Renato Conceição

Com um filme repleto de simbolismos e fortemente apoiado na estética como instrumento de comunicação — e a experiência como estilista conta muito nesse momento -, é claramente perceptível que Tom Ford busca instigar o público não só através da discussão levantada, mas também pele dúvida acerca da funcionalidade de suas próprias escolhas. De propósito, ele coloca à prova o crédito adquirido há 8 anos, quando Direito de Amar foi lançado, para mostrar, em seguida, que, como bom cineasta, domina, sim, a linguagem fílmica.

Em todos os aspectos, estamos diante de um filme sobre escolhas. E as escolhas do diretor vão muito além da necessidade de criar uma produção coerente. Elas servem, também, como recado para os mais céticos: Tom Ford é estilista, entende de propaganda e, doa a quem doer, merece ser respeitado como cineasta.

Bom filme. Muito bom. Mas é o terceiro seguido do John Carney sobre banda gravando música e descobrindo coisas. Tá na hora de mudar o disco.

Tirando a construção do relacionamento entre as duas protagonistas, que, apesar de algumas falhas - e talvez pela sintonia entre Abigail Breslin e Georgie Henley -, consegue se sustentar, nada funciona nesse filme. Direção, edição e roteiro são amadores a ponto de sequer conseguirem definir o perfil de seus personagens e o tom da narrativa. Uma pena, pois o caso real poderia ter dado uma "boa história".