A Dona do Pedaço
3.4 56 Assista AgoraO capítulo final de "A Dona do Pedaço" não foi melhor nem pior que os demais 160. Nem teria como ser diferente. Uma novela criada às pressas, em duas ou três semanas, com personagens mal construídos, diálogos pobres e situações absurdas não iria se salvar nos seus últimos 75 minutos.
O final de Vivi Guedes (Paolla Oliveira) conseguiu ser pior do que o restante de sua trama. Após se submeter a um policial psicopata, Camilo (Lee Taylor), a influenciadora digital terminou numa praia deserta ao lado de um matador de aluguel, Chiclete (Sérgio Guizé). Abriu mão do que gostava de fazer, da independência e da sua força pelo amor por um pistoleiro, que não pagou pelos crimes que cometeu. Sinistro.
Vários personagens foram esquecidos e nem mereceram finais.
O autor surpreendeu, é verdade, com os desfechos das duas vilãs principais, Fabiana (Nathalia Dill) e Josiane (Agatha Moreira). O flerte de ambas com a religião acabou se revelando como hipocrisia pura... E se o Walcyr quiser ele consegue facilmente fazer uma continuação de A Dona do Pedaço tendo como premissa somente Fabiana como matadora de aluguel do ES descobrindo o império evangélico construído por Josiane graças a morte do pastor. MEDO!!!
E com a filha da Maria da Paz crescida de quebra.
A Dona do Pedaço
3.4 56 Assista Agora"Está sendo um soco no estômago", o desfecho de Josiane fez mostrar seu perfil patológico verdadeiro... Psicopatas nascem psicopatas!
Detalhe: 4% da população são psicopatas.
O que é um PISCOPATA?
A maldade e a frieza da psicopata Josiane (Agatha Moreira), personagem da novela "A Dona do Pedaço", habita entre nós, na vida real. A cada 25 pessoas, uma é perversa, desprovida de culpa e capaz de passar por cima de qualquer ser humano para satisfazer os próprios interesses. Os psicopatas são 4% da população. E não há cura para eles.
Quem quer confirma isso leia o livro da a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, “Mentes Perigosas – o psicopata mora ao lado”, que já vendeu inúmeros exemplares.
Para Ana Beatriz, o grande desafio da televisão é fazer a distinção entre o psicopata (Josiane).
Segundo a médica, a diferença principal é que o psicopata tem um déficit no campo das emoções, é incapaz de sentir amor ou compaixão e é indiferente em relação ao próximo. E para esse caso, não existe tratamento.
“O psicopata não enlouquece nunca, pois ele não tem afeto. Ele não é capaz de se botar no lugar do outro e tentar sentir a dor que ele provocou. Agora o problema dele não é cognitivo, a razão funciona bem e ele tem a capacidade plena de distinguir o que é certo e o que é errado. Ele tem certeza que está infringindo a lei, agora não se importa com isso e até calcula os danos para saber o custo-benefício da ação”, explica a psiquiatra.
De acordo com a médica, o psicopata já nasce com uma predisposição genética à manifestação desse tipo de comportamento de indiferença afetiva:
“O sistema emocional do psicopata vem desconectado e não conecta novamente. Não tem cura até o momento”.
A médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa afirmou que essa manifestação pode ser aumentada ou diminuída:
“Se você tem uma sociedade que tolera desrespeito, preconceito, tiranias, injustiças, violências, isso acaba fomentando que psicopatas que manifestem mais. Se tem uma sociedade de tolerância zero, a tendência é reduzir essa manifestação. Uma pessoa não vira psicopata. Ela vai manifestando ao longo da vida”.
A impunidade alimenta a psicopatia!
Segundo Ana Beatriz, os países mais capitalistas tendem a revelar maior número de psicopatas. Para ela, a recente crise econômica que abateu o sistema foi uma “crise de valores psicopáticos”. Assim como os desvios de verbas e corrupções que afligem o Brasil e a impunidade diante de tais escândalos.
“Desvio de merenda escolar, por exemplo, isso atinge milhares de pessoas, são crianças que ficam sem estudar. Superfaturamento ou desvio de verba de medicamentos, todas são atitudes francamente psicopáticas”, exemplifica, argumentando que os responsáveis por tais ações sabem que milhares de pessoas serão prejudicadas, ou seja, usam a razão e atuam sem qualquer sentimento.
A médica lembra que esses casos não entram em fichas policias, agora são tão graves quanto um assassinato:
“As pessoas associam psicopatia com assassinato, ocorre que a maioria dos psicopatas não mata”.
Níveis de psicopatas!
Ana Beatriz afirmou que há três níveis de psicopatas:
- o leve, que aplica os famosos golpes 171 (estelionato ou fraude) e atinge uma pessoa;
- o moderado, que aplica o mesmo golpe, porém em uma esfera social mais alta (como o superfaturamento na compra de remédios para o sistema de saúde pública) e acaba lesando milhares de pessoas;
- o grave, que seria o serial killer, o assassino para quem não basta matar, tem que haver atos de crueldade. Esse último tipo, é raro, ainda sim existe.
Dos 4% de psicopatas da população, 1% é grave e 3% são leves e moderados. A personagem Josiane, por exemplo, é uma psicopata de nível alta, pois ela sempre lesa mais de uma só pessoa, em um grande sistema, e é capaz de matar.
Segundo a médica, o grande tratamento para os psicopatas “é a postura que temos com essa pessoa”. A grande arma da sociedade, segundo a médica, é não tolerar a impunidade.
Nota: Na minha humilde opinião, o pior erro do Walcyr Carrasco foi a principal mensagem da novela é NÃO FAZER ABSOLUTAMENTE NADA para esclarecer o perfil que de uma pessoa psicopata e NEM expor quais os meios para detectar com rapidez esse tipo de psicopata.
A Dona do Pedaço
3.4 56 Assista AgoraA Dona do Pedaço consagra mediocridade do horário nobre com tramas duvidosas.
"A Dona do Pedaço" teve equívocos que precisam ser citados. O núcleo da família dos sem-teto tinha um grande destaque até a metade da história, mas foi perdendo a função e só Cornélia cresceu. Marco Nanini não conseguiu bons momentos como Eusébio e a trama da "Mão boba" na reta final não teve a menor necessidade. Rosi Campos e Tonico Pereira convenceram como Doroteia e Chico, mas também não tiveram muito destaque. O núcleo de Amadeu sempre esteve deslocado e se desaparecesse não faria falta. Tanto que a morte da esposa, Gilda (Heloísa Jorge), não provocou impacto e a relação do mocinho com o filho, Carlito (João Gabriel D`Aleluia), não tinha relevância. A única exceção era Silvia, vivida pela talentosa Lucy Ramos, que ganhou trama própria como professora e depois Digital Influencer ---- ainda assim, o surgimento de Abdias (Felipe Titto) foi gratuito, vide seu drama raso do alcoolismo. A história dos adolescentes na escola por causa de Cássia foi outra questão que ficou avulsa na novela ---- os surtos de Merlim (Cadu Libonati) cansaram rapidamente.
Algumas situações também abusaram da inteligência do público, como Fabiana aconselhando os gerentes do banco de Maria da Paz para cobrar a dívida da boleira, ou o festival de transferências bancárias milionárias através de celulares, sem qualquer interferência do banco. A cena do assassinato do garoto de programa foi a mais constrangedora da trama e a direção da equipe de Amora Mautner ficou devendo muito. O efeito tosco da queda do prédio virou piada com razão. E o contexto também não convenceu, uma vez que o rapaz quis levar a mulher que matou seu namorado para um lugar sem testemunha ou câmeras. Ao menos houve uma compensação no quase assassinato de Téo, muito bem realizada. Aliás, a estupidez do personagem cansou o telespectador. Rainer foi bem, mas a cegueira do fotógrafo diante de Josiane não deu para engolir. Ao contrário do que ocorreu com Maria da Paz, pois uma mãe acreditar na índole da filha por amor, mesmo diante de tantas evidências contrárias, é bem mais crível. E, ao contrário do que parte da crítica afirma, o ódio de Jo pela mãe passou longe de ser uma falha. Menina rica e bem criada não pode ter falha de caráter? Não pode odiar a mãe "sem motivo"? Pode. E a vida real está aí para mostrar isso todos os dias em telejornais.
Na opinião de alguns, o autor quis dizer que as pessoas não mudam , que nascemos e crescemos com um só coração que nenhuma religião vai fazer milagres pós mudam por um tempo até terem uma oportunidade de errar novamente!
Mostrou que nem sempre o bem vence o mal e que apesar de todos os erros eles podem ter um final feliz... Novo da sociedade mais realmente ele mostrou a real que o final feliz não existe e que a vida continua com seus erros insanos e nojentos.
Tudo explicado, não é? ERRADO
Entendo seu posicionamento no texto. Os diferentes aspectos da Fé não foram criticadas, e sim usadas com desrespeito. O pior de tudo foi Fabiana rezar após matar um homem e aparecer toda feliz na cena seguinte. Cadê a crítica? Cadê o exemplo? Cadê o contraponto?
Por que Josiane teve que agir com tamanha violência? Por ser psicopata? Essa é uma explicação plausível.
Agora, o que incomoda é a impunidade e o uso de aspectos das crenças de fé das pessoas de forma irresponsável e vazia. Um assassino de aluguel frio tem seu final feliz com a mulher que diz amar numa ilha deserta, e esta mulher larga sua vida para viver ao lado dele. Entende? Todos os vilões tiveram finais felizes. Régis, que estava realmente levando a religião a sério e esforçando-se para mudar, foi brutalmente assassinado. Qual a mensagem que o autor como Walcyr Carrasco quis passar? Para mim ele quis dizer que quem lucra é quem é mau, infiel, sujo. Desrespeito com as crenças da Fé, com a polícia, com a justiça, com o cidadão de bem.
Foi uma novela péssima, com um final péssimo, triste, pessimista e constrangedor.
Marina
3.1 2GALERIA DE PERSONAGENS
MARINA (Denise Dumont) – Criada pelo pai, Estevão (Carlos Zara), em regime de total liberdade, em uma ilha afastada do Rio de Janeiro. É uma moça simples, com uma cultura surpreendente para a sua idade, fruto de informações transmitidas pelo pai. Ao se mudar para o Rio, fica chocada com os costumes na nova cidade. Não sabe se comportar em ambientes finos e detesta hipocrisias, mentiras e injustiças. Adora todos os tipos de animais. Tem um carinho muito grande por Tonho (Fábio Mássimo), seu amigo na ilha, e se apaixona por Marcelo (Lauro Corona), depois que se muda para o Rio de Janeiro.
ESTEVÃO (Carlos Zara) – Escritor famoso, embora sem grande sucesso de vendagem. Com a morte da esposa, decide abandonar tudo e viver com a filha, Marina (Denise Dumont), em uma ilha afastada da cidade. A mudança foi para resguardar a menina dos comentários duvidosos sobre a morte da mãe. É um homem sofrido, mas muito inteligente, liberal e de forte personalidade. Sofre muito ao mandar sua filha estudar no Rio de Janeiro, o que o faz voltar à cidade.
TONHO (Fábio Mássimo) – Amigo de Marina (Denise Dumont) na ilha. Apaixonado pela moça, ele decide ir atrás dela no Rio de Janeiro. Acaba voltando para a ilha, pois não consegue se adaptar à cidade grande.
SÔNIA (Norma Blum) – Mulher amargurada e sofrida. Foi grande amiga de Rosa, mãe de Marina (Denise Drumont). Sente pela menina uma imensa ternura e a apoia quando ela se muda para o Rio de Janeiro. Acompanhou de perto os problemas de relacionamento entre Rosa e Estevão (Carlos Zara). É amiga de Anita (Beatriz Lira).
ANITA (Beatriz Lira) – Casada com Otávio (Antonio Patiño). Dinâmica e prática, faz tudo pelos filhos – Adriana (Tetê Pritzl), Soninha (Monique Curi) e Luís (Haroldo Blota) – e pelo marido. Discorda de Otávio em algumas situações, principalmente em relação à educação dos filhos. Ela é mais liberal que o marido. Não gosta de seu ex-cunhado, Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), por ter acompanhado o sofrimento de sua irmã, mas tem um grande carinho pelo sobrinho Marcelo (Lauro Corona). É confidente e conselheira de Sônia (Norma Blum).
OTÁVIO (Antonio Patiño) – Casado com Anita (Beatriz Lira). Homem ambicioso e conservador. Tem mania de doenças e morre de medo de sofrer um enfarto. Vive em choque com as ideias avançadas dos filhos, Adriana (Tetê Pritzl), Soninha (Monique Curi) e Luís (Haroldo Blota). É um bom pai e marido e muito amigo de Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro) e Estevão (Carlos Zara).
ADRIANA (Tetê Pritzl) – Filha de Otávio (Antonio Patiño) e Anita (Beatriz Lira) e irmã de Luís (Haroldo Blota) e Soninha (Monique Curi). É a melhor amiga de Vera (Élida L’Astorina) e perturba a vida de Marina (Denise Dumont) nos primeiros dias dela na cidade grande. Nunca está satisfeita com nada e vive criando casos com a família. É fútil e sonhadora. Sente ciúmes de Marina em relação à sua mãe.
SONINHA (Monique Curi) – Filha mais nova de Otávio (Antonio Patiño) e Anita (Beatriz Lira) e irmã de Adriana (Tetê Pritzl) e Luís (Haroldo Blota). Menina travessa, mas de ótimo coração. Torna-se muito amiga de Marina (Denise Dumont). Adora montar e, no começo da novela, ganha um cavalo de Estevão (Carlos Zara), o que a deixa muito feliz. Quer ser tornar uma campeã de equitação.
LUÍS (Haroldo Blota) – Filho de Otávio (Antonio Patiño) e Anita (Beatriz Lira) e irmão de Adriana (Tetê Pritzl) e Soninha (Monique Curi). Luís é um rapaz simpático e sem grandes ambições. Admira muito o primo Marcelo (Lauro Corona), a quem sempre acompanha, mas não tem a mesma coragem dele. Enfrenta seus próprios preconceitos e os de seus colegas ao se apaixonar por Lelena (Irís Nascimento), uma jovem negra, colega de escola.
LELENA (Irís Nascimento) – Menina negra, companheira de colégio de Adriana (Tetê Pritzl) e, mais tarde, de Marina (Denise Dumont). Devido ao preconceito que sofre, não se entrosa com as outras meninas de sua classe. Ela se apaixona por Luís (Haroldo Blota).
LEILA (Léa Garcia) – Mãe de Lelena (Irís Nascimento). Mulher forte, inteligente, combativa, uma intelectual negra. Ela é professora de história no colégio da filha.
CARLOS EDUARDO (Oswaldo Loureiro) – Pai de Marcelo (Lauro Corona). É ambicioso e faz questão de cultivar a fama de conquistador. Só que, no fundo, é um homem extremamente solitário. Só amou uma mulher na vida, mas foi rejeitado. Talvez por isso não se entregue a ninguém. Nunca foi um bom pai, mas chega a tentar reconquistar o amor do filho.
MARCELO (Lauro Corona) – Marcelo alimenta uma grande revolta contra o pai, Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), por quem foi criado sem muito carinho, mas, ainda assim, o admira e tenta imitá-lo em algumas situações. O rapaz tem uma grande mágoa: a separação dos pais. Sempre teve tudo o que quis, mas apenas no plano material. Mantém o namoro com Vera (Élida L’Astorina) só porque ela atura todas as suas maluquices. Muito carente, aproxima-se de Marina (Denise Dumont) movido por uma forte atração. O amor que sente por ela modifica sua vida, acabando com a sensação de vazio com que convivia.
DIANA (Rosana Penna) – Mulher da alta sociedade, interesseira, muita vaidosa e que faz tudo para sair nas colunas sociais. Vive do dinheiro da família e do de Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), de quem já foi namorada e se tornou amiga. É maquiavélica e não hesita ante nada para conseguir o que quer.
MARLENE (Glauce Graieb) – Secretária particular e assistente de Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), de quem é o braço direito. Ela é apaixonada por ele há anos e, por isso, sofre com os namoros do chefe. Ele só recorre a ela como um ombro amigo. Apaixona-se por Ivan (Edson Celulari), mas luta contra esse amor por achar o rapaz muito jovem para ela.
JOHN WAYNE (Élcio Romar) – Um garotão rico e cheio de vontades. O apelido, aliás, é por ser um machista convencido. É amigo de Luís (Haroldo Blota) e Marcelo (Lauro Corona), por quem sempre é influenciado.
ARMANDO (Roberto de Cleto) – Pai de Fernanda (Beth Goulart) e de Vera (Élida L’Astorina) e marido de Rita (Célia Biar). É um homem de classe que não dá muito valor às futilidades adoradas por sua esposa. Gosta muito da filha Fernanda.
RITA (Célia Biar) – Mãe de Fernanda (Beth Goulart) e Vera (Élida L’Astorina) e esposa de Armando (Roberto de Cleto). Mulher fútil da alta sociedade, que vive em festas, recepções e cabeleireiros. Dá muito valor a nome, à tradição e à família, por isso vive implicando com os namoros de sua filha.
FERNANDA (Beth Goulart) – Moça moderna e feminista. Estuda psicologia e vive na casa dos pais por comodidade. Tem conflitos com a mãe, Rita (Célia Biar), e se dá melhor com o pai, Armando (Roberto Cleto). É irmã de Vera (Élida L’Astorina). Sente-se atraída por Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), um homem mais velho, mas acaba se apaixonando pelo mecânico José (Fábio Junqueira), um jovem mais pobre que ela.
VERA (Élida L’Astorina) – Filha de Rita (Célia Biar) e Armando (Roberto de Cleto) e irmã de Fernanda (Beth Goulart). É namorada de Marcelo (Lauro Corona), mas não é apaixonada por ele. Na verdade, gosta mais do status que o namoro lhe proporciona. Vive brigando com a irmã e é extremamente influenciada pela mãe. É amiga de Adriana (Tetê Pritzl) e persegue Marina (Denise Dumont), principalmente depois de perder o namorado para ela.
ANA (Lúcia Veríssimo) – Amiga de Vera (Élida L’Astorina) e Adriana (Tetê Pritzl). Namora o instrutor de equitação Ivan (Edson Celulari), mas sua família a proíbe de ver o rapaz. Depois da ascensão social dele, volta a procurá-lo.
JOÃO (Castro Gonzaga) – Lutou muito para vencer na vida e comprou seu próprio bar, perto de sua casa. Tem grande orgulho da família – é casado com Matilde (Maria Pompeu) e pai de Ivan (Edson Celulari) e Maria (Zaira Zambelli) –, mas não se dá muito bem com o filho, por perceber que ele sempre procura as maneiras mais fáceis de ganhar dinheiro. Seu sonho é que o rapaz trabalhe com ele no bar.
MATILDE (Maria Pompeu) – Mulher de João (Castro Gonzaga) e mãe de Ivan (Edson Celulari) e Matilde (Maria Pompeu). Acata todas as vontades do marido e se orgulha de tudo o que ele já conquistou. Matilde é uma mulher muito religiosa, adora os filhos e tem a certeza de que Ivan será, no futuro, um grande campeão.
IVAN (Edson Celulari) – Rapaz simpático, tipo atlético, capaz de tudo para abandonar o mundo da pobreza e mudar de vida. O instrutor de hipismo começa a ganhar dinheiro ao ser escolhido por Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro) para montar o cavalo Campeão. Seu ponto fraco são as mulheres. Não é muito ligado à família, mas tem grande carinho pela irmã Maria (Zaira Zambelli). É filho de Matilde (Maria Pompeu) e João (Castro Gonzaga).
MARIA (Zaira Zambelli) – Irmã de Ivan (Edson Celulari) e filha de João (Castro Gonzaga) e Matilde (Maria Pompeu). Moça tímida e ligeiramente melancólica. Um acidente na infância a faz mancar um pouco. É apaixonada por um vizinho, José (Fábio Junqueira), mas acha que não o merece. Vive escutando os problemas dos outros e tentando mostrar o lado bom das coisas. Adora o irmão e sofre quando ele sai de casa. Maria é muito ativa e ajuda dona Felícia (Lourdes Mayer) na associação de bairro.
PIRULITO (Ankito) – Técnico de Ivan (Edson Celulari). Vive atrás do rapaz, tentando organizar e controlar a vida dele. É uma espécie de consciência de Ivan, que, muitas vezes, esquece o profissionalismo. Pirulito é um grande conhecedor de animais.
MÁRIO (Milton Moraes) – Marido de Donana (Suely Franco) e pai de José (Fábio Junqueira) e Gilda (Ísis Koschdosky). Começou a beber depois de uma série de desilusões. Por conta da doença, ficou desempregado e passou a viver de biscates. Tenta se recuperar e vencer o alcoolismo, procura emprego, mas sempre se desilude.
DONANA (Suely Franco) – Esposa de Mário (Milton Moraes) e mãe de José (Fábio Junqueira) e Gilda (Ísis Koschdosky). Sofre com o marido alcoólatra e desempregado, mas tem esperança de que ele se cure. São seus filhos que sustentam a casa. Donana é grande amiga de Matilde (Maria Pompeu), sua vizinha.
GILDA (Ísis Koschdoski) – Filha de Mário (Milton Moraes) e Donana (Suely Franco) e irmã de José (Fábio Junqueira). É apaixonada por Ivan (Edson Celulari) há muito tempo, mas já não tem esperanças de conquistá-lo. É a melhor amiga de Maria (Zaira Zambelli). Luta com dificuldades para ajudar no sustento da casa e manter o equilíbrio familiar. É a conselheira de José, que não aceita o comportamento do pai.
JOSÉ (Fábio Junqueira) – Rapaz honesto, tímido e trabalhador, mas que não se conforma com a vida que leva. É filho de Donana (Suely Franco) e Mário (Milton Moraes) e irmão de Gilda (Isis Kochdosky). Amigo de Ivan (Edson Celulari), é um escritor nas horas vagas. Ele faz questão de se manter informado e sonha publicar um livro. É mecânico na oficina de Aluísio (Germano Filho) e conserta o carro de Marcelo (Lauro Corona) e seus amigos. Envolve-se com Fernanda (Beth Goulart), mas tem receio de ser rejeitado pela família da moça por sua condição social.
FELÍCIA (Lourdes Mayer) – Viúva, sozinha no mundo, e vizinha de Donana (Suely Franco) e Matilde (Maria Pompeu). Dedica todo o seu tempo à Associação de Moradores do bairro. É muito prestativa, despachada, mas, às vezes, fala demais e se intromete onde não deveria.
ALUÍSIO (Germano Filho) – Dono da oficina onde José (Fábio Junqueira) trabalha. Acredita na recuperação do alcoólatra Mário (Milton Moraes) e lhe indica alguns biscates. Gosta dos fregueses da oficina, principalmente de Marcelo (Lauro Corona), a quem, algumas vezes, aconselha.
RONNIE (Luca de Castro) – Advogado muito dedicado ao trabalho. Ajuda Felícia (Lourdes Mayer) na associação do bairro e em tudo o que estiver a seu alcance. Apaixona-se por Gilda (Ísis Koschdosky). É tímido e desajeitado, além de ser muito inseguro. Não suporta trânsito e vive preocupado com a violência da cidade.
O instrutor Ivan
As artimanhas do instrutor de hipismo Ivan (Edson Celulari) para abandonar a pobreza e mudar de vida seguem em paralelo à trama da protagonista Marina.
Filho de Matilde (Maria Pompeu) e João (Castro Gonzaga), donos de um bar, Ivan preocupa-se com a irmã paralítica Maria (Zaira Zambelli) e namora Gilda (Ísis Koschdosky), sua vizinha.
Sua grande virada se dá quando é contratado como atleta exclusivo de Carlos Eduardo (Oswaldo Loureiro), pai de Marcelo (Lauro Corona), para montar o cavalo Campeão. Ivan torna-se popular no bairro. Diana (Rosana Penna), uma antiga namorada de Carlos Eduardo, se apaixona por ele, que deixa Gilda para começar um novo romance. Com os contatos e a fama que conquistou, Ivan termina rompendo o contrato no Brasil e vai para a Europa, casando-se com a filha do um armador grego.
Marina
3.1 2Novela, Marina, baseada no romance Marina de Carlos Heitor Cony.
Autoria: Wilson Aguiar Filho
Direção: Herval Rossano
Período de Exibição: 26/05/1980 - 08/11/1980
Horário: 18h
Nº de capítulos: 137
TRAMA PRINCIPAL
A novela foi baseada no romance Marina, Marina, de Carlos Heitor Cony.
Marina (Denise Dumont) foi criada pelo pai, Estevão (Carlos Zara), numa ilha distante. Ele é um escritor conhecido do grande público e vai morar na ilha depois que sua mulher, Rosa, comete suicídio. Marina cresce em total liberdade e em contato com a natureza. A menina estuda em um colégio na ilha e dá aulas para os filhos dos pescadores. Os seus únicos amigos são Tonho (Fábio Mássimo), um jovem pescador da região, e o cachorro Fausto.
Na adolescência, Marina vai morar na cidade grande para dar continuidade aos estudos. Estevão decide mandá-la para a casa dos padrinhos, Otávio (Antonio Patiño) e Anita (Beatriz Lyra), que vivem no Rio de Janeiro.
Marina chega à cidade grande e tem que lidar com um universo completamente diferente do que vivia. Na casa dos padrinhos, não é bem recebida pelos filhos do casal, Adriana (Tetê Pritzl) e Luís (Haroldo Blota). Somente a filha mais nova, Soninha (Monique Curi), a trata com carinho.
A melhor amiga de Marina na escola é Lelena (Íris Nascimento), uma menina negra que luta contra o preconceito racial da maioria dos seus colegas. Marina também conhece Marcelo (Lauro Corona), um rapaz mimado que sofre com a separação dos pais. Marina e Marcelo acabam se apaixonando. Mas a ex-namorada de Marcelo, Vera (Élida L’Astorina), não se conforma com o romance e vive tentando separar o casal.
Sônia (Norma Blum) era uma grande amiga da mãe de Marina e se casou, tempos depois, com Estevão. Ela acompanhou de perto as dificuldades no relacionamento do escritor e da mulher. No final da história, Sônia faz uma revelação para Marina. Ela diz que se apaixonou por Estevão na mesma época que Rosa, mas decidiu viajar para a Europa com o objetivo de esquecê-lo. De volta ao Brasil, Sônia percebeu que não se desligara de Estevão. Sônia tentou se afastar de Rosa, que já enfrentava sérios problemas psicológicos, mas não conseguiu. Um dia, ela não foi se encontrar com a mãe de Marina, por achar que Rosa fingia passar mal. Rosa acabou se suicidando naquele dia. Desde então, Sônia passou a sentir-se responsável por não ter ajudado a amiga. Ela só consegue se livrar do sentimento de culpa após contar a verdade a Estevão e Marina.
CURIOSIDADES
A novela marcou a estreia dos atores Edson Celulari, Lúcia Veríssimo, Beth Goulart e Glauce Graieb na TV Globo.
Amor de Mãe
3.8 52 Assista Agora'Amor de Mãe': novela repete erro de 'A Dona do Pedaço' ao incluir muitos personagens
A nova novela da Rede Globo, “Amor de Mãe”, é o primeiro trabalho de Manuela Dias no horário das 21h. A novela será a substituta do sucesso “A Dona do Pedaço” no horário nobre da emissora, visto que a trama de Walcyr Carrasco terá o seu fim no próximo dia 22 de novembro, dando espaço para a mais nova empreitada da emissora. A produção promete ser um sucesso tanto quanto sua antecessora, mas trás consigo alguns problemas desde já.
A trama marca a volta de Regina Casé para as Novelas da emissora. O último trabalho da apresentadora e atriz na emissora em novelas aconteceu em 2001, com a novela “As Filhas da Mãe”, em que ela esteve presente do começo ao fim da trama. Contudo, ela retornou em algumas outras produções para papeis menores e de menor duração, como, por exemplo, em “Ciranda de Pedra”, de 2008, e também “Cheias de Charme”, de 2012.
Erros prévios em 'Amor de Mãe'
O colunista do UOL, Flavio Ricco, fez um apontamento muito interessante com a estreia de “Amor de Mãe” se aproximando. Muito se teme pela novela repetir o erro de “A Dona do Pedaço” onde alguns grandes talentos foram desperdiçados com papeis menores, tendo sido pouco explorados.
A trama de Walcyr Carrasco reuniu um elenco de peso, mas, devido ao número de histórias acontecendo simultaneamente, atores e atrizes renomados, como Marco Nanini, Tônico Pereira e Rosamaria Murtinho não foram aproveitados pela trama.
Diante de grandes nomes que irão constar no elenco de “Amor de Mãe”, teme-se que a novela de Manuela Dias acabe caindo no mesmo erro de sua antecessora, e, ao ter personagens em demasia, acabe não tendo desenvolvimento concreto na história, o que poderá fazer com que atores e atrizes renomados acabem ficando em um plano secundário, sendo pouco aproveitados.
Isso porque foi anunciado que o elenco da novela contará com 70 atores, e que serão distribuídos em 9 núcleos diferentes.
Devido a este grande número de profissionais, é algo a se temer que a nova novela repita o mesmo erro, e tenha os mesmo problemas de “A Dona do Pedaço” no desenrolar da trama.
Além dos nomes citados que estiveram na atual novela das 21h, outro grande nome que fez parte do elenco e não foi tão bem aproveitado foi Rosi Campos, que teve pouco destaque em sua personagem, assim como Tônico Pereira e Marco Nanini, que foram seus companheiros de cena por muitas vezes.
Algumas pessoas sequer se lembram que a atriz está na trama, na pele de Dorotéia, esposa de Eusébio (Marco Nanini), e mãe de Rock (Caio Castro), Britney (Glamour Garcia) e Zé Hélio (Bruno Bevan). Os filhos de sua personagem conquistaram um pouco mais de tempo na tela, chegando até mesmo a fazer sucesso com o público, que torcia muito para que eles conseguissem seus objetivos. Agora, resta esperar para ver como a autora Manuela Dias irá desenvolver a história, com tantos personagens ao mesmo tempo.
Suave Veneno
2.9 30Playlist de todos os episódios de essa novela em
www.youtube.com/watch?v=VBYdmWmLeK8&list=PLw_j2mODlC5DdT3K-eN8VBszhS6maYj3e
Suave Veneno
2.9 30A novela Suave Veneno, escrita por Aguinaldo Silva, uma trama que é lembrada até hoje em razão de sua vilã, Maria Regina, vivida por Letícia Spiller. A megera segue apontada como uma das mais pérfidas (e caricatas) vilãs da teledramaturgia brasileira.
Suave Veneno girava em torno de Waldomiro Cerqueira (José Wilker), um poderoso empresário, conhecido como “imperador do mármore”. Proprietário da Marmoreal, ele foi casado com Eleonor (Irene Ravache) e tem três filhas: Maria Regina (Letícia Spiller), Maria Antônia (Vanessa Lóes) e Márcia Eduarda (Luana Piovani). A primogênita é, também, sua inimiga, já que os dois destoam dos planos envolvendo a Marmoreal, e Maria Regina vive a armar para prejudicar o pai e se dar bem.
Quando Waldomiro se envolve num acidente no qual atropela Inês (Gloria Pires), uma mulher desmemoriada, se vê obrigado a cuidar dela. Assim, ele a leva para casa, o que gera um sério conflito, já que Eleonor e suas filhas não aceitam a protegida do pai. E Waldomiro e Inês realmente se envolvem, fazendo Maria Regina se enfurecer mais ainda, temendo que Inês ameace sua fortuna.
Ocorreu, mais adiante, a verdade é revelada: Inês, na verdade, fazia parte de um plano de vingança orquestrado pela advogada Clarice Ribeiro (Patrícia França), sua filha bastarda da qual ele nem sabia da existência. Quando Inês desaparece, juntamente com valiosos diamantes, Waldomiro acaba perdendo a presidência da Marmoreal para Maria Regina, enquanto Clarice é misteriosamente assassinada. Já Waldomiro acaba reencontrando Inês, agora num contexto completamente diferente: ela se chama Lavínia, uma moça humilde que vive num bairro do Rio de Janeiro, e nega que seja Inês.
Acostumado com tramas interioranas e cheias de realismo fantástico, Aguinaldo Silva se aventurou numa trama urbana com Suave Veneno. Para isso, o novelista se inspirou em Rei Lear, de William Shakespeare, peça na qual o rei da Bretanha decide dividir o reino entre suas três filhas. A ideia do autor era fazer uma trama movimentada, com muitas viradas ao longo da obra que reconfigurariam toda a história. Acontece que a trama começou muito confusa e o público acabou não compreendendo o roteiro até então.
Para salvar a novela, Aguinaldo Silva acabou fazendo algumas alterações na história. A principal mudança foi a história de Clarice.
A princípio, Clarice não morreria e sua vingança iria mais adiante, com a personagem assumindo a Marmoreal e disputando a presidência com Maria Regina. Então, optou-se pela morte da personagem, instalando o mistério sobre seu assassinato.
A vilã Maria Regina fez muito sucesso em Suave Veneno. Atirando contra tudo e todos, a malvada tratava seus desafetos com apelidos criativos, desferindo as melhores frases da novela.
E quem “surfou” no sucesso da vilã foi Maria Paula, do Casseta & Planeta, que a imitava na sátira Suado Moreno. A versão “casseta” da vilã fez tanto sucesso, que Letícia Spiller chegou a gravar uma participação no humorístico, contracenando com seu “clone”. Outros personagens de sucesso foram a fogosa e misteriosa Carlota Valdez (Betty Faria), a “maria chuteira” Marina (Deborah Secco), e o guru Uálber Cañedo (Diogo Vilela), que previa o futuro sempre acompanhado de seu amigo e assistente Edilberto (Luís Carlos Tourinho). Destaque também para o pintor Eliseu (Rodrigo Santoro), um protegido de Eleonor, que acaba se envolvendo com a filha dela, Márcia.
Com 209 capítulos, Suave Veneno foi escrita por Aguinaldo Silva com colaboração de Ângela Carneiro, Maria Helena Nascimento, Filipe Miguez, Fernando Rebello e Marília Garcia. Teve direção de Marcos Schechtman, Alexandre Avancini e Moacyr Góes, com direção-geral de Ricardo Waddington e Marcos Schechtman, e direção de núcleo de Ricardo Waddington e Daniel Filho.
Curiosidades:
Samara Felippo entrou na trama para fazer parte de um suposto triângulo com Eliseu e Márcia, acontece que a personagem não teve grande destaque na trama. Esta foi a primeira novela a ser baseada em "Rei Lear", de William Shakespeare; a segunda foi Tempos Modernos (2010), que também passou por graves problemas de roteiro.
A história do nordestino que fica rico com uma empresa de mármore é verídica. Foi uma das novelas com menor cidade cenográfica, pois a emissora optou por mais externas, para dar mais realismo à história.
Aguinaldo Silva se baseou no clássico Um Corpo que Cai, de Hitchcock para criar a história de Maria Inês, que some e depois é descoberta por Waldomiro sob novo nome, é perseguida pelo rapaz crendo ser sua falecida esposa. E a inspiração não parou por aí, o nome Carlota Valdez era original do mesmo filme e as roupas da personagem foram baseadas nas personagens dos filmes de Almodóvar. Assim como os cabelo negros e curtos de Letícia Spiller foram inspirados nas madeixas da atriz italiana Isabella Rosellini.
Conexão Internacional
4.4 3O programa "Conexão Internacional", foi criado por Fernando Barbosa Lima, em 1984, na extinta TV Manchete. A cada programa, uma personalidade era entrevistada por Roberto D'Ávila.
"Conexão Internacional" foi um dos melhores programas do gênero da televisão brasileira.
Dirigido por Walter Salles, o programa Conexão Internacional realizou mais de 80 entrevistas de Roberto D’Ávila com personalidades internacionais das artes e da política, como Fidel Castro, Felipe González, Ted Kennedy, Desmond Tutu, Federico Fellini, Marcello Mastroianni, Woody Allen, Catherine Deneuve, François Mitterrand, Nancy Reagan, Mick Jagger, Albert Sabin e Luciano Pavarotti.
Em um vídeo, Lúcia Leme pergunta a Gal Costa: "Que tipo de pessoa atrai Gal Costa?".
A cantora responde sutilmente, e com sinceridade e doçura.
redemanchete.net/programas/programa.asp?id=106&t=Conexao-Internacional