O diretor Lee Toland Krieger (Celeste e Jesse Para Sempre) tenta trazer um enredo inovador aos cinemas com a A Incrível História de Adaline, mas falha ao tentar passar veracidade para a fábula, e acaba não convencendo o espectador do que está sendo apresentado.
Após um acidente de carro em meados nos anos 30, Adaline Bowman (Blake Lively) ganha vida eterna. A jovem que parou de envelhecer passa a ter várias vidas, onde a cada década ela mudava de nome e residência, e jamais se atrevia a contar sobre o seu passado. Porém, uma paixão transforma o rumo de sua história, e traz questionamentos sobre continuar fugindo ou encarar a realidade ao lado de seu grande amor.
Um narrador se encarrega de contar o vasto passado de Adaline dando um ar de fábula ao longa, estilo que não agrada muito por infantilizar a obra. Entretanto, o diretor atribui vários ganchos no presente da jovem, que ocorre no ano de 2014, para contar algo que sucedeu em seu passado, fluindo muito bem a narrativa sem deixa-la cansativa.
Um dos grandes problemas do filme é a sua falta de coerência com as datas, que por diversas vezes não batem. Entre os exemplos é a idade de Adaline, que na obra diz ter 107 anos em 2014, no entanto, ela nasceu no ano de 1901. Além disso, a câmera é utilizada de uma maneira muito óbvia, como em trocas de olhares ou em situações de tensão. Devido a isso, as próximas ações do enredo acabam se tornando evidentes demais.
Blake Lively surpreende em seu papel, mesmo a atriz não tendo uma grande experiência no cinema, é visível o seu amadurecimento. Lively é capaz de transmitir a sabedoria da protagonista sem soar falsa, e realmente nos faz acreditar que ela não é daquele tempo. A escolha dos móveis da casa da protagonista enfatiza esses fatores, sendo possível ver um ótimo trabalho de design de produção. Em conjunto a isso, temos o emprego da personagem que reforça ainda mais a sua vivência no mundo.
Quando é apresentado o motivo pelo qual Adaline ficou presa em sua idade, é possível ver as referências do escritor Ray Bradbury escolhidas por Krieger. Bradbury é um romancista conhecido por escrever contos de ficção-cientifica. Assim, a mistura entre romance com uma pitada de sci-fi é deixada visivelmente clara no contexto.
A Incrível História de Adaline é uma boa fábula ou um romance, com grandes atores, como Harrison Ford, que mesmo aparecendo no final do segundo ato tem um papel primordial na trama. Contudo, o diretor não consegue compenetrar com suas explicações cheias de furos, e onde ele tenta se explicar demais acaba não explicando nada. Infelizmente, Krieger acaba criando mais do mesmo sem surpreender ninguém.
Por: Caroline Venco