Shira Haas entrega uma das melhores atuações de 2020 aqui, esbanjando talento e versatilidade.
A série, entretanto, enfrenta alguns problemas que costumam acontecer em biografias e em adaptações de biografia. A personagem principal é muito bem trabalhada e desenvolvida, mas os núcleos de personagens no entorno disso...são caricatos e unidimensionais.
O episódio final conta com alguns absurdos que são artificiais demais, e infelizmente terminei a série bem frustrado.
A proposta de trazer um sci-fi pra tratar de assuntos diversos de forma minimalista foi muito acertada. O ritmo lento e a ótima fotografia contribuíram demais, junto com a direção que foca em muitos momentos contemplativos, deixa a experiência inesquecível.
Tem 1 episódio que não acrescentou nada na construção do universo e ficou meio solto. Há também episódios mais fracos que outros, principalmente pelo fato de já ter visto histórias parecidas. Tirando esses pontos, de resto, adorei a série toda.
Linda, ritmo gostoso, boas atuações, momentos heartwarming, momentos chocantes, efeitos especiais incríveis e principalmente boas histórias ''pequenas''.
Premissa serve pra atrair e chamar a atenção, não para validar a qualidade de uma obra. Fumetsu no Anata e é isso aí.
Pedante do começo ao fim. Dividido em três arcos repetitivos, que nem se esforçam para se diferenciar. Existe um certo glamour e apelo ao absurdo e ao chocante como formas de surpreender a gente, mas nada disso vale a pena da forma que senti que foi feita, gratuito e sem propósito.
Os personagens parecem vir de uma fábula, cheia de maniqueísmos, e depois do primeiro episódios é difícil se importar com qualquer coisa feita com eles. E isso misturado ao apelo e absurdos faz um mix esquecível.
Sempre acompanhei diversas histórias que usam adolescentes com poderes e toda a questão em volta do descobrimento deles como uma grande alegoria as mudanças que ocorrem durante a puberdade. A princípio, Mob Psycho 100 parece querer tratar desses assuntos, e ainda bem que ao final da temporada pude ver um aprofundamento maior nessa alegoria.
É bem interessante ver a letra da abertura do anime não apenas ser lembrada na história, como também ser parafraseada por personagens em alguns momentos. Existe nisso todo um cuidado na produção, que une uma animação muito colorida, com traços e detalhes remetendo demais aos mangas, e uma trilha sonora bem funcional.
É óbvio o exagero caricatural, tanto nas falas quanto na parte visual, e fiquei mais surpreso ainda com alguns detalhes sutilmente colocados, que me ajudaram a entender a história, como por exemplo, o Clube do Fomento Corporal, que desafia um estereótipo que será abordado mais a frente.
Os personagens, em sua maioria, são bem desenvolvidos e o destaque fica pro Reigen, Teruki e os irmãos Ritsu e Shigeo, que contam com um aprofundamento maior, além de terem mais tempo de tela. Com tramas bem elaboradas, sem nunca se levar a sério demais, vemos os personagens passarem por vários conflitos pessoais.
Nas lutas, que preenchem grande parte dos episódios, amarra-se muitas resoluções, mesmo visualmente sendo mais do mesmo e bem repetitivo. Ainda bem que, conforme a história avança, fico surpreso ao ver que não é sobre poderes descobertos, organizações secretas, rixa de irmãos, dominação, vingança, ou coisas do tipo, e sim sobre maturidade e o processo de amadurecimento. E a primeira temporada do anime deixa isso extremamente claro, com uma resolução engraçada e direta. Fala sobre controle de emoções, se entender como adulto, entender a diferença, olhar pro próximo e muito mais. Um final bem legal, que poderia ser até um final definitivo para história.
É bem engraçada na primeira vez. Como é dividida em muitos blocos menores acaba ficando muito, muito repetitiva. É a mesma piada contada várias vezes, com os mesmos usos de ângulos, trejeitos e frases. E mesmo sendo apenas 5 episódios fiquei com aquela sensação de tédio.
A animação é muito boa, gostei da ideia de fazerem assim, e o trabalho sonoro é excelente, talvez a melhor coisa no anime.
Talvez eu tenha criado expectativas bem altas, porque fiquei bem desapontado com a história. Eu já vi essa mesma história de vingança várias vezes, fora o desenvolvimento bem fraco dos personagens que não me agradou.
Tem um estética interessante e a mitologia de um submundo de pessoas que se matam pelas faixas é bem legal. As cenas de luta são pouco inspiradas e previsíveis, e a trilha sonora achei qualquer coisa, mas bastante funcional.
No geral achei esquecível, mas não nego as grandes qualidades.
Termino aqui a minha jornada com Lost, mais de uma década depois de seu lançamento, e posso dizer que ainda funciona perfeitamente como um ótimo show.
Confesso que não é uma das minhas temporadas favoritas, mas teve uma coisa me indignou bastante. Durante 10 anos sempre soube de um possível ''spoiler'' dessa série, e quando terminei de assistir vi que era uma grande mentira. A série não deixa espaço algum pra essa interpretação de que todos estão mortos desde o começo, isso nem é um spoiler, apenas uma conclusão preguiçosa de quem apenas passou o olho nos episódios ou se deixou afetar por teorias malucas.
Damon Lindelof, criador da série, explora no episódio final algo que eu tinha visto antes em uma outra série sua, The Leftovers, aquele mistério do além-vida, com excessos satisfatórios de simbologias cristãs e religiosas em geral. Em Lost, esse caminho é percorrido do início ao final dessa derradeira temporada, amarrando todas as pontas possíveis.
Essa temporada tem momentos bem difíceis pra quem se apegou a um ou outro personagem como eu, trazendo situações extremas para os protagonistas enfrentarem no seu retorno à ilha. Existe também uma grandes desconstrução de alguns personagens, que mostram novas facetas, novas ambições e finalmente concluem seu arco de desenvolvimento nessa série depois de longos 6 anos.
O embate entre o bem e o mal é representado literalmente por Jack e o homem de preto. A história por trás dessa figura misteriosa é apresentada em um dos episódios que menos gostei dessa temporada. Existe algo nos mistérios que nos cativam e nos envolvem cada vez mais em uma trama, e não foi esse o caso aqui. Acho que essa é uma das situações em que um mistério não deve ser resolvido ou mostrado, perde um certo brilho do desconhecido.
No final das contas, toda a história do Widmore e das pessoas interessadas na ilha não convenceu. Sempre que a história os envolvia, era a mesma repetição, as mesmas explicações vazias e rasas de ''vilões'' que pretendem explorar a ilha para estudos e que depois descobrem que ela é perigosa, ou o Ben é perigoso, ou o Homem de Preto é perigoso..., simplesmente é genérico. Apenas precisavam de uma ameaça, e ele foi a conveniência utilizada.
Eu não desgostei de todo da história do Jacob e seu irmão, apenas achei ela mal inserida nesse momento. Já havia pistas desde o começo, e novamente revelar tudo assim na última temporada é problemático. Vejo que muito provavelmente Lost era planejada pra ter 3 temporadas, assim como The Leftovers, mas TV aberta é outra coisa, e ainda mais com o sucesso estrondoso tiveram que prolongar o show.
Adorei todo o capricho dos roteiristas com os personagens ao longo dos anos, principalmente a Kate, Sawyer, Hurley, Desmond e Jack. É brilhante. Sun e Jin conseguem também fugir no óbvio, e o Sayid infelizmente não foi aproveitado como merecia nesse final. Locke é um grande personagem que acabou pagando por essa pressa de se revelar os segredos da ilha da maneira como foi.
O episódio duplo final que liga o ''universo alternativo'' ao presente na ilha é incrível. Emocionante do começo ao fim, e um dos melhores episódios da série inteira. Nos faz refletir sobre a vida, sobre o que construímos aqui e a velha mensagem de que a jornada é um fim em si mesma também. E Lost conta essa velha mensagem de forma ímpar aqui.
É muito gratificante assistir uma série tão descompromissada assim. Personagens bons, um humor que transita entre o absurdo e o brega, momentos tocantes e muita maluquice.
Outra temporada sólida e Fantástica, com ótimos plot twists, e temáticas desde o terror até dramas existencialistas. To gostando muito dessa série.
Nessea segunda temporada meus episódios favoritos são:
- The Howling Man - The Eye of the Beholder - Nick of Time - The Lateness of the Hour - A Penny for Your Thoughts - Twenty Two - Long Distance Call - The Rip Van Winkle Caper - The SIlence - Will the Real Martian Please Stand Up?
Uma explosão de criatividade que influencia TV e Cinema há mais de 60 anos e contando....
Nessa primeira temporada meus episódios favoritos são:
- Where Is Everybody? - The Lonely - Time Enough at Least - And When the Sky Was Opened - Third from the Sun - The Last Flight - The Monsters are Due on Maple Street - A Stop at Willoughby - The After Hours - A World of His Own
Mais uma temporada com personagens excêntricos, humor negro, uma história interligada da forma mais maluca possível, Noah Hawley pirando de criatividade visual, atuações carismáticas e tudo aquilo que se espera de Fargo, e faz de Fargo ser Fargo. Mesmo abaixo das temporadas anteriores, ainda é uma das minhas favoritas em exibição, e com muito gosto assisti essa.
Com outra temporada mais reduzida assim como a anterior, com 17 episódios, Lost aflora de vez a ficção científica no enredo.
Particularmente, essa temporada representa um declínio em várias coisas trabalhadas até então. Apesar de muita locomoção geográfica ou no tempo, o mais importante acabou sendo deixado em segundo plano, o desenvolvimento de personagens,
principalmente depois que os oceanic 6 retornam À ilha.
Alguns arcos são apenas repetições do que já foi visto (Sun, Hurley, Jack, Sayid...), isso é um fardo que produções com muitos episódios tendem a cair, e Lost infelizmente não conseguiu ser uma exceção a tudo isso.
Feito esse adendo, o ritmo inicial com o Ben tendo que reunir o grupo é muito bem dividido, e uma ansiedade é criada não para saber se o grupo vai topar ir na sua ideia, mas sim como vai se dar esse evento. Tem muitas referências ao início da série aqui, o que recompensa quem acompanha a série com afinco, e toda essa referência é usada de forma coerente, servindo para amarrar a trama e os núcleos de personagens.
Ver todos aqueles personagens vivendo na comunidade Dharma foi muito bom. Como seria o Sawyer, caso tivesse a chance de começar do zero? Ou a Juliet? A chance de se ver isso foi dada aqui, um 'What If' bem bacana. Jack sendo um zelador, sem carregar responsabilidades para um grupo, ou para alguém, sem perder claro sua arrogância e prepotência. E todo seu arco se desenvolve muito nisso, culminado num ótimo final.
Sobre as viagens temporais, a ligação entre passado, presente e futuro na ilha como uma coisa só é bem executado. De forma dinâmica e criativa somos apresentados ao passado da ilha, e lógico às pessoas misteriosas que passaram ou ainda estão nela. Personagens como Jacob, Charles Widmore, Richard e Eloise acabam ganhando mais destaque e contexto.
Assim como na temporada anterior não gostei do Daniel Faraday, interpretado pelo Jeremy Davies. Agora ele tem um destaque maior, com arcos e sub-arcos, e confesso que não gostei da maioria disso. O Romance dele, desde o começo até o desfecho é difícil de se comprar como uma boa ideia. Existe um balanço emocional em Lost, com personagens que acompanhamos desde o começo com os novos que são inseridos no decorrer da história, e quando os arcos se alternam percebo que esse (O Daniel Faraday) é um ponto bem abaixo dos demais, e se encerra de forma súbita, me desapontando bastante.
Existe um recurso que pouco gosto, e apesar de não ter me incomodado muito, é certamente um ponto negativo. No começo existe um antagonismo forte dos Outros com os sobreviventes, que se mistura também com o mistério envolvendo o Dharma. Depois disso existe um possível vilão, o Widmore, e agora um novo chefão acima de todos, Jacob e seu misterioso amigo. Essa construção de antagonismos e vilões é pobre, e serve na maioria das vezes para enrolar a história, e dar tempo de outras coisas se resolverem. Espero que essa hipótese não se confirme no último ano da série.
Meu balanço geral é bem positivo: a virada agora mais brusca para o Sci-fi é bem elaborada, a desmistificação da ilha, cada vez mais urgente com o John Lock tomando a frente nessa jornada pessoal, a ligação entre as linhas temporais reveladas e todo o emaranhado complexo de relações entre os personagens é bem construído.
Com outro final chocante, mais uma parte da história se encerra e finalmente chega o final dessa maravilhosa série. Acho um momento ideal para fechar, e creio que todas as peças importantes dos mistérios já foram posicionadas.
Partindo da ótima ideia do fim da temporada anterior, em que os usuais e marcantes flashbacks se revelam então flashforwards, ficava a dúvida sobre quais seriam os rumos da narrativa nessa temporada. A estrutura se inverte totalmente, sem perder o suspense e o mistério.
Pra começar, deixo meu destaque negativo que é a inserção dos 3 ''pesquisadores'' que chegam a ilha. Parecem perdidos no meio de tudo, caindo literalmente de paraquedas, e o Jeremy Davies, que interpreta o Daniel Faraday entrega uma atuação péssima e irritante, com trejeitos repetitivos e artificiais.
A trama desde o começo, com os ''Oceanic 6'' já revelados, lembra uma bomba que está prestes a explodir. E então começa uma sequência de grandes episódios, com muita ação principalmente.
Uma curiosidade, é que essa quarta temporada foi no mesmo ano da histórica greve de roteiristas, o que reduziu a quantidade de episódios e provavelmente alterou alguns caminhos de certos personagens. O resultado final felizmente não mostrou, pelo menos pra mim, alguma interferência na qualidade da série.
O Desmond novamente protagoniza um dos melhores episódios da série, The Constant, que não só é um marco em Lost, mas da televisão. Uma aula de Ficção Científica, suspense e estudo de personagem. There's No Place Like Home, o episódio triplo final, amarra todas as pontas e conecta os flashfowards dos Oceanic 6 com a ação desenfreada na ilha e no barco.
A tripulação do barco mesmo sem personalidade, e carregando mais alguns mistérios, é funcional para a urgência da situação e serve como um instrumento que revela o tal Widmore, que certamente terá seu passado na ilha contado num futuro próximo.
Jon Locke muda sua postura, se tornando mais seguro e tendo atitudes já condizentes com o líder de um povo. Jack se mostra um grande perigo para si mesmo e para quem está em volta dele, sua personalidade autodestrutiva se revela ainda mais quando contrastada com sua atitude de ''messias'' do povo da ilha, e sua decisão final da mentira acerca da ilha só reforça tudo isso.
Na minha opinião, se alguns caminhos fossem trocados, e alguns arcos ajeitados, esse final de temporada poderia ter sido um grande encerramento da série. Mesmo com alguns mistérios sem resposta, me senti bastante satisfeito. A mudança de lugar (ou tempo?) da ilha, a mentira de Jack, mortes inesperadas... tudo isso tem aquele gosto de final polêmico que fica com a gente.
Essa quarta temporada fecha uma era em Lost, revelando em ''tempo real'' o mundo exterior, e desmistificando a ilha cada vez mais. Mesmo com alguns personagens sobrando, o desenvolvimento dos protagonistas, o suspense, as escolhas polêmicas, as rixas, o Sci-fi, o divino, o misterioso e o angustiante, Lost não perde a essência, e segue firme na sua narrativa de redenção e culpa.
Já tinha lido alguma coisa sobre essa série, que apontavam que o início era melhor que o restante. Achei, na verdade, a série toda mediana, parecia que tava chovendo no molhado. Tem boas ideias, boas atuações, mas tudo com pouco brilho e sem algo genuíno e novo. Aaron Guzikowski já fez coisas mais interessantes. Mas pra quem curte boa ficção científica, como eu, pode ser que se interesse por uma ou outra sacada aí.
Se eu tivesse que listar os melhores episódios de Lost até agora, essa lista seria dominada por episódios dessa terceira temporada.
O começo da temporada é truculento, e foi meu único problema com a série nessa temporada. Toda a dinâmica do Sawyer, Kate e Jack presos não funcionou pra mim, principalmente tudo que envolvia a jaula, o trabalho forçado e o romance da Alex. Confesso que esse início até me desmotivou um pouco, e minha baixa expectativa foi embora com a grande sequência de episódios incríveis que vieram.
O episódio 'Flashes Before Your Eyes' é o meu favorito até então da série, e me lembrou muito The Prisoner (1967), com a abordagem surrealista, o isolamento na ilha, flashes da vida pregressa.... um ótimo trabaho. E ainda na primiera parte dessa temporada tem o 'Exposé', que a princípio parecia um filler, mas entrega o desfecho mais cruel, à la Coen.
'The Brig', que mostra uma jornada particular de Sawyer com John e o episódio duplo 'Through The Looking Glass' são o ápice de Lost, e o ápice de um ótimo drama, que merecidamente marca a história da TV.
Toda a construção da série fica mais sólida a partir daí. Passamos a conhecer mais dos Outros, muita simbologia cristã, ficção científica e desfechos inesperados. Recebemos muitas respostas, e confirmamos muitas teorias, mas ainda assim existe algo de mágico nessa ilha e nessas pessoas que nos fazem pirar.
Sawyer se mostra o personagem mais sensível da série e Charlie e Desmond despontam com um grande plot envolvendo ambos que perdura por toda temporada. Kate, Sayid, Hurley, Eko, Jin, Sun, Claire e todos os outros não são tão desenvolvidos, mas como sempre os roteiristas acertam a mão, e conseguem fazer todo o elenco brilhar e ter seus momentos.
A Elizabeth Mitchell como Juliet entrega uma grande nova personagem, com um charmoso sorriso de canto pra ninguém criticar. Ela desenvolve uma grande química com Jack e está em muitos dos pontos altos dessa temporada. O antagonismo de Jack e John, dá lugar a um antagonismo maior ainda que é John e Ben, que são muito opostos e intensos. E a partir disso Lost encontra seu tom fantástico/mágico novamente, depois de uma temporada assustadoramente mundana e humana.
Olhando os créditos vi o nome do Brian K. Vaughan como escritor, editor executivo de história e produtor. Ele é muito conhecido pela hq 'Y: O Último Homem' e faz minha hq favorita atualmente, 'Saga'. Dá pra ver o toque dele nessa terceira temporada, e a grande adição que é ter ele junto com o Lindelof.
Apesar de não tão redonda coma as 2 temporadas anteriores, essa certamente é a que mais se esforçou pra chegar em extremos, deu mais de si e teve mais coragem de surpreender sua audiência. Tirando toda ação e reviravoltas ela ainda faz reflexões sobre a vida: fala de Deus, destino, livre arbítrio, a inevitabilidade da morte, o preço dos pecados e culpa.
Depois de um primeiro ano histórico, o nível de exigência e expectativas está muito alto para essa série. Lost (2ª Temporada) funciona quase como um Lost (1ª Temporada) Parte 2, a continuidade é estabelecida diretamente, mas se justifica como um temporada diferente pelos rumos e viradas de seus peronagens.
Há muito o que arrisacar aqui. O primeiro ano tinha como padrão mostrar o quão desprezível e conturbada era a vida dos sobreviventes antes do acidente. Agora, personagens já estabelecidos se entregam a inveja, ciúmes, brigas, rixas, soberba, luxúria e ao egoísmo também na ilha. Mexer com personagens que já tem nosso afeto e fazer suas posturas mudarem é algo que me incomoda, no bom sentido. É desafiador os criadores nos entregarem tal experiência. É muito bom ser genuinamente surpreendido.
Os novos personagens são muito bons, eles agregam bastante às dinâmicas do grupo, além de entregar um dos melhores epsódios dessa temporada, que mostra o que aconteceu do outro lado da ilha nos 48 dias. Destaco o Adewale Akinnuoye-Agbaje que tem uma puta presença, imponente e reflexiva.
A temática da fé está mais forte e visível aqui, com o dilema do botão, em que apertá-lo é uma questão de fé, e não apertá-lo de certa forma também é. A Iniciativa DHARMA e suas fitas, orientações e doutores são como uma religião da alma da ilha, que usam a ciência para entendê-la.
Os ''Outros'' pouco a pouco vão se revelando, de forma sutil, mas sempre gradualmente, sem pressa, o que promove o bom suspense. Tem tanta coisa interessante nessa relação deles com a ilha, com território demarcado, com Deus, com Teatro, que dá pra teorizar muitas coisas.
Essa temporada foi imprevisível, com ótimos acertos. Claro que com mais personagens novos, os antigos ficariam mais de lado. Porém, a força emocinal acumulada nesses 2 anos é muito forte, e novamente o drama de Lost brilha. A primeira temporada tem a estrutura de mostrar flashbacks antes do acidente com a trama corrente da ilha. Essa segunda evolui, pois adiciona flashbacks já na própria ilha, a série amadurece e sabe avançar gradativamente.
Uma temporada cheia de traições, atitudes desprezíveis e conflitos mais fortes no grupo. Talvez o final do último episódio tenha sido exagerado, com 3 ou 4 ensaios de finais, me cansando mas abrindo ainda mais o leque de possibilidades, o que nem de longe tira o brilho de toda essa parte da jornada.
Tem muitas séries e filmes que falam sobre solidão e saudade. Lodge 49 é um conforto no meio disso tudo, porque é basicamente sobre a resposta a isso. É sobre companherismo, amizade, lealdade... basicamente uma fraternidade como o Lodge 49.
Cheio de personagens legais, um visual hipnótico e uma maluquice que só numa trama que envolve conspirações, esuqemas de pirâmide, pergaminhos sagrados e bitcoins.
Os ''white trash'' dessa zona praiana ficam cada vez mais mágicos, e uma pena a série ter sido cancelada dessa forma.
A temporada em si é ruim, recheada de episódios fracos, repetidos, com uma ideia muito pretensiosa e mal executada. É aquele momento em que uma obra vira sua própria caricatura. O final é polêmico e tem falhas, mas a ideia é boa, faz sentido e foi satisfatoriamente bem executado.
Infelizmente ainda não tem disponibilidade dessa série aqui no Brasil em 2020. Assisti com legendas em inglês mesmo.
É uma série de 2019, comandado pelo talentoso Steve Conrad (Patriot), e que na melhor das hipóteses terá uma conclusão curta, assim como Patriot teve. É uma grande infelicidade essa falta de sucesso.
De 2019 pra cá, vi poucas coisas originais, relamente diferentes e arrisacdas sendo produzidas nas séries. Esse show se junta com Lodge 49, Reprisal e Devs, como séries que se preocupam muito com a forma, com a estética, e arriscam uma narrativa não usal.
Perpetual Grace é tipo um noir/western/non sense muito divertido, violento e realmente surpreendente. As tomadas e diálogos excessivamente lentos contrastam com a trama muito rápida, cheia de personagens icônicos e absurdos.
Quantas vezes me peguei rindo com os truques de mágica do Paul, ou das vezes que o New Leaf conta seu sonho de comandar uma franquia kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk É algo que não vejo por aí assim.
O canal Epix tem entregado boas surpresas com ótimas séries e essa foi mais uma. Espero um dia ver a conclusão dessa saga.
Depois de muito tempo vi a 1ª temporada de Lost. Já faz 16 anos desde seu lançamento, então já tomei alguns spoilers, mas não sei ainda a que ponto isso pode afetar minha visão e experiência da série. Para a primeira temporada, posso dizer que felizmente nada foi afetado.
Em 2004 a televisão vivia o início de sua transformação. Na virada dos anos 2000, The Sopranos trazia algo novo para o público americano, que quebrava de vez a fórmula procedural e introduzia liberdade de criação e abordagem a temas mais comuns até então somente no cinema. Porém, apesar desse movimento ter, pra mim, originado algumas das melhores séries de todos os tempos (The Sopranos, The Wire, Six Feet Under - e duas menções honrosas a Twin Peaks e OZ nos anos 90), nenhuma delas emplacou como um secesso de massa, o que era reservado apenas a sitcons até então. Em 2004, surge LOST.
Um sucesso a nível mundial, que muda bastante a forma da TV aberta de enxergar a criação. Lost é o primeiro grande blockbuster da TV mundial e um marco na comunidade dos amantes de séries, originando diversos grupos para se fazer teorias numa épopca pré streaming e pré redes sociais.
O primeiro destaque da série vai para o piloto 'duplo', mostrando a grande produção, com temas já conhecidos em hollywood, como sobrevivência, desastre e mistério. Mas o grande trunfo dos roteristas é unir em tão pouco tempo todos esses conflitos com o Sci-fi. Essa abordagem 'mágica/fantástica' das coisas é arriscado de se fazer. O limiar entre realidade e ficção é estabelecido em mistérios e situações conflitantes.
Não dá pra se falar dos personagens sem se estender muito, porque são muitos. Eu fui atingido por todos, com grandes arcos dramáticos que dialogam as situações diárias da ilha com flashbacks de antes do acidente de forma brilhante.
Apesar dos inúmeros mistérios deixados nesse primeiro ano, fumaça negra, a escotilha, os outros, os sequestros e das coincidências mágicas que acontecem na ilha, o que menos me desperta curiosidade são as respostas a isso tudo. Lost pra mim é uma jornada espiritual por redenção, um expurgo individual de uma vida que não deu segundas chances. O John Locke transmite parte dessa minha ideia, e enxerga a ilha como uma entidade que provê agora a oportunidade de redenção.
Essa camada é a principal da série, mas não é a única. A trama passa por conflitos diários e promove o bom suspense por sobrevivência. Há acidentes, escolhas médicas, problemas de relacionamento (Shannon, Sayid,Boone, Michael, Jin..), problemas de liderança (O conflito da liderança do Jack com o John Locke é muito bem construído durante os 25 episódios) e os conflitos internos (Hurley, Charlie, Sawyer, Kate).
Lost (1ª Temporada) é um excelente drama/fantasia, profundo, imersivo e viciante. Sua trama aposta em diversos personagens se expurgando de suas vidas passadas, ensaia um conflito do bem contra o mal e desafia a ciência e razão pessimistas com a fé esperançosa de uma segunda chance.
Nada Ortodoxa
4.3 334Shira Haas entrega uma das melhores atuações de 2020 aqui, esbanjando talento e versatilidade.
A série, entretanto, enfrenta alguns problemas que costumam acontecer em biografias e em adaptações de biografia. A personagem principal é muito bem trabalhada e desenvolvida, mas os núcleos de personagens no entorno disso...são caricatos e unidimensionais.
O episódio final conta com alguns absurdos que são artificiais demais, e infelizmente terminei a série bem frustrado.
Nota: 6,5/10
Contos do Loop (1ª Temporada)
4.3 218 Assista AgoraTalvez a série mais imersiva que vi de 2020.
A proposta de trazer um sci-fi pra tratar de assuntos diversos de forma minimalista foi muito acertada. O ritmo lento e a ótima fotografia contribuíram demais, junto com a direção que foca em muitos momentos contemplativos, deixa a experiência inesquecível.
Tem 1 episódio que não acrescentou nada na construção do universo e ficou meio solto. Há também episódios mais fracos que outros, principalmente pelo fato de já ter visto histórias parecidas. Tirando esses pontos, de resto, adorei a série toda.
Linda, ritmo gostoso, boas atuações, momentos heartwarming, momentos chocantes, efeitos especiais incríveis e principalmente boas histórias ''pequenas''.
Nota: 8,4/10
To Your Eternity (1ª Temporada)
4.4 20Premissa serve pra atrair e chamar a atenção, não para validar a qualidade de uma obra. Fumetsu no Anata e é isso aí.
Pedante do começo ao fim. Dividido em três arcos repetitivos, que nem se esforçam para se diferenciar. Existe um certo glamour e apelo ao absurdo e ao chocante como formas de surpreender a gente, mas nada disso vale a pena da forma que senti que foi feita, gratuito e sem propósito.
Os personagens parecem vir de uma fábula, cheia de maniqueísmos, e depois do primeiro episódios é difícil se importar com qualquer coisa feita com eles. E isso misturado ao apelo e absurdos faz um mix esquecível.
Better Call Saul (3ª Temporada)
4.4 312 Assista AgoraMuito boa essa 8ª temporada de Breaking Bad
Mob Psycho 100 (1ª Temporada)
4.4 71 Assista AgoraSempre acompanhei diversas histórias que usam adolescentes com poderes e toda a questão em volta do descobrimento deles como uma grande alegoria as mudanças que ocorrem durante a puberdade. A princípio, Mob Psycho 100 parece querer tratar desses assuntos, e ainda bem que ao final da temporada pude ver um aprofundamento maior nessa alegoria.
É bem interessante ver a letra da abertura do anime não apenas ser lembrada na história, como também ser parafraseada por personagens em alguns momentos. Existe nisso todo um cuidado na produção, que une uma animação muito colorida, com traços e detalhes remetendo demais aos mangas, e uma trilha sonora bem funcional.
É óbvio o exagero caricatural, tanto nas falas quanto na parte visual, e fiquei mais surpreso ainda com alguns detalhes sutilmente colocados, que me ajudaram a entender a história, como por exemplo, o Clube do Fomento Corporal, que desafia um estereótipo que será abordado mais a frente.
Os personagens, em sua maioria, são bem desenvolvidos e o destaque fica pro Reigen, Teruki e os irmãos Ritsu e Shigeo, que contam com um aprofundamento maior, além de terem mais tempo de tela. Com tramas bem elaboradas, sem nunca se levar a sério demais, vemos os personagens passarem por vários conflitos pessoais.
Nas lutas, que preenchem grande parte dos episódios, amarra-se muitas resoluções, mesmo visualmente sendo mais do mesmo e bem repetitivo. Ainda bem que, conforme a história avança, fico surpreso ao ver que não é sobre poderes descobertos, organizações secretas, rixa de irmãos, dominação, vingança, ou coisas do tipo, e sim sobre maturidade e o processo de amadurecimento. E a primeira temporada do anime deixa isso extremamente claro, com uma resolução engraçada e direta. Fala sobre controle de emoções, se entender como adulto, entender a diferença, olhar pro próximo e muito mais. Um final bem legal, que poderia ser até um final definitivo para história.
Gokushufudou: Tatsu Imortal (1ª Temporada - Parte 1)
4.0 51É bem engraçada na primeira vez. Como é dividida em muitos blocos menores acaba ficando muito, muito repetitiva. É a mesma piada contada várias vezes, com os mesmos usos de ângulos, trejeitos e frases. E mesmo sendo apenas 5 episódios fiquei com aquela sensação de tédio.
A animação é muito boa, gostei da ideia de fazerem assim, e o trabalho sonoro é excelente, talvez a melhor coisa no anime.
Ted Lasso (1ª Temporada)
4.4 244 Assista AgoraO Feel-Good Show de 2020.
Afro Samurai
4.1 108 Assista AgoraTalvez eu tenha criado expectativas bem altas, porque fiquei bem desapontado com a história. Eu já vi essa mesma história de vingança várias vezes, fora o desenvolvimento bem fraco dos personagens que não me agradou.
Tem um estética interessante e a mitologia de um submundo de pessoas que se matam pelas faixas é bem legal. As cenas de luta são pouco inspiradas e previsíveis, e a trilha sonora achei qualquer coisa, mas bastante funcional.
No geral achei esquecível, mas não nego as grandes qualidades.
Lost (6ª Temporada)
3.9 998 Assista AgoraTermino aqui a minha jornada com Lost, mais de uma década depois de seu lançamento, e posso dizer que ainda funciona perfeitamente como um ótimo show.
Confesso que não é uma das minhas temporadas favoritas, mas teve uma coisa me indignou bastante. Durante 10 anos sempre soube de um possível ''spoiler'' dessa série, e quando terminei de assistir vi que era uma grande mentira. A série não deixa espaço algum pra essa interpretação de que todos estão mortos desde o começo, isso nem é um spoiler, apenas uma conclusão preguiçosa de quem apenas passou o olho nos episódios ou se deixou afetar por teorias malucas.
Damon Lindelof, criador da série, explora no episódio final algo que eu tinha visto antes em uma outra série sua, The Leftovers, aquele mistério do além-vida, com excessos satisfatórios de simbologias cristãs e religiosas em geral. Em Lost, esse caminho é percorrido do início ao final dessa derradeira temporada, amarrando todas as pontas possíveis.
Essa temporada tem momentos bem difíceis pra quem se apegou a um ou outro personagem como eu, trazendo situações extremas para os protagonistas enfrentarem no seu retorno à ilha. Existe também uma grandes desconstrução de alguns personagens, que mostram novas facetas, novas ambições e finalmente concluem seu arco de desenvolvimento nessa série depois de longos 6 anos.
O embate entre o bem e o mal é representado literalmente por Jack e o homem de preto. A história por trás dessa figura misteriosa é apresentada em um dos episódios que menos gostei dessa temporada. Existe algo nos mistérios que nos cativam e nos envolvem cada vez mais em uma trama, e não foi esse o caso aqui. Acho que essa é uma das situações em que um mistério não deve ser resolvido ou mostrado, perde um certo brilho do desconhecido.
No final das contas, toda a história do Widmore e das pessoas interessadas na ilha não convenceu. Sempre que a história os envolvia, era a mesma repetição, as mesmas explicações vazias e rasas de ''vilões'' que pretendem explorar a ilha para estudos e que depois descobrem que ela é perigosa, ou o Ben é perigoso, ou o Homem de Preto é perigoso..., simplesmente é genérico. Apenas precisavam de uma ameaça, e ele foi a conveniência utilizada.
Eu não desgostei de todo da história do Jacob e seu irmão, apenas achei ela mal inserida nesse momento. Já havia pistas desde o começo, e novamente revelar tudo assim na última temporada é problemático. Vejo que muito provavelmente Lost era planejada pra ter 3 temporadas, assim como The Leftovers, mas TV aberta é outra coisa, e ainda mais com o sucesso estrondoso tiveram que prolongar o show.
Adorei todo o capricho dos roteiristas com os personagens ao longo dos anos, principalmente a Kate, Sawyer, Hurley, Desmond e Jack. É brilhante. Sun e Jin conseguem também fugir no óbvio, e o Sayid infelizmente não foi aproveitado como merecia nesse final. Locke é um grande personagem que acabou pagando por essa pressa de se revelar os segredos da ilha da maneira como foi.
O episódio duplo final que liga o ''universo alternativo'' ao presente na ilha é incrível. Emocionante do começo ao fim, e um dos melhores episódios da série inteira. Nos faz refletir sobre a vida, sobre o que construímos aqui e a velha mensagem de que a jornada é um fim em si mesma também. E Lost conta essa velha mensagem de forma ímpar aqui.
See you in another life, brother
Patrulha do Destino (2ª Temporada)
4.1 42 Assista AgoraÉ muito gratificante assistir uma série tão descompromissada assim. Personagens bons, um humor que transita entre o absurdo e o brega, momentos tocantes e muita maluquice.
Além da Imaginação (2ª Temporada)
4.6 31Outra temporada sólida e Fantástica, com ótimos plot twists, e temáticas desde o terror até dramas existencialistas. To gostando muito dessa série.
Nessea segunda temporada meus episódios favoritos são:
- The Howling Man
- The Eye of the Beholder
- Nick of Time
- The Lateness of the Hour
- A Penny for Your Thoughts
- Twenty Two
- Long Distance Call
- The Rip Van Winkle Caper
- The SIlence
- Will the Real Martian Please Stand Up?
*Menção Honrosa: The Obsolete Man
Além da Imaginação (1ª Temporada)
4.6 111Uma explosão de criatividade que influencia TV e Cinema há mais de 60 anos e contando....
Nessa primeira temporada meus episódios favoritos são:
- Where Is Everybody?
- The Lonely
- Time Enough at Least
- And When the Sky Was Opened
- Third from the Sun
- The Last Flight
- The Monsters are Due on Maple Street
- A Stop at Willoughby
- The After Hours
- A World of His Own
Fargo (4ª Temporada)
3.6 62 Assista AgoraMais uma temporada com personagens excêntricos, humor negro, uma história interligada da forma mais maluca possível, Noah Hawley pirando de criatividade visual, atuações carismáticas e tudo aquilo que se espera de Fargo, e faz de Fargo ser Fargo. Mesmo abaixo das temporadas anteriores, ainda é uma das minhas favoritas em exibição, e com muito gosto assisti essa.
Lost (5ª Temporada)
4.1 343 Assista AgoraCom outra temporada mais reduzida assim como a anterior, com 17 episódios, Lost aflora de vez a ficção científica no enredo.
Particularmente, essa temporada representa um declínio em várias coisas trabalhadas até então. Apesar de muita locomoção geográfica ou no tempo, o mais importante acabou sendo deixado em segundo plano, o desenvolvimento de personagens,
principalmente depois que os oceanic 6 retornam À ilha.
Feito esse adendo, o ritmo inicial com o Ben tendo que reunir o grupo é muito bem dividido, e uma ansiedade é criada não para saber se o grupo vai topar ir na sua ideia, mas sim como vai se dar esse evento. Tem muitas referências ao início da série aqui, o que recompensa quem acompanha a série com afinco, e toda essa referência é usada de forma coerente, servindo para amarrar a trama e os núcleos de personagens.
Ver todos aqueles personagens vivendo na comunidade Dharma foi muito bom. Como seria o Sawyer, caso tivesse a chance de começar do zero? Ou a Juliet? A chance de se ver isso foi dada aqui, um 'What If' bem bacana. Jack sendo um zelador, sem carregar responsabilidades para um grupo, ou para alguém, sem perder claro sua arrogância e prepotência. E todo seu arco se desenvolve muito nisso, culminado num ótimo final.
Sobre as viagens temporais, a ligação entre passado, presente e futuro na ilha como uma coisa só é bem executado. De forma dinâmica e criativa somos apresentados ao passado da ilha, e lógico às pessoas misteriosas que passaram ou ainda estão nela. Personagens como Jacob, Charles Widmore, Richard e Eloise acabam ganhando mais destaque e contexto.
Assim como na temporada anterior não gostei do Daniel Faraday, interpretado pelo Jeremy Davies. Agora ele tem um destaque maior, com arcos e sub-arcos, e confesso que não gostei da maioria disso. O Romance dele, desde o começo até o desfecho é difícil de se comprar como uma boa ideia. Existe um balanço emocional em Lost, com personagens que acompanhamos desde o começo com os novos que são inseridos no decorrer da história, e quando os arcos se alternam percebo que esse (O Daniel Faraday) é um ponto bem abaixo dos demais, e se encerra de forma súbita, me desapontando bastante.
Existe um recurso que pouco gosto, e apesar de não ter me incomodado muito, é certamente um ponto negativo. No começo existe um antagonismo forte dos Outros com os sobreviventes, que se mistura também com o mistério envolvendo o Dharma. Depois disso existe um possível vilão, o Widmore, e agora um novo chefão acima de todos, Jacob e seu misterioso amigo. Essa construção de antagonismos e vilões é pobre, e serve na maioria das vezes para enrolar a história, e dar tempo de outras coisas se resolverem. Espero que essa hipótese não se confirme no último ano da série.
Meu balanço geral é bem positivo: a virada agora mais brusca para o Sci-fi é bem elaborada, a desmistificação da ilha, cada vez mais urgente com o John Lock tomando a frente nessa jornada pessoal, a ligação entre as linhas temporais reveladas e todo o emaranhado complexo de relações entre os personagens é bem construído.
Com outro final chocante, mais uma parte da história se encerra e finalmente chega o final dessa maravilhosa série. Acho um momento ideal para fechar, e creio que todas as peças importantes dos mistérios já foram posicionadas.
Lost (4ª Temporada)
4.2 329 Assista AgoraPartindo da ótima ideia do fim da temporada anterior, em que os usuais e marcantes flashbacks se revelam então flashforwards, ficava a dúvida sobre quais seriam os rumos da narrativa nessa temporada. A estrutura se inverte totalmente, sem perder o suspense e o mistério.
Pra começar, deixo meu destaque negativo que é a inserção dos 3 ''pesquisadores'' que chegam a ilha. Parecem perdidos no meio de tudo, caindo literalmente de paraquedas, e o Jeremy Davies, que interpreta o Daniel Faraday entrega uma atuação péssima e irritante, com trejeitos repetitivos e artificiais.
A trama desde o começo, com os ''Oceanic 6'' já revelados, lembra uma bomba que está prestes a explodir. E então começa uma sequência de grandes episódios, com muita ação principalmente.
Uma curiosidade, é que essa quarta temporada foi no mesmo ano da histórica greve de roteiristas, o que reduziu a quantidade de episódios e provavelmente alterou alguns caminhos de certos personagens. O resultado final felizmente não mostrou, pelo menos pra mim, alguma interferência na qualidade da série.
O Desmond novamente protagoniza um dos melhores episódios da série, The Constant, que não só é um marco em Lost, mas da televisão. Uma aula de Ficção Científica, suspense e estudo de personagem. There's No Place Like Home, o episódio triplo final, amarra todas as pontas e conecta os flashfowards dos Oceanic 6 com a ação desenfreada na ilha e no barco.
A tripulação do barco mesmo sem personalidade, e carregando mais alguns mistérios, é funcional para a urgência da situação e serve como um instrumento que revela o tal Widmore, que certamente terá seu passado na ilha contado num futuro próximo.
Jon Locke muda sua postura, se tornando mais seguro e tendo atitudes já condizentes com o líder de um povo. Jack se mostra um grande perigo para si mesmo e para quem está em volta dele, sua personalidade autodestrutiva se revela ainda mais quando contrastada com sua atitude de ''messias'' do povo da ilha, e sua decisão final da mentira acerca da ilha só reforça tudo isso.
Na minha opinião, se alguns caminhos fossem trocados, e alguns arcos ajeitados, esse final de temporada poderia ter sido um grande encerramento da série. Mesmo com alguns mistérios sem resposta, me senti bastante satisfeito. A mudança de lugar (ou tempo?) da ilha, a mentira de Jack, mortes inesperadas... tudo isso tem aquele gosto de final polêmico que fica com a gente.
Essa quarta temporada fecha uma era em Lost, revelando em ''tempo real'' o mundo exterior, e desmistificando a ilha cada vez mais. Mesmo com alguns personagens sobrando, o desenvolvimento dos protagonistas, o suspense, as escolhas polêmicas, as rixas, o Sci-fi, o divino, o misterioso e o angustiante, Lost não perde a essência, e segue firme na sua narrativa de redenção e culpa.
Raised by Wolves (1ª Temporada)
3.7 164Já tinha lido alguma coisa sobre essa série, que apontavam que o início era melhor que o restante. Achei, na verdade, a série toda mediana, parecia que tava chovendo no molhado. Tem boas ideias, boas atuações, mas tudo com pouco brilho e sem algo genuíno e novo. Aaron Guzikowski já fez coisas mais interessantes. Mas pra quem curte boa ficção científica, como eu, pode ser que se interesse por uma ou outra sacada aí.
Acho que nem volto para uma segunda temporada.
Lost (3ª Temporada)
4.3 387 Assista AgoraSe eu tivesse que listar os melhores episódios de Lost até agora, essa lista seria dominada por episódios dessa terceira temporada.
O começo da temporada é truculento, e foi meu único problema com a série nessa temporada. Toda a dinâmica do Sawyer, Kate e Jack presos não funcionou pra mim, principalmente tudo que envolvia a jaula, o trabalho forçado e o romance da Alex. Confesso que esse início até me desmotivou um pouco, e minha baixa expectativa foi embora com a grande sequência de episódios incríveis que vieram.
O episódio 'Flashes Before Your Eyes' é o meu favorito até então da série, e me lembrou muito The Prisoner (1967), com a abordagem surrealista, o isolamento na ilha, flashes da vida pregressa.... um ótimo trabaho. E ainda na primiera parte dessa temporada tem o 'Exposé', que a princípio parecia um filler, mas entrega o desfecho mais cruel, à la Coen.
'The Brig', que mostra uma jornada particular de Sawyer com John e o episódio duplo 'Through The Looking Glass' são o ápice de Lost, e o ápice de um ótimo drama, que merecidamente marca a história da TV.
Toda a construção da série fica mais sólida a partir daí. Passamos a conhecer mais dos Outros, muita simbologia cristã, ficção científica e desfechos inesperados. Recebemos muitas respostas, e confirmamos muitas teorias, mas ainda assim existe algo de mágico nessa ilha e nessas pessoas que nos fazem pirar.
Sawyer se mostra o personagem mais sensível da série e Charlie e Desmond despontam com um grande plot envolvendo ambos que perdura por toda temporada. Kate, Sayid, Hurley, Eko, Jin, Sun, Claire e todos os outros não são tão desenvolvidos, mas como sempre os roteiristas acertam a mão, e conseguem fazer todo o elenco brilhar e ter seus momentos.
A Elizabeth Mitchell como Juliet entrega uma grande nova personagem, com um charmoso sorriso de canto pra ninguém criticar. Ela desenvolve uma grande química com Jack e está em muitos dos pontos altos dessa temporada. O antagonismo de Jack e John, dá lugar a um antagonismo maior ainda que é John e Ben, que são muito opostos e intensos. E a partir disso Lost encontra seu tom fantástico/mágico novamente, depois de uma temporada assustadoramente mundana e humana.
Olhando os créditos vi o nome do Brian K. Vaughan como escritor, editor executivo de história e produtor. Ele é muito conhecido pela hq 'Y: O Último Homem' e faz minha hq favorita atualmente, 'Saga'. Dá pra ver o toque dele nessa terceira temporada, e a grande adição que é ter ele junto com o Lindelof.
Apesar de não tão redonda coma as 2 temporadas anteriores, essa certamente é a que mais se esforçou pra chegar em extremos, deu mais de si e teve mais coragem de surpreender sua audiência. Tirando toda ação e reviravoltas ela ainda faz reflexões sobre a vida: fala de Deus, destino, livre arbítrio, a inevitabilidade da morte, o preço dos pecados e culpa.
Estado de União (1ª Temporada)
4.0 10Dois atores charmosos numa série charmosa! Diálogos recheados de humor e simplicidades.
Lost (2ª Temporada)
4.4 377 Assista AgoraDepois de um primeiro ano histórico, o nível de exigência e expectativas está muito alto para essa série. Lost (2ª Temporada) funciona quase como um Lost (1ª Temporada) Parte 2, a continuidade é estabelecida diretamente, mas se justifica como um temporada diferente pelos rumos e viradas de seus peronagens.
Há muito o que arrisacar aqui. O primeiro ano tinha como padrão mostrar o quão desprezível e conturbada era a vida dos sobreviventes antes do acidente. Agora, personagens já estabelecidos se entregam a inveja, ciúmes, brigas, rixas, soberba, luxúria e ao egoísmo também na ilha. Mexer com personagens que já tem nosso afeto e fazer suas posturas mudarem é algo que me incomoda, no bom sentido. É desafiador os criadores nos entregarem tal experiência. É muito bom ser genuinamente surpreendido.
Os novos personagens são muito bons, eles agregam bastante às dinâmicas do grupo, além de entregar um dos melhores epsódios dessa temporada, que mostra o que aconteceu do outro lado da ilha nos 48 dias. Destaco o Adewale Akinnuoye-Agbaje que tem uma puta presença, imponente e reflexiva.
A temática da fé está mais forte e visível aqui, com o dilema do botão, em que apertá-lo é uma questão de fé, e não apertá-lo de certa forma também é. A Iniciativa DHARMA e suas fitas, orientações e doutores são como uma religião da alma da ilha, que usam a ciência para entendê-la.
Os ''Outros'' pouco a pouco vão se revelando, de forma sutil, mas sempre gradualmente, sem pressa, o que promove o bom suspense. Tem tanta coisa interessante nessa relação deles com a ilha, com território demarcado, com Deus, com Teatro, que dá pra teorizar muitas coisas.
Essa temporada foi imprevisível, com ótimos acertos. Claro que com mais personagens novos, os antigos ficariam mais de lado. Porém, a força emocinal acumulada nesses 2 anos é muito forte, e novamente o drama de Lost brilha. A primeira temporada tem a estrutura de mostrar flashbacks antes do acidente com a trama corrente da ilha. Essa segunda evolui, pois adiciona flashbacks já na própria ilha, a série amadurece e sabe avançar gradativamente.
Uma temporada cheia de traições, atitudes desprezíveis e conflitos mais fortes no grupo. Talvez o final do último episódio tenha sido exagerado, com 3 ou 4 ensaios de finais, me cansando mas abrindo ainda mais o leque de possibilidades, o que nem de longe tira o brilho de toda essa parte da jornada.
Normal People
4.4 439Sempre que eu terminava de ver um episódio, já ia assistir Seinfeld pra mudar a vibe melancólica.
Lodge 49 (2ª Temporada)
4.2 3Tem muitas séries e filmes que falam sobre solidão e saudade. Lodge 49 é um conforto no meio disso tudo, porque é basicamente sobre a resposta a isso. É sobre companherismo, amizade, lealdade... basicamente uma fraternidade como o Lodge 49.
Cheio de personagens legais, um visual hipnótico e uma maluquice que só numa trama que envolve conspirações, esuqemas de pirâmide, pergaminhos sagrados e bitcoins.
Os ''white trash'' dessa zona praiana ficam cada vez mais mágicos, e uma pena a série ter sido cancelada dessa forma.
Como Eu Conheci Sua Mãe (9ª Temporada)
4.1 1,3K Assista AgoraA temporada em si é ruim, recheada de episódios fracos, repetidos, com uma ideia muito pretensiosa e mal executada. É aquele momento em que uma obra vira sua própria caricatura.
O final é polêmico e tem falhas, mas a ideia é boa, faz sentido e foi satisfatoriamente bem executado.
Perpetual Grace, LTD (1ª Temporada)
4.5 2Infelizmente ainda não tem disponibilidade dessa série aqui no Brasil em 2020. Assisti com legendas em inglês mesmo.
É uma série de 2019, comandado pelo talentoso Steve Conrad (Patriot), e que na melhor das hipóteses terá uma conclusão curta, assim como Patriot teve. É uma grande infelicidade essa falta de sucesso.
De 2019 pra cá, vi poucas coisas originais, relamente diferentes e arrisacdas sendo produzidas nas séries. Esse show se junta com Lodge 49, Reprisal e Devs, como séries que se preocupam muito com a forma, com a estética, e arriscam uma narrativa não usal.
Perpetual Grace é tipo um noir/western/non sense muito divertido, violento e realmente surpreendente. As tomadas e diálogos excessivamente lentos contrastam com a trama muito rápida, cheia de personagens icônicos e absurdos.
Quantas vezes me peguei rindo com os truques de mágica do Paul, ou das vezes que o New Leaf conta seu sonho de comandar uma franquia kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk É algo que não vejo por aí assim.
O canal Epix tem entregado boas surpresas com ótimas séries e essa foi mais uma. Espero um dia ver a conclusão dessa saga.
Lost (1ª Temporada)
4.5 773 Assista AgoraDepois de muito tempo vi a 1ª temporada de Lost. Já faz 16 anos desde seu lançamento, então já tomei alguns spoilers, mas não sei ainda a que ponto isso pode afetar minha visão e experiência da série. Para a primeira temporada, posso dizer que felizmente nada foi afetado.
Em 2004 a televisão vivia o início de sua transformação. Na virada dos anos 2000, The Sopranos trazia algo novo para o público americano, que quebrava de vez a fórmula procedural e introduzia liberdade de criação e abordagem a temas mais comuns até então somente no cinema. Porém, apesar desse movimento ter, pra mim, originado algumas das melhores séries de todos os tempos (The Sopranos, The Wire, Six Feet Under - e duas menções honrosas a Twin Peaks e OZ nos anos 90), nenhuma delas emplacou como um secesso de massa, o que era reservado apenas a sitcons até então. Em 2004, surge LOST.
Um sucesso a nível mundial, que muda bastante a forma da TV aberta de enxergar a criação. Lost é o primeiro grande blockbuster da TV mundial e um marco na comunidade dos amantes de séries, originando diversos grupos para se fazer teorias numa épopca pré streaming e pré redes sociais.
O primeiro destaque da série vai para o piloto 'duplo', mostrando a grande produção, com temas já conhecidos em hollywood, como sobrevivência, desastre e mistério. Mas o grande trunfo dos roteristas é unir em tão pouco tempo todos esses conflitos com o Sci-fi. Essa abordagem 'mágica/fantástica' das coisas é arriscado de se fazer. O limiar entre realidade e ficção é estabelecido em mistérios e situações conflitantes.
Não dá pra se falar dos personagens sem se estender muito, porque são muitos. Eu fui atingido por todos, com grandes arcos dramáticos que dialogam as situações diárias da ilha com flashbacks de antes do acidente de forma brilhante.
Apesar dos inúmeros mistérios deixados nesse primeiro ano, fumaça negra, a escotilha, os outros, os sequestros e das coincidências mágicas que acontecem na ilha, o que menos me desperta curiosidade são as respostas a isso tudo. Lost pra mim é uma jornada espiritual por redenção, um expurgo individual de uma vida que não deu segundas chances. O John Locke transmite parte dessa minha ideia, e enxerga a ilha como uma entidade que provê agora a oportunidade de redenção.
Essa camada é a principal da série, mas não é a única. A trama passa por conflitos diários e promove o bom suspense por sobrevivência. Há acidentes, escolhas médicas, problemas de relacionamento (Shannon, Sayid,Boone, Michael, Jin..), problemas de liderança (O conflito da liderança do Jack com o John Locke é muito bem construído durante os 25 episódios) e os conflitos internos (Hurley, Charlie, Sawyer, Kate).
Lost (1ª Temporada) é um excelente drama/fantasia, profundo, imersivo e viciante. Sua trama aposta em diversos personagens se expurgando de suas vidas passadas, ensaia um conflito do bem contra o mal e desafia a ciência e razão pessimistas com a fé esperançosa de uma segunda chance.