Bruno Guimarães

Com a reflexão "os fins justificam os meios", Night Moves tem um roteiro arrastado e pouco congruente com a expectativa criada quando se pensa em ativistas radicais agindo por uma causa.
Em nenhum momento eu senti paixão nas falas e atitudes do trio que protagonizam o filme. Paixão é item fundamental se você quer representar alguém que milita cegamente por algo a ponto de fazer um atentado com explosivos.
Não sei se esta é apenas uma percepção minha, mas eu sinto como se o Jesse Eisenberg estivesse interpretando o Mark Zuckerberg eternamente. São sempre as mesmas expressões e o mesmo tom de voz.
De qualquer forma, mesmo com estas falhas do elenco, o filme é bem dirigido e propõe uma boa reflexão sobre as questões morais que envolvem nas nossas decisões cotidianas. Especialmente quando lutamos por algo e esta luta é, supostamente, por um bem comum. Vale tudo para conseguir? Até que ponto o cabresto da militância cega não nos afasta de códigos morais que deveriam ser sine qua non para o bem estar coletivo?
Faz-se necessário revisitar o método quando se cria mais barreiras do que pontes.

Apesar das falhas no roteiro, deixando em aberto algumas histórias que pareciam ter certa relevância para a construção dos personagens, fica impossível não avaliar bem esta obra.
A atmosfera densa com a dificuldade de lidar com a morte, os tons de azul presentes em quase todas as cenas, me fez ser inserido completamente naquele contexto. A atuação da Miriam Karlkvist é fantástica e isso por si só já é um excelente motivo para assistir.
O filme é curto, com aproximadamente 1h25 de duração. Com tantos elementos positivos (premissa, atores, fotografia), acaba sendo um desperdício muito grande fazer um filme com tempo insuficiente para desenvolver de forma adequada as histórias que se desenrolam a partir da trama principal.
Obs.: A cena da dança no parque de diversões é absurdamente linda!

Um curta que retrata a história de 2 vidas que não foram destinadas a estar juntas.
O contato entre os personagens gera mais melancolia do que felicidade. Mas como há beleza na tristeza e nos desencontros, acaba sendo uma história bonita.
A simetria visual promovida pelo Edmund Yeo, ao dividir a tela em 2 para mostrar esse encontro, fortalece a sensação de que há um distanciamento insuperável entre os protagonistas. O encontro acaba sendo das nostalgias do passado.