Dizer que Sofia Coppola não deu profundidade aos personagens deveria ser visto como um elogio e não como uma crítica negativa, afinal essa era a intenção da diretora e assim são os personagens, fúteis e vazios, logo pedir que os mesmos tenham profundidade é um tanto incoerente com o intento do filme. Bling Ring é uma crítica a cultura vazia do culto às celebridades e ao estilo de vida surreal que elas ostentam, Sofia Coppola faz isso de forma competente e acerta em apresentar os personagens evitando julgamentos morais. Após repetidas invasões o filme se mostra desgastado e esse é o seu maior defeito. Não é o melhor trabalho da diretora, mas também não chega perto de ser um filme ruim. Em meio a seus erros e acertos, é um filme divertido com uma interessante crítica sobre um tema inteiramente contemporâneo.
A primeira metade do filme é talvez a melhor coisa que a Pixar já tenha feito. Os primeiros 45 minutos são de uma grande ousadia narrativa, onde, sem nenhum diálogo e com uma estética diferente dos outros trabalho do estúdio, somos apresentados a solidão do amável Wall-E e seus esforços para não perder sua amada EVA. Tudo feito apenas através de imagens, no máximo utilizando sons quase irreconhecíveis emitidos pelo robôs, e até fazendo as trapalhadas de Wall-E nos lembrar grandes mestres da comédia muda, como Chaplin e Buster Keaton. Na segunda metade o filme perde um pouco desse encanto, mas somente a paixão despertada pelos personagens já seria suficiente para sustentar o resto do filme, só que ele não se reduz a isso e o roteiro segue com força, abordando temas como a preservação ecológica, o sedentarismo e uma clara homenagem a 2001 - Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick. O filme acabou e fiquei com a sensação de ter assistido uma das melhores animações já feitas. Emocionante, divertido, reflexivo e extremamente cativante, adjetivos elogiosos não faltam para Wall-E, que consegue conquistar adultos e crianças com seus personagens apaixonantes e sua incrível história.
Os relatos parecem tão surreais que por alguns momentos eu pensava estar vendo um filme de ficção, mas então eu lembrava que se tratava de um documentário e voltava a ficar extremamente chocado. Um dos melhores filmes do ano, e há de se parabenizar a coragem de seus realizadores.
A descoberta da sexualidade, do amor e da vida. Kechiche, de forma delicada e intimista, nos leva a essa jornada junto com Adèle, e assim vemos a personagem se descobrir, se encontrar e se perder, em meio a sensíveis cenas de olhares ou intensas cenas de sexo. O único pecado do filme talvez seja algumas cenas prolongadas mais do que o necessário, fazendo o filme parecer mais longo do que realmente é. Mas é um pecado perdoável, que se torna pequeno perto de tantas acertos, como a extraordinária atuação de Adèle Exarchopoulos.
O cinema mais próximo do que foi um dos fatores que lhe o garantiu o sucesso: a capacidade de materializar sonhos. Assim como o protagonista sabemos que o que vemos em um sonho não é real, mas só percebemos isso depois que acordamos. Buster Keaton nos faz acreditar que é um próprio sonho que vemos em tela e nos faz ficar com um sorriso no rosto até o último minuto, quando acordamos desse belíssimo filme.
Me venderam a impressão de que seria um filme que tem por intenção apenas causar mal-estar em quem o assiste, sem ir além disso, mas logo vi que estava enganado. Noé é contundente ao abordar assuntos pesados, mostrando o pior do ser humano e criando cenas devastadoras, onde é impossível permanecer indiferente. Sem falar que o filme é um grande exercício de cinema, com seus movimentos de câmera insólitos que vão de um cenário ao outro com cortes quase imperceptíveis e que conseguem envolver o espectador até o último fotograma. Não consigo pensar em um filme mais impactante e ao mesmo tempo tão real.
Chan-wook Park veio ao Ocidente para dar uma aula de como fazer cinema. Hollywood não intimidou o sul-coreano, que não deixou de fora seus traços autorais e pode fazer um suspense de extrema qualidade, trazendo um pouco de estilo a esse gênero que há muito não é renovado. A exuberância técnica impressiona, com uma fotografia de encher os olhos, compondo o arrebatador visual do filme. Também merece destaque a montagem impecável, que valoriza o virtuosismo do diretor com a câmera e suas inventivas soluções visuais. Mas não só de belas imagens se faz um bom filme, e Park sabe disso. A trama de mistérios é bem desenvolvida e prende a atenção do espectador do início ao fim. Em meio ao clima de tensão muito bem construído os segredos da família vão se revelando e temas como a descoberta da sexualidade vão sendo abordados. Sem dúvida, um dos melhores trabalhos de direção do ano, e um dos melhores filmes também.
Um trabalho de câmera incrível, que atesta o grande talento de Orson Welles como diretor e que pode ser notado logo em seu maravilhoso plano-sequência inicial. O roteiro peca em alguns pontos e a escolha de Charlton Heston para interpretar um mexicano não foi das melhores. Contudo, esse grande clássico do cinema noir certamente é um filme que merece ser assistido.
"Um Estranho no Lago" não é apenas um filme de temática homossexual que explora cenas de sexo e nudez, é um thriller poderoso que consegue transmitir de forma efetiva as emoções dos diferentes personagens que buscam naquele lago seus diferentes propósitos, assim se tornando um dos bons filmes do ano.
Bizarro, surpreendente, ousado, impactante, tenso, criativo e perturbador. Acho que nunca atribui adjetivos tão diferentes a um único filme, só mesmo essa espécie de Frankenstein do Almodóvar para conseguir isso.
Um suspense hitchcockiano da melhor qualidade, que também lembra um pouco "A Conversação", de Coppola, e "Blow-Up", de Antonioni, não deixando nada a desejar em relação a essas obras, até sendo superior a elas. Só peca nos momentos finais, quando De Palma exagera nos artifícios e o filme perde tensão e qualidade. Nada que prejudique toda a obra, que se mantém como um dos grandes filmes de suspense já feitos.
Lynne Ramsay usa a linguagem cinematográfica a seu favor, abusando de simbolismo e acertando na escolha da narrativa não-linear. O filme expõe tudo sem dar justificativas ou soluções, apenas cria cenas que intrigam e oferecem tensão ao público. Tilda Swinton e Ezra Miller dão um show de atuação. Ótimo filme, perturbador e impactante.
A narrativa é lenta e o filme demora a engrenar, com a tensão sendo construída aos poucos. A grande qualidade fica por conta do desenvolvimento psicológico que é dado ao protagonista, em grande atuação de Gene Hackman. Também merece destaque o desfecho do filme, que surpreende e justifica toda a paranoia do personagem. É um trabalho mais autoral de Coppola e não chega ao nível de suas obras-primas, mas não deixa de demonstrar qualidade.
O que torna a Pixar tão especial é o desenvolvimento humano que ela dá aos seus personagens. Em meio ao incrível universo fantasioso de Monstros S.A. há sempre a presença de sentimentos e emoções comuns em nossas vidas, e mesmo que mascarados pelas engenhosas e divertidas situações criadas pelo roteiro, é impossível não perceber a relação paternal que Sulley cria por Boo ou não notar o sentimento de desapego que rola por todo o filme já que a volta da garota para o seu quarto é algo iminente. Os personagens também são dos mais cativantes e esse é mais um motivo que faz com que Monstros S.A. seja um dos melhores trabalhos da Pixar.
O início do filme é brilhante, mostrando em poucos minutos a história de Fredricksen e Ellie, onde, sem nenhum diálogo, são mostradas todas as emoções e sentimentos dos melhores e piores momentos vividos por aquele casal, arrancando boas lágrimas do espectador. Depois a animação toma o rumo para agradar mais o público infantil, com os personagens iniciando uma grande aventura. É então que o filme perde um pouco a força e o roteiro não se mostra a altura dos demais filmes da Pixar, sendo previsível em certos momentos e sem a mesma inventividade dos outros trabalhos do estúdio. Contudo, uma ótima animação, que dá um grande desenvolvimento aos aspectos dramáticos do filme e proporciona bons momentos, ora emocionantes, ora divertidos, agradando adultos e crianças.
David Fincher dá uma aula de como fazer uma biografia moderna. Com uma direção firme, montagem frenética e diálogos ágeis, o diretor não só cumpre a proposta de contar a história do Facebook, como vai além e constrói um retratado da nossa nova geração. O roteiro desenvolve tão bem os personagens e as atuações são tão convincentes que muitas pessoas avaliam o filme se baseando apenas no caráter de Mark Zuckerberg, o que é um grande erro visto as qualidades apontadas acima, que fazem de "A Rede Social" um excelente filme.
Almodóvar tem a habilidade de criar personagens que, de tão complexos, muitas vezes podemos não concordar com seus atos, mas sempre nos preocupamos e torcemos para que tudo dê certo para eles. O que cada um tem em comum com o outro é que todos estão subordinados ao amor, em suas mais variadas formas possíveis, seja os amores do passado, o amor de um casal, o amor de um amigo ou o amor de quem ama sem esperar nada em troca. O diretor cria uma história para cada tipo de amor e, em meio a muitas reviravoltas, faz todas se amarrem e se completarem no final. Almodóvar também tem a habilidade de abordar assuntos pesados da maneira mais leve possível, demonstrando controle absoluto sobre a sua obra e assim criando um filme de extrema beleza e sensibilidade.
Almodóvar tem esse poder de pegar uma história deveras incomum e conseguir transmiti-la para o público da maneira mais natural possível, demonstrando enorme sensibilidade e grande domínio sobre a linguagem cinematográfica. O diretor consegue fazer o espectador imergir em seu universo particular ao passo que retrata a complexidade do universo feminino de uma maneira nunca feita antes. Seus personagens, seja homem ou mulher, são todos femininos (com exceção de Esteban), todos muito bem interpretados e todos têm grande importância no ambiente criado por Almodóvar, que mais uma vez é caracterizado por suas cores fortes, músicas latinas e pela excentricidade do roteiro. Belíssima homenagem às mulheres, a todas elas, seja mãe ou não, ou mesmo nem tendo nascido mulher. Almodóvar, o nosso Agrado do cinema.
Criar empatia com o protagonista é algo necessário para gostar do filme, e não seria difícil simpatizar com um homem que cria as mais diversas situações para conquistar sua amada ou se comover com um pai que faz de tudo para poupar seu filho da real situação em que estavam envolvidos em meio a barbárie do Holocausto, mas tudo o que o personagem faz é tão forçado que ele se torna demasiadamente irritante e durante todo o filme dá vontade de entrar na tela e mandá-lo calar a boca. O roteiro tem alguns poucos bons momentos, sempre exagerados, mas que proporcionam uma ou outra cena engraçada. Nada que salve o filme, mas pelo menos o torna mais agradável. Roberto Benigni ter ganho o Oscar de melhor ator por esse filme, desbancando, por exemplo, Edward Norton por "A Outra História Americana", é a prova de que o Oscar não é uma premiação para se levar a sério.
Herzog expõe Treadwell com enorme sensibilidade, utilizando de forma primorosa as mil horas de filmagens feitas pelo ecologista. O diretor também reúne relatos de pessoas que conviveram com Timothy (o ponto fraco do filme, visto a falta de naturalidade de alguns depoimentos) e expõe seu próprio ponto de vista, muitas vezes discordando da visão de Treadwell. Herzog explora o material que tem disponível não para fazer um filme sobre consciência ecológico ou algo do tipo, o diretor alemão vai além e cria uma obra sobre a relação do homem com o meio selvagem, expondo a obsessão de Treadwell em estudar e proteger os ursos, o que lhe fez ultrapassar o limite entre a sanidade e a loucura. Um belo documentário sobre a natureza humana a partir da história de um homem inapto à sociedade, que encontrou nos ursos um refúgio para seus problemas.
Víctor Erice retrata o universo infantil com grande delicadeza, transpondo para a tela a imaginação, inocência, curiosidade e o anseio por novas descobertas tão comum nessa fase de nossas vidas. Ana e seus belos olhos melancólicos procuram por Frankenstein em meio a um clima de angústia e solidão provocados pela Guerra Civil espanhola. O ritmo do filme consegue expor de forma efetiva esse sentimento que era vivido naquela época e naquela região, e apesar de lento, em nada prejudica a obra, uma vez que as imagens concebidas pelo diretor são hipnóticas, resultando em um belo e poético filme.
O filme é brilhante dos créditos inicias até a última cena com Jake se preparando para uma apresentação como se estivesse se preparando para entrar em uma das lutas do auge de sua carreira. Scorsese e De Niro conseguiram retratar perfeitamente os sentimentos do personagem, seja a fúria de sua vida pessoal ou a fúria que é aplicada em seus adversários dentro do ringue.
De Niro se entrega completamente ao papel, chegando a engordar quase 30kg para retratar a fase decadente da vida de Jake LaMotta, ficando irreconhecível e assim realizando uma das melhores atuações de sua incrível carreira, o que lhe rendeu o Oscar de melhor ator naquele ano.
Scorsese conduz o filme de forma primorosa e acerta na escolha da fotografia em preto e branco, que com suas luzes e sombras deixam ainda melhor os maravilhosos planos e enquadramentos concebidos pelo diretor. Isso aliado a um incrível trabalho de montagem, que dá o ritmo perfeito ao filme, fazem com que a obra tenha um apuro técnico estupendo.
A última luta com Sugar Ray Robinson é simplesmente uma das melhores sequências do cinema. Jake leva seguidos golpes, cada vez mais fortes e mesmo assim mantém a guarda baixa, como se nada o estivesse atingindo, pois, por mais forte que fosse o golpe, a dor ainda era menor do que a que Jake sentia em seu íntimo. Um rosto desconfigurado não é nada perto de uma vida destruída. Mais do que uma luta de boxe, essa sequência é a representação da vida de Jake. "Você nunca me derrubou, Ray!", Ray é uma metáfora para sua vida, que o golpeou várias vezes, mas ele sempre se manteve de pé.
Scorsese e De Niro criaram um incrível retrato psicológico de um personagem que dentro dos quatro corners é imbatível, mas que, fora deles, é duramente golpeado por si mesmo. Muito mais que um filme sobre boxe, "Touro Indomável" é um filme sobre a dor, a fúria e a decadência de um homem condenado por sua personalidade autodestrutiva.
O cinema estilizado de Dolan, suas referências pop, o primor da direção de arte e da fotografia acabam se sobressaindo ao conteúdo do filme, o que prejudica a obra, mas também acaba resultando em bons momentos. Os jovens relatando, em um falso documentário, suas experiências amorosas mostram que os "amores imaginários" estão em todos os lugares e alguns dos bons momentos do filmes estão nesses relatos. A futilidade dos personagens incomoda um pouco, mas seus desejos e fantasias por Nicolas são bem explorados, criando boas cenas e diálogos ao longo do filme. Seus sentimentos também são bem retratados e vão se intensificando de forma clara. Há certos exageros e gratuidades no filme. Se a câmera lenta à la Kar-Wai por vezes funciona, em certos momentos ela é usada sem a mesma sutileza do diretor chinês e seu uso acaba parecendo um tanto exagerado. "Amores Imaginários" tem suas falhas e seus acertos, no geral, é um bom filme. Dolan ainda é muito jovem e já demonstra características de um bom realizador, vale a pena acompanhá-lo e torcer para que ele amadureça e se torne um grande cineasta.
Bling Ring - A Gangue de Hollywood
3.0 1,7K Assista AgoraDizer que Sofia Coppola não deu profundidade aos personagens deveria ser visto como um elogio e não como uma crítica negativa, afinal essa era a intenção da diretora e assim são os personagens, fúteis e vazios, logo pedir que os mesmos tenham profundidade é um tanto incoerente com o intento do filme.
Bling Ring é uma crítica a cultura vazia do culto às celebridades e ao estilo de vida surreal que elas ostentam, Sofia Coppola faz isso de forma competente e acerta em apresentar os personagens evitando julgamentos morais. Após repetidas invasões o filme se mostra desgastado e esse é o seu maior defeito.
Não é o melhor trabalho da diretora, mas também não chega perto de ser um filme ruim. Em meio a seus erros e acertos, é um filme divertido com uma interessante crítica sobre um tema inteiramente contemporâneo.
WALL·E
4.3 2,8K Assista AgoraA primeira metade do filme é talvez a melhor coisa que a Pixar já tenha feito. Os primeiros 45 minutos são de uma grande ousadia narrativa, onde, sem nenhum diálogo e com uma estética diferente dos outros trabalho do estúdio, somos apresentados a solidão do amável Wall-E e seus esforços para não perder sua amada EVA. Tudo feito apenas através de imagens, no máximo utilizando sons quase irreconhecíveis emitidos pelo robôs, e até fazendo as trapalhadas de Wall-E nos lembrar grandes mestres da comédia muda, como Chaplin e Buster Keaton.
Na segunda metade o filme perde um pouco desse encanto, mas somente a paixão despertada pelos personagens já seria suficiente para sustentar o resto do filme, só que ele não se reduz a isso e o roteiro segue com força, abordando temas como a preservação ecológica, o sedentarismo e uma clara homenagem a 2001 - Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick.
O filme acabou e fiquei com a sensação de ter assistido uma das melhores animações já feitas. Emocionante, divertido, reflexivo e extremamente cativante, adjetivos elogiosos não faltam para Wall-E, que consegue conquistar adultos e crianças com seus personagens apaixonantes e sua incrível história.
O Ato de Matar
4.3 135Os relatos parecem tão surreais que por alguns momentos eu pensava estar vendo um filme de ficção, mas então eu lembrava que se tratava de um documentário e voltava a ficar extremamente chocado. Um dos melhores filmes do ano, e há de se parabenizar a coragem de seus realizadores.
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraA descoberta da sexualidade, do amor e da vida. Kechiche, de forma delicada e intimista, nos leva a essa jornada junto com Adèle, e assim vemos a personagem se descobrir, se encontrar e se perder, em meio a sensíveis cenas de olhares ou intensas cenas de sexo. O único pecado do filme talvez seja algumas cenas prolongadas mais do que o necessário, fazendo o filme parecer mais longo do que realmente é. Mas é um pecado perdoável, que se torna pequeno perto de tantas acertos, como a extraordinária atuação de Adèle Exarchopoulos.
Bancando o Águia
4.5 135 Assista AgoraO cinema mais próximo do que foi um dos fatores que lhe o garantiu o sucesso: a capacidade de materializar sonhos. Assim como o protagonista sabemos que o que vemos em um sonho não é real, mas só percebemos isso depois que acordamos. Buster Keaton nos faz acreditar que é um próprio sonho que vemos em tela e nos faz ficar com um sorriso no rosto até o último minuto, quando acordamos desse belíssimo filme.
Irreversível
4.0 1,8K Assista AgoraMe venderam a impressão de que seria um filme que tem por intenção apenas causar mal-estar em quem o assiste, sem ir além disso, mas logo vi que estava enganado. Noé é contundente ao abordar assuntos pesados, mostrando o pior do ser humano e criando cenas devastadoras, onde é impossível permanecer indiferente. Sem falar que o filme é um grande exercício de cinema, com seus movimentos de câmera insólitos que vão de um cenário ao outro com cortes quase imperceptíveis e que conseguem envolver o espectador até o último fotograma.
Não consigo pensar em um filme mais impactante e ao mesmo tempo tão real.
Segredos de Sangue
3.5 1,2K Assista AgoraChan-wook Park veio ao Ocidente para dar uma aula de como fazer cinema. Hollywood não intimidou o sul-coreano, que não deixou de fora seus traços autorais e pode fazer um suspense de extrema qualidade, trazendo um pouco de estilo a esse gênero que há muito não é renovado.
A exuberância técnica impressiona, com uma fotografia de encher os olhos, compondo o arrebatador visual do filme. Também merece destaque a montagem impecável, que valoriza o virtuosismo do diretor com a câmera e suas inventivas soluções visuais.
Mas não só de belas imagens se faz um bom filme, e Park sabe disso. A trama de mistérios é bem desenvolvida e prende a atenção do espectador do início ao fim. Em meio ao clima de tensão muito bem construído os segredos da família vão se revelando e temas como a descoberta da sexualidade vão sendo abordados.
Sem dúvida, um dos melhores trabalhos de direção do ano, e um dos melhores filmes também.
A Marca da Maldade
4.1 221 Assista AgoraUm trabalho de câmera incrível, que atesta o grande talento de Orson Welles como diretor e que pode ser notado logo em seu maravilhoso plano-sequência inicial. O roteiro peca em alguns pontos e a escolha de Charlton Heston para interpretar um mexicano não foi das melhores. Contudo, esse grande clássico do cinema noir certamente é um filme que merece ser assistido.
Um Estranho no Lago
3.3 465 Assista Agora"Um Estranho no Lago" não é apenas um filme de temática homossexual que explora cenas de sexo e nudez, é um thriller poderoso que consegue transmitir de forma efetiva as emoções dos diferentes personagens que buscam naquele lago seus diferentes propósitos, assim se tornando um dos bons filmes do ano.
A Pele que Habito
4.2 5,1K Assista AgoraBizarro, surpreendente, ousado, impactante, tenso, criativo e perturbador. Acho que nunca atribui adjetivos tão diferentes a um único filme, só mesmo essa espécie de Frankenstein do Almodóvar para conseguir isso.
Um Tiro na Noite
3.9 236 Assista AgoraUm suspense hitchcockiano da melhor qualidade, que também lembra um pouco "A Conversação", de Coppola, e "Blow-Up", de Antonioni, não deixando nada a desejar em relação a essas obras, até sendo superior a elas. Só peca nos momentos finais, quando De Palma exagera nos artifícios e o filme perde tensão e qualidade. Nada que prejudique toda a obra, que se mantém como um dos grandes filmes de suspense já feitos.
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraLynne Ramsay usa a linguagem cinematográfica a seu favor, abusando de simbolismo e acertando na escolha da narrativa não-linear. O filme expõe tudo sem dar justificativas ou soluções, apenas cria cenas que intrigam e oferecem tensão ao público. Tilda Swinton e Ezra Miller dão um show de atuação. Ótimo filme, perturbador e impactante.
A Conversação
4.0 231 Assista AgoraA narrativa é lenta e o filme demora a engrenar, com a tensão sendo construída aos poucos. A grande qualidade fica por conta do desenvolvimento psicológico que é dado ao protagonista, em grande atuação de Gene Hackman. Também merece destaque o desfecho do filme, que surpreende e justifica toda a paranoia do personagem. É um trabalho mais autoral de Coppola e não chega ao nível de suas obras-primas, mas não deixa de demonstrar qualidade.
Monstros S.A.
4.2 1,5K Assista AgoraO que torna a Pixar tão especial é o desenvolvimento humano que ela dá aos seus personagens. Em meio ao incrível universo fantasioso de Monstros S.A. há sempre a presença de sentimentos e emoções comuns em nossas vidas, e mesmo que mascarados pelas engenhosas e divertidas situações criadas pelo roteiro, é impossível não perceber a relação paternal que Sulley cria por Boo ou não notar o sentimento de desapego que rola por todo o filme já que a volta da garota para o seu quarto é algo iminente. Os personagens também são dos mais cativantes e esse é mais um motivo que faz com que Monstros S.A. seja um dos melhores trabalhos da Pixar.
Up: Altas Aventuras
4.3 3,8K Assista AgoraO início do filme é brilhante, mostrando em poucos minutos a história de Fredricksen e Ellie, onde, sem nenhum diálogo, são mostradas todas as emoções e sentimentos dos melhores e piores momentos vividos por aquele casal, arrancando boas lágrimas do espectador. Depois a animação toma o rumo para agradar mais o público infantil, com os personagens iniciando uma grande aventura. É então que o filme perde um pouco a força e o roteiro não se mostra a altura dos demais filmes da Pixar, sendo previsível em certos momentos e sem a mesma inventividade dos outros trabalhos do estúdio. Contudo, uma ótima animação, que dá um grande desenvolvimento aos aspectos dramáticos do filme e proporciona bons momentos, ora emocionantes, ora divertidos, agradando adultos e crianças.
A Rede Social
3.6 3,1K Assista AgoraDavid Fincher dá uma aula de como fazer uma biografia moderna. Com uma direção firme, montagem frenética e diálogos ágeis, o diretor não só cumpre a proposta de contar a história do Facebook, como vai além e constrói um retratado da nossa nova geração. O roteiro desenvolve tão bem os personagens e as atuações são tão convincentes que muitas pessoas avaliam o filme se baseando apenas no caráter de Mark Zuckerberg, o que é um grande erro visto as qualidades apontadas acima, que fazem de "A Rede Social" um excelente filme.
Fale com Ela
4.2 1,0K Assista AgoraAlmodóvar tem a habilidade de criar personagens que, de tão complexos, muitas vezes podemos não concordar com seus atos, mas sempre nos preocupamos e torcemos para que tudo dê certo para eles. O que cada um tem em comum com o outro é que todos estão subordinados ao amor, em suas mais variadas formas possíveis, seja os amores do passado, o amor de um casal, o amor de um amigo ou o amor de quem ama sem esperar nada em troca. O diretor cria uma história para cada tipo de amor e, em meio a muitas reviravoltas, faz todas se amarrem e se completarem no final. Almodóvar também tem a habilidade de abordar assuntos pesados da maneira mais leve possível, demonstrando controle absoluto sobre a sua obra e assim criando um filme de extrema beleza e sensibilidade.
Era uma Vez no Oeste
4.4 730 Assista AgoraHá de se compreender o desaparecimento de westerns no cinema, pois, tudo o que tinha para se fazer com o gênero, Leone o fez.
Tudo Sobre Minha Mãe
4.2 1,3K Assista AgoraAlmodóvar tem esse poder de pegar uma história deveras incomum e conseguir transmiti-la para o público da maneira mais natural possível, demonstrando enorme sensibilidade e grande domínio sobre a linguagem cinematográfica. O diretor consegue fazer o espectador imergir em seu universo particular ao passo que retrata a complexidade do universo feminino de uma maneira nunca feita antes. Seus personagens, seja homem ou mulher, são todos femininos (com exceção de Esteban), todos muito bem interpretados e todos têm grande importância no ambiente criado por Almodóvar, que mais uma vez é caracterizado por suas cores fortes, músicas latinas e pela excentricidade do roteiro. Belíssima homenagem às mulheres, a todas elas, seja mãe ou não, ou mesmo nem tendo nascido mulher.
Almodóvar, o nosso Agrado do cinema.
A Vida é Bela
4.5 2,7K Assista AgoraCriar empatia com o protagonista é algo necessário para gostar do filme, e não seria difícil simpatizar com um homem que cria as mais diversas situações para conquistar sua amada ou se comover com um pai que faz de tudo para poupar seu filho da real situação em que estavam envolvidos em meio a barbárie do Holocausto, mas tudo o que o personagem faz é tão forçado que ele se torna demasiadamente irritante e durante todo o filme dá vontade de entrar na tela e mandá-lo calar a boca. O roteiro tem alguns poucos bons momentos, sempre exagerados, mas que proporcionam uma ou outra cena engraçada. Nada que salve o filme, mas pelo menos o torna mais agradável.
Roberto Benigni ter ganho o Oscar de melhor ator por esse filme, desbancando, por exemplo, Edward Norton por "A Outra História Americana", é a prova de que o Oscar não é uma premiação para se levar a sério.
O Homem-Urso
4.0 141 Assista AgoraHerzog expõe Treadwell com enorme sensibilidade, utilizando de forma primorosa as mil horas de filmagens feitas pelo ecologista. O diretor também reúne relatos de pessoas que conviveram com Timothy (o ponto fraco do filme, visto a falta de naturalidade de alguns depoimentos) e expõe seu próprio ponto de vista, muitas vezes discordando da visão de Treadwell.
Herzog explora o material que tem disponível não para fazer um filme sobre consciência ecológico ou algo do tipo, o diretor alemão vai além e cria uma obra sobre a relação do homem com o meio selvagem, expondo a obsessão de Treadwell em estudar e proteger os ursos, o que lhe fez ultrapassar o limite entre a sanidade e a loucura.
Um belo documentário sobre a natureza humana a partir da história de um homem inapto à sociedade, que encontrou nos ursos um refúgio para seus problemas.
O Espírito da Colméia
4.2 145 Assista AgoraVíctor Erice retrata o universo infantil com grande delicadeza, transpondo para a tela a imaginação, inocência, curiosidade e o anseio por novas descobertas tão comum nessa fase de nossas vidas. Ana e seus belos olhos melancólicos procuram por Frankenstein em meio a um clima de angústia e solidão provocados pela Guerra Civil espanhola. O ritmo do filme consegue expor de forma efetiva esse sentimento que era vivido naquela época e naquela região, e apesar de lento, em nada prejudica a obra, uma vez que as imagens concebidas pelo diretor são hipnóticas, resultando em um belo e poético filme.
Touro Indomável
4.2 708 Assista AgoraO filme é brilhante dos créditos inicias até a última cena com Jake se preparando para uma apresentação como se estivesse se preparando para entrar em uma das lutas do auge de sua carreira. Scorsese e De Niro conseguiram retratar perfeitamente os sentimentos do personagem, seja a fúria de sua vida pessoal ou a fúria que é aplicada em seus adversários dentro do ringue.
De Niro se entrega completamente ao papel, chegando a engordar quase 30kg para retratar a fase decadente da vida de Jake LaMotta, ficando irreconhecível e assim realizando uma das melhores atuações de sua incrível carreira, o que lhe rendeu o Oscar de melhor ator naquele ano.
Scorsese conduz o filme de forma primorosa e acerta na escolha da fotografia em preto e branco, que com suas luzes e sombras deixam ainda melhor os maravilhosos planos e enquadramentos concebidos pelo diretor. Isso aliado a um incrível trabalho de montagem, que dá o ritmo perfeito ao filme, fazem com que a obra tenha um apuro técnico estupendo.
A última luta com Sugar Ray Robinson é simplesmente uma das melhores sequências do cinema. Jake leva seguidos golpes, cada vez mais fortes e mesmo assim mantém a guarda baixa, como se nada o estivesse atingindo, pois, por mais forte que fosse o golpe, a dor ainda era menor do que a que Jake sentia em seu íntimo. Um rosto desconfigurado não é nada perto de uma vida destruída. Mais do que uma luta de boxe, essa sequência é a representação da vida de Jake. "Você nunca me derrubou, Ray!", Ray é uma metáfora para sua vida, que o golpeou várias vezes, mas ele sempre se manteve de pé.
Scorsese e De Niro criaram um incrível retrato psicológico de um personagem que dentro dos quatro corners é imbatível, mas que, fora deles, é duramente golpeado por si mesmo. Muito mais que um filme sobre boxe, "Touro Indomável" é um filme sobre a dor, a fúria e a decadência de um homem condenado por sua personalidade autodestrutiva.
Amores Imaginários
3.8 1,5KO cinema estilizado de Dolan, suas referências pop, o primor da direção de arte e da fotografia acabam se sobressaindo ao conteúdo do filme, o que prejudica a obra, mas também acaba resultando em bons momentos.
Os jovens relatando, em um falso documentário, suas experiências amorosas mostram que os "amores imaginários" estão em todos os lugares e alguns dos bons momentos do filmes estão nesses relatos.
A futilidade dos personagens incomoda um pouco, mas seus desejos e fantasias por Nicolas são bem explorados, criando boas cenas e diálogos ao longo do filme. Seus sentimentos também são bem retratados e vão se intensificando de forma clara.
Há certos exageros e gratuidades no filme. Se a câmera lenta à la Kar-Wai por vezes funciona, em certos momentos ela é usada sem a mesma sutileza do diretor chinês e seu uso acaba parecendo um tanto exagerado.
"Amores Imaginários" tem suas falhas e seus acertos, no geral, é um bom filme. Dolan ainda é muito jovem e já demonstra características de um bom realizador, vale a pena acompanhá-lo e torcer para que ele amadureça e se torne um grande cineasta.