Eu preferiria uma terceira temporada no lugar, queria acompanhar mais o crescimento de outros personagens, como o Dom e a Doris. Mas foi um filme necessário pra encerrar essa série linda.
O diálogo entre o Kevin e o Pato foi o clímax do filme na minha opinião, várias verdades sendo ditas. Por fim acho que o Kevin tinha razão de que, pelo menos, eles deveriam ter tentado (e de que o Pato é um fujão, rs).
Outra cena marcante é a conversa do Paddy com o Agustín. Aqueles devaneios sobre a vida, o angústia do tempo passando, o medo do futuro. "Você é o meu melhor amigo do qual não tenho vontade de transar", rs.
Sobre o Dom: que homem!
Vivo pra um dia encontrar dois amigos como o Agustín e o Dom!
Não é de Deus assistir 23 episódios em menos de 72 horas, haha. Redenção total à série depois dessa segunda temporada. Praticamente irretocável! A Alicia é uma das personagens mais tridimensionais da atualidade. A entrega e a naturalidade da Julianna Margulies são surreais. Foi um deleite ver a protagonista ganhando contornos cada vez mais complexos: Alicia é feminista, é mãe, é esposa, é advogada, é irmã, é amiga, mas, acima de tudo, é humana. Essa humanização em detrimento de sua idealização é o âmago da série. O grande acerto dessa temporada foi aproximar a Alicia ao expectador, desnudando-a, exteriorizando sua fragilidade. Vê-la completamente sem chão após a descoberta de uma traição por parte de sua melhor amiga nos mostrou que, sim, a Alicia é destruidora nos tribunais e pisa sem dó nos inimigos com sua retórica, sarcasmo, carisma e charme, porém, ela ainda é uma mulher que nem sempre consegue controlar, conciliar e administrar suas emoções, seus sentimentos, seus ímpetos, suas responsabilidades, suas necessidades e, sobretudo, seus desejos (ah, essa season finale!). Contrasta com a primeira temporada, quando passamos a enaltecê-la por vê-la tão implacável na administração de sua família e do seu ofício. Aqui, contudo, ela se torna uma "good" wife, e não uma "perfect" wife. Outro ponto a ser destacado é a multiplicidade das tramas e sub-tramas: corrupção, feminismo, machismo, racismo, drogas, homossexualidade, vingança, religião e, claro, adultério. Mesmice e hipocrisia passam longe das mãos dos roteiristas, aqui eles jogam sal na ferida e ligam o "fuck it" pro politicamente correto - nem a Lei pode julgar a Lockhart, Gardner quando o assunto é o faturamento de alguns milhões. Por fim, ressalto a participação da Kalinda, quiçá a personagem mais enigmática, irresistível e bad ass da história das séries norte-americanas. Pouco importa os seus estereótipos de antissocial, gótica e lésbica (e como ela mesma não se limita como tais), o brilho de sua Kalinda é a eficiência e profissionalidade que ela deposita em suas investigações. Poucas vezes vi uma coadjuvante ofuscar um elenco inteiro com meia dúzia de palavras.
No geral, vale o ingresso. Esta sequência nada mais é que aquela velha crise existencial do herói, o clichê de "grandes atos trazem grandes consequências". Apesar do primeiro ato ser arrastadíssimo, o segundo ato e o clímax empolgam com reviravoltas e descobertas a respeito dos divergentes e das facções. As atuações estão ótimas, destacando-se Shailene Woodley, vivendo uma Tris frágil, mas ao mesmo tempo destemida (e ela chuta bundas, salta e atira como nenhuma heroína da atualidade!), e Kate Winslet, a maquiavélica e tirana Jeanine. Contudo, são os efeitos visuais o grande atrativo da película: presencia-se cada centavo dos R$110 milhões de dólares investidos na superprodução, em especial a grandiosa sequência da simulação. Talvez se tivéssemos mais roteiro e mais desenvolvimento dos demais personagens e das facções, teríamos um filme acima da média, como o primeiro. E fique longe da sessão 3D. Só três cenas têm efeito tridimensional (incluindo a vinheta da Summit, haha) e o óculos escurece muito a projeção.
Em certo momento de projeção, Cheryl Strayed, a protagonista desta obra, reflete sobre a solidão: "Não há nada como pessoas. Gostaria de conversar com pessoas. Ouvir pessoas. Engraçado sentir falta de coisas que eu nem percebia que tinha até decidir caminhar sozinha pelo maldito deserto!". Mas não é a solidão, a dor física ou a calor do Deserto de Mojave os maiores impasses que Strayed tem que enfrentar em sua odisseia pela liberdade, contudo, as lembranças. Como é difícil a arte do desapego! Dessa maneira, "Livre" já acerta com um flashback introdutório (e absolutamente agoniante, um alerta àqueles que têm sérios problemas com unhas!), recurso que será utilizado como vai-e-vem durante toda sua narrativa. Começamos do zero a jornada autodestrutiva da protagonista e, nesse sentido, a experiência ganha contornos cada mais vez complexos e dramáticos à medida que conhecemos a história, os traumas e os erros de uma mulher em busca de sua "melhor parte". Vivida brilhantemente por Reese Witherspoon, Strayed é, literalmente, despida. É graças à entrega e à naturalidade de sua intérprete - como é tocante a cena com que ela vibra ao comer mingau quente pela primeira vez - que sentimos todas as camadas de sua dor: das mais profundas, como o fim de seu casamento e a perda inelutável de sua mãe; das mais externas, como a vida libertina, as drogas, a fome, a sede, o calor e os hematomas ao longo da trilha do Pacific Crest. Se não bastasse estar perdida físico, emocional e psicologicamente, Cheryl também vai sofrer de machismo (a sensação de iminência de estupro persiste durante todo o trajeto), uma surpresa para um enredo cuja tônica é, a princípio, a busca pelo autoconhecimento. Assim, a trilha nada mais é que uma metáfora na evolução da personagem principal, a qual revive constantemente seu passado e suas dores para, sozinha, aprender a aceitá-los, a entendê-los e a superá-los. Ademais, Jean-Marc Vallée ("C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor" e "Clube de Compras Dallas", ambos fantásticos!), na direção, canaliza a atmosfera agoniante e dramática com a narração em off, sobretudo porque o recurso do voice over é utilizado como pensamento de Cheryl ("Don't fucking die!" [sic]), dando-nos uma crível impressão das emoções e reações desta. Por fim, como é magnífica a capacidade da arte em criar metáforas partindo-se das, aparentemente, limitações, resistências e dores do ser humano. Clichê ou não, a abordagem da superação pode ser um tema já saturado para os anuais indicados ao Oscar, porém obras como "Livre" são sempre mais que um deleite cinematográfico: são uma experiência!
Brochante para quem foi/é fã de CDZ. Uma estrela apenas pelo visual do filme, que está incrível (sobretudo os detalhes das armaduras), e pela nostalgia de ouvir a dublagem brasileira ("Cólera do Dragãoooo!"). O que fizeram com o Máscara da Morte, ou melhor, com a Diva da casa de Câncer? Vergonha alheia daquele "musical"! E o Shaka? A luta na casa de Virgem é a mais épica e emocionante da saga do Santuário e ela, aqui, simplesmente não existe, haha. Hyoga vs Miro (outra mudança desnecessária...) também fez falta, assim como Shiryu vs Shura (um dos mais sacrifícios mais lindos). Também conseguiram fazer do Shun mais bundão que na série e o Ikki não faz absolutamente nada nas 12 Casas (só frases de efeito e um nostálgico "Ave Fênix!"). Claro que seria impossível adaptar um arco de 33 episódios em 93 minutos, mas poderiam ter seguido, na medida do possível, com a fidelidade dos personagens, explorando-os mais em detrimento de alívios cômicos dispensáveis. Só lamento.
Divertidíssimo! Animação com alma. Ri descontroladamente em vários momentos, ou melhor, a cada aparição do Baymax, mas também segurei as lágrimas no clímax que resgata e resume toda a essência de sua narrativa ("Tadashi está aqui"). Visual incrível, sobretudo as cenas de ação envolvendo o "Clube dos Nerds". Baymax é um dos personagens mais carismáticos e inesquecíveis dos últimos anos, ao lado de Ratatouille e Wall-E. Imperdível!
Divertidíssimo! Os pinguins eram disparadamente os personagens mais carismáticos e divertidos da trilogia original, então foi com muito entusiasmo que fui conferir esse spin-off. E não me decepcionei. Claro que o filme tem seus problemas, sobretudo de ritmo entre o segundo e terceiro atos, e a insistência de criar efeitos cômicos e piadinhas infames a todo momento sacrificam um pouco o enredo que também não é lá grandes coisas. Mas é uma ótima aventura, com propensão a sorrisos e risos. Capitão empolga, Kowalski diverte, Rico impressiona e Recruta rouba a cena com sua alegria e ingenuidade. "Quem disse que pinguim não voa?"
Caricato, clichê e estereotipado (por que toda comédia global faz questão de estereotipar o homossexual como um sujeito afetado quando homem, ou, no caso da mulher, como uma figura masculinizada, como a vivido pela personagem da Fabiana Karla?), mas irresistivelmente divertido. Essa é a fórmula mágica das comédias da Globo Filmes as quais, por mais repetitivas e previsíveis que sejam, garantem a bilheteria dos idealizadores e o riso do espectador, o binômio almejado pela indústria do entretenimento. Aliás, previsível não seria bem um adjetivo para classificá-lo, visto que o roteiro de "Loucas Pra Casar" tem uma carta na manga que títulos como "Minha Mãe é uma Peça" e "Os Homens São de Marte..." carecem - ainda que se torne posteriormente um problema pela quantidade de furos no roteiro e erros de continuações. Ingrid Guimarães é a grande estrela dessa odisseia da busca pelo casamento e pela esposa perfeita ao encanar uma mulher divertida, resoluta, sensual e poderosa. Suzana Pires evoca a devassidão e diverte com suas ironias - "Taí... primeira vez que me chamam de dama!" (sic) - e nomes de posições sexuais - "Faz borboleta paraguaia?" (sic) -, ainda que apele exaustivamente para caras e bocas e sotaques dispensáveis. Tatá Werneck brilha nas poucas cenas presentes e arranca lágrimas de riso do público com sua verborragia - "É Judá, na cidade de Sião, escurecida por Javé nas muralhas de Jacó..." (sic) - e com seus trejeitos. A alteridade das três personagens contrastantes divertem, moldam e seguram um enredo plasmado por uma coleção de coincidências, um mói de plot coagidos e motivações que beiram a breguice e a tosquice, até o seu clímax cuja solução estarrece repentinamente o público, oferecendo-nos contrapontos e novos olhares para a narrativa - e, nesse sentido, o uso do flashback no começo e no clímax da obra é uma ferramenta acertadíssima pelo diretor Roberto Santucci. "Loucas Pra Casar" tangencia um debate sobre a lucidez da mulher que busca desesperadamente um casamento no auge de seus 40 anos. Cobrada involuntariamente pela sociedade, Malu, personagem de Ingrid, adentra-se num mundo de ilusões, fantasias e máscaras para sentir-se verdadeiramente completa. Uma pena que essa tônica seja apenas a superfície de uma história que ainda insiste em divertir o público com estereótipos, lugares-comuns e piadas óbvias. Então guarde a reflexão e curta o riso.
"A vida nos foi dada há um bilhão de anos e o que nós fizemos com ela?". "Lucy", de Luc Besson (do excelente "O Quinto Elemento"), é um magnífico sci-fi - portanto não ouse questionar sua veracidade, mas sim refletir sobre suas ideias - que incorpora fatos biológicos, físicos (física quântica), químicos e matemáticos (matemática aplicada) no estudo da natureza humana, misturando-os com hipóteses intrigantes acerca da neurociência. Para tanto, saboreia a história (há, no clímax, uma belíssima reconstrução da Time Square atual aos primórdios das 12 Colônias) e a geografia (a passagem das eras geológicas reproduzindo o Big Bang, a atmosfera primitiva, o surgimento das primeiras células e a existência dos dinossauros são um orgasmo de representações) para, ancorada nas ciências biológicas e na matemática, convergir numa profunda discussão e reflexão sobre o conhecimento e o existencialismo. Assentado na presença da estonteante e talentosa Scarlett Johansson como a protagonista Lucy (cujo nome é atribuído intencionalmente à Lucy primata - e o encontro da Lucy moderna com a Lucy ancestral é, particularmente, uma das cenas mais belas da fita), uma mulher que após entrar em contato com a droga C.P.H.4 sintético adquire capacidade cognitiva "sobrehumana", anabolizando, gradativamente, alcance de onipotência, onisciência e onipresença - isto é, sentir o espaço, o ar, as ondas magnéticas, gravidade, a rotação da Terra, o calor dissipado, a circulação sanguínea, a parte mais profunda da memória, o teletransporte etc. Partindo do fato de que o ser humano só utiliza 10% de sua capacidade cerebral (e que, mesmo assim, concebeu quadros renascentistas, inventou a bomba atômica e criou a internet) e da teoria de que é possível ter um alcance maior, entra em cena o professor Norman, vivido com excelência por Morgan Freeman, que, para argumentar suas hipóteses a respeito das potencialidades cerebrais numa palestra de neurociência, se utiliza do darwinismo para explicar as consequências que o favorecimento de um habitat implica no futuro da célula: se for não favorável, ela optará pela imortalidade celular, passando a ser autossuficiente; caso contrário, estará adepta à reprodução - e a sequência desta fala é uma curiosa (ou seria constrangedora?!) sequência de cópulas de várias espécies de representantes do Reino Animal . É oportuno destacar que, na direção, Besson usa e abusa de recortes ilustrativos, seja através de gravações reais ou de animações e flashbacks emanados de CGI, o que potencializa sobremaneira a discussão e o didatismo da obra - e o idealizador de "Lucy" também merece aplausos pelas sequências em que Lucy, quando ativa 20% de seu cérebro, observa (assustada e fascinada) os vasos condutores de uma angiosperma e as ondas magnéticas de celulares. Mais oportuno é sublinhar a atuação de Johansson cujas contenenças em incorporar as mais complexas nuances da protagonista no decorrer da película, destacando o desespero da cena inicial e um emocionante diálogo com sua mãe, são frutos de um talento e de uma entrega profunda da atriz. Outro ponto notório é observar como a narrativa não se perde em seu objetivo. A partir do momento em que a protagonista ativa as profundezas de seu cérebro e se torna uma super-heroína, o filme jamais rende-se à ação. Ela existe, porém é econômica e reduzida e quase não empolga, sendo empregada apenas como desculpa para o gênero de "blockbuster". Seu intuito, entretanto, é instigar igualmente o "encéfalo" do espectador, sobretudo quando a trama aposta em discussões menos cientificistas e mais filosóficas dos recônditos do ser, do espaço e tempo. Dessa maneira, é uma experiência agridoce presenciar o crescimento cognitivo de Lucy, a qual, quanto mais adquire conhecimento, mais perde sua humanidade, contrastando os benefícios do controle pleno de seu metabolismo e de seu intelecto ilimitado em detrimento de sentimentos e sensações inerentes ao nosso organismo, como desejo, dor e medo. Outrossim, entra em pauta a questão do conhecimento acumulado, ponto-chave do clímax, em que Besson, mesmo finalizando sua obra com a mensagem de "passar o conhecimento adiante", ousa cutucar a natureza do Homem moderno: "somos guiados pelo poder e lucro". E a complexidade da incursão ao existencialismo só melhora quando a discussão é o tempo. Ele seria uma convenção? Seria imensurável? Seria, de fato, a medida de existência? Conhecimento prévio da Teoria do Entrelaçamento Quântico seria fundamental para a compreensão de seu desfecho, contudo, sob o plano metafórico, o diretor nos proporciona uma deleitosa viagem ao primitivismo, de modo a compreendermos, sob o ponto de vista de Lucy, o fato de o que nos torna humanos é primitivo, finalizando o alcance dos 100% do seu cérebro embutido num pen-drive - provavelmente a produto mais emblemático da tecnologia atual depois dos smartphones. Por fim, depois de tantas indagações ao longo de seus 90 minutos de projeção, Lucy nos desafia: "A vida nos foi dada há um bilhão de anos. Agora vocês sabem o que fazer com ela.". Poderoso em suas minúcias, fascinante em suas ideias e brilhante em sua execução, "Lucy" é um poderoso e filosófico sci-fi. Se ano passado Cuarón nos ofereceu uma linda experiência no espaço, este ano Besson nos apresenta uma viagem filosófica ao mundo microscópico das nossas células nervosas
Segunda tem novo trailer! Lembro-me que surtei com o segundo trailer oficial do primeiro filme, com aquela cena em 360º e os segundos finais: "I'm bringing the party to you", haha.
Simples e emocionante. Como adaptação literária tem lá suas falhas (a história é bem fiel ao livro homônimo de Markus Zusak; entretanto, o roteiro de Michael Petroni decepciona por ignorar a ordem dos acontecimentos e tantas passagens marcantes do original - como as histórias que Max escreve para a Liesel e vice-versa), mas convence pela simpatia, pela simplicidade e pelo grande acerto do elenco (Sophie Nélisse é a Liesel como sempre imaginei e Nico Liersch parece ter nascido para interpretar o pequeno Rudy). Direção de arte exemplar, contando com uma fotografia estonteante (reparem nas cores lúgubres que a projeção investe nos cenários externos e, com efeito contrário, aposta em tons mais luminosos quando ambientados no porão, simbolizando a importância daquele lugar, como fuga imaginária, a partir da leitura, para aqueles personagens) e uma trilha-sonora delicadíssima (com notas suaves no piano, evocando melancolia, sem jamais cair no piegas). Confesso que me emocionei muito mais com a literatura, porém, não contive as lágrimas com os minutos finais, sobretudo com a última fala da morte, a qual, como narradora (e num timing perfeito), resume a película e a humanidade sob os efeitos do Führer, na Segunda Guerra Mundial. Sim, dona morte, os seres humanos também me assombram!
Embora "Dogville", "Anticristo" e "Melancolia" sejam obras relevantes (e depressivas) do cinema contemporâneo, um fato é inquestionável a respeito de Lars von Trier: o cineasta tem claramente alguns distúrbios psicológicos ao tonificar um interesse e pessimismo anômalos sobre temas polêmicos e/ou ignobéis, os quais, sob sua ótica, parecem ser irreparáveis no ser humano. "Ninfomaníaca" eleva esse tesão (com perdão do trocadilho!) do dinamarquês ao sugerir falar sobre o sexo com ares de profundidade e intelectualidade, confrontando, mais uma vez, a arquitetura do cinema comercial cujo paradigma de que o normal e o erótico devem simular mundos diferentes, de modo a sugerir que a sexualidade só existe quando exercida verbalmente, jamais em movimento sob as lentes. E funciona. Trier não concebe em momento algum um pornô-conceitual, inclusive passa longe desse pseudoconceito (a que fora vendido pelo marketing) mesmo atirando o público à incontáveis cenas de sexo explícito. Elas, assim como as ilustrações dos diálogos, concorrem apenas para elementos decorativos das digressões que narram a ninfomania de Joe (a incrível Charlotte Gainsbourg quando adulta e Stacy Martin, em sua versão adolescente); o que permanece em "Ninfomaníaca", de fato, são os diálogos imbuídos de metáforas pouco usuais, sobretudo o embate psicológico entre Joe e Seligman (Stellan Skarsgård com maestria na pontualidade de seus diálogos). A genialidade de Lars von Trier consegue ser grandiosa (a analogia da pescaria e da hierarquia de uma população de peixes à uma disputa de transas numa viagem de trem) e, analogamente, sórdida (ao comparar três parceiros sexuais com a polifonia). Seu repertório é tão grandioso e insuportavelmente erudito que o próprio sente a necessidade de partir - propositalmente - para a didática, ao ilustrar suas referências na edição, evidentemente rindo e ironizando a pseudo inteligência de seu espectador (qual outro diretor teria a audácia de uma analogia sexual à sequência de Fibonacci?!). No entanto, é exatamente essa construção exacerbada de pormenores em comparações simbólicas e frases de efeito que o roteiro desta primeira parte sucumbe. Pouco se diz sobre as possíveis causas e efeitos da patologia da protagonista. Aliás, pouco se diz sobre a ninfomania em si. Joe mostra-se neutra quanto ao seu furor uterino. Suas relações sexuais são desprovidas de afeto e orgasmo. Sua sexualidade é destituída de felicidade, de angústia, de gozo. É basicamente um ato desguarnecido de sentido, embora constantemente em busca de um sentido. Ou seria uma necessidade involuntária? Seria essa ideia de vazio a que Lars von Trier atribui à doença de Joe? Muitas perguntas, poucas respostas; muitos gemidos, poucos argumentos. Apesar do espetáculo narrativo que o dinarmaquês concebe com uma paleta nublada, uma trilha-sonora melancólica e diálogos repletos de referências culturais, "Ninfomaníaca - Parte 1" ainda brilha pela pequena participação de uma Uma Thurman surtadíssima e pelas cenas cruas e viscerais (há uma cena muito delicada envolvendo o pai de Joe, vivido pelo ótimo Christian Slater ), mas peca pela história irresoluta e pela arrogância do diretor em preocupar-se mais com as entrelinhas e polissemias de suas cenas e textos do que o roteiro como uma unidade. Contudo, falhas à parte, espero que o segundo volume seja conclusivo e menos ambicioso. Lars von Trier ainda é um doente mental; desta vez, porém, menos grotesco e mais poético do que costuma ser.
Essa Meryl Streep é indescritível. Nenhuma hipérbole seria capaz de tentar definir o seu talento. Conseguiu me levar, num maldito e único take, do mais profundo riso à mais repentina lágrima. Vi muito da dramaturgia brasileira em "Álbum de Família", do absurdo ao polêmico, do exagerado ao clichê, apelativo, estereotipado... mas não existe comparação. Seria comparar Suzana Vieira com Meryl Streep, Paola Oliveira com Julia Roberts e Caio Castro com Benedict Cumberbacht. Comparações estas que, assim como grita a personagem de Streep, a megera Violet, "shame on you!". Apesar de defeituoso em muitos pormenores, o elenco, as atuações (espetáculos), os diálogos e Meryl Streep me arrancaram palmas, ao subirem os créditos, enquanto Kings Of Leon embalavam a atmosfera densa e angustiante de um final sem conclusão. Como queria que aquela família tivesse um final feliz aos moldes de Walcyr Carrasco...
"Jogos Vorazes: Em Chamas" beira a perfeição. Por muito pouco Francis Lawrence (o diretor de "Eu Sou A Lenda" e de vários clipes icônicos da música pop) não entregou uma obra completa. Alguns excessos ali, alguns falhas acolá, porém, o resultado é mais do que satisfatório e caminha para ser o blockbuster do ano - atrás apenas de "Gravidade", do Cuarón, que, convenhamos, nem é tão arrasa-quarteirões assim. Aliás, é triste ver como uma série tão profunda do ponto de vista político e filosófico seja ignorada, em sua essência, pela própria audiência. Os fãs que acamparam nas filas estavam mais interessados pelo triângulo amoroso Katniss-Peeta-Gale, pelos colírios do elenco e pela pirotecnia - que, aliás, as cenas de ação passam bem longe do atrativo do longa. Sequer têm a noção da crítica ao Estado totalitário que impera sobre os 13 Distritos, tampouco notam as referências à política do "pão e circo" intrínseca dos Jogos Vorazes e toda a manipulação que a Capital exerce sobre Panem. A película até tangencia o existencialismo de Sartre com uma Katniss confusa, insegura e entendiada pelo luxo e pelo sucesso, além do determinismo e do darwinismo social nas cenas da Arena (e confesso que senti falta da violência sanguinária do primeiro filme, provavelmente banida pelo interesse crescente de um público mais jovem). Com questionamentos políticos tão intensos assim, espanta-me ver uma série se tornar um fenômeno pop somente a partir de seus protagonistas, quando, na verdade, passa BEM longe de ser uma "mera" franquia para adolescentes. É madura, é inteligente e oferece uma profunda crítica social à alienação que a mídia faz com indivíduos fragilizados pela corrupção das autoridades. E, você, jovem que surtava toda vez que o rostinho lindo da Jennifer Lawrence entrava em cena, saiba que uma revolução vai bem além que um arco e flechas. Feito o desabafo, agora só vem os elogios: atuações deslumbrantes (Philip Seymour Hoffman humilha até em filmes pipocas!), fotografia impecável, efeitos sonoros de primeiríssima qualidade e uma edição bastante convincente. Partindo da premissa que blockbusters são feitos visando basicamente o entretenimento, a franquia de "Jogos Vorazes" sai pela tangente dos sucessos de bilheteria hollywoodianos e se consolida como uma das franquias mais excepcionais que a cultura pop pôde presenciar nesses últimos anos. Uma pena que a grandiosidade de sua arte engajada seja, talvez, secundária pela perspectiva do grande público.
Obra-prima. Grandioso em todos os pormenores: três personagens, com dois protagonistas - Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock) e o Espaço - em uma química perfeita, ainda que devastadora; a trilha-sonora, que intensifica a claustrofobia e ritmiza o silêncio eterno da Via-Láctea; e a direção de Alfonso Cuáron, o qual, em conjunto com sua equipe técnica, compõe seus conhecidos e requintados planos-sequências, aqui beirando a perfeição, e que facilmente deixariam os olhos de Kepler, Copérnico e Einstein maravilhados, mesmo com a plasticidade do CGI. Despontando de uma premissa simples, porém eficaz, o desafio da sobrevivência no "além" oferece intensas e variadas sensações, das mais agoniantes (chuvas de satélites em direção à sobrevivente) às mais espasmódicas (a sensação de êxtase, tanto dos personagens quanto do espectador, ao avistar o Planeta Água circundado pelo lume do Sol). Porém, o desafio de vencer a gravidade e a escassez de oxigênio - clichê do gênero do Sci-Fi - torna-se autêntico e emocionante nas simbologias do espetáculo visual de Cuáron: por fim, a catástrofe no espaço serve como uma reflexão para humanidade pela sua insignificância perante às leis da Física e à infinitude do Universo; e, analogamente, à sua imensidão representada pela fé, pela esperança e pela superação, centradas na figura de Ryan. Para ela, (in)felizmente, bastou-lhe uma experiência espacial para perceber que a vida sempre continua. Saí da sessão agradecendo por estar, novamente, sobre a superfície da Terra. Quado uma arte tem essa capacidade de nos transportar às estrelas, oferecendo-nos uma experiência asmática para, no final, aliviar nossa alma com uma nova chance à vida é porque, sem dúvidas, estamos diante de uma obra-prima.
"Wolverine: Imortal" é bacaninha. Cenas de ação empolgantes, um roteiro que até convence (apesar dos furos), atuações satisfatórias (com destaque à Yukio da Rila Fukushima) e uma fotografia deslumbrante. Ressalvas para o terceiro ato com a ação concentrada, momentos tão cartunescos (aquela vilã...) e uma reviravolta que, apesar de cair no clichê, surpreende aos menos atentos (pelo menos eu não achei tão previsível assim...). A imortalidade posta em xeque é uma premissa que funciona bem, uma pena que não aprofundaram-na. E mais pena ainda que o filme se perca no ato final, pois começa incrivelmente bem ao depararmos com o protagonista controlando seu instinto selvagem - o que confere mais intimismo quando comparado à perda de seu poder de cura. Porém, acerta com as grandiosas sequências de ação (sobretudo a do trem-bala) e com o humor - permitam-me o trocadilho - "afiado" e pontual. E ah, a cena pós-créditos é grandiosa e faz valer o ingresso, caso você não se empolgue com o filme. 3 estrelas.
"Ah, é comédia e ainda brasileira...", meu primeiro comentário quando me indicaram-no. Mas meu amigo, insistente, persuadiu-me de sua sugestão, argumentando que a peça de teatro era incrível - o que só piorou, pois na minha cabeça se processava "uma adaptação de uma peça de teatro e ainda nacional...". Conheci o trabalho do Paulo Gustavo em uma aula de literatura, com o professor apresentando a esquete da "Senhora dos Absurdos". Sim, o cara é talentoso, mas não imaginava a grandeza da persona que ele projetaria ali, pois sequer ouvira falar na tal da Dona Hermínia. Um personagem travestido de mãe e ainda encenando com meia dúzia de globais me pareceu, a princípio, um quadro cinematográfico do Zorra Total. Porém, ao término da sessão, envergonhado e banido do meu próprio preconceito, só queria agradecer meu amigo pela sugestão. Que espetáculo! Roteiro simples, cenários simples, personagens simples e tudo tão grandioso. Passei os 85 minutos rindo, me emocionando e me apaixonado pela Dona Hermínia. Ela é a personificação da figura materna brasileira, simbolizando todos os clichês ("porque não é resposta sim!"), todos os medos ("adolescente acha que nunca vai acontecer algo ruim com eles") e todos os gritos e broncas ("se você não entrar naquele banheiro em cinco minutos...") de uma mãe. O que o torna tão belo e divertido é a identificação automática que você tem por aquela personagem e pelas situações envolvidas; o roteiro seguido pelos atores nada mais é que a nossa própria história de filhos com as mães ou vice-versa. Poderia citar aqui pelo menos umas vinte cenas memoráveis as quais me fizeram rir descontroladamente, porém vou usá-las como um apelo: vá ao cinema, leve sua mãe e o veja urgentemente. É provavelmente a comédia do ano, e o melhor: uma comédia brasileira. O entretenimento aqui é tão garantido e tão barato comparado a produções Hollywoodianas que, realmente, às vezes o pouco é mais do que suficiente para se fazer o muito; e quem dirá por fazê-lo ainda com tamanha maestria. Parabéns a todos os envolvidos! Elevaram a comédia nacional a um novo nível. 5 estrelas!
Apaixonante, divertidíssimo e absurdamente engraçado! Já era fã do primeiro, daí vem os produtores e maximizam o Universo e o carisma de seus personagens. Como não amar os Minions? A Agnes? O que foi a música final? E a dublagem do Sidney Magal? Confesso que me rendi às palmas da criançada quando o clássico "YMCA" surgiu nos minutos finais, mesmo ainda sob o riso do "que chulé!" - e vi vários pais na mesma empolgação. O cinema como sempre me proporcionando as melhores sensações da vida: por 90 minutos me senti novamente uma criança, rindo descontroladamente de situações bobas, dos trejeitos e da linguagem ("Look at tu!") dos amarelinhos e me encantando com a ingenuidade de Agnes. Achei mais criativo que o primeiro (que também é impecável), sobretudo pelo maior espaço concebido aos Minions. O núcleo familiar - o lindo relacionamento do Gru com as meninas - é exemplar, mas não tem jeito, os Minions quando aparecem definitivamente roubam a cena. Imperdível e recomendado para todas as idades. 5 estrelas (provavelmente a animação do ano).
Admiro muito o trabalho do Johnny Depp, mas neste filme nem ele salvou. Que chatice! Arrastado, cansativo, sonolento, interminável, clichê do clichê. Só os efeitos visuais compensam (o que é mais que a obrigação para um filme orçado em US$215 milhões), a composição sonora de Hans Zimmer e uma ou outra piada. Praticamente um Piratas do Caribe versão western, mas com um pseudo Jack Sparrow. Para não dizer que a narrativa é inteiramente dispensável, há uma notável crítica (ainda que subliminar) ao homem branco em sua relação com os nativos. Depp realmente caiu no clichê de interpretações caricaturais. Personagem estrambólico, Helena Bonham Carter no elenco: só faltou Tim Burton na direção. 2 estrelas
"Now You See Me" (que virou "Truque de Mestre" por aqui) é um filme movimentado, divertido, dinâmico, com uma trama bem amarrada, contando com bons diálogos e um elenco afiadíssimo - ainda que desperdiçado (Michael Caine de coadjuvante?!). A reviravolta final é surpreendente, mas covarde após estabelecer toda uma lógica sequencial: praticamente um troll que explode bem na sua cara que nem mágica (perdoem-me pelo trocadilho). No mais, os efeitos especiais estão deslumbrantes e Mark Rufallo rouba novamente a cena - não tanto quanto seu Hulk de Os Vingadores. Ainda fico com o "O Ilusionista" e "O Grande Truque" dentro desse gênero, mas ainda sim é um ótimo filme. 3 estrelas.
Faltou menos pretensão e mais originalidade, mas ainda sim é um bom entretenimento. O bacana é como tudo funciona como mera metáfora aos problemas do mundo contemporâneo: superpopulação e seus consequentes impactos ambientais. O tom claustrofóbico que se ascende também é positivo, pelo menos fui vítima desse efeito de tensão que se estabelece gradativamente. Os efeitos visuais são fantásticos e as atuações muito boas. Brad Pitt impecável, como sempre. Três estrelas (uma a menos pelo final clichê).
Ainda vou fazer uma crítica mais detalhada assim que vê-lo novamente, mas aí vão minhas primeiras impressões:
Não consigo entender como alguém não gostou desse filme e como o compararam ao nível de Homem de Ferro 3. E não consigo entender menos ainda como dizem que o drama é barato. O segundo ato, das digressões do Clark, foi a melhor parte. Lágrimas marotas no mínimo umas três vezes. A cena do primeiro voo do Superman, que aparece no trailer, com aquela narração em off do Jor-El, cara, ficou LINDO na tela, Mesma sensação que senti quando vi o segundo trailer pela primeira vez. Definitivamente eu comprei o drama do filme. Ele cai no clichê da solidão e do bullying, mas não sei explicar, tem uma sensibilidade muito verossímil. O começo também, em Krypton, é emocionante. As cenas com os pais adotivos Kent são muito lacrimejantes.
O final é de foder. Quero ver neguinho reclamando que faltou ação agora. Nível Dragon Ball Z, literalmente. Mas confesso que me incomodou o nível de destruição. É tão exagerado e tão Michael Bay que você perde a noção do que se passa na tela.
Sobre o tão polêmico clímax, olha, realmente o Kal-El não tinha escolha. E é exatamente esse o tema do filme: escolhas. Jonathan Kent e Jor-El frisam isso o tempo todo. "Um dia você terá que decidir que tipo de homem você quer ser, pois, para o bem ou para o mal, ele vai mudar o mundo". Superman é a personificação da esperança, das escolhas, como diz Jor-El. E gostei da metáfora a Jesus Cristo.
Tem uma cena que o Clark está na Igreja, e bem atrás dele tem um vidral de Jesus Cristo, no fundo.
Muito pertinente e bem a cara do Nolan em concedê-lo à imagem de um Messias. E funciona bem em tela.
E já adianto que os trailers mostraram praticamente TUDO, sobretudo os diálogos e as frases de efeito. Mas eles funcionam como se fossem a primeira vez. "Ele será um deus para eles". Ganha mais força no contexto das cenas. As atuações estão boas, satisfatórias. Russell Crowe foi o que mais me chamou atenção. Michael Shannon está bem caricato. Amy Adams está apenas ok e Kevin Costner excelente nas pouquíssimas cenas que aparece. Por fim, Henry Cavill, o principal, mostra-se à altura do personagem. Tem uma cena específica que ele "discute" com o Jonathan que, de verdade, ficou ótima. E viadagens a parte, o cara é absurdamente bonito. E completamente expressivo. Reparem no olhar profundo, tenso, angustiado, inseguro. Tem uma cena específica que ele está conversando com o Jor-El, o qual este diz "Você pode salvá-la. Você pode salvar todos eles". A maneira como ele olha para o pai e logo em seguida fecha a cara e sai voando que nem um cometa. Brilhantemente lindo!
E a única crítica: didatismo exacerbado. Roteiro bem mastigado, tudo TÃO bem explicadinho que você inclusive compra os motivos do vilão. E o 3D, que só funciona nos primeiros 10 minutos, pra não dizer que só é funcional nos créditos iniciais da Warner e DC Comics. E mais uma coisa: a câmera na mão. Treme toda a hora. Por um lado confere um tom mais realista, mas por outra compromete as expressões faciais dos atores que nem sempre estão em seus melhores momentos. Znyder finalmente abandonou o slow-motion, porém, abusa do zoom in.
Enfim, achei um filme excelente, absurdamente superior aos filmes da Marvel (exceto o primeiro Homem de Ferro e Os Vingadores). Ele é diferente de tudo o que já vimos, um super-herói completamente humanizado, invulnerável, diante de tantas dúvidas e tantas escolhas a serem feitas. E é isso que o filme martela o tempo todo: escolhas. Intimista, heróico, explosivo, reflexivo. Um super-herói nunca fora tão bem humanizado como o novo Superman.
Ele não é isento de defeitos, pelo contrário, tem muitos. Mas a conexão emocional que eu senti com o personagem foi tamanha, que eu poderia facilmente dar 5 estrelas. Aliás, eu o farei.
A franquia de "Se Beber, Não Case!" foi, indubitavelmente, um dos expoentes que Hollywood oferecera nesses últimos anos no gênero da comédia. Os dois primeiros filmes são absurdamente divertidos e seguiam uma estrutura básica e funcional de eventos - embora fossem inverossímeis, eram passíveis de acontecer no imaginário masculino - que desenvolviam os personagens e as situações cômicas. Neste último, não há casamentos, ressacas e tampouco perdas de memória (assim como propõe o título original "The Hangover"); consequentemente, perde-se a essência daquilo que o tornava empolgante e, de certa maneira, original. Todd Phillips concebe um ritmo aventuresco apostando mais na ação e no drama, deixando a comédia pastelona - a força da série - em segundo em plano. Não que ele não tenha seus momentos cômicos, mas são poucos pontuais e criativos, e, definitivamente, menos empolgantes que as dos anteriores. A história começa bem, mas o segundo ato se torna cansativo e monótomo e o ritmo só volta a emplacar no desfecho, sobretudo nos últimos 15 minutos finais, incluindo a excelente cena pós-crédito que, na minha opinião, foi a mais engraçada ao decorrer dos 100 minutos de projeção. Zach Galifianakis, Heather Graham, Bradley Cooper e Ed Helms estão fantásticos, e provam que o carisma de seus personagens são a força da franquia; porém, manifestam-se menos afiados com a comicidade dado as novas circunstâncias do roteiro. Assim, "Se Beber, Não Case! - Parte III" decepciona por se distanciar dos elementos que o fizera interessante outrora, mas tem lá seus momentos divertidos.
Gostei, me envolveu do começo ao fim. Típico blockbuster que não dá pra ser levado a sério, não adianta, o roteiro tem dezenas de furos, situações atípicas e muitos clichês do gênero (o exército americano demora 15 minutos para chegar à Casa Branca...). No entanto, cumpre o papel de entreter, sobretudo por ser, antes de mais nada, um filme de ação. Um "Duro de Matar" com um pano de fundo político, com toneladas de indiretas (ou diretas?) à Coreia do Norte ("perdemos a Coréia do Sul") e um elenco de peso. Gerard Butler convence novamente que é um grande astro de ação (com exceção do maravilhoso "P.S Eu Te Amo", ultimamente ele só tem feito comédias românticas dispensáveis), Morgan Freeman encenando um Lucius Fox fora de Gothan City e Aaron Eckhart igualmente surpreendente. Convém sublinhar que os efeitos visuais são relevantes para uma película que custou apenas US$70 milhões - para efeito de comparação custou três vezes menos que títulos como "Os Vingadores" e "O Espetacular Homem-Aranha -, e são longas e constantes cenas produzidas pelo CGI. A única crítica fica por conta do desfecho: relâmpago e estupidamente patriota. Nem uma menção honrosa fizeram ao homem responsável pelo resgate do presidente. Deste só ganhou um aperto de mão.
Looking: O Filme
4.0 250 Assista AgoraEu preferiria uma terceira temporada no lugar, queria acompanhar mais o crescimento de outros personagens, como o Dom e a Doris. Mas foi um filme necessário pra encerrar essa série linda.
O diálogo entre o Kevin e o Pato foi o clímax do filme na minha opinião, várias verdades sendo ditas. Por fim acho que o Kevin tinha razão de que, pelo menos, eles deveriam ter tentado (e de que o Pato é um fujão, rs).
Outra cena marcante é a conversa do Paddy com o Agustín. Aqueles devaneios sobre a vida, o angústia do tempo passando, o medo do futuro. "Você é o meu melhor amigo do qual não tenho vontade de transar", rs.
Sobre o Dom: que homem!
Vivo pra um dia encontrar dois amigos como o Agustín e o Dom!
Por fim, que bom que deu #TeamRichie. A maneira como ele olha e cuida do Pato com toda aquela simplicidade e calmaria é tão genuína.
The Good Wife (2ª Temporada)
4.5 83Não é de Deus assistir 23 episódios em menos de 72 horas, haha. Redenção total à série depois dessa segunda temporada. Praticamente irretocável! A Alicia é uma das personagens mais tridimensionais da atualidade. A entrega e a naturalidade da Julianna Margulies são surreais. Foi um deleite ver a protagonista ganhando contornos cada vez mais complexos: Alicia é feminista, é mãe, é esposa, é advogada, é irmã, é amiga, mas, acima de tudo, é humana. Essa humanização em detrimento de sua idealização é o âmago da série. O grande acerto dessa temporada foi aproximar a Alicia ao expectador, desnudando-a, exteriorizando sua fragilidade. Vê-la completamente sem chão após a descoberta de uma traição por parte de sua melhor amiga nos mostrou que, sim, a Alicia é destruidora nos tribunais e pisa sem dó nos inimigos com sua retórica, sarcasmo, carisma e charme, porém, ela ainda é uma mulher que nem sempre consegue controlar, conciliar e administrar suas emoções, seus sentimentos, seus ímpetos, suas responsabilidades, suas necessidades e, sobretudo, seus desejos (ah, essa season finale!). Contrasta com a primeira temporada, quando passamos a enaltecê-la por vê-la tão implacável na administração de sua família e do seu ofício. Aqui, contudo, ela se torna uma "good" wife, e não uma "perfect" wife. Outro ponto a ser destacado é a multiplicidade das tramas e sub-tramas: corrupção, feminismo, machismo, racismo, drogas, homossexualidade, vingança, religião e, claro, adultério. Mesmice e hipocrisia passam longe das mãos dos roteiristas, aqui eles jogam sal na ferida e ligam o "fuck it" pro politicamente correto - nem a Lei pode julgar a Lockhart, Gardner quando o assunto é o faturamento de alguns milhões. Por fim, ressalto a participação da Kalinda, quiçá a personagem mais enigmática, irresistível e bad ass da história das séries norte-americanas. Pouco importa os seus estereótipos de antissocial, gótica e lésbica (e como ela mesma não se limita como tais), o brilho de sua Kalinda é a eficiência e profissionalidade que ela deposita em suas investigações. Poucas vezes vi uma coadjuvante ofuscar um elenco inteiro com meia dúzia de palavras.
A Série Divergente: Insurgente
3.3 1,1K Assista AgoraNo geral, vale o ingresso. Esta sequência nada mais é que aquela velha crise existencial do herói, o clichê de "grandes atos trazem grandes consequências". Apesar do primeiro ato ser arrastadíssimo, o segundo ato e o clímax empolgam com reviravoltas e descobertas a respeito dos divergentes e das facções. As atuações estão ótimas, destacando-se Shailene Woodley, vivendo uma Tris frágil, mas ao mesmo tempo destemida (e ela chuta bundas, salta e atira como nenhuma heroína da atualidade!), e Kate Winslet, a maquiavélica e tirana Jeanine. Contudo, são os efeitos visuais o grande atrativo da película: presencia-se cada centavo dos R$110 milhões de dólares investidos na superprodução, em especial a grandiosa sequência da simulação. Talvez se tivéssemos mais roteiro e mais desenvolvimento dos demais personagens e das facções, teríamos um filme acima da média, como o primeiro. E fique longe da sessão 3D. Só três cenas têm efeito tridimensional (incluindo a vinheta da Summit, haha) e o óculos escurece muito a projeção.
Livre
3.8 1,2K Assista AgoraEm certo momento de projeção, Cheryl Strayed, a protagonista desta obra, reflete sobre a solidão: "Não há nada como pessoas. Gostaria de conversar com pessoas. Ouvir pessoas. Engraçado sentir falta de coisas que eu nem percebia que tinha até decidir caminhar sozinha pelo maldito deserto!". Mas não é a solidão, a dor física ou a calor do Deserto de Mojave os maiores impasses que Strayed tem que enfrentar em sua odisseia pela liberdade, contudo, as lembranças. Como é difícil a arte do desapego! Dessa maneira, "Livre" já acerta com um flashback introdutório (e absolutamente agoniante, um alerta àqueles que têm sérios problemas com unhas!), recurso que será utilizado como vai-e-vem durante toda sua narrativa. Começamos do zero a jornada autodestrutiva da protagonista e, nesse sentido, a experiência ganha contornos cada mais vez complexos e dramáticos à medida que conhecemos a história, os traumas e os erros de uma mulher em busca de sua "melhor parte". Vivida brilhantemente por Reese Witherspoon, Strayed é, literalmente, despida. É graças à entrega e à naturalidade de sua intérprete - como é tocante a cena com que ela vibra ao comer mingau quente pela primeira vez - que sentimos todas as camadas de sua dor: das mais profundas, como o fim de seu casamento e a perda inelutável de sua mãe; das mais externas, como a vida libertina, as drogas, a fome, a sede, o calor e os hematomas ao longo da trilha do Pacific Crest. Se não bastasse estar perdida físico, emocional e psicologicamente, Cheryl também vai sofrer de machismo (a sensação de iminência de estupro persiste durante todo o trajeto), uma surpresa para um enredo cuja tônica é, a princípio, a busca pelo autoconhecimento. Assim, a trilha nada mais é que uma metáfora na evolução da personagem principal, a qual revive constantemente seu passado e suas dores para, sozinha, aprender a aceitá-los, a entendê-los e a superá-los. Ademais, Jean-Marc Vallée ("C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor" e "Clube de Compras Dallas", ambos fantásticos!), na direção, canaliza a atmosfera agoniante e dramática com a narração em off, sobretudo porque o recurso do voice over é utilizado como pensamento de Cheryl ("Don't fucking die!" [sic]), dando-nos uma crível impressão das emoções e reações desta. Por fim, como é magnífica a capacidade da arte em criar metáforas partindo-se das, aparentemente, limitações, resistências e dores do ser humano. Clichê ou não, a abordagem da superação pode ser um tema já saturado para os anuais indicados ao Oscar, porém obras como "Livre" são sempre mais que um deleite cinematográfico: são uma experiência!
Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário
2.5 810 Assista AgoraBrochante para quem foi/é fã de CDZ. Uma estrela apenas pelo visual do filme, que está incrível (sobretudo os detalhes das armaduras), e pela nostalgia de ouvir a dublagem brasileira ("Cólera do Dragãoooo!"). O que fizeram com o Máscara da Morte, ou melhor, com a Diva da casa de Câncer? Vergonha alheia daquele "musical"! E o Shaka? A luta na casa de Virgem é a mais épica e emocionante da saga do Santuário e ela, aqui, simplesmente não existe, haha. Hyoga vs Miro (outra mudança desnecessária...) também fez falta, assim como Shiryu vs Shura (um dos mais sacrifícios mais lindos). Também conseguiram fazer do Shun mais bundão que na série e o Ikki não faz absolutamente nada nas 12 Casas (só frases de efeito e um nostálgico "Ave Fênix!"). Claro que seria impossível adaptar um arco de 33 episódios em 93 minutos, mas poderiam ter seguido, na medida do possível, com a fidelidade dos personagens, explorando-os mais em detrimento de alívios cômicos dispensáveis. Só lamento.
Operação Big Hero
4.2 1,9K Assista AgoraDivertidíssimo! Animação com alma. Ri descontroladamente em vários momentos, ou melhor, a cada aparição do Baymax, mas também segurei as lágrimas no clímax que resgata e resume toda a essência de sua narrativa ("Tadashi está aqui"). Visual incrível, sobretudo as cenas de ação envolvendo o "Clube dos Nerds". Baymax é um dos personagens mais carismáticos e inesquecíveis dos últimos anos, ao lado de Ratatouille e Wall-E. Imperdível!
Os Pinguins de Madagascar
3.3 369 Assista AgoraDivertidíssimo! Os pinguins eram disparadamente os personagens mais carismáticos e divertidos da trilogia original, então foi com muito entusiasmo que fui conferir esse spin-off. E não me decepcionei. Claro que o filme tem seus problemas, sobretudo de ritmo entre o segundo e terceiro atos, e a insistência de criar efeitos cômicos e piadinhas infames a todo momento sacrificam um pouco o enredo que também não é lá grandes coisas. Mas é uma ótima aventura, com propensão a sorrisos e risos. Capitão empolga, Kowalski diverte, Rico impressiona e Recruta rouba a cena com sua alegria e ingenuidade. "Quem disse que pinguim não voa?"
Loucas Pra Casar
3.0 868 Assista AgoraCaricato, clichê e estereotipado (por que toda comédia global faz questão de estereotipar o homossexual como um sujeito afetado quando homem, ou, no caso da mulher, como uma figura masculinizada, como a vivido pela personagem da Fabiana Karla?), mas irresistivelmente divertido. Essa é a fórmula mágica das comédias da Globo Filmes as quais, por mais repetitivas e previsíveis que sejam, garantem a bilheteria dos idealizadores e o riso do espectador, o binômio almejado pela indústria do entretenimento. Aliás, previsível não seria bem um adjetivo para classificá-lo, visto que o roteiro de "Loucas Pra Casar" tem uma carta na manga que títulos como "Minha Mãe é uma Peça" e "Os Homens São de Marte..." carecem - ainda que se torne posteriormente um problema pela quantidade de furos no roteiro e erros de continuações. Ingrid Guimarães é a grande estrela dessa odisseia da busca pelo casamento e pela esposa perfeita ao encanar uma mulher divertida, resoluta, sensual e poderosa. Suzana Pires evoca a devassidão e diverte com suas ironias - "Taí... primeira vez que me chamam de dama!" (sic) - e nomes de posições sexuais - "Faz borboleta paraguaia?" (sic) -, ainda que apele exaustivamente para caras e bocas e sotaques dispensáveis. Tatá Werneck brilha nas poucas cenas presentes e arranca lágrimas de riso do público com sua verborragia - "É Judá, na cidade de Sião, escurecida por Javé nas muralhas de Jacó..." (sic) - e com seus trejeitos. A alteridade das três personagens contrastantes divertem, moldam e seguram um enredo plasmado por uma coleção de coincidências, um mói de plot coagidos e motivações que beiram a breguice e a tosquice, até o seu clímax cuja solução estarrece repentinamente o público, oferecendo-nos contrapontos e novos olhares para a narrativa - e, nesse sentido, o uso do flashback no começo e no clímax da obra é uma ferramenta acertadíssima pelo diretor Roberto Santucci. "Loucas Pra Casar" tangencia um debate sobre a lucidez da mulher que busca desesperadamente um casamento no auge de seus 40 anos. Cobrada involuntariamente pela sociedade, Malu, personagem de Ingrid, adentra-se num mundo de ilusões, fantasias e máscaras para sentir-se verdadeiramente completa. Uma pena que essa tônica seja apenas a superfície de uma história que ainda insiste em divertir o público com estereótipos, lugares-comuns e piadas óbvias. Então guarde a reflexão e curta o riso.
Lucy
3.3 3,4K Assista Agora"A vida nos foi dada há um bilhão de anos e o que nós fizemos com ela?". "Lucy", de Luc Besson (do excelente "O Quinto Elemento"), é um magnífico sci-fi - portanto não ouse questionar sua veracidade, mas sim refletir sobre suas ideias - que incorpora fatos biológicos, físicos (física quântica), químicos e matemáticos (matemática aplicada) no estudo da natureza humana, misturando-os com hipóteses intrigantes acerca da neurociência. Para tanto, saboreia a história (há, no clímax, uma belíssima reconstrução da Time Square atual aos primórdios das 12 Colônias) e a geografia (a passagem das eras geológicas reproduzindo o Big Bang, a atmosfera primitiva, o surgimento das primeiras células e a existência dos dinossauros são um orgasmo de representações) para, ancorada nas ciências biológicas e na matemática, convergir numa profunda discussão e reflexão sobre o conhecimento e o existencialismo. Assentado na presença da estonteante e talentosa Scarlett Johansson como a protagonista Lucy (cujo nome é atribuído intencionalmente à Lucy primata - e o encontro da Lucy moderna com a Lucy ancestral é, particularmente, uma das cenas mais belas da fita), uma mulher que após entrar em contato com a droga C.P.H.4 sintético adquire capacidade cognitiva "sobrehumana", anabolizando, gradativamente, alcance de onipotência, onisciência e onipresença - isto é, sentir o espaço, o ar, as ondas magnéticas, gravidade, a rotação da Terra, o calor dissipado, a circulação sanguínea, a parte mais profunda da memória, o teletransporte etc. Partindo do fato de que o ser humano só utiliza 10% de sua capacidade cerebral (e que, mesmo assim, concebeu quadros renascentistas, inventou a bomba atômica e criou a internet) e da teoria de que é possível ter um alcance maior, entra em cena o professor Norman, vivido com excelência por Morgan Freeman, que, para argumentar suas hipóteses a respeito das potencialidades cerebrais numa palestra de neurociência, se utiliza do darwinismo para explicar as consequências que o favorecimento de um habitat implica no futuro da célula: se for não favorável, ela optará pela imortalidade celular, passando a ser autossuficiente; caso contrário, estará adepta à reprodução - e a sequência desta fala é uma curiosa (ou seria constrangedora?!) sequência de cópulas de várias espécies de representantes do Reino Animal . É oportuno destacar que, na direção, Besson usa e abusa de recortes ilustrativos, seja através de gravações reais ou de animações e flashbacks emanados de CGI, o que potencializa sobremaneira a discussão e o didatismo da obra - e o idealizador de "Lucy" também merece aplausos pelas sequências em que Lucy, quando ativa 20% de seu cérebro, observa (assustada e fascinada) os vasos condutores de uma angiosperma e as ondas magnéticas de celulares. Mais oportuno é sublinhar a atuação de Johansson cujas contenenças em incorporar as mais complexas nuances da protagonista no decorrer da película, destacando o desespero da cena inicial e um emocionante diálogo com sua mãe, são frutos de um talento e de uma entrega profunda da atriz. Outro ponto notório é observar como a narrativa não se perde em seu objetivo. A partir do momento em que a protagonista ativa as profundezas de seu cérebro e se torna uma super-heroína, o filme jamais rende-se à ação. Ela existe, porém é econômica e reduzida e quase não empolga, sendo empregada apenas como desculpa para o gênero de "blockbuster". Seu intuito, entretanto, é instigar igualmente o "encéfalo" do espectador, sobretudo quando a trama aposta em discussões menos cientificistas e mais filosóficas dos recônditos do ser, do espaço e tempo. Dessa maneira, é uma experiência agridoce presenciar o crescimento cognitivo de Lucy, a qual, quanto mais adquire conhecimento, mais perde sua humanidade, contrastando os benefícios do controle pleno de seu metabolismo e de seu intelecto ilimitado em detrimento de sentimentos e sensações inerentes ao nosso organismo, como desejo, dor e medo. Outrossim, entra em pauta a questão do conhecimento acumulado, ponto-chave do clímax, em que Besson, mesmo finalizando sua obra com a mensagem de "passar o conhecimento adiante", ousa cutucar a natureza do Homem moderno: "somos guiados pelo poder e lucro". E a complexidade da incursão ao existencialismo só melhora quando a discussão é o tempo. Ele seria uma convenção? Seria imensurável? Seria, de fato, a medida de existência? Conhecimento prévio da Teoria do Entrelaçamento Quântico seria fundamental para a compreensão de seu desfecho, contudo, sob o plano metafórico, o diretor nos proporciona uma deleitosa viagem ao primitivismo, de modo a compreendermos, sob o ponto de vista de Lucy, o fato de o que nos torna humanos é primitivo, finalizando o alcance dos 100% do seu cérebro embutido num pen-drive - provavelmente a produto mais emblemático da tecnologia atual depois dos smartphones. Por fim, depois de tantas indagações ao longo de seus 90 minutos de projeção, Lucy nos desafia: "A vida nos foi dada há um bilhão de anos. Agora vocês sabem o que fazer com ela.". Poderoso em suas minúcias, fascinante em suas ideias e brilhante em sua execução, "Lucy" é um poderoso e filosófico sci-fi. Se ano passado Cuarón nos ofereceu uma linda experiência no espaço, este ano Besson nos apresenta uma viagem filosófica ao mundo microscópico das nossas células nervosas
Vingadores: Era de Ultron
3.7 3,0K Assista AgoraSegunda tem novo trailer! Lembro-me que surtei com o segundo trailer oficial do primeiro filme, com aquela cena em 360º e os segundos finais: "I'm bringing the party to you", haha.
A Menina que Roubava Livros
4.0 3,4K Assista AgoraSimples e emocionante. Como adaptação literária tem lá suas falhas (a história é bem fiel ao livro homônimo de Markus Zusak; entretanto, o roteiro de Michael Petroni decepciona por ignorar a ordem dos acontecimentos e tantas passagens marcantes do original - como as histórias que Max escreve para a Liesel e vice-versa), mas convence pela simpatia, pela simplicidade e pelo grande acerto do elenco (Sophie Nélisse é a Liesel como sempre imaginei e Nico Liersch parece ter nascido para interpretar o pequeno Rudy). Direção de arte exemplar, contando com uma fotografia estonteante (reparem nas cores lúgubres que a projeção investe nos cenários externos e, com efeito contrário, aposta em tons mais luminosos quando ambientados no porão, simbolizando a importância daquele lugar, como fuga imaginária, a partir da leitura, para aqueles personagens) e uma trilha-sonora delicadíssima (com notas suaves no piano, evocando melancolia, sem jamais cair no piegas). Confesso que me emocionei muito mais com a literatura, porém, não contive as lágrimas com os minutos finais, sobretudo com a última fala da morte, a qual, como narradora (e num timing perfeito), resume a película e a humanidade sob os efeitos do Führer, na Segunda Guerra Mundial. Sim, dona morte, os seres humanos também me assombram!
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraEmbora "Dogville", "Anticristo" e "Melancolia" sejam obras relevantes (e depressivas) do cinema contemporâneo, um fato é inquestionável a respeito de Lars von Trier: o cineasta tem claramente alguns distúrbios psicológicos ao tonificar um interesse e pessimismo anômalos sobre temas polêmicos e/ou ignobéis, os quais, sob sua ótica, parecem ser irreparáveis no ser humano. "Ninfomaníaca" eleva esse tesão (com perdão do trocadilho!) do dinamarquês ao sugerir falar sobre o sexo com ares de profundidade e intelectualidade, confrontando, mais uma vez, a arquitetura do cinema comercial cujo paradigma de que o normal e o erótico devem simular mundos diferentes, de modo a sugerir que a sexualidade só existe quando exercida verbalmente, jamais em movimento sob as lentes. E funciona. Trier não concebe em momento algum um pornô-conceitual, inclusive passa longe desse pseudoconceito (a que fora vendido pelo marketing) mesmo atirando o público à incontáveis cenas de sexo explícito. Elas, assim como as ilustrações dos diálogos, concorrem apenas para elementos decorativos das digressões que narram a ninfomania de Joe (a incrível Charlotte Gainsbourg quando adulta e Stacy Martin, em sua versão adolescente); o que permanece em "Ninfomaníaca", de fato, são os diálogos imbuídos de metáforas pouco usuais, sobretudo o embate psicológico entre Joe e Seligman (Stellan Skarsgård com maestria na pontualidade de seus diálogos). A genialidade de Lars von Trier consegue ser grandiosa (a analogia da pescaria e da hierarquia de uma população de peixes à uma disputa de transas numa viagem de trem) e, analogamente, sórdida (ao comparar três parceiros sexuais com a polifonia). Seu repertório é tão grandioso e insuportavelmente erudito que o próprio sente a necessidade de partir - propositalmente - para a didática, ao ilustrar suas referências na edição, evidentemente rindo e ironizando a pseudo inteligência de seu espectador (qual outro diretor teria a audácia de uma analogia sexual à sequência de Fibonacci?!). No entanto, é exatamente essa construção exacerbada de pormenores em comparações simbólicas e frases de efeito que o roteiro desta primeira parte sucumbe. Pouco se diz sobre as possíveis causas e efeitos da patologia da protagonista. Aliás, pouco se diz sobre a ninfomania em si. Joe mostra-se neutra quanto ao seu furor uterino. Suas relações sexuais são desprovidas de afeto e orgasmo. Sua sexualidade é destituída de felicidade, de angústia, de gozo. É basicamente um ato desguarnecido de sentido, embora constantemente em busca de um sentido. Ou seria uma necessidade involuntária? Seria essa ideia de vazio a que Lars von Trier atribui à doença de Joe? Muitas perguntas, poucas respostas; muitos gemidos, poucos argumentos. Apesar do espetáculo narrativo que o dinarmaquês concebe com uma paleta nublada, uma trilha-sonora melancólica e diálogos repletos de referências culturais, "Ninfomaníaca - Parte 1" ainda brilha pela pequena participação de uma Uma Thurman surtadíssima e pelas cenas cruas e viscerais (há uma cena muito delicada envolvendo o pai de Joe, vivido pelo ótimo Christian Slater ), mas peca pela história irresoluta e pela arrogância do diretor em preocupar-se mais com as entrelinhas e polissemias de suas cenas e textos do que o roteiro como uma unidade. Contudo, falhas à parte, espero que o segundo volume seja conclusivo e menos ambicioso. Lars von Trier ainda é um doente mental; desta vez, porém, menos grotesco e mais poético do que costuma ser.
Álbum de Família
3.9 1,4K Assista AgoraEssa Meryl Streep é indescritível. Nenhuma hipérbole seria capaz de tentar definir o seu talento. Conseguiu me levar, num maldito e único take, do mais profundo riso à mais repentina lágrima. Vi muito da dramaturgia brasileira em "Álbum de Família", do absurdo ao polêmico, do exagerado ao clichê, apelativo, estereotipado... mas não existe comparação. Seria comparar Suzana Vieira com Meryl Streep, Paola Oliveira com Julia Roberts e Caio Castro com Benedict Cumberbacht. Comparações estas que, assim como grita a personagem de Streep, a megera Violet, "shame on you!". Apesar de defeituoso em muitos pormenores, o elenco, as atuações (espetáculos), os diálogos e Meryl Streep me arrancaram palmas, ao subirem os créditos, enquanto Kings Of Leon embalavam a atmosfera densa e angustiante de um final sem conclusão. Como queria que aquela família tivesse um final feliz aos moldes de Walcyr Carrasco...
Jogos Vorazes: Em Chamas
4.0 3,3K Assista Agora"Jogos Vorazes: Em Chamas" beira a perfeição. Por muito pouco Francis Lawrence (o diretor de "Eu Sou A Lenda" e de vários clipes icônicos da música pop) não entregou uma obra completa. Alguns excessos ali, alguns falhas acolá, porém, o resultado é mais do que satisfatório e caminha para ser o blockbuster do ano - atrás apenas de "Gravidade", do Cuarón, que, convenhamos, nem é tão arrasa-quarteirões assim. Aliás, é triste ver como uma série tão profunda do ponto de vista político e filosófico seja ignorada, em sua essência, pela própria audiência. Os fãs que acamparam nas filas estavam mais interessados pelo triângulo amoroso Katniss-Peeta-Gale, pelos colírios do elenco e pela pirotecnia - que, aliás, as cenas de ação passam bem longe do atrativo do longa. Sequer têm a noção da crítica ao Estado totalitário que impera sobre os 13 Distritos, tampouco notam as referências à política do "pão e circo" intrínseca dos Jogos Vorazes e toda a manipulação que a Capital exerce sobre Panem. A película até tangencia o existencialismo de Sartre com uma Katniss confusa, insegura e entendiada pelo luxo e pelo sucesso, além do determinismo e do darwinismo social nas cenas da Arena (e confesso que senti falta da violência sanguinária do primeiro filme, provavelmente banida pelo interesse crescente de um público mais jovem). Com questionamentos políticos tão intensos assim, espanta-me ver uma série se tornar um fenômeno pop somente a partir de seus protagonistas, quando, na verdade, passa BEM longe de ser uma "mera" franquia para adolescentes. É madura, é inteligente e oferece uma profunda crítica social à alienação que a mídia faz com indivíduos fragilizados pela corrupção das autoridades. E, você, jovem que surtava toda vez que o rostinho lindo da Jennifer Lawrence entrava em cena, saiba que uma revolução vai bem além que um arco e flechas. Feito o desabafo, agora só vem os elogios: atuações deslumbrantes (Philip Seymour Hoffman humilha até em filmes pipocas!), fotografia impecável, efeitos sonoros de primeiríssima qualidade e uma edição bastante convincente. Partindo da premissa que blockbusters são feitos visando basicamente o entretenimento, a franquia de "Jogos Vorazes" sai pela tangente dos sucessos de bilheteria hollywoodianos e se consolida como uma das franquias mais excepcionais que a cultura pop pôde presenciar nesses últimos anos. Uma pena que a grandiosidade de sua arte engajada seja, talvez, secundária pela perspectiva do grande público.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraObra-prima. Grandioso em todos os pormenores: três personagens, com dois protagonistas - Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock) e o Espaço - em uma química perfeita, ainda que devastadora; a trilha-sonora, que intensifica a claustrofobia e ritmiza o silêncio eterno da Via-Láctea; e a direção de Alfonso Cuáron, o qual, em conjunto com sua equipe técnica, compõe seus conhecidos e requintados planos-sequências, aqui beirando a perfeição, e que facilmente deixariam os olhos de Kepler, Copérnico e Einstein maravilhados, mesmo com a plasticidade do CGI. Despontando de uma premissa simples, porém eficaz, o desafio da sobrevivência no "além" oferece intensas e variadas sensações, das mais agoniantes (chuvas de satélites em direção à sobrevivente) às mais espasmódicas (a sensação de êxtase, tanto dos personagens quanto do espectador, ao avistar o Planeta Água circundado pelo lume do Sol). Porém, o desafio de vencer a gravidade e a escassez de oxigênio - clichê do gênero do Sci-Fi - torna-se autêntico e emocionante nas simbologias do espetáculo visual de Cuáron: por fim, a catástrofe no espaço serve como uma reflexão para humanidade pela sua insignificância perante às leis da Física e à infinitude do Universo; e, analogamente, à sua imensidão representada pela fé, pela esperança e pela superação, centradas na figura de Ryan. Para ela, (in)felizmente, bastou-lhe uma experiência espacial para perceber que a vida sempre continua. Saí da sessão agradecendo por estar, novamente, sobre a superfície da Terra. Quado uma arte tem essa capacidade de nos transportar às estrelas, oferecendo-nos uma experiência asmática para, no final, aliviar nossa alma com uma nova chance à vida é porque, sem dúvidas, estamos diante de uma obra-prima.
Wolverine: Imortal
3.2 2,2K Assista Agora"Wolverine: Imortal" é bacaninha. Cenas de ação empolgantes, um roteiro que até convence (apesar dos furos), atuações satisfatórias (com destaque à Yukio da Rila Fukushima) e uma fotografia deslumbrante. Ressalvas para o terceiro ato com a ação concentrada, momentos tão cartunescos (aquela vilã...) e uma reviravolta que, apesar de cair no clichê, surpreende aos menos atentos (pelo menos eu não achei tão previsível assim...). A imortalidade posta em xeque é uma premissa que funciona bem, uma pena que não aprofundaram-na. E mais pena ainda que o filme se perca no ato final, pois começa incrivelmente bem ao depararmos com o protagonista controlando seu instinto selvagem - o que confere mais intimismo quando comparado à perda de seu poder de cura. Porém, acerta com as grandiosas sequências de ação (sobretudo a do trem-bala) e com o humor - permitam-me o trocadilho - "afiado" e pontual. E ah, a cena pós-créditos é grandiosa e faz valer o ingresso, caso você não se empolgue com o filme. 3 estrelas.
Minha Mãe é Uma Peça: O Filme
3.7 2,6K Assista Agora"Ah, é comédia e ainda brasileira...", meu primeiro comentário quando me indicaram-no. Mas meu amigo, insistente, persuadiu-me de sua sugestão, argumentando que a peça de teatro era incrível - o que só piorou, pois na minha cabeça se processava "uma adaptação de uma peça de teatro e ainda nacional...". Conheci o trabalho do Paulo Gustavo em uma aula de literatura, com o professor apresentando a esquete da "Senhora dos Absurdos". Sim, o cara é talentoso, mas não imaginava a grandeza da persona que ele projetaria ali, pois sequer ouvira falar na tal da Dona Hermínia. Um personagem travestido de mãe e ainda encenando com meia dúzia de globais me pareceu, a princípio, um quadro cinematográfico do Zorra Total. Porém, ao término da sessão, envergonhado e banido do meu próprio preconceito, só queria agradecer meu amigo pela sugestão. Que espetáculo! Roteiro simples, cenários simples, personagens simples e tudo tão grandioso. Passei os 85 minutos rindo, me emocionando e me apaixonado pela Dona Hermínia. Ela é a personificação da figura materna brasileira, simbolizando todos os clichês ("porque não é resposta sim!"), todos os medos ("adolescente acha que nunca vai acontecer algo ruim com eles") e todos os gritos e broncas ("se você não entrar naquele banheiro em cinco minutos...") de uma mãe. O que o torna tão belo e divertido é a identificação automática que você tem por aquela personagem e pelas situações envolvidas; o roteiro seguido pelos atores nada mais é que a nossa própria história de filhos com as mães ou vice-versa. Poderia citar aqui pelo menos umas vinte cenas memoráveis as quais me fizeram rir descontroladamente, porém vou usá-las como um apelo: vá ao cinema, leve sua mãe e o veja urgentemente. É provavelmente a comédia do ano, e o melhor: uma comédia brasileira. O entretenimento aqui é tão garantido e tão barato comparado a produções Hollywoodianas que, realmente, às vezes o pouco é mais do que suficiente para se fazer o muito; e quem dirá por fazê-lo ainda com tamanha maestria. Parabéns a todos os envolvidos! Elevaram a comédia nacional a um novo nível. 5 estrelas!
Meu Malvado Favorito 2
3.9 1,8K Assista AgoraApaixonante, divertidíssimo e absurdamente engraçado! Já era fã do primeiro, daí vem os produtores e maximizam o Universo e o carisma de seus personagens. Como não amar os Minions? A Agnes? O que foi a música final? E a dublagem do Sidney Magal? Confesso que me rendi às palmas da criançada quando o clássico "YMCA" surgiu nos minutos finais, mesmo ainda sob o riso do "que chulé!" - e vi vários pais na mesma empolgação. O cinema como sempre me proporcionando as melhores sensações da vida: por 90 minutos me senti novamente uma criança, rindo descontroladamente de situações bobas, dos trejeitos e da linguagem ("Look at tu!") dos amarelinhos e me encantando com a ingenuidade de Agnes. Achei mais criativo que o primeiro (que também é impecável), sobretudo pelo maior espaço concebido aos Minions. O núcleo familiar - o lindo relacionamento do Gru com as meninas - é exemplar, mas não tem jeito, os Minions quando aparecem definitivamente roubam a cena. Imperdível e recomendado para todas as idades. 5 estrelas (provavelmente a animação do ano).
O Cavaleiro Solitário
3.2 1,4K Assista AgoraAdmiro muito o trabalho do Johnny Depp, mas neste filme nem ele salvou. Que chatice! Arrastado, cansativo, sonolento, interminável, clichê do clichê. Só os efeitos visuais compensam (o que é mais que a obrigação para um filme orçado em US$215 milhões), a composição sonora de Hans Zimmer e uma ou outra piada. Praticamente um Piratas do Caribe versão western, mas com um pseudo Jack Sparrow. Para não dizer que a narrativa é inteiramente dispensável, há uma notável crítica (ainda que subliminar) ao homem branco em sua relação com os nativos. Depp realmente caiu no clichê de interpretações caricaturais. Personagem estrambólico, Helena Bonham Carter no elenco: só faltou Tim Burton na direção. 2 estrelas
Truque de Mestre
3.8 2,5K Assista Agora"Now You See Me" (que virou "Truque de Mestre" por aqui) é um filme movimentado, divertido, dinâmico, com uma trama bem amarrada, contando com bons diálogos e um elenco afiadíssimo - ainda que desperdiçado (Michael Caine de coadjuvante?!). A reviravolta final é surpreendente, mas covarde após estabelecer toda uma lógica sequencial: praticamente um troll que explode bem na sua cara que nem mágica (perdoem-me pelo trocadilho). No mais, os efeitos especiais estão deslumbrantes e Mark Rufallo rouba novamente a cena - não tanto quanto seu Hulk de Os Vingadores. Ainda fico com o "O Ilusionista" e "O Grande Truque" dentro desse gênero, mas ainda sim é um ótimo filme. 3 estrelas.
Guerra Mundial Z
3.5 3,2K Assista AgoraFaltou menos pretensão e mais originalidade, mas ainda sim é um bom entretenimento. O bacana é como tudo funciona como mera metáfora aos problemas do mundo contemporâneo: superpopulação e seus consequentes impactos ambientais. O tom claustrofóbico que se ascende também é positivo, pelo menos fui vítima desse efeito de tensão que se estabelece gradativamente. Os efeitos visuais são fantásticos e as atuações muito boas. Brad Pitt impecável, como sempre. Três estrelas (uma a menos pelo final clichê).
O Homem de Aço
3.6 3,9K Assista AgoraAinda vou fazer uma crítica mais detalhada assim que vê-lo novamente, mas aí vão minhas primeiras impressões:
Não consigo entender como alguém não gostou desse filme e como o compararam ao nível de Homem de Ferro 3. E não consigo entender menos ainda como dizem que o drama é barato. O segundo ato, das digressões do Clark, foi a melhor parte. Lágrimas marotas no mínimo umas três vezes. A cena do primeiro voo do Superman, que aparece no trailer, com aquela narração em off do Jor-El, cara, ficou LINDO na tela, Mesma sensação que senti quando vi o segundo trailer pela primeira vez. Definitivamente eu comprei o drama do filme. Ele cai no clichê da solidão e do bullying, mas não sei explicar, tem uma sensibilidade muito verossímil. O começo também, em Krypton, é emocionante. As cenas com os pais adotivos Kent são muito lacrimejantes.
O final é de foder. Quero ver neguinho reclamando que faltou ação agora. Nível Dragon Ball Z, literalmente. Mas confesso que me incomodou o nível de destruição. É tão exagerado e tão Michael Bay que você perde a noção do que se passa na tela.
Sobre o tão polêmico clímax, olha, realmente o Kal-El não tinha escolha. E é exatamente esse o tema do filme: escolhas. Jonathan Kent e Jor-El frisam isso o tempo todo. "Um dia você terá que decidir que tipo de homem você quer ser, pois, para o bem ou para o mal, ele vai mudar o mundo". Superman é a personificação da esperança, das escolhas, como diz Jor-El. E gostei da metáfora a Jesus Cristo.
Tem uma cena que o Clark está na Igreja, e bem atrás dele tem um vidral de Jesus Cristo, no fundo.
E já adianto que os trailers mostraram praticamente TUDO, sobretudo os diálogos e as frases de efeito. Mas eles funcionam como se fossem a primeira vez. "Ele será um deus para eles". Ganha mais força no contexto das cenas. As atuações estão boas, satisfatórias. Russell Crowe foi o que mais me chamou atenção. Michael Shannon está bem caricato. Amy Adams está apenas ok e Kevin Costner excelente nas pouquíssimas cenas que aparece. Por fim, Henry Cavill, o principal, mostra-se à altura do personagem. Tem uma cena específica que ele "discute" com o Jonathan que, de verdade, ficou ótima. E viadagens a parte, o cara é absurdamente bonito. E completamente expressivo. Reparem no olhar profundo, tenso, angustiado, inseguro. Tem uma cena específica que ele está conversando com o Jor-El, o qual este diz "Você pode salvá-la. Você pode salvar todos eles". A maneira como ele olha para o pai e logo em seguida fecha a cara e sai voando que nem um cometa. Brilhantemente lindo!
E a única crítica: didatismo exacerbado. Roteiro bem mastigado, tudo TÃO bem explicadinho que você inclusive compra os motivos do vilão. E o 3D, que só funciona nos primeiros 10 minutos, pra não dizer que só é funcional nos créditos iniciais da Warner e DC Comics. E mais uma coisa: a câmera na mão. Treme toda a hora. Por um lado confere um tom mais realista, mas por outra compromete as expressões faciais dos atores que nem sempre estão em seus melhores momentos. Znyder finalmente abandonou o slow-motion, porém, abusa do zoom in.
Enfim, achei um filme excelente, absurdamente superior aos filmes da Marvel (exceto o primeiro Homem de Ferro e Os Vingadores). Ele é diferente de tudo o que já vimos, um super-herói completamente humanizado, invulnerável, diante de tantas dúvidas e tantas escolhas a serem feitas. E é isso que o filme martela o tempo todo: escolhas. Intimista, heróico, explosivo, reflexivo. Um super-herói nunca fora tão bem humanizado como o novo Superman.
Ele não é isento de defeitos, pelo contrário, tem muitos. Mas a conexão emocional que eu senti com o personagem foi tamanha, que eu poderia facilmente dar 5 estrelas. Aliás, eu o farei.
Se Beber, Não Case! - Parte III
3.3 1,5K Assista AgoraA franquia de "Se Beber, Não Case!" foi, indubitavelmente, um dos expoentes que Hollywood oferecera nesses últimos anos no gênero da comédia. Os dois primeiros filmes são absurdamente divertidos e seguiam uma estrutura básica e funcional de eventos - embora fossem inverossímeis, eram passíveis de acontecer no imaginário masculino - que desenvolviam os personagens e as situações cômicas. Neste último, não há casamentos, ressacas e tampouco perdas de memória (assim como propõe o título original "The Hangover"); consequentemente, perde-se a essência daquilo que o tornava empolgante e, de certa maneira, original. Todd Phillips concebe um ritmo aventuresco apostando mais na ação e no drama, deixando a comédia pastelona - a força da série - em segundo em plano. Não que ele não tenha seus momentos cômicos, mas são poucos pontuais e criativos, e, definitivamente, menos empolgantes que as dos anteriores. A história começa bem, mas o segundo ato se torna cansativo e monótomo e o ritmo só volta a emplacar no desfecho, sobretudo nos últimos 15 minutos finais, incluindo a excelente cena pós-crédito que, na minha opinião, foi a mais engraçada ao decorrer dos 100 minutos de projeção. Zach Galifianakis, Heather Graham, Bradley Cooper e Ed Helms estão fantásticos, e provam que o carisma de seus personagens são a força da franquia; porém, manifestam-se menos afiados com a comicidade dado as novas circunstâncias do roteiro. Assim, "Se Beber, Não Case! - Parte III" decepciona por se distanciar dos elementos que o fizera interessante outrora, mas tem lá seus momentos divertidos.
Invasão à Casa Branca
3.3 786 Assista AgoraGostei, me envolveu do começo ao fim. Típico blockbuster que não dá pra ser levado a sério, não adianta, o roteiro tem dezenas de furos, situações atípicas e muitos clichês do gênero (o exército americano demora 15 minutos para chegar à Casa Branca...). No entanto, cumpre o papel de entreter, sobretudo por ser, antes de mais nada, um filme de ação. Um "Duro de Matar" com um pano de fundo político, com toneladas de indiretas (ou diretas?) à Coreia do Norte ("perdemos a Coréia do Sul") e um elenco de peso. Gerard Butler convence novamente que é um grande astro de ação (com exceção do maravilhoso "P.S Eu Te Amo", ultimamente ele só tem feito comédias românticas dispensáveis), Morgan Freeman encenando um Lucius Fox fora de Gothan City e Aaron Eckhart igualmente surpreendente. Convém sublinhar que os efeitos visuais são relevantes para uma película que custou apenas US$70 milhões - para efeito de comparação custou três vezes menos que títulos como "Os Vingadores" e "O Espetacular Homem-Aranha -, e são longas e constantes cenas produzidas pelo CGI. A única crítica fica por conta do desfecho: relâmpago e estupidamente patriota. Nem uma menção honrosa fizeram ao homem responsável pelo resgate do presidente. Deste só ganhou um aperto de mão.