Cinemáfia.

Melhor que o primeiro. E essa personagem da Gainsbourg!!!!! Agora, que o filme é todo com ela, parece que tem contornos mais bem definidos, ainda que paradoxais: é cheia de culpa e decidida, forte e suplicante.Bom, filmaço!!!

Tudo gira em torno de James De... não, péra!

“É um filme com fulano”: a primeira coisa que a gente diz quando quer dar uma referência rápida sobre uma obra. O nome dx ator/atriz mais famosx muitas vezes serve de parâmetro pra gente saber se vai ou não ao cinema. Bom, se lá em 1955 me chamassem para assistir “Vidas Amargas” porque é “um filme com James Dean”, é óóóóóbvio que eu iria. Mas, assim como agora, a eu de 1955 ficaria bem mais deslumbrada com um monte de outras coisas.

Primeiro, o roteiro. Adaptado de um romance de um ganhador do Nobel, John Steinbeck, a história do filme é muito bem costurada. Tá tudo lá: tem um amor proibido, um drama familiar, crises de consciência e a Segunda Guerra Mundial muito bem alinhados. Talvez, nos dias de hoje, fosse considerado uma coisa levemente Paola Bracho. Ou uma versão melhorada da série “Revenge”. Mas vamos nos lembrar de que a década do baby boom era ainda um pouco inocente e gostava de uma amexicanizada, disfarçada de tragédia grega. (Ou talvez a crítica seja hipster demais). De qualquer forma, nada no roteiro é “forçado” - os clichês, se existem, conseguem ser leves o suficiente para que o espectador se identifique com eles. Além disso, destaca-se a ousadia na condução da história, que não puxa a sardinha pro “papai bonzinho”, nem põe chifres demoníacos na mãe que abandona os filhos. No fim, é um roteiro em que todo mundo é humano, demasiadamente humano.

Em segundo lugar, as atuações. James Dean tava mega inspirado mesmo. Tanto que a atuação rendeu uma indicação póstuma. Mas, porém, contudo, entretanto, todavia... Tem uma senhora no filme que rouba a cena muitão. Trata-se de Jo Van Fleet, que intepreta Kate, a mãe de Aaron (Richard Davalos) e Cal (James Dean). O diálogo de Kate e Cal, quando este pede dinheiro a ela, é uma das cenas mais fortes que já vi no cinema. E olha que o argumento da cena é bem simples. Sem desprezar James Dean, o mérito é da atriz. Van Fleet é tão verdadeira no papel que faz você se colocar dentro da sala, prestes a dar uma opinião sobre o que tá pegando. A cada pausa na fala dela, minha cabeça ensaiava um “Escuta aqui, ô Dona Kate...”. Não é à toa que, sendo sua primeira atuação no cinema, Van Fleet ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Ainda nas atuações, tirei o chapéu para o xerife Burl Ives, que mal aparece, mas ocupa com maestria seu lugar, e Richard Davalos, que faz o irmão bom moço de Cal.

Por último, a direção. Para mim, um bom diretor é aquele que sabe contar uma história. Elia Kazan zerou a “contação” de histórias aqui. Como mencionei, o roteiro tem seus clichês, mas Kazan deu a medida certa do enrola/desenrola do drama, de forma que não “pesasse” em lugar algum. E ainda fugiu do popularesco, ao filmar em planos distantes cenas com diálogos cruciais.

Concluindo: “Vidas Amargas” é um daqueles filmes em que quase tudo que reluz é ouro. Inclusive James Dean.