"Interrompemos nossas transmissões por motivos técnicos (reclamações de tortura, fome, desigualdade social, criminalidade como fruto direto das explorações dos megagranfinos corporativistas... alienação midiática normalizadora das atrocidades...), prossegue nossa programação normal". Então a vinhetinha da guilda de lesa-pátrias e "cidadãos de bem": "rede engooooodo, f----"!
Está longe de ser uma obra de arte irretocável, mas o cinismo, o deboche e o absurdo com o qual dá pinceladas nas burrices planetárias da mais petulante das espécies conhecidas neste plano dimensional, já merecem meia estrela a mais. Do ponto de vista político, deixa um tanto evidente o que acontece na realidade, quanto à polarização: não é um fenômeno de duas partes antípodas, somente. Na verdade tem no mínimo três pontas: negacionistas que legitimam, praticam ou normalizam a ganância, a enganação e violência, de um lado; humanistas querendo arrumar as mazelas da ignorância e da desigualdade sistematimatizadas milenarmente; e "isentões" que se acham a última bolacha do sacolê, adorando opinar sem nunca tomar uma posição resolvida, de cima do muro em que estão, munidos de suposto equilíbrio e pseudo-imparcialidade, mas que ao mínimo sinal de sacudidela do tal muro de conforto, em que assistem de camarote o circo pegando fogo, pulam ou caem no lado que lhes convém, não raras vezes o da normalização tradicional da estupidez generalizada. Uma curiosidade do filme é a coincidentemente sincrônica caracterização de certo notório fabricante de fake news do Brasil, retratado ao acaso na figura patética do moleque mimado rebento da presidenta interpretada pela Meryl Streep, conforme bem apontado por competente movietuber brasileiro. Metáfora interessante sinalizando estes tempos. Longe de perfeita, mas essencial.
Do ponto ponto de vista de direitos éticos "pan-espiritualistas" é inaceitável qualquer obra de arte, por mais sublime que seja, caso desta pérola iraniana, usar possível exploração duvidosa de seres indefesos para compor sua circunscrição. Mas do ponto de vista artístico e poético deixa pra trás comendo poeira a maioria da produção hollywoodiana genérica atual e de contexto específico (in)corrigível.
Quando adolescente (meados de 1990) fui saber sobre este filme, numa revista SET ou equivalente, uns dois anos depois de já ter sido exibido no cinema. Fiquei interessado de cara, porque tinha a musa da vez, Julia Roberts, no elenco. Sem vídeo cassete em casa (quando comprei o aparelho tardiamente já estava sem vontade de pagar pra assistir, até porque a grana a ser gasta estava mais focada nos "Bleu/Blanc/Rouge"; "Solaris"; e "C'Era Una Volta il West" da vida...) e sem a coincidência de estar diante da televisão nas várias vezes em que deve ter sido exibido, só fui assisti-lo finalmente uns 25 anos depois "alugando-o" na rede. Impressões: Só pelo clima "cafona" do final da década de 80 e aquele climão de máquina do tempo já é um programa válido; sem contar uma ambientação interessantíssima com supostas colônia e cultura portuguesas nos E.U.A. (E sim! Deve-se desconfiar do parecer estadunidense para com as nacionalidades alheias, mas... quem sabe haja procedência honesta neste caso); a Lili Taylor ninando a criança em português, ao som de "Dorme Nenen...", com sotaquezinho estadunidense é uma graciosa curiosidade à parte também; além da Julia Roberts estonteante daqueles tempos preparando o terreno pros "Pretty Woman" e "Notting Hill" da vida.
Santo anacronismo referencial cinematográfico, Batman! Por este "easter egg" nem o "sentido especial de aranha" do Peter Parker esperava: a repaginada Tia May gatíssima e Tony Stark já haviam se enlaçado afetivamente num outro ângulo dimensional do ilimitado multiverso ficcional, 22 anos no passado, bem antes de sequer imaginarem um reencontro interdiegético em "Capitão América: Guerra Civil"...
Filme com um dos mais fodásticos "plot twists" da história, pelo prisma das implicações sociais. E que denúncia contra o fedor da guerra, em todas as suas facetas desprezíveis, e das opressões covardes contra gente desarmada (sobretudo, no caso, a dama principal)! Que super-mãe e mulher é essa?! Filme absolutamente essencial, daqueles que fazem a vida da gente se tornar um pouco melhor pela simples existência dele. Para ser visto mais uma infinidade de vezes. Alerta perene contra as imundícies humanas de um planeta hipócrita que se arroga de civilizado, sem o ser de fato. Que se cure...
Anotação de sincronia fílmica nº1 (é claro que isto aqui não é agenda, diário ou equivalente, mas como não me organizo com esses formatos, vai por aqui mesmo): Depois de deliberar sobre qual filme assistir exatamente na passagem de 31/ 12/ 2016 para 01/ 01/ 2017, escolho "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" para assistir. Durante a infância tal filme fora reprisado incontáveis vezes até o fim da década de oitenta. Num sábado primevo daquela época até tive a chance de finalmente assisti-lo, mas preferi ir jogar bola ou vai lembrar qual passatempo de criança daquela época. Mais ou menos trinta anos depois eu "alugo" o filme nesse grande playground informacional chamado internet (a despeito das resoluções a respeito de direitos autorais moldadas pelos "nobres" fidalgos de gravata e bravata que compõem essencialmente o banco dos réus de verdade do excelente documentário "A Corporação"), e finalmente assisto a obra pela primeira vez. Durante o percurso da história, eis que a cerveja Budweiser aparece, pelo menos, em duas ocasiões no filme, sendo uma delas uma propaganda explícita. Ora, eu estava entornando exatamente uma Budweiser nos momentos específicos. Possivelmente uma coincidência, mas divertida e galacticamente (ou etilicamente) lisonjeante.
Não é nenhum "A Fraternidade é Vermelha"; "O Marido da Cabeleireira"; "Feitiço do Tempo"; trilogia "Antes..." (Linklater); "A Palavra" (Dreyer); "Em Algum Lugar do Passado"; O Casamento de Muriel"; "Não Olhe para Baixo"; "Questão de Tempo"; "I Origins"; "Aurora"; "...Amélie Poulain" e outros, todos envolvendo romance de uma forma soberanamente singular. Aliás este "Leap Year" é bem senso comum, de acordo com o atual ponto de vista, o que não é o caso dos citados. Então, a pergunta que me faço é: por que assisti duas vezes, quase em seguida, este filme normal, tipicamente genérico hollywoodiano (e talvez daqui a um tempo (sabe-se lá se curto ou longo) eu possa até assistir uma terceira vez!)? Algumas possibilidades: 1- A atriz é a ("Lois Lane") Amy Adams; 2- Ela tem traços faciais que me fazem lembrar relativamente de uma admirável dama da vida real (ainda que a primeira seja ruiva de olhos azuis e a segunda tenha belíssimos cabelos escuros e lindos olhos esverdeados); 3- Alguém fez um fan-clip com cenas do filme para retratar a inesquecível música do final dos anos 80 "Someday We'll Be Together" e postou no youtube esta montagem e durante o filme inteiro, amiúde, eu lembrava do vídeo; 4- Tem locações espetaculares da Irlanda, terra céltica extremamente fascinante... Uma coisa leva até outra...
Obra de arte, mas intenso incômodo de consciência ser motivado espontaneamente a favoritar um filme que, no mínimo, mencione comensalismo animal (infelizmente necessário, em tal contexto, já que é pra gente gustativamente convencional requintar a deglutição subsistente). Mas, independentemente de incomodar quem não comeria tais alimentos, por liberdade de escolha e direito, que peça bonita é este filme! A analogia entre sabá das bruxas e culinária, então... O "pecado capital" gula é elevado à condição de graça transmutada e consigo a capacidade de um ser humano transcender o que considera profissionalismo e dedicação para com os outros (se merecem ou não a dedicação, já são outros quinhentos... e daí então, determinado contexto para a palavra "incondicional") e todos os símbolos utilizados que remetem a essas relações.
Antes de mais nada, é um filme espetacularmente lindo, com seu visual obscuro, agregando chuvisco perene; laboratórios alquímicos (?) e ruas opressoras e hiper-casarões misteriosos, com uma sensação de era medieval; maquinários de ficção científica; e indolência "sócio-espiritual" ou resignação permeando esse conjunto. Além disso, a animação forma uma perspectiva genuína de um engenhoso artista oriental repensando a questão (talvez aflitiva, de acordo com um possível ponto de vista respeitavelmente diferente e com direito) do monoteísmo judaico-cristão ocidental ao evocar figurativa e subentendidamente a espera por um hipotético salvador e o acontecimento da "revelação" final, que para os que esperam parece nunca chegar. Se pudesse emitir um pitaco, já o fazendo, por não ser pago, tiraria as paráfrases bíblicas (por uma questão estética, e não ideológico-moralista, pois ficam parecendo gratuitamente explicativas - nerds e cinéfilos não querem esse tipo de "fan-service" e ainda menos os querem, há de se presumir, alguns religiosos, por questões de direito também - levando em consideração que tais direitos não consistam em violentar de alguma forma quem não tem (a mesma) religião ou adore deus(es-as) diferentes do seu) e as reformularia mencionando os feitos indiretamente, sem parafrasear, a nível simbólico como quase toda esta brilhante animação consegue fazer. Até porque fica evidente para os espectadores atentos (já calejados por trafegarem por ficções com tramas surreais), que os pescadores correm atrás de um símbolo, o (s) peixe (s) que, dentre outras conotações simbólicas possíveis (o signo zodiacal por exemplo), esotericamente (e religiosamente também) remete ao cristianismo (símbolo este que o célebre literato português Padre Vieira já utilizara há uns dois pares de séculos atrás reinterpretando o evangelho, manufaturando prosa poética e disseminando habilidade retórica); e tem também a pequena e possível "Virgem Imaculada" da história defendendo seu "Feto" não fecundado nela, mas quase sempre junto a seu ventre, e mais seu "Anjo da Guarda" sempre a postos para defender-lhes, embora tão "agnóstico" quanto ela, porque só espera sem ter certeza, assim como ela também. São símbolos dotados de imensa força interpretativa auto-reveladoras o bastante para dispensarem explicação semi-explícita através das mencionadas paráfrases. De qualquer forma é um filme magnífico, com uma cena planetária monumental que lembra outra ilustração monumental, das páginas quadrinísticas de Planetary, ilustrada pelo competentíssimo John Cassaday. Ou melhor, a cena de Planetary lembra esta! O imenso plongée gradual. Só pra mencionar, porque tal comparação se situa só até aí. Este filme parece um exercício de alquimia; não é à toa que a heroína junta garrafas ou cadinhos. Antigo compartimento da embriaguez do corpo e da mente e futuro compartimento para condução de possíveis mensagens, quando levadas pelo mar, em comparação diversamente elemental às mensagens levadas amarradas no tornozelo de pombos e corvos com uma função parecida à dos pássaros lançados da "Arca de Noé", conforme uma das citações.
Uma das raras, senão a única, incursões ficcionistas à "realidade" deste gênio perene do surrealismo moderno da cinematografia mundial, David Lynch (saudações a ti!!!), tinha de ser uma obra de arte também, não!? E se lágrimas caíram, foram pela sutileza alheia da percepção complexa (e ao mesmo tempo singela (não medíocre!)) com relação à vida, retratada nesta obra, supostamente inspirada em acontecimentos reais. Não foi por sentimentalismo gratuito, não. Alguns outros cineastas talvez tropeçassem, de forma canhestra, numa tentativa de contar uma "história real". Mas aqui se trata do mestre David Lynch (saudações, novamente!). O que mais poderia se esperar de um cara que divulga meditação transcendental para todos os cantos e trabalha produzindo café orgânico, entre outras coisas, e só pra começar?... Sinto vergonha de ter tido receio, com relação a este filme, perdendo tempo ouvindo alguns detratores ocasionais acusando tal filme de dramalhão atípico - talvez por causa das "precipitações" em "Duna", ainda que seja outro caso a se estudar - e espio minha culpa, evidenciando a satisfação intensa e singular ao apreciar o conjunto de percepções que compõem esta obra de arte.
Esta, sim! Uma "canção" (obra de arte) breve, mas inesquecível! Se deve ser breve, que seja assim, então! Aproveitando cada segundo com sobrecarga de poesia! Além de poesia, várias coisas úteis acontecendo simultaneamente e evolução humana através de sexo, efetivamente tântrico! Aprendam, Michael(s) Winterbottom(s) da vida, com seus: https://filmow.com/nove-cancoes-t5505/ ! Aprendam!
Minimalista (?!). Superficial; efêmero; pseudo-arrebatador (já que as cenas de sexo explícito parecem pretender dar um "toque" de ousadia, mas não conseguem... já que isso não é nenhuma novidade; talvez a cena despudorada rápida de "Os Idiotas" do Lars Von Trier, tenha conseguido bem mais, embora tenham ambos os filmes intenções diferentes com tais inserções: romance X iconoclastia); pretensiosamente pós-moderno (com uma sensação aderente de contradição-clichê... sinal dos tempos); e, infelizmente, descartável, como esses "fiquismos" fugidios "frugais" do que chamamos realidade. Daí, caso tenha querido, - algumas dúvidas, quanto a isso - conseguiu uma conquista: retratar a grande água com açúcar ideologicamente comportamental insalubre e recusável que representa a maioria dos relacionamentos de acasalamento rasos de nossa sociedade no contexto histórico atual. Mas com isso se acumula mais experiência, não é? Hmhmhm... Viva o aprendizado.
Será que não há nem uma gravação brasileira tvrip dublada da época do video cassette player postada em algum canto da internet? Tomara que algum brasileiro que viveu a adolescência na década de 80 e era devorador de sessão da tarde daquela época, e filho de pais com grana para a aparelhagem necessária então, ou mesmo algum geek gringo quarentão de alguma parte do planeta, apareça mais cedo ou mais tarde com uma cópia, ainda que seja aos trancos e barrancos, cheia de chuviscos e dublada em javanês. A esperança nérdico-cinéfila continua e os beneficiários de uma possível utilidade pública internética de tal magnitude hão de agradecer imensamente por uma vindoura e desejada postagem desta pérola nostálgica de 1972. Asimej!
No início foi a leitura adiantada de "Uma Outra Realidade"; avançando até "Portal para o Infinito"; prosseguindo fora de ordem cronológica com "Las Enseñanzas de Don Juan"; e passando para, mas parando no meio de, "O Presente da Águia" (por falta de tempo e vazão a outras prioridades ocasionais). Leituras sinceramente fascinantes. A dúvida "agnóstica" sempre existiu desde aquele começo: esses registros de tal antropólogo (ou escritor ficcionista) são frutos de antropologia, xamanismo ou ficção? (Tais dúvidas tinham então um fundamento, hein? Que pena! Ainda bem que o calejamento com areias movediças sócio-mentais já estava fortalecido por motivo de repulsa por tanta baboseira e hipnose à la "Tim Tones" (referência a tudo que é charlatão e aproveitador, de todos os tempos, não necessariamente o objeto de interesse principal deste documentário); uns querem dinheiro às custas de bocós que mal tem grana pro pão de cada dia, outros querem trepadas bacano-colossais com as(os) iludidas(os) aos montes, não importando suas neuras e idiossincrasias afetivo-emocionais, que não conseguem perceber a verdadeira exuberância da vida em favor das funestamente efervescentes farsas sociais)... Mas independentemente de tudo um ficcionista brilhante (ainda que aparentemente desprovido de ética em campos pessoais, de acordo com a conclusão pessoal depois de assistir os depoimentos e os resultados das possíveis investigações) e além disso um formulador ou repassador de revolucionárias teorias nativo-filosóficas - o pensamento mágico indígena certamente considerado "primitivo" ou desvairado pela típica arrogância ocidental. Pena que no campo pessoal, como falado, tenha partido para o rol dos gurus oportunistas "all stars" formadores de harenzinhos particulares para si e hipnotizadores de gado humano procurando um norte no meio do deserto social. A redenção virá? Para quem? O melhor guia espiritual que pode existir é o Sol de manhã, a Lua à noite e a intuição meditativa sempre em vigília pra não cair no conto dos vigários ilusionistas que insistem em se promover como especiais, e se fazem persuadir com a tão repetitiva lábia vetusta e previsível, a ponto de estragarem caminhos alheios com ladrilhos de mediocridade disfarçada de mediunidade. O Universo e a Natureza hão de fazer sua parte! E que seja saudada a Arte não interesseira!
Na maioria das vezes (ou geralmente, como queira) a estética elaborada numa criação de arte é intransigentemente considerada quando se aprecia de forma lógica qualquer expressão que se faz, ou se pretende artística. Neste caso, este filme possivelmente deve ser considerado um dos mais esteticamente (novamente pela "lógica matemática" da arte) medianos ou até mesmo fracos filmes da carreira de Richard Attenborough, que fez obras cinebiográficas reconhecidamente primorosas e importantes como Gandhi, Um Grito de Liberdade, Chaplin e Terra das Sombras. Para complicar, o intérprete do protagonista talvez estivesse no filme errado, bem longe dos três dígitos "007" típicos dos "arrasa-quarteirões" que não parecem ter fim, dos quais fez parte, com sua atuação rasa (com enfadonha pose de galã pretensiosamente fotogênico para aqueles modelos de filmes; ou talvez seja a associação de tal ideia). Vai saber... Mas o fato é que se pode assimilar este Grey Owl como um filme em que o intento ideológico por trás dos panos suplanta a medianidade do roteiro (impressão presente no decorrer da película...). Sem contar as fantásticas tomadas fotográficas com os exuberantes clima, vegetação, e tudo mais, do gelado Canadá de tal contexto (se tem artifício de estúdio, aí já são outros quinhentos); e um leve vislumbre, ou pretensão disto, da rica diversidade das culturas indígenas da área, que parece remeter a obras quadrinísticas como Mágico Vento e Ken Parker. Para encerrar este contraponto entre parcialidade de condução "artística" da história, por um lado, e indestrutível identificação ideológica, por outro lado, um dos raros, mas intensos momentos desta história singela, e às vezes piegas, mas bombástica, numa paráfrase necessária que continua ecoando depois que o filme acaba: "O ser humano pode ser o que ele sonha ser".
Rupturas de estereótipos, quanto às duas posturas genéricas opostas afetivas. Alguém que se vê e se acha construída de forma sexualmente "sórdida", mas que pode demonstrar o oposto disto X alguém que se acha apaixonado "afetivamente", mas que pode agir demonstrando o oposto disto. Mas as rupturas de estereótipos podem se desfazer e podem se inscrever novamente numa reformulação monstruosa de si. As aparências (de gêneros sexuais opostos) podem enganar; mas às vezes, tanto não enganam, quanto se reforçam covardemente, no final das contas. Quem fica com a sordidez e quem fica com a paixão afetiva? A incomunicabilidade e a ilusão hão de mostrar os enunciados e dilatá-los até delatarem a conclusão.
Obra de arte primorosa mostrando a sinceridade das crianças e dos loucos dando um banho de palavra, vontade, pureza, honestidade e fé (seja lá o que seja isso) nas vetustas facções do proselitismo moralista e na inutilidade da guerrinha quatrocentona entre a ciência petulante (representada pelo médico) e as hipocrisias religiosas (representada pelas vertentes divergentes dos dois diferentes "crentes").
Bendito seja o dia, há quase uma década atrás, em que parei de ajudar o violento, pútrido, mafioso e corrupto sistema corporativo a abater criaturas inocentes e desprotegidas para saciar um fútil vício gustativo, eco do instinto sanguinário humano, herança da idade da pedra que perdura no homem, que se arroga de pós-moderno, Amém! E milhares de Graças às concessões propícias da Mãe Natureza e do Pai Universo que continuam presenteando saúde e vigor típicos de neófito de 20 para quem já beira os 40 (por comer pouca porcaria corporativa e praticar regularmente exercícios físicos, meditar, amar, se informar, contestar, e assim manter a essencial "engrenagem holístico-quântica" que consiste em corpo, mente, alma e espírito)!
Toda e qualquer informação e arte, que podem melhorar a consciência da sociedade e afins, devem ou deveriam ser divulgadas e espalhadas igualitariamente para a devida saúde de todos os âmbitos merecedores e carecedores:
De acordo com sua entrevista para o "Roda Viva", até onde a lembrança, do que escreve isto, chega, a quadrinista Maitena já vinha fazendo quadrinhos (com influência subversivo-punk) desde antes de seu trabalho célebre "Mulheres Alteradas". Por sua vez, o quadrinista Liniers tem feito um trabalho notável com suas tiras "Macanudo" e outras. Levando em consideração estas duas ausências lamentáveis e mais a ausência do próprio Quino (se um erro de apontamento não se faz presente aqui, em virtude de pouca lembrança de alguns aspectos do documentário), cuja "Mafalda" é um dos baluartes principais de sua obra, estas são umas das quase nulas incorreções do filme. Mas é de se perdoar, pois elaborar um trabalho documental de tamanha envergadura evidentemente não é fácil. E sempre lembrando que o colaborativo trabalho de animação de Daniela Fiore e Julio Nicolás Azamor proporcionou um aspecto artístico especial e único ao filme. Além disso, tal conjunto se projeta como um importante documento para ser exportado para o resto do mundo que se interessa por esta arte muitas vezes subestimada, que é a História em Quadrinhos. Neste caso uma maravilhosa "vertente" estilístico-internacional, os Quadrinhos argentinos, que diga-se de passagem é simplesmente suprema, e de não dever absolutamente nada para estadunidenses, europeus ou japoneses; com exemplos como "El Eternauta" (lançado aqui pela editora "Martins Fontes") de Hector Oesterheld (que foi e teve as quatro lindas filhas vitimadas pelos fedorentos milicos da ditadura argentina, conforme documentado no livro Bienvenido, este lançado aqui no Brasil pela editora "Zarabatana"); e graphic novels de Salvador Sanz, como "Noturno", que conta uma requintada história de horror moderno, envolvendo aspectos "insectópteros", ornitológicos e aeronáuticos de forma poética, e "Angela Della Muerte" fazendo citações hiper-intertextuais de ícones do passado, do presente, da vida, da não vida e da essência primata ou primitiva, como a "Vênus de Willendorf", macaquinho de brinquedo batendo pratos, "King Kong" e macaco cobaia de foguete espacial para narrar uma insólita história de horror e de conspiração governamental. Ambas estas obras lançadas pela já mencionada "Zarabatana". Enfim, los hermanos argentinos quadrinistas são formidáveis e este documentário é prova disso.
A Fantástica Fábrica de Golpes
3.8 8"Interrompemos nossas transmissões por motivos técnicos (reclamações de tortura, fome, desigualdade social, criminalidade como fruto direto das explorações dos megagranfinos corporativistas... alienação midiática normalizadora das atrocidades...), prossegue nossa programação normal". Então a vinhetinha da guilda de lesa-pátrias e "cidadãos de bem": "rede engooooodo, f----"!
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraEstá longe de ser uma obra de arte irretocável, mas o cinismo, o deboche e o absurdo com o qual dá pinceladas nas burrices planetárias da mais petulante das espécies conhecidas neste plano dimensional, já merecem meia estrela a mais. Do ponto de vista político, deixa um tanto evidente o que acontece na realidade, quanto à polarização: não é um fenômeno de duas partes antípodas, somente. Na verdade tem no mínimo três pontas: negacionistas que legitimam, praticam ou normalizam a ganância, a enganação e violência, de um lado; humanistas querendo arrumar as mazelas da ignorância e da desigualdade sistematimatizadas milenarmente; e "isentões" que se acham a última bolacha do sacolê, adorando opinar sem nunca tomar uma posição resolvida, de cima do muro em que estão, munidos de suposto equilíbrio e pseudo-imparcialidade, mas que ao mínimo sinal de sacudidela do tal muro de conforto, em que assistem de camarote o circo pegando fogo, pulam ou caem no lado que lhes convém, não raras vezes o da normalização tradicional da estupidez generalizada. Uma curiosidade do filme é a coincidentemente sincrônica caracterização de certo notório fabricante de fake news do Brasil, retratado ao acaso na figura patética do moleque mimado rebento da presidenta interpretada pela Meryl Streep, conforme bem apontado por competente movietuber brasileiro. Metáfora interessante sinalizando estes tempos. Longe de perfeita, mas essencial.
A Canção dos Pardais
4.2 53Do ponto ponto de vista de direitos éticos "pan-espiritualistas" é inaceitável qualquer obra de arte, por mais sublime que seja, caso desta pérola iraniana, usar possível exploração duvidosa de seres indefesos para compor sua circunscrição. Mas do ponto de vista artístico e poético deixa pra trás comendo poeira a maioria da produção hollywoodiana genérica atual e de contexto específico (in)corrigível.
Três Mulheres, Três Amores
3.3 64 Assista AgoraQuando adolescente (meados de 1990) fui saber sobre este filme, numa revista SET ou equivalente, uns dois anos depois de já ter sido exibido no cinema. Fiquei interessado de cara, porque tinha a musa da vez, Julia Roberts, no elenco. Sem vídeo cassete em casa (quando comprei o aparelho tardiamente já estava sem vontade de pagar pra assistir, até porque a grana a ser gasta estava mais focada nos "Bleu/Blanc/Rouge"; "Solaris"; e "C'Era Una Volta il West" da vida...) e sem a coincidência de estar diante da televisão nas várias vezes em que deve ter sido exibido, só fui assisti-lo finalmente uns 25 anos depois "alugando-o" na rede. Impressões: Só pelo clima "cafona" do final da década de 80 e aquele climão de máquina do tempo já é um programa válido; sem contar uma ambientação interessantíssima com supostas colônia e cultura portuguesas nos E.U.A. (E sim! Deve-se desconfiar do parecer estadunidense para com as nacionalidades alheias, mas... quem sabe haja procedência honesta neste caso); a Lili Taylor ninando a criança em português, ao som de "Dorme Nenen...", com sotaquezinho estadunidense é uma graciosa curiosidade à parte também; além da Julia Roberts estonteante daqueles tempos preparando o terreno pros "Pretty Woman" e "Notting Hill" da vida.
Só Você
3.4 207 Assista AgoraSanto anacronismo referencial cinematográfico, Batman! Por este "easter egg" nem o "sentido especial de aranha" do Peter Parker esperava: a repaginada Tia May gatíssima e Tony Stark já haviam se enlaçado afetivamente num outro ângulo dimensional do ilimitado multiverso ficcional, 22 anos no passado, bem antes de sequer imaginarem um reencontro interdiegético em "Capitão América: Guerra Civil"...
Mundos Internos, Mundos Externos
4.6 19 Assista AgoraHino, estandarte, soro, vacina, vaticínio, sempiternidade.
Incêndios
4.5 1,9K Assista AgoraFilme com um dos mais fodásticos "plot twists" da história, pelo prisma das implicações sociais. E que denúncia contra o fedor da guerra, em todas as suas facetas desprezíveis, e das opressões covardes contra gente desarmada (sobretudo, no caso, a dama principal)! Que super-mãe e mulher é essa?! Filme absolutamente essencial, daqueles que fazem a vida da gente se tornar um pouco melhor pela simples existência dele. Para ser visto mais uma infinidade de vezes. Alerta perene contra as imundícies humanas de um planeta hipócrita que se arroga de civilizado, sem o ser de fato. Que se cure...
Contatos Imediatos do Terceiro Grau
3.7 577 Assista AgoraAnotação de sincronia fílmica nº1 (é claro que isto aqui não é agenda, diário ou equivalente, mas como não me organizo com esses formatos, vai por aqui mesmo): Depois de deliberar sobre qual filme assistir exatamente na passagem de 31/ 12/ 2016 para 01/ 01/ 2017, escolho "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" para assistir. Durante a infância tal filme fora reprisado incontáveis vezes até o fim da década de oitenta. Num sábado primevo daquela época até tive a chance de finalmente assisti-lo, mas preferi ir jogar bola ou vai lembrar qual passatempo de criança daquela época. Mais ou menos trinta anos depois eu "alugo" o filme nesse grande playground informacional chamado internet (a despeito das resoluções a respeito de direitos autorais moldadas pelos "nobres" fidalgos de gravata e bravata que compõem essencialmente o banco dos réus de verdade do excelente documentário "A Corporação"), e finalmente assisto a obra pela primeira vez. Durante o percurso da história, eis que a cerveja Budweiser aparece, pelo menos, em duas ocasiões no filme, sendo uma delas uma propaganda explícita. Ora, eu estava entornando exatamente uma Budweiser nos momentos específicos. Possivelmente uma coincidência, mas divertida e galacticamente (ou etilicamente) lisonjeante.
Casa Comigo?
3.6 1,5K Assista AgoraNão é nenhum "A Fraternidade é Vermelha"; "O Marido da Cabeleireira"; "Feitiço do Tempo"; trilogia "Antes..." (Linklater); "A Palavra" (Dreyer); "Em Algum Lugar do Passado"; O Casamento de Muriel"; "Não Olhe para Baixo"; "Questão de Tempo"; "I Origins"; "Aurora"; "...Amélie Poulain" e outros, todos envolvendo romance de uma forma soberanamente singular. Aliás este "Leap Year" é bem senso comum, de acordo com o atual ponto de vista, o que não é o caso dos citados. Então, a pergunta que me faço é: por que assisti duas vezes, quase em seguida, este filme normal, tipicamente genérico hollywoodiano (e talvez daqui a um tempo (sabe-se lá se curto ou longo) eu possa até assistir uma terceira vez!)? Algumas possibilidades: 1- A atriz é a ("Lois Lane") Amy Adams; 2- Ela tem traços faciais que me fazem lembrar relativamente de uma admirável dama da vida real (ainda que a primeira seja ruiva de olhos azuis e a segunda tenha belíssimos cabelos escuros e lindos olhos esverdeados); 3- Alguém fez um fan-clip com cenas do filme para retratar a inesquecível música do final dos anos 80 "Someday We'll Be Together" e postou no youtube esta montagem e durante o filme inteiro, amiúde, eu lembrava do vídeo; 4- Tem locações espetaculares da Irlanda, terra céltica extremamente fascinante... Uma coisa leva até outra...
Turista Espacial
4.3 236E só não leva seis estrelas porque o limite normativo aqui impõe apenas cinco!
A Festa de Babette
4.0 243Obra de arte, mas intenso incômodo de consciência ser motivado espontaneamente a favoritar um filme que, no mínimo, mencione comensalismo animal (infelizmente necessário, em tal contexto, já que é pra gente gustativamente convencional requintar a deglutição subsistente). Mas, independentemente de incomodar quem não comeria tais alimentos, por liberdade de escolha e direito, que peça bonita é este filme! A analogia entre sabá das bruxas e culinária, então... O "pecado capital" gula é elevado à condição de graça transmutada e consigo a capacidade de um ser humano transcender o que considera profissionalismo e dedicação para com os outros (se merecem ou não a dedicação, já são outros quinhentos... e daí então, determinado contexto para a palavra "incondicional") e todos os símbolos utilizados que remetem a essas relações.
A Menina e o Ovo de Anjo
4.0 126Antes de mais nada, é um filme espetacularmente lindo, com seu visual obscuro, agregando chuvisco perene; laboratórios alquímicos (?) e ruas opressoras e hiper-casarões misteriosos, com uma sensação de era medieval; maquinários de ficção científica; e indolência "sócio-espiritual" ou resignação permeando esse conjunto. Além disso, a animação forma uma perspectiva genuína de um engenhoso artista oriental repensando a questão (talvez aflitiva, de acordo com um possível ponto de vista respeitavelmente diferente e com direito) do monoteísmo judaico-cristão ocidental ao evocar figurativa e subentendidamente a espera por um hipotético salvador e o acontecimento da "revelação" final, que para os que esperam parece nunca chegar. Se pudesse emitir um pitaco, já o fazendo, por não ser pago, tiraria as paráfrases bíblicas (por uma questão estética, e não ideológico-moralista, pois ficam parecendo gratuitamente explicativas - nerds e cinéfilos não querem esse tipo de "fan-service" e ainda menos os querem, há de se presumir, alguns religiosos, por questões de direito também - levando em consideração que tais direitos não consistam em violentar de alguma forma quem não tem (a mesma) religião ou adore deus(es-as) diferentes do seu) e as reformularia mencionando os feitos indiretamente, sem parafrasear, a nível simbólico como quase toda esta brilhante animação consegue fazer. Até porque fica evidente para os espectadores atentos (já calejados por trafegarem por ficções com tramas surreais), que os pescadores correm atrás de um símbolo, o (s) peixe (s) que, dentre outras conotações simbólicas possíveis (o signo zodiacal por exemplo), esotericamente (e religiosamente também) remete ao cristianismo (símbolo este que o célebre literato português Padre Vieira já utilizara há uns dois pares de séculos atrás reinterpretando o evangelho, manufaturando prosa poética e disseminando habilidade retórica); e tem também a pequena e possível "Virgem Imaculada" da história defendendo seu "Feto" não fecundado nela, mas quase sempre junto a seu ventre, e mais seu "Anjo da Guarda" sempre a postos para defender-lhes, embora tão "agnóstico" quanto ela, porque só espera sem ter certeza, assim como ela também. São símbolos dotados de imensa força interpretativa auto-reveladoras o bastante para dispensarem explicação semi-explícita através das mencionadas paráfrases. De qualquer forma é um filme magnífico, com uma cena planetária monumental que lembra outra ilustração monumental, das páginas quadrinísticas de Planetary, ilustrada pelo competentíssimo John Cassaday. Ou melhor, a cena de Planetary lembra esta! O imenso plongée gradual. Só pra mencionar, porque tal comparação se situa só até aí. Este filme parece um exercício de alquimia; não é à toa que a heroína junta garrafas ou cadinhos. Antigo compartimento da embriaguez do corpo e da mente e futuro compartimento para condução de possíveis mensagens, quando levadas pelo mar, em comparação diversamente elemental às mensagens levadas amarradas no tornozelo de pombos e corvos com uma função parecida à dos pássaros lançados da "Arca de Noé", conforme uma das citações.
Uma História Real
4.2 298Uma das raras, senão a única, incursões ficcionistas à "realidade" deste gênio perene do surrealismo moderno da cinematografia mundial, David Lynch (saudações a ti!!!), tinha de ser uma obra de arte também, não!? E se lágrimas caíram, foram pela sutileza alheia da percepção complexa (e ao mesmo tempo singela (não medíocre!)) com relação à vida, retratada nesta obra, supostamente inspirada em acontecimentos reais. Não foi por sentimentalismo gratuito, não. Alguns outros cineastas talvez tropeçassem, de forma canhestra, numa tentativa de contar uma "história real". Mas aqui se trata do mestre David Lynch (saudações, novamente!). O que mais poderia se esperar de um cara que divulga meditação transcendental para todos os cantos e trabalha produzindo café orgânico, entre outras coisas, e só pra começar?... Sinto vergonha de ter tido receio, com relação a este filme, perdendo tempo ouvindo alguns detratores ocasionais acusando tal filme de dramalhão atípico - talvez por causa das "precipitações" em "Duna", ainda que seja outro caso a se estudar - e espio minha culpa, evidenciando a satisfação intensa e singular ao apreciar o conjunto de percepções que compõem esta obra de arte.
Não Olhe Para Baixo
3.7 37Esta, sim! Uma "canção" (obra de arte) breve, mas inesquecível! Se deve ser breve, que seja assim, então! Aproveitando cada segundo com sobrecarga de poesia! Além de poesia, várias coisas úteis acontecendo simultaneamente e evolução humana através de sexo, efetivamente tântrico! Aprendam, Michael(s) Winterbottom(s) da vida, com seus: https://filmow.com/nove-cancoes-t5505/ ! Aprendam!
Nove Canções
2.6 384Minimalista (?!). Superficial; efêmero; pseudo-arrebatador (já que as cenas de sexo explícito parecem pretender dar um "toque" de ousadia, mas não conseguem... já que isso não é nenhuma novidade; talvez a cena despudorada rápida de "Os Idiotas" do Lars Von Trier, tenha conseguido bem mais, embora tenham ambos os filmes intenções diferentes com tais inserções: romance X iconoclastia); pretensiosamente pós-moderno (com uma sensação aderente de contradição-clichê... sinal dos tempos); e, infelizmente, descartável, como esses "fiquismos" fugidios "frugais" do que chamamos realidade. Daí, caso tenha querido, - algumas dúvidas, quanto a isso - conseguiu uma conquista: retratar a grande água com açúcar ideologicamente comportamental insalubre e recusável que representa a maioria dos relacionamentos de acasalamento rasos de nossa sociedade no contexto histórico atual. Mas com isso se acumula mais experiência, não é? Hmhmhm... Viva o aprendizado.
Os Órfãos
3.9 10Será que não há nem uma gravação brasileira tvrip dublada da época do video cassette player postada em algum canto da internet? Tomara que algum brasileiro que viveu a adolescência na década de 80 e era devorador de sessão da tarde daquela época, e filho de pais com grana para a aparelhagem necessária então, ou mesmo algum geek gringo quarentão de alguma parte do planeta, apareça mais cedo ou mais tarde com uma cópia, ainda que seja aos trancos e barrancos, cheia de chuviscos e dublada em javanês. A esperança nérdico-cinéfila continua e os beneficiários de uma possível utilidade pública internética de tal magnitude hão de agradecer imensamente por uma vindoura e desejada postagem desta pérola nostálgica de 1972. Asimej!
Hayao Miyazaki To Ghibli Bijutsukan
4.1 2Link para os que procuram este filme...:
http://
hawkmenblues.blogspot.
com.br/2012/08/
hayao-miyazaki-to-ghibli-bijutsukan.html
Remenda as partes, chega junto e seja feliz.
BBC Four - Tales from the Jungle - Carlos Castañeda
2.8 2No início foi a leitura adiantada de "Uma Outra Realidade"; avançando até "Portal para o Infinito"; prosseguindo fora de ordem cronológica com "Las Enseñanzas de Don Juan"; e passando para, mas parando no meio de, "O Presente da Águia" (por falta de tempo e vazão a outras prioridades ocasionais). Leituras sinceramente fascinantes. A dúvida "agnóstica" sempre existiu desde aquele começo: esses registros de tal antropólogo (ou escritor ficcionista) são frutos de antropologia, xamanismo ou ficção? (Tais dúvidas tinham então um fundamento, hein? Que pena! Ainda bem que o calejamento com areias movediças sócio-mentais já estava fortalecido por motivo de repulsa por tanta baboseira e hipnose à la "Tim Tones" (referência a tudo que é charlatão e aproveitador, de todos os tempos, não necessariamente o objeto de interesse principal deste documentário); uns querem dinheiro às custas de bocós que mal tem grana pro pão de cada dia, outros querem trepadas bacano-colossais com as(os) iludidas(os) aos montes, não importando suas neuras e idiossincrasias afetivo-emocionais, que não conseguem perceber a verdadeira exuberância da vida em favor das funestamente efervescentes farsas sociais)...
Mas independentemente de tudo um ficcionista brilhante (ainda que aparentemente desprovido de ética em campos pessoais, de acordo com a conclusão pessoal depois de assistir os depoimentos e os resultados das possíveis investigações) e além disso um formulador ou repassador de revolucionárias teorias nativo-filosóficas - o pensamento mágico indígena certamente considerado "primitivo" ou desvairado pela típica arrogância ocidental. Pena que no campo pessoal, como falado, tenha partido para o rol dos gurus oportunistas "all stars" formadores de harenzinhos particulares para si e hipnotizadores de gado humano procurando um norte no meio do deserto social. A redenção virá? Para quem? O melhor guia espiritual que pode existir é o Sol de manhã, a Lua à noite e a intuição meditativa sempre em vigília pra não cair no conto dos vigários ilusionistas que insistem em se promover como especiais, e se fazem persuadir com a tão repetitiva lábia vetusta e previsível, a ponto de estragarem caminhos alheios com ladrilhos de mediocridade disfarçada de mediunidade. O Universo e a Natureza hão de fazer sua parte! E que seja saudada a Arte não interesseira!
O Guerreiro Da Paz
3.1 11Na maioria das vezes (ou geralmente, como queira) a estética elaborada numa criação de arte é intransigentemente considerada quando se aprecia de forma lógica qualquer expressão que se faz, ou se pretende artística. Neste caso, este filme possivelmente deve ser considerado um dos mais esteticamente (novamente pela "lógica matemática" da arte) medianos ou até mesmo fracos filmes da carreira de Richard Attenborough, que fez obras cinebiográficas reconhecidamente primorosas e importantes como Gandhi, Um Grito de Liberdade, Chaplin e Terra das Sombras. Para complicar, o intérprete do protagonista talvez estivesse no filme errado, bem longe dos três dígitos "007" típicos dos "arrasa-quarteirões" que não parecem ter fim, dos quais fez parte, com sua atuação rasa (com enfadonha pose de galã pretensiosamente fotogênico para aqueles modelos de filmes; ou talvez seja a associação de tal ideia). Vai saber... Mas o fato é que se pode assimilar este Grey Owl como um filme em que o intento ideológico por trás dos panos suplanta a medianidade do roteiro (impressão presente no decorrer da película...). Sem contar as fantásticas tomadas fotográficas com os exuberantes clima, vegetação, e tudo mais, do gelado Canadá de tal contexto (se tem artifício de estúdio, aí já são outros quinhentos); e um leve vislumbre, ou pretensão disto, da rica diversidade das culturas indígenas da área, que parece remeter a obras quadrinísticas como Mágico Vento e Ken Parker. Para encerrar este contraponto entre parcialidade de condução "artística" da história, por um lado, e indestrutível identificação ideológica, por outro lado, um dos raros, mas intensos momentos desta história singela, e às vezes piegas, mas bombástica, numa paráfrase necessária que continua ecoando depois que o filme acaba: "O ser humano pode ser o que ele sonha ser".
A Professora de Piano
4.0 685 Assista AgoraRupturas de estereótipos, quanto às duas posturas genéricas opostas afetivas. Alguém que se vê e se acha construída de forma sexualmente "sórdida", mas que pode demonstrar o oposto disto X alguém que se acha apaixonado "afetivamente", mas que pode agir demonstrando o oposto disto. Mas as rupturas de estereótipos podem se desfazer e podem se inscrever novamente numa reformulação monstruosa de si. As aparências (de gêneros sexuais opostos) podem enganar; mas às vezes, tanto não enganam, quanto se reforçam covardemente, no final das contas. Quem fica com a sordidez e quem fica com a paixão afetiva? A incomunicabilidade e a ilusão hão de mostrar os enunciados e dilatá-los até delatarem a conclusão.
O Mundo Perdido
3.7 22 Assista AgoraNemo: River Of Ghosts Now!
A Palavra
4.5 100Obra de arte primorosa mostrando a sinceridade das crianças e dos loucos dando um banho de palavra, vontade, pureza, honestidade e fé (seja lá o que seja isso) nas vetustas facções do proselitismo moralista e na inutilidade da guerrinha quatrocentona entre a ciência petulante (representada pelo médico) e as hipocrisias religiosas (representada pelas vertentes divergentes dos dois diferentes "crentes").
Garfos ao Invés de Facas
4.3 41Bendito seja o dia, há quase uma década atrás, em que parei de ajudar o violento, pútrido, mafioso e corrupto sistema corporativo a abater criaturas inocentes e desprotegidas para saciar um fútil vício gustativo, eco do instinto sanguinário humano, herança da idade da pedra que perdura no homem, que se arroga de pós-moderno, Amém!
E milhares de Graças às concessões propícias da Mãe Natureza e do Pai Universo que continuam presenteando saúde e vigor típicos de neófito de 20 para quem já beira os 40 (por comer pouca porcaria corporativa e praticar regularmente exercícios físicos, meditar, amar, se informar, contestar, e assim manter a essencial "engrenagem holístico-quântica" que consiste em corpo, mente, alma e espírito)!
Toda e qualquer informação e arte, que podem melhorar a consciência da sociedade e afins, devem ou deveriam ser divulgadas e espalhadas igualitariamente para a devida saúde de todos os âmbitos merecedores e carecedores:
https://vimeo.com/111869282
Imaginadores
4.0 1De acordo com sua entrevista para o "Roda Viva", até onde a lembrança, do que escreve isto, chega, a quadrinista Maitena já vinha fazendo quadrinhos (com influência subversivo-punk) desde antes de seu trabalho célebre "Mulheres Alteradas". Por sua vez, o quadrinista Liniers tem feito um trabalho notável com suas tiras "Macanudo" e outras. Levando em consideração estas duas ausências lamentáveis e mais a ausência do próprio Quino (se um erro de apontamento não se faz presente aqui, em virtude de pouca lembrança de alguns aspectos do documentário), cuja "Mafalda" é um dos baluartes principais de sua obra, estas são umas das quase nulas incorreções do filme.
Mas é de se perdoar, pois elaborar um trabalho documental de tamanha envergadura evidentemente não é fácil. E sempre lembrando que o colaborativo trabalho de animação de Daniela Fiore e Julio Nicolás Azamor proporcionou um aspecto artístico especial e único ao filme. Além disso, tal conjunto se projeta como um importante documento para ser exportado para o resto do mundo que se interessa por esta arte muitas vezes subestimada, que é a História em Quadrinhos. Neste caso uma maravilhosa "vertente" estilístico-internacional, os Quadrinhos argentinos, que diga-se de passagem é simplesmente suprema, e de não dever absolutamente nada para estadunidenses, europeus ou japoneses; com exemplos como "El Eternauta" (lançado aqui pela editora "Martins Fontes") de Hector Oesterheld (que foi e teve as quatro lindas filhas vitimadas pelos fedorentos milicos da ditadura argentina, conforme documentado no livro Bienvenido, este lançado aqui no Brasil pela editora "Zarabatana"); e graphic novels de Salvador Sanz, como "Noturno", que conta uma requintada história de horror moderno, envolvendo aspectos "insectópteros", ornitológicos e aeronáuticos de forma poética, e "Angela Della Muerte" fazendo citações hiper-intertextuais de ícones do passado, do presente, da vida, da não vida e da essência primata ou primitiva, como a "Vênus de Willendorf", macaquinho de brinquedo batendo pratos, "King Kong" e macaco cobaia de foguete espacial para narrar uma insólita história de horror e de conspiração governamental. Ambas estas obras lançadas pela já mencionada "Zarabatana".
Enfim, los hermanos argentinos quadrinistas são formidáveis e este documentário é prova disso.