Este filme é simplesmente um carinho para os fãs do cinema de terror. Trata-se de uma paródia dos filmes slasher, subgênero bastante proeminente nos anos 1980 e que tem na franquia "Sexta-Feira 13" um de seus principais expoentes. A paródia aqui, no entanto, expõe os clichês daquele subgênero ao mesmo tempo em que o enaltece, sem diminuir seus méritos e seu público. Além disso, tem metalinguagem, filme dentro do filme e também aquele lugar-comum delicioso que constitui o sonho de muitos cinéfilos (eu): "e se eu fosse transportado pra dentro de um filme?". As piadas são hilárias, o ritmo é ágil, a história bem amarrada e os personagens (sério, todos) carismáticos. Um filme simples, despretensioso, que cumpre muito bem o seu papel de divertir e no qual eu não consigo encontrar um defeitinho sequer. Instagram: @todososfilmes
Dirigida por Marc Lawrence, alguém que parece gostar de trabalhar com Hugh Grant tanto quanto eu gosto de ver os filmes do ator, esta é uma boa (e com sabor de velha) comédia romântica. A lembrança dos trabalhos passados do diretor - que também fez "Letra e Música" - e a presença de Grant e Marisa Tomei garantem familiaridade ao filme, que traz a história de um roteirista que não consegue emplacar novos sucessos em Hollywood, e por isso acaba aceitando um improvável emprego como professor universitário. Talvez seja clichê, mas qual comédia romântica não é? O importante é que os diálogos e personagens são muito bons. A única coisa que incomoda é o machismo presente em mais de uma ocasião nas falas e atitudes do protagonista. No entanto, a gente perdoa porque são atitudes trazidas para serem problematizadas no decorrer da trama. Outra qualidade positiva, a meu ver, é trazer atores maduros. A presença massiva de gente jovem e "perfeita" nas comédias românticas por vezes cansa. É bom ver gente com rugas nestes papeis. Bônus: cita Jane Austen. Instagram: @todososfilmes
"Dentro da Casa" aborda tantos temas interessantes que é difícil saber por onde começar: relação mestre e aprendiz, voyeurismo, literatura, arte, família, educação. Luchini interpreta Germain, um professor cansado que volta a se sentir estimulado pelo talento literário de um aluno. O estudante gosta de escrever e escreve sobre pessoas que passa a acompanhar cada vez mais de perto. Daí em diante entram em jogo dilemas éticos sobre os limites dessa experiência. Germain gosta de acompanhar e quer incentivar a escrita de seu pupilo, mas o quanto se pode adentrar a intimidade dos outros a fim de obter boas histórias e boa literatura? Este filme é uma obra de arte. Instagram: @todososfilmes
Eu realmente gosto de filmes despretensiosos, daqueles em que o foco está mais em pequenas situações e emoções do que em grandes acontecimentos. Também gosto daqueles que constroem muito bem os personagens, que nos fazem nos aproximar deles, nos importar com eles, querer passar mais tempo com eles e ter saudade deles quando o filme acaba. "Mesmo se Nada Der Certo" é exatamente assim. No filme, Keira Knightley interpreta Greta, uma mulher que é dispensada pelo namorado (Adam Levine), um músico cuja carreira ela ajudou a construir. Mas Greta também compõe e canta, e seu talento chama atenção de Dan (Mark Ruffalo), um produtor às voltas com conflitos familiares acentuados por seu estilo de vida e personalidade. Eu adoro Keira e admiro as escolha que ela faz. Sua atuação pode não ser unanimidade, mas não se pode negar que a moça tem estilo, personalidade e bom gosto. Ruffalo está ótimo como sempre, saindo um pouco do papel de bom moço que associamos a ele. Além deles, o filme ainda conta com a maravilhosa Catherine Keener. O diretor, John Carney, é o mesmo de "Apenas uma Vez" (Once, 2006), e ambos os filmes são bem parecidos no sentido de que contam histórias de amor embaladas por música e pela relação dos personagens com seu talento musical. Mas eu prefiro "Mesmo se Nada der Certo". Nele sai de cena certo melodrama presente em "Apenas uma Vez", e o que resulta é um filme mais leve, divertido e menos piegas. Instagram: @todososfilmes
Logo depois de ver o filme de 1976 fui em busca de "Assassino Invisível" (The Town That Dreaded Sundown, Alfonso Gomez-Rejon, 2014). Não é um remake, mas uma espécie de continuação metalinguística. Minha expectativa com este filme era que superasse o anterior, pois embora eu prefira a atmosfera dos antigos, não é nada mau, de vez em quando, apreciar o ritmo mais ágil das produções atuais. O resultado, no entanto, conseguiu ser pior, pois o primeiro ao menos tem charme. Quanto a este, trata-se de um filme básico e sem atrativos, com uma edição e fotografia de mau gosto e efeitos dos mais feios que já vi no cinema. Para terror metalinguístico que de fato vale a pena, favor conferir a franquia "Pânico" ou "O Retorno de Freddy Krueger" (1994), ambos do gênio Wes Craven. Instagram: @todososfilmes
Pânico ao Anoitecer" (The Town That Dreaded Sundown, Charles B. Pierce, 1976) é um dos primeiros filmes de terror do subgênero slasher. Foi feito dois anos antes de "Halloween" e influenciou o Jason de "Sexta-Feira 13". O filme é baseado nos assassinatos que ocorreram na cidade de Texarkana, Arkansas, na década de 1940. O autor dos crimes nunca foi preso. O que posso dizer sobre este filme é que já vi filmes ruins de todos os tipos, mas do tipo adorável acho que é a primeira vez. Vejo filmes de terror antigos, pioneiros, especialmente os de baixo orçamento, esperando imaturidade e resultados toscos, mas confiando na quase sempre eficaz atmosfera construída. "Pânico ao Anoitecer" tem sim uma atmosfera satisfatória, mas que é a todo momento quebrada pelas desnecessárias cenas de comédia. Soma-se a isso o conjunto de péssimas atuações e erros risíveis como o do câmera man aparecendo numa das cenas. Essas falham impedem que o filme seja considerado bom ou memorável, mas é tudo tão simplório que você acaba simpatizando com o resultado final. Vale a pena assistir para conhecer mais as origens dos slasher movies e também pela união criativa entre documentário e ficção. Gostei ainda de ver explorado o tema da cidade como uma espécie de personagem afetada pelos crimes. Instagram: @todososfilmes
O filme mostra um grupo de amigos que costuma sair de férias juntos todos os anos. Quando um deles sofre um acidente e fica em coma os demais decidem viajar mesmo assim, mas o convívio entre eles é abalado pelo estado de saúde do amigo e por outros motivos. Em português o título original significa algo como "pequenas mentiras" ou "o que se empurra pra debaixo do tapete", sinalizando tudo o que aquelas pessoas, apesar de sua proximidade, deixam mal resolvido ou no que preferem não pensar. Acompanhamos de perto, no decorrer da trama, os dramas, problemas, peculiaridades, defeitos e frustrações de cada um deles, todos ricamente construídos e bastante reais. Esta é uma qualidade que chama atenção no cinema francês: nada de caracterizações rasas! E o filme não somente toca nossa sensibilidade e emoções por meio de seus complexos personagens, mas também por meio de sua espetacular trilha sonora. É difícil dizer o quanto sou grata por ter sido apresentada, através dela, a "Crucify Your Mind" (Sixto Rodriguez), "Weight" (The Band) e à versão de Nina Simone para "My Way". Outro grande destaque, como não poderia deixar de ser, é o elenco, pois é devido ao talento de, dentre outros, Marion Cotillard, François Cluzet, Gilles Lellouche e Jean Dujardin, que temos personagens tão completos, profundos, marcantes e críveis. "Até a Eternidade" é o tipo de filme que te dá muito em que pensar. Instagram: @todososfilmes
Meio que sem perceber eu acabei vendo, no ano passado, um monte de filmes do ator Mark Duplass. Então quando ouvi falar neste filme pensei que mais uma comédia romântica indie não faria mal a ninguém. Sobretudo levando em conta a presença de Elisabeth Moss, de quem eu sou fã por causa da série Mad Men. Porém o que começou com expectativas baixas e um pouco preguiçosas se transformou na comédia romântica (com um bom pé no drama) mais autêntica e diferente de tudo que eu já vi. Não dá pra estragar a surpresa e revelar o que, exatamente, acontece de inusitado no filme. Bom mesmo foi ver como vi, às cegas, sem a menor ideia do que estava por vir. Só adianto que a trama gira em torno de um casal que, depois de certo tempo juntos, sente o relacionamento se desgastar e procura uma solução para aproximarem-se novamente. No mais, não leia nada sobre o filme, confie que nele existe um elenco poderoso e uma ideia criativa e seja feliz. Quanto menos você souber, melhor. Instagram: @todososfilmes
Antes de assistir esse filme, Richard Curtis era só um nome pra mim. Depois de assistir, ele passou a ser a mente por trás de ideias tão legais quanto "Simplesmente Amor", "Bridget Jones" e "Piratas do Rock". É fácil, agora, reconhecer seus temas, personagens, humor, atores favoritos e atmosfera. É cinema autoral, o que eu adoro. "Questão de Tempo" conta a história de um rapaz (Domhnall Gleeson) que guarda um fantástico dom: a viagem no tempo! Ao saber por seu pai (Bill Nighy), que todos os homens de sua família carregam este poder, ele decide usá-lo a favor de sua vida amorosa, tendo de lidar com os diversos contratempos e consequências de seus atos. Já vimos essa história antes? Já sim. Mas duvido que com a leveza e o humor deste filme. Provavelmente esta mesma leveza não agrade a todos, mas eu gosto. Filmes escapistas, daqueles em que você fica esperando um grande conflito e ele não vem, ou daqueles em que o grande conflito nem é tão grande assim, são necessários de vez em quando. Não é que o filme não tenha seu peso. Ele tem, especialmente a partir da segunda metade, quando se torna bastante tocante. Mas ainda assim permanece singelo, engraçado e charmoso. O mérito é tanto de seu realizador quanto do elenco: Rachel McAdams, que eu amo e que parece ter uma afinidade com filmes sobre viagens no tempo, interpreta Mary. O Tim de Domhnall Gleeson é, provavelmente, o melhor e mais charmoso mocinho de comédia romântica em tempos. Irreal como devem ser os mocinhos de comédias românticas, daqueles que estragam a gente. E pra completar, Bill Nighy (de quem charme é sinônimo) protagoniza uma das lindas histórias de amor do filme: a de pai e filho. Imperdível. Instagram: @todososfilmes
"Baaaaaaaby, I'm hot just like an oveeeeen, I need some looooovin'". Não tem como desassociar "Chef" de sua trilha sonora. Desde que vi o filme, há meses, basicamente a versão da Hot 8 Brass Band para "Sexual Healing", de Marvin Gaye, não sai da minha cabeça. E pra mim tá ótimo assim. Como fundo musical, a mistura de Soul com música latina combina perfeitamente com o clima do filme, que é o feel good movie dos feel good movies. Jon Favreau (que também escreveu e dirigiu) interpreta Carl, um chefe de cozinha que se cansa dos limites impostos pelo dono do restaurante onde trabalha, e por isso decide conquistar sua liberdade criativa vendendo sua própria comida num trailer. Nesse projeto conta com a ajuda de amigos, da ex-esposa e do filho. Sua relação distante com o filho, aliás, funciona como o conflito emocional da história. "Chef" foi o filme que mais influenciou meu estado de espírito e me fez feliz no ano passado. E, com o perdão do clichê, é um filme delicioso (inclua aqui não só as estonteantes cenas culinárias, mas também personagens, músicas, o elenco cheio de agradáveis surpresas, a fotografia, o roteiro, o cuidado, a sensibilidade, a inteligência). Bônus: o modo como mostra a relação de diferentes gerações com as redes sociais, e isso sem parecer anacrônico, sem soar como um anúncio datado do tipo "a revolução da Internet já é uma realidade!" Outro bônus: muitos closes de queijo derretido!
Em algum momento o nome de Phil Spector surgiu numa leitura qualquer. Me chamou atenção o fato dele ter produzido músicas das Ronettes. Um pouco mais de pesquisa e fico sabendo que ele foi também responsável por River Deep, Mountain High, de Ike & Tina Turner. E por Imagine, de Lennon. E por Unchained Melody, dos Righteous Brothers. E por My Sweet Lord, de George Harrison. Além disso, trabalhou com Leonard Cohen, Ramones e Beach Boys. Pronto, nascia uma obsessão. No entanto, tão supreendente quanto saber que um mesmo homem estava por trás de tantos sucessos, foi saber que este homem foi condenado, em 2009, por um assassinato ocorrido em 2003, e se encontra hoje numa prisão. A vítima em questão, uma atriz chamada Lana Clarkson. É dessa história que trata o filme "Phil Spector" (Phil Spector, David Mamet, 2013). Melhor dizendo, o filme trata da relação entre Spector e sua advogada, Linda Baden, durante a preparação para o julgamento que o condenou. O foco é a construção dos argumentos da defesa e a crescente crença de Linda numa possível inocência de seu cliente. O filme transmite a complexidade que a situação retratada demanda. Spector é um homem excêntrico, que tem sua sanidade mental diversas vezes questionada. É tratado tanto como monstro quanto como gênio. É tanto o homem que mudou a cara da música pop para sempre quanto o homem que negou a Darlene Love o crédito por suas próprias músicas (sobre isso ver o belíssimo documentário "A Um Passo do Estrelato", de 2013), que foi acusado por sua ex-esposa, Ronnie Spector (das Ronettes), de apriosioná-la em casa. E o homem condenado por assassinato. Tudo isso é - novidade pra ninguém - perfeitamente capturado por Al Pacino numa performance de tirar o fôlego. Linda é interpretada por Helen Mirren, sempre impecável. Ambos foram indicados ao Globo de Ouro. É verdade que o filme pode passar a impressão de uma defesa de Spector. A esse respeito, seu diretor David Mamet, outro homem polêmico, disse não ligar a mínima para as críticas. Instagram: @todososfilmes
Terror Nos Bastidores
3.4 447 Assista AgoraEste filme é simplesmente um carinho para os fãs do cinema de terror. Trata-se de uma paródia dos filmes slasher, subgênero bastante proeminente nos anos 1980 e que tem na franquia "Sexta-Feira 13" um de seus principais expoentes. A paródia aqui, no entanto, expõe os clichês daquele subgênero ao mesmo tempo em que o enaltece, sem diminuir seus méritos e seu público. Além disso, tem metalinguagem, filme dentro do filme e também aquele lugar-comum delicioso que constitui o sonho de muitos cinéfilos (eu): "e se eu fosse transportado pra dentro de um filme?". As piadas são hilárias, o ritmo é ágil, a história bem amarrada e os personagens (sério, todos) carismáticos. Um filme simples, despretensioso, que cumpre muito bem o seu papel de divertir e no qual eu não consigo encontrar um defeitinho sequer.
Instagram: @todososfilmes
Virando a Página
3.0 110 Assista AgoraDirigida por Marc Lawrence, alguém que parece gostar de trabalhar com Hugh Grant tanto quanto eu gosto de ver os filmes do ator, esta é uma boa (e com sabor de velha) comédia romântica. A lembrança dos trabalhos passados do diretor - que também fez "Letra e Música" - e a presença de Grant e Marisa Tomei garantem familiaridade ao filme, que traz a história de um roteirista que não consegue emplacar novos sucessos em Hollywood, e por isso acaba aceitando um improvável emprego como professor universitário. Talvez seja clichê, mas qual comédia romântica não é? O importante é que os diálogos e personagens são muito bons. A única coisa que incomoda é o machismo presente em mais de uma ocasião nas falas e atitudes do protagonista. No entanto, a gente perdoa porque são atitudes trazidas para serem problematizadas no decorrer da trama. Outra qualidade positiva, a meu ver, é trazer atores maduros. A presença massiva de gente jovem e "perfeita" nas comédias românticas por vezes cansa. É bom ver gente com rugas nestes papeis. Bônus: cita Jane Austen.
Instagram: @todososfilmes
Dentro da Casa
4.1 553 Assista Agora"Dentro da Casa" aborda tantos temas interessantes que é difícil saber por onde começar: relação mestre e aprendiz, voyeurismo, literatura, arte, família, educação. Luchini interpreta Germain, um professor cansado que volta a se sentir estimulado pelo talento literário de um aluno. O estudante gosta de escrever e escreve sobre pessoas que passa a acompanhar cada vez mais de perto. Daí em diante entram em jogo dilemas éticos sobre os limites dessa experiência. Germain gosta de acompanhar e quer incentivar a escrita de seu pupilo, mas o quanto se pode adentrar a intimidade dos outros a fim de obter boas histórias e boa literatura? Este filme é uma obra de arte.
Instagram: @todososfilmes
Mesmo se Nada der Certo
4.0 1,9K Assista AgoraEu realmente gosto de filmes despretensiosos, daqueles em que o foco está mais em pequenas situações e emoções do que em grandes acontecimentos. Também gosto daqueles que constroem muito bem os personagens, que nos fazem nos aproximar deles, nos importar com eles, querer passar mais tempo com eles e ter saudade deles quando o filme acaba. "Mesmo se Nada Der Certo" é exatamente assim. No filme, Keira Knightley interpreta Greta, uma mulher que é dispensada pelo namorado (Adam Levine), um músico cuja carreira ela ajudou a construir. Mas Greta também compõe e canta, e seu talento chama atenção de Dan (Mark Ruffalo), um produtor às voltas com conflitos familiares acentuados por seu estilo de vida e personalidade. Eu adoro Keira e admiro as escolha que ela faz. Sua atuação pode não ser unanimidade, mas não se pode negar que a moça tem estilo, personalidade e bom gosto. Ruffalo está ótimo como sempre, saindo um pouco do papel de bom moço que associamos a ele. Além deles, o filme ainda conta com a maravilhosa Catherine Keener. O diretor, John Carney, é o mesmo de "Apenas uma Vez" (Once, 2006), e ambos os filmes são bem parecidos no sentido de que contam histórias de amor embaladas por música e pela relação dos personagens com seu talento musical. Mas eu prefiro "Mesmo se Nada der Certo". Nele sai de cena certo melodrama presente em "Apenas uma Vez", e o que resulta é um filme mais leve, divertido e menos piegas.
Instagram: @todososfilmes
Assassino Invisível
2.7 161 Assista AgoraLogo depois de ver o filme de 1976 fui em busca de "Assassino Invisível" (The Town That Dreaded Sundown, Alfonso Gomez-Rejon, 2014). Não é um remake, mas uma espécie de continuação metalinguística. Minha expectativa com este filme era que superasse o anterior, pois embora eu prefira a atmosfera dos antigos, não é nada mau, de vez em quando, apreciar o ritmo mais ágil das produções atuais. O resultado, no entanto, conseguiu ser pior, pois o primeiro ao menos tem charme. Quanto a este, trata-se de um filme básico e sem atrativos, com uma edição e fotografia de mau gosto e efeitos dos mais feios que já vi no cinema. Para terror metalinguístico que de fato vale a pena, favor conferir a franquia "Pânico" ou "O Retorno de Freddy Krueger" (1994), ambos do gênio Wes Craven.
Instagram: @todososfilmes
Pânico ao Anoitecer
2.9 73Pânico ao Anoitecer" (The Town That Dreaded Sundown, Charles B. Pierce, 1976) é um dos primeiros filmes de terror do subgênero slasher. Foi feito dois anos antes de "Halloween" e influenciou o Jason de "Sexta-Feira 13". O filme é baseado nos assassinatos que ocorreram na cidade de Texarkana, Arkansas, na década de 1940. O autor dos crimes nunca foi preso. O que posso dizer sobre este filme é que já vi filmes ruins de todos os tipos, mas do tipo adorável acho que é a primeira vez. Vejo filmes de terror antigos, pioneiros, especialmente os de baixo orçamento, esperando imaturidade e resultados toscos, mas confiando na quase sempre eficaz atmosfera construída. "Pânico ao Anoitecer" tem sim uma atmosfera satisfatória, mas que é a todo momento quebrada pelas desnecessárias cenas de comédia. Soma-se a isso o conjunto de péssimas atuações e erros risíveis como o do câmera man aparecendo numa das cenas. Essas falham impedem que o filme seja considerado bom ou memorável, mas é tudo tão simplório que você acaba simpatizando com o resultado final. Vale a pena assistir para conhecer mais as origens dos slasher movies e também pela união criativa entre documentário e ficção. Gostei ainda de ver explorado o tema da cidade como uma espécie de personagem afetada pelos crimes.
Instagram: @todososfilmes
Até a Eternidade
4.0 278O filme mostra um grupo de amigos que costuma sair de férias juntos todos os anos. Quando um deles sofre um acidente e fica em coma os demais decidem viajar mesmo assim, mas o convívio entre eles é abalado pelo estado de saúde do amigo e por outros motivos. Em português o título original significa algo como "pequenas mentiras" ou "o que se empurra pra debaixo do tapete", sinalizando tudo o que aquelas pessoas, apesar de sua proximidade, deixam mal resolvido ou no que preferem não pensar. Acompanhamos de perto, no decorrer da trama, os dramas, problemas, peculiaridades, defeitos e frustrações de cada um deles, todos ricamente construídos e bastante reais. Esta é uma qualidade que chama atenção no cinema francês: nada de caracterizações rasas! E o filme não somente toca nossa sensibilidade e emoções por meio de seus complexos personagens, mas também por meio de sua espetacular trilha sonora. É difícil dizer o quanto sou grata por ter sido apresentada, através dela, a "Crucify Your Mind" (Sixto Rodriguez), "Weight" (The Band) e à versão de Nina Simone para "My Way". Outro grande destaque, como não poderia deixar de ser, é o elenco, pois é devido ao talento de, dentre outros, Marion Cotillard, François Cluzet, Gilles Lellouche e Jean Dujardin, que temos personagens tão completos, profundos, marcantes e críveis. "Até a Eternidade" é o tipo de filme que te dá muito em que pensar.
Instagram: @todososfilmes
Complicações Do Amor
3.6 215 Assista AgoraMeio que sem perceber eu acabei vendo, no ano passado, um monte de filmes do ator Mark Duplass. Então quando ouvi falar neste filme pensei que mais uma comédia romântica indie não faria mal a ninguém. Sobretudo levando em conta a presença de Elisabeth Moss, de quem eu sou fã por causa da série Mad Men. Porém o que começou com expectativas baixas e um pouco preguiçosas se transformou na comédia romântica (com um bom pé no drama) mais autêntica e diferente de tudo que eu já vi. Não dá pra estragar a surpresa e revelar o que, exatamente, acontece de inusitado no filme. Bom mesmo foi ver como vi, às cegas, sem a menor ideia do que estava por vir. Só adianto que a trama gira em torno de um casal que, depois de certo tempo juntos, sente o relacionamento se desgastar e procura uma solução para aproximarem-se novamente. No mais, não leia nada sobre o filme, confie que nele existe um elenco poderoso e uma ideia criativa e seja feliz. Quanto menos você souber, melhor.
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Questão de Tempo
4.3 4,0K Assista AgoraAntes de assistir esse filme, Richard Curtis era só um nome pra mim. Depois de assistir, ele passou a ser a mente por trás de ideias tão legais quanto "Simplesmente Amor", "Bridget Jones" e "Piratas do Rock". É fácil, agora, reconhecer seus temas, personagens, humor, atores favoritos e atmosfera. É cinema autoral, o que eu adoro. "Questão de Tempo" conta a história de um rapaz (Domhnall Gleeson) que guarda um fantástico dom: a viagem no tempo! Ao saber por seu pai (Bill Nighy), que todos os homens de sua família carregam este poder, ele decide usá-lo a favor de sua vida amorosa, tendo de lidar com os diversos contratempos e consequências de seus atos. Já vimos essa história antes? Já sim. Mas duvido que com a leveza e o humor deste filme. Provavelmente esta mesma leveza não agrade a todos, mas eu gosto. Filmes escapistas, daqueles em que você fica esperando um grande conflito e ele não vem, ou daqueles em que o grande conflito nem é tão grande assim, são necessários de vez em quando. Não é que o filme não tenha seu peso. Ele tem, especialmente a partir da segunda metade, quando se torna bastante tocante. Mas ainda assim permanece singelo, engraçado e charmoso. O mérito é tanto de seu realizador quanto do elenco: Rachel McAdams, que eu amo e que parece ter uma afinidade com filmes sobre viagens no tempo, interpreta Mary. O Tim de Domhnall Gleeson é, provavelmente, o melhor e mais charmoso mocinho de comédia romântica em tempos. Irreal como devem ser os mocinhos de comédias românticas, daqueles que estragam a gente. E pra completar, Bill Nighy (de quem charme é sinônimo) protagoniza uma das lindas histórias de amor do filme: a de pai e filho. Imperdível.
Instagram: @todososfilmes
Chef
3.7 784 Assista Agora"Baaaaaaaby, I'm hot just like an oveeeeen, I need some looooovin'". Não tem como desassociar "Chef" de sua trilha sonora. Desde que vi o filme, há meses, basicamente a versão da Hot 8 Brass Band para "Sexual Healing", de Marvin Gaye, não sai da minha cabeça. E pra mim tá ótimo assim. Como fundo musical, a mistura de Soul com música latina combina perfeitamente com o clima do filme, que é o feel good movie dos feel good movies. Jon Favreau (que também escreveu e dirigiu) interpreta Carl, um chefe de cozinha que se cansa dos limites impostos pelo dono do restaurante onde trabalha, e por isso decide conquistar sua liberdade criativa vendendo sua própria comida num trailer. Nesse projeto conta com a ajuda de amigos, da ex-esposa e do filho. Sua relação distante com o filho, aliás, funciona como o conflito emocional da história. "Chef" foi o filme que mais influenciou meu estado de espírito e me fez feliz no ano passado. E, com o perdão do clichê, é um filme delicioso (inclua aqui não só as estonteantes cenas culinárias, mas também personagens, músicas, o elenco cheio de agradáveis surpresas, a fotografia, o roteiro, o cuidado, a sensibilidade, a inteligência). Bônus: o modo como mostra a relação de diferentes gerações com as redes sociais, e isso sem parecer anacrônico, sem soar como um anúncio datado do tipo "a revolução da Internet já é uma realidade!" Outro bônus: muitos closes de queijo derretido!
Phil Spector
3.1 32 Assista AgoraEm algum momento o nome de Phil Spector surgiu numa leitura qualquer. Me chamou atenção o fato dele ter produzido músicas das Ronettes. Um pouco mais de pesquisa e fico sabendo que ele foi também responsável por River Deep, Mountain High, de Ike & Tina Turner. E por Imagine, de Lennon. E por Unchained Melody, dos Righteous Brothers. E por My Sweet Lord, de George Harrison. Além disso, trabalhou com Leonard Cohen, Ramones e Beach Boys. Pronto, nascia uma obsessão. No entanto, tão supreendente quanto saber que um mesmo homem estava por trás de tantos sucessos, foi saber que este homem foi condenado, em 2009, por um assassinato ocorrido em 2003, e se encontra hoje numa prisão. A vítima em questão, uma atriz chamada Lana Clarkson. É dessa história que trata o filme "Phil Spector" (Phil Spector, David Mamet, 2013). Melhor dizendo, o filme trata da relação entre Spector e sua advogada, Linda Baden, durante a preparação para o julgamento que o condenou. O foco é a construção dos argumentos da defesa e a crescente crença de Linda numa possível inocência de seu cliente. O filme transmite a complexidade que a situação retratada demanda. Spector é um homem excêntrico, que tem sua sanidade mental diversas vezes questionada. É tratado tanto como monstro quanto como gênio. É tanto o homem que mudou a cara da música pop para sempre quanto o homem que negou a Darlene Love o crédito por suas próprias músicas (sobre isso ver o belíssimo documentário "A Um Passo do Estrelato", de 2013), que foi acusado por sua ex-esposa, Ronnie Spector (das Ronettes), de apriosioná-la em casa. E o homem condenado por assassinato. Tudo isso é - novidade pra ninguém - perfeitamente capturado por Al Pacino numa performance de tirar o fôlego. Linda é interpretada por Helen Mirren, sempre impecável. Ambos foram indicados ao Globo de Ouro. É verdade que o filme pode passar a impressão de uma defesa de Spector. A esse respeito, seu diretor David Mamet, outro homem polêmico, disse não ligar a mínima para as críticas.
Instagram: @todososfilmes