O Cinema é o único elemento da história humana em que conseguimos ver o passado. Sem precisarmos imaginar como eram as coisas, nós as enxergamos. Esse filme me fez perceber o início do Cinema, em suas primeiras concepções, em seus experimentos iniciais. Poderia falar sobre questões técnicas, ou mesmo sobre a estranheza que ainda me causam os filmes mudos (por conta de um contato muito esporádico), mas prefiro ficar com a grandeza de um filme que, a partir de hoje, me ajuda a entender todos os que vieram depois dele.
É um filme que contém elementos interessantes. Entretanto, tive a percepção de que duas ideias distintas sobre o mesmo se entrelaçaram. Vejamos, o filme começa dando a entender que veremos as consequências na vida de um ex-soldado que esteve em combate na Guerra do Golfo, e que lá sofreu um ferimento grave que lhe causou amnésia. Um crime é cometido, ele torna-se o principal suspeito e, por seu problema de memória, acaba não conseguindo provar que não foi o autor de tal crime, o que o leva a um manicômio judicial. Portanto, esperamos ver um thriller psicológico sobre os traumas da guerra protagonizado pela memória (e/ou pela ausência desta). De repente, a ficção científica toma conta do enredo, emaranhando experimentos médicos desumanos e viagem no tempo. A confusão se estabelece e não é possível identificar muito bem com quais olhos devemos acompanhar a trama. Vale o destaque para as atuações de Adrien Brody e Keira Knightley, que desempenham com seriedade seus respectivos papéis, e proporcionam cenas interessantes mesmo em meio à confusão.
O elemento mais interessante do documentário, em termos de narrativa, é o de nos apresentar as origens de Curry enquanto atleta, nos proporcionando um olhar mais apurado sobre o astro do esporte que ele se tornou, conectando tais origens ao momento vivido pelo Golden State Warriors na temporada 2021/2022. Stephen Curry é um jogador que, à sua maneira, transformou a NBA, assim como fizeram anteriormente Wilt Chamberlain, Kareem Abdul-Jabbar, Larry Bird, Magic Johnson, Michael Jordan, Kobe Bryant, LeBron James, entre outros. Um atleta que despertou o interesse pelo basquete em uma nova gama de pessoas (me incluo nesse grupo). Se ele é o melhor jogador da história (o que eu penso que não é) pouco importa, o que ele nos ensina é que o talento pode ser um destruidor de barreiras.
A premissa, apesar de nada inventiva, é interessante. Entretanto, tudo é muito mal desenvolvido. O roteiro se apoia em uma conjunção de clichês que denunciam a trama inúmeras vezes, no subdesenvolvimento dos personagens, suas relações e suas motivações, e, na tentativa derradeira e desesperada de encorpar a história com plot twists ineficazes. As atuações deixam a desejar, uma vez que o tempo de tela é pequeno para tantos personagens que têm (ou deveriam ter) relevância. A atmosfera tensa que poderia advir de uma sequência de escolhas erradas e más condutas não é estabelecida, o que provê um sentimento incessante de que algo está faltando, e de que as peças, são encaixadas à força. Enfim, mais um exemplo de que nem tudo que pode ser bom, bom será.
Um filme que retrata muito bem o pensamento individualista fundador da ética estadunidense. A dicotomia estabelecida entre indivíduo e coletivo é absurda, entretanto, retrata fielmente a sociedade dos EUA após a segunda guerra, uma nação abarrotada de homens que transbordam desejos e que sonham com uma liberdade idílica. No protagonista encontramos as profundas projeções do self-made man, um homem que idealiza a si mesmo com tamanha veemência que é capaz de realmente acreditar que a História e a humanidade foram construídas apenas por aqueles que, solitariamente, ousaram "enfrentar" o mundo. Obviamente, há no filme a aura anticomunista característica da época, não à toa a oposição entre o individual e o coletivo. É um filme que vale ser visto não por corresponder à realidade do mundo, mas por nos apresentar as engrenagens do pensamento estadunidense à época (pensamento esse que reverbera até hoje), haja vista que os EUA são um dos países mais influentes do mundo nas mais diversas esferas da vida sociopolítica há tanto tempo. Enfim, é uma obra cujo mérito é sua necessidade de entendimento, e não o prazer e/ou concordância que proporciona. Assim como é preciso ler Gilberto Freire para entendermos melhor como funcionavam as mentes escravagistas, é preciso assistir a filmes como esse para entendermos como a propaganda e a narrativa erigem imaginários equivocados porém duradouros.
Religiosos demoníacos praticantes de parkour e "O Eterno Retorno" de Nietzsche. A junção mais inusitada que já vi na vida. Típico filme trash, que, se não for levado a sério, é tão ruim que fica "bom". Assisti com amigos e rachei o bico. Enfim, vale a experiência.
A mistura de "Esqueceram de Mim" com seita satânica me agradou. O filme é divertido e surpreende, não por ser um primor, mas por entregar um conteúdo que entretém. Meus últimos dias foram de luta contra uma crise de ansiedade, porém, durante 85 minutos pude esquecer a complexidade da vida real e relaxar. Enfim, me diverti, e penso que 15 minutos a mais não fariam mal ao filme. Só espero que a segunda parte não tenha cagado em tudo.
Tendo primeiramente assistido à minissérie dos anos 90, e, posteriormente, lido o ótimo livro do Stephen King, confesso que encontro enormes dificuldades em admirar esse filme de forma "incondicional". Bem, é inegável que a parte técnica é talentosa e competente, uma vez que trata-se de um filme de Stanley Kubrick, entretanto há pontos da obra que me causam muito incômodo e acabam por restringir minha interação com a mesma. Em primeiro lugar, considero que o ator Jack Nicholson não foi capaz de entregar uma atuação que demonstre as nuances psicológicas tão características do personagem. Desde o início do filme, o Jack Torrance por ele interpretado aparenta loucura, e quando esta de fato se apresenta não causa surpresa e/ou impacto. Outro ponto cuja assimilação é impossível para mim, é a total descaracterização da personagem Wendy, descaracterização esta que vai desde a incompatibilidade fisionômica entre a atriz Shelley Duvall e a personagem no livro (ou seja, em sua versão original), até a extrema passividade de Wendy no filme, que contrapõe sua personalidade aguerrida do livro. Vale ressaltar ainda, que a atuação entregue por Shelley é no mínimo precária. Porém, há qualidades a serem destacadas: a atmosfera tensa e sugestiva criada por Kubrick, nos possibilita momentos de imersão e agonia, mesmo esbarrando nas problemáticas supracitadas; o uso de sons provenientes das próprias cenas cria momentos em que a trilha sonora é "orgânica", aumentando a sensação claustrofóbica e vertiginosamente enlouquecedora; e o uso das câmeras é algo de incrível, com planos abertos certeiros, sendo eles bonitos e amedrontadores ao mesmo tempo. Enfim, este é um filme polar, onde qualidades e defeitos equilibram a balança. Entretanto, sem sombra de dúvida é uma peça de relevância e importância para o cinema. Mas que poderia ser ainda melhor, poderia!
As palavras que descrevem esse filme são: cafona e genérico. E sua cafonice se dá não apenas por conta das frases de efeito nada funcionais, ou pela quantidade exorbitante de personagens desnecessários inseridos unicamente para morrer e reduzir o tempo de desenvolvimento dos personagens principais. Os elementos fundamentais que aqui destacam-se negativamente, contribuindo para a pasteurização da história, forjam a decomposição da atmosfera tensa e ansiogênica do filme original (característica que acredito ter sido resgatada na sequência de 2018) culminando em uma narrativa genérica, e, principalmente, a transformação de Michael Myers, que mais uma vez deixa de ser a "forma" cuja presença é a essência do medo que sentimos, para, de novo, dar lugar a um açougueiro sádico e aparentemente imortal. O gore excessivo incomoda, pois é um artifício mal utilizado na tentativa de camuflar a pouquíssima qualidade do roteiro. Aqui, Myers é apresentado como uma espécie de Romero Brito da morte, matando suas vítimas e depois exibindo-as em mise-en-scènes pra lá de ridículas. Enfim, para não me alongar, eis o resumo da ópera: mais uma vez a franquia Halloween caga nas próprias mãos e atira as fezes em nossas caras.
Acredito que o excelente diretor Ridley Scott idealizou uma abordagem inovadora para este projeto, uma vez que esta é a adaptação cinematográfica dos eventos e sujeitos reais que compõem a trama. Daí, ao meu ver, a necessidade de explorar o gênero biográfico com um certo nível de originalidade. Entretanto, nem toda originalidade é obrigatoriamente sinônimo de qualidade, por isso, aqui há uma execução ineficaz e confusa. Inegavelmente houve uma indecisão na escolha da atmosfera do filme, que transita, aos trancos e barrancos, entre a psicologia das relações humanas quando em meio ao poder e a riqueza material abundantes, e o caricato como faceta da tragédia. Tal mistura provoca a contínua sensação de desconexão: na maior parte do tempo prevalece uma irritante oscilação, que desconfigura o tempo, as motivações e o desenvolvimento das personagens. Assim sendo, o filme se assemelha muito mais ao relato de alguém que encontra dificuldades em narrar uma história, do que à apresentação dos fatos. Outra característica que gera incômodo, é a opção de contar esta parcela da trajetória de uma família italiana totalmente em inglês, o que aumenta a desconexão supracitada, pois a irrealidade da comunicação idiomática entre as personagens torna-se rapidamente uma barreira intransponível e desagradável, composta por sotaques hora exagerados, hora desleixados. Apesar do elenco talentosíssimo, com nomes como Al Pacino, Lady Gaga, Adam Driver, Jared Leto e Jeremy Irons, a derrocada da obra é flagrante ao longo de seu curso através da implosão crescente de todos os seus pilares. Isto prova que nenhuma forma de arte se sobressai sob a égide de um elemento único que a "salve", pois, se há a necessidade de salvação é porque há deformidades em sua concepção. O saldo que fica ao final da experiência é amargamente mediano: o filme não é horrível, mas sim esquecível, e seu retrogosto insosso.
Conheci a obra cinematográfica de Almodóvar há quatro anos. Desde o primeiro contato, percebi que sentia emoções diferentes quando assistia seus filmes, sentimentos até então inexplorados por mim. Foi ele o responsável por minha reinterpretação do papel do cinema na sociedade, e, principalmente, na psique humana. Estabeleço esta introdução para deixar claro que a crítica que farei a esse filme em específico não diminui a admiração que tenho pelo diretor. Pois bem, aqui, acredito eu, Almodóvar elabora uma reflexão sobre o amor e suas sósias, a idealização e a obsessão. Interpreto o personagem Benigno como um afronte, uma provocação e um desafio. E é justamente neste personagem e em seu simbolismo que reside minha crítica. Nos primeiros momentos, entramos em contato com um homem afável e dedicado à sua profissão. Entretanto, rapidamente revelam-se os sinais de uma pessoa solitária, que utiliza sua própria solidão como a justificativa para comportamentos reprováveis, idealizados e obsessivos. Meu mal-estar em relação ao personagem e sua importância na trama é fruto de uma abordagem, ao meu ver, híbrida. Benigno é retratado sob a égide de duas facetas: o ser que ama e o ser que violenta, que viola. Porém, me parece que a faceta violadora do mesmo recebe uma roupagem mitigada, suave e com uma centelha de romantismo. Talvez, o desafio proposto por Almodóvar seja exatamente esse, superarmos sua provocativa abordagem romântica e encararmos o que está posto de fato: não há amor entre Alicia e Benigno, não é possível haver. Tendo tal constatação em mãos, é inevitável o incômodo, a repulsa e a raiva perante a representação de Benigno enquanto uma espécie de mártir do amor, um representante daqueles que "amam sozinhos". Não há charme algum em sua obsessão por Alicia, há apenas deturpação, fantasia e violência. Ele a estuprou, e nesse cenário, o amor é intangível, impossível, impensável. Repito: acredito que seja este o desafio proposto por Almodóvar, um desafio que nos obriga a entrar em contato com nossas próprias noções de amor, de amar e de ser amado. A questão é que, ainda que extremamente válido, é um desafio mais implícito do que deveria, daí meu descontentamento. No mais, agradou-me a ideia da linguagem enquanto esperança, tendo em vista o próprio título do filme e as "conversas" entre as pacientes em coma e os outros personagens. A comunicação nos compõe enquanto espécie, e vê-la tendo tamanha relevância, em seus mais diversos âmbitos, balanceou meus sentimentos quanto ao filme.
Confesso que antes de assisti-lo senti a necessidade de me preparar. Não porque já sabia de sua complexidade e seu caráter enigmático, mas sim, por pensar que tratava-se de um filme entediante e enfadonho. Entretanto, ao terminá-lo, me vi diante de uma grata surpresa: o filme é interessantíssimo! Para mim, os enigmas (não respondidos de forma explícita) geram o tipo de confusão prazerosa que agrega muito à experiência de acompanhar o desenrolar da trama. Senti-me perdido em alguns momentos e convicto em outros, e isso foi muito bom, pois consegui aceitar de bom grado que não entendi tudo o que foi apresentado. Por fim, ressalto o uso hábil da trilha sonora por parte do Kubrick, e principalmente, sua capacidade de usar o silêncio como uma matriz de tensão, fazendo com que o isolamento dos astronautas dentro da nave (destaque especial para seus agoniantes sons de respiração) e o da própria nave em meio ao vasto universo fosse quase palpável.
Comprar Ingressos
Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.
Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.
O Gabinete do Dr. Caligari
4.3 522 Assista AgoraO Cinema é o único elemento da história humana em que conseguimos ver o passado. Sem precisarmos imaginar como eram as coisas, nós as enxergamos.
Esse filme me fez perceber o início do Cinema, em suas primeiras concepções, em seus experimentos iniciais. Poderia falar sobre questões técnicas, ou mesmo sobre a estranheza que ainda me causam os filmes mudos (por conta de um contato muito esporádico), mas prefiro ficar com a grandeza de um filme que, a partir de hoje, me ajuda a entender todos os que vieram depois dele.
Camisa de Força
3.7 436É um filme que contém elementos interessantes. Entretanto, tive a percepção de que duas ideias distintas sobre o mesmo se entrelaçaram. Vejamos, o filme começa dando a entender que veremos as consequências na vida de um ex-soldado que esteve em combate na Guerra do Golfo, e que lá sofreu um ferimento grave que lhe causou amnésia. Um crime é cometido, ele torna-se o principal suspeito e, por seu problema de memória, acaba não conseguindo provar que não foi o autor de tal crime, o que o leva a um manicômio judicial. Portanto, esperamos ver um thriller psicológico sobre os traumas da guerra protagonizado pela memória (e/ou pela ausência desta). De repente, a ficção científica toma conta do enredo, emaranhando experimentos médicos desumanos e viagem no tempo. A confusão se estabelece e não é possível identificar muito bem com quais olhos devemos acompanhar a trama.
Vale o destaque para as atuações de Adrien Brody e Keira Knightley, que desempenham com seriedade seus respectivos papéis, e proporcionam cenas interessantes mesmo em meio à confusão.
Stephen Curry: Subestimado
4.2 6 Assista AgoraO elemento mais interessante do documentário, em termos de narrativa, é o de nos apresentar as origens de Curry enquanto atleta, nos proporcionando um olhar mais apurado sobre o astro do esporte que ele se tornou, conectando tais origens ao momento vivido pelo Golden State Warriors na temporada 2021/2022.
Stephen Curry é um jogador que, à sua maneira, transformou a NBA, assim como fizeram anteriormente Wilt Chamberlain, Kareem Abdul-Jabbar, Larry Bird, Magic Johnson, Michael Jordan, Kobe Bryant, LeBron James, entre outros. Um atleta que despertou o interesse pelo basquete em uma nova gama de pessoas (me incluo nesse grupo). Se ele é o melhor jogador da história (o que eu penso que não é) pouco importa, o que ele nos ensina é que o talento pode ser um destruidor de barreiras.
A Moça da Limpeza
2.5 158 Assista AgoraQui tistreza, parte 3
Má Conduta
2.5 110 Assista AgoraA premissa, apesar de nada inventiva, é interessante. Entretanto, tudo é muito mal desenvolvido. O roteiro se apoia em uma conjunção de clichês que denunciam a trama inúmeras vezes, no subdesenvolvimento dos personagens, suas relações e suas motivações, e, na tentativa derradeira e desesperada de encorpar a história com plot twists ineficazes. As atuações deixam a desejar, uma vez que o tempo de tela é pequeno para tantos personagens que têm (ou deveriam ter) relevância. A atmosfera tensa que poderia advir de uma sequência de escolhas erradas e más condutas não é estabelecida, o que provê um sentimento incessante de que algo está faltando, e de que as peças, são encaixadas à força. Enfim, mais um exemplo de que nem tudo que pode ser bom, bom será.
Vontade Indômita
4.0 29Um filme que retrata muito bem o pensamento individualista fundador da ética estadunidense. A dicotomia estabelecida entre indivíduo e coletivo é absurda, entretanto, retrata fielmente a sociedade dos EUA após a segunda guerra, uma nação abarrotada de homens que transbordam desejos e que sonham com uma liberdade idílica. No protagonista encontramos as profundas projeções do self-made man, um homem que idealiza a si mesmo com tamanha veemência que é capaz de realmente acreditar que a História e a humanidade foram construídas apenas por aqueles que, solitariamente, ousaram "enfrentar" o mundo. Obviamente, há no filme a aura anticomunista característica da época, não à toa a oposição entre o individual e o coletivo. É um filme que vale ser visto não por corresponder à realidade do mundo, mas por nos apresentar as engrenagens do pensamento estadunidense à época (pensamento esse que reverbera até hoje), haja vista que os EUA são um dos países mais influentes do mundo nas mais diversas esferas da vida sociopolítica há tanto tempo. Enfim, é uma obra cujo mérito é sua necessidade de entendimento, e não o prazer e/ou concordância que proporciona. Assim como é preciso ler Gilberto Freire para entendermos melhor como funcionavam as mentes escravagistas, é preciso assistir a filmes como esse para entendermos como a propaganda e a narrativa erigem imaginários equivocados porém duradouros.
Ursinho Pooh: Sangue e Mel
1.4 192 Assista AgoraA pior coisa que eu já assisti na vida! Meus olhos nunca mais serão os mesmos.
Hotel da Morte
2.0 342 Assista AgoraQui tistreza, parte 2
A Maldição da Chorona
2.3 525 Assista AgoraQui tistreza!
Casa de Sangue
1.7 102Religiosos demoníacos praticantes de parkour e "O Eterno Retorno" de Nietzsche. A junção mais inusitada que já vi na vida.
Típico filme trash, que, se não for levado a sério, é tão ruim que fica "bom". Assisti com amigos e rachei o bico.
Enfim, vale a experiência.
A Babá
3.1 960 Assista AgoraA mistura de "Esqueceram de Mim" com seita satânica me agradou.
O filme é divertido e surpreende, não por ser um primor, mas por entregar um conteúdo que entretém. Meus últimos dias foram de luta contra uma crise de ansiedade, porém, durante 85 minutos pude esquecer a complexidade da vida real e relaxar. Enfim, me diverti, e penso que 15 minutos a mais não fariam mal ao filme. Só espero que a segunda parte não tenha cagado em tudo.
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraTendo primeiramente assistido à minissérie dos anos 90, e, posteriormente, lido o ótimo livro do Stephen King, confesso que encontro enormes dificuldades em admirar esse filme de forma "incondicional".
Bem, é inegável que a parte técnica é talentosa e competente, uma vez que trata-se de um filme de Stanley Kubrick, entretanto há pontos da obra que me causam muito incômodo e acabam por restringir minha interação com a mesma.
Em primeiro lugar, considero que o ator Jack Nicholson não foi capaz de entregar uma atuação que demonstre as nuances psicológicas tão características do personagem. Desde o início do filme, o Jack Torrance por ele interpretado aparenta loucura, e quando esta de fato se apresenta não causa surpresa e/ou impacto.
Outro ponto cuja assimilação é impossível para mim, é a total descaracterização da personagem Wendy, descaracterização esta que vai desde a incompatibilidade fisionômica entre a atriz Shelley Duvall e a personagem no livro (ou seja, em sua versão original), até a extrema passividade de Wendy no filme, que contrapõe sua personalidade aguerrida do livro. Vale ressaltar ainda, que a atuação entregue por Shelley é no mínimo precária.
Porém, há qualidades a serem destacadas: a atmosfera tensa e sugestiva criada por Kubrick, nos possibilita momentos de imersão e agonia, mesmo esbarrando nas problemáticas supracitadas; o uso de sons provenientes das próprias cenas cria momentos em que a trilha sonora é "orgânica", aumentando a sensação claustrofóbica e vertiginosamente enlouquecedora; e o uso das câmeras é algo de incrível, com planos abertos certeiros, sendo eles bonitos e amedrontadores ao mesmo tempo.
Enfim, este é um filme polar, onde qualidades e defeitos equilibram a balança. Entretanto, sem sombra de dúvida é uma peça de relevância e importância para o cinema.
Mas que poderia ser ainda melhor, poderia!
Halloween Kills: O Terror Continua
3.0 683 Assista AgoraAs palavras que descrevem esse filme são: cafona e genérico.
E sua cafonice se dá não apenas por conta das frases de efeito nada funcionais, ou pela quantidade exorbitante de personagens desnecessários inseridos unicamente para morrer e reduzir o tempo de desenvolvimento dos personagens principais. Os elementos fundamentais que aqui destacam-se negativamente, contribuindo para a pasteurização da história, forjam a decomposição da atmosfera tensa e ansiogênica do filme original (característica que acredito ter sido resgatada na sequência de 2018) culminando em uma narrativa genérica, e, principalmente, a transformação de Michael Myers, que mais uma vez deixa de ser a "forma" cuja presença é a essência do medo que sentimos, para, de novo, dar lugar a um açougueiro sádico e aparentemente imortal. O gore excessivo incomoda, pois é um artifício mal utilizado na tentativa de camuflar a pouquíssima qualidade do roteiro. Aqui, Myers é apresentado como uma espécie de Romero Brito da morte, matando suas vítimas e depois exibindo-as em mise-en-scènes pra lá de ridículas.
Enfim, para não me alongar, eis o resumo da ópera: mais uma vez a franquia Halloween caga nas próprias mãos e atira as fezes em nossas caras.
Casa Gucci
3.2 705 Assista AgoraAcredito que o excelente diretor Ridley Scott idealizou uma abordagem inovadora para este projeto, uma vez que esta é a adaptação cinematográfica dos eventos e sujeitos reais que compõem a trama. Daí, ao meu ver, a necessidade de explorar o gênero biográfico com um certo nível de originalidade. Entretanto, nem toda originalidade é obrigatoriamente sinônimo de qualidade, por isso, aqui há uma execução ineficaz e confusa.
Inegavelmente houve uma indecisão na escolha da atmosfera do filme, que transita, aos trancos e barrancos, entre a psicologia das relações humanas quando em meio ao poder e a riqueza material abundantes, e o caricato como faceta da tragédia. Tal mistura provoca a contínua sensação de desconexão: na maior parte do tempo prevalece uma irritante oscilação, que desconfigura o tempo, as motivações e o desenvolvimento das personagens. Assim sendo, o filme se assemelha muito mais ao relato de alguém que encontra dificuldades em narrar uma história, do que à apresentação dos fatos.
Outra característica que gera incômodo, é a opção de contar esta parcela da trajetória de uma família italiana totalmente em inglês, o que aumenta a desconexão supracitada, pois a irrealidade da comunicação idiomática entre as personagens torna-se rapidamente uma barreira intransponível e desagradável, composta por sotaques hora exagerados, hora desleixados.
Apesar do elenco talentosíssimo, com nomes como Al Pacino, Lady Gaga, Adam Driver, Jared Leto e Jeremy Irons, a derrocada da obra é flagrante ao longo de seu curso através da implosão crescente de todos os seus pilares. Isto prova que nenhuma forma de arte se sobressai sob a égide de um elemento único que a "salve", pois, se há a necessidade de salvação é porque há deformidades em sua concepção.
O saldo que fica ao final da experiência é amargamente mediano: o filme não é horrível, mas sim esquecível, e seu retrogosto insosso.
Fale com Ela
4.2 1,0K Assista AgoraConheci a obra cinematográfica de Almodóvar há quatro anos. Desde o primeiro contato, percebi que sentia emoções diferentes quando assistia seus filmes, sentimentos até então inexplorados por mim. Foi ele o responsável por minha reinterpretação do papel do cinema na sociedade, e, principalmente, na psique humana. Estabeleço esta introdução para deixar claro que a crítica que farei a esse filme em específico não diminui a admiração que tenho pelo diretor.
Pois bem, aqui, acredito eu, Almodóvar elabora uma reflexão sobre o amor e suas sósias, a idealização e a obsessão. Interpreto o personagem Benigno como um afronte, uma provocação e um desafio. E é justamente neste personagem e em seu simbolismo que reside minha crítica.
Nos primeiros momentos, entramos em contato com um homem afável e dedicado à sua profissão. Entretanto, rapidamente revelam-se os sinais de uma pessoa solitária, que utiliza sua própria solidão como a justificativa para comportamentos reprováveis, idealizados e obsessivos. Meu mal-estar em relação ao personagem e sua importância na trama é fruto de uma abordagem, ao meu ver, híbrida. Benigno é retratado sob a égide de duas facetas: o ser que ama e o ser que violenta, que viola. Porém, me parece que a faceta violadora do mesmo recebe uma roupagem mitigada, suave e com uma centelha de romantismo. Talvez, o desafio proposto por Almodóvar seja exatamente esse, superarmos sua provocativa abordagem romântica e encararmos o que está posto de fato: não há amor entre Alicia e Benigno, não é possível haver.
Tendo tal constatação em mãos, é inevitável o incômodo, a repulsa e a raiva perante a representação de Benigno enquanto uma espécie de mártir do amor, um representante daqueles que "amam sozinhos". Não há charme algum em sua obsessão por Alicia, há apenas deturpação, fantasia e violência. Ele a estuprou, e nesse cenário, o amor é intangível, impossível, impensável.
Repito: acredito que seja este o desafio proposto por Almodóvar, um desafio que nos obriga a entrar em contato com nossas próprias noções de amor, de amar e de ser amado. A questão é que, ainda que extremamente válido, é um desafio mais implícito do que deveria, daí meu descontentamento.
No mais, agradou-me a ideia da linguagem enquanto esperança, tendo em vista o próprio título do filme e as "conversas" entre as pacientes em coma e os outros personagens. A comunicação nos compõe enquanto espécie, e vê-la tendo tamanha relevância, em seus mais diversos âmbitos, balanceou meus sentimentos quanto ao filme.
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista AgoraConfesso que antes de assisti-lo senti a necessidade de me preparar. Não porque já sabia de sua complexidade e seu caráter enigmático, mas sim, por pensar que tratava-se de um filme entediante e enfadonho. Entretanto, ao terminá-lo, me vi diante de uma grata surpresa: o filme é interessantíssimo! Para mim, os enigmas (não respondidos de forma explícita) geram o tipo de confusão prazerosa que agrega muito à experiência de acompanhar o desenrolar da trama. Senti-me perdido em alguns momentos e convicto em outros, e isso foi muito bom, pois consegui aceitar de bom grado que não entendi tudo o que foi apresentado. Por fim, ressalto o uso hábil da trilha sonora por parte do Kubrick, e principalmente, sua capacidade de usar o silêncio como uma matriz de tensão, fazendo com que o isolamento dos astronautas dentro da nave (destaque especial para seus agoniantes sons de respiração) e o da própria nave em meio ao vasto universo fosse quase palpável.