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Últimas opiniões enviadas

  • Elisa Borges

    Não tinha grandes expectativas, mas Almodóvar conseguiu me surpreender e arrebatar com a sensibilidade desse filme! Que beleza! Estou muito impressionada com a habilidade que ele teve de abordar tantos aspectos da história de Salva (infância, a paixão, a mãe, o trabalho...) no curto espaço de um filme, sem ficar corrido ou superficial, e tendo absoluto sucesso em sensibilizar e conquistar a empatia do telespectador. Elementos clássicos como as cores de Almodóvar se fazem presentes, mas percebi uma nova forma de contar o drama, que me pareceu mais madura, emotiva e muito mais sóbria.
    Que saudade que eu estava de ver um filme do Almodóvar, um dos meus diretores preferidos, e poder bater no peito e dizer que amei!!

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  • Elisa Borges

    Que decepção. Fui assistir o filme com elevadas expectativas, em especial por considerar as boas avaliações diante de um tema que exige tamanha delicadeza. Confesso que depois que o filme acabou, comecei a chorar bastante, de raiva.

    Como se trata de uma adaptação de um mangá, já esperava uma série de problemas, como personagens mal desenvolvidos e as falhas inerentes à tentativa de abordar uma história extensa em um longa de pouco mais de 2 horas. Penso que foi um erro crasso tentar incluir tantos personagens e detalhes no filme, pois fica evidente que existe muito mais história por trás de tudo que acontece, o que é altamente frustrante.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    O falecimento da avó de Shouko

    e as personalidades de Ueno e Sahara são exemplos particularmente frustrantes, pois me pareceram questões relevantes que mereceriam melhor abordagem. E se essa abordagem não poderia ser feita adequadamente em virtude da limitação de tempo, penso que deveriam ter sido cortadas do filme. Pois bem, essas são apenas questões secundárias que me incomodaram.

    Afinal, de quem é essa "voz" a que o título se refere? Os únicos personagens cujo desenvolvimento é um pouco mais satisfatório são Ishida e Yuzuru, irmã mais nova de Shouko. Se a "voz" que se pretende abordar pertence a Shouko, por que não torná-la uma personagem mais complexa? Conferir mais camadas aos seus sentimentos? Era o mínimo que eu esperava: que o filme desse conta do enorme desafio que é retratar uma personagem portadora de uma deficiência e seu convívio com demais pessoas na infância e adolescência. Reconheço a coragem de falar sobre esse tema, assim como sobre depressão, bullying e suicídio. São temas que devem ser discutidos, e não silenciados. Todavia, dada sua seriedade e seu impacto sobre as pessoas, não se deve fazê-lo a qualquer custo, de forma leviana, apenas para torná-lo um tema vendável.

    Shouko é uma menina que se responsabiliza duramente por causar mal estar aos outros. E nenhum personagem dá conta de observá-la e tentar fazê-la compreender que isso está errado, o que me deixou inacreditavelmente puta da vida. Ainda, a incapacidade e a omissão dos adultos em ajudá-la é algo perturbador, que pode até servir como denúncia e questionamento, mas se foi essa a intenção creio que deveria ter ficado mais clara. Por exemplo, é MUITO grave um professor que se omite ao ver situações de extrema violência simbólica e física contra uma criança em situação de vulnerabilidade, e isso sequer foi devidamente problematizado para além do incômodo que causa ao espectador. Penso que apenas a irmã de Shouko, Yuzu (que, ao meu ver, é a única personagem interessante e muito cativante), teria o potencial de ajudá-la a se impor, mas era ainda muito nova pra exercer esse papel. A mãe de Shouko demonstra ser inflexível contra aqueles que lhe fizeram mal, mas ainda assim falha completamente em tentar protegê-la e ajudá-la. Mais ao final do filme, por exemplo,

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    quando Ueno começa a agredir Shouko (mais uma vez), a mãe parece priorizar agredir Ueno a proteger, acolher e cuidar da filha, que fica sentada no chão observando a cena

    . Sei que é possível compreender essa atitude, mas é mais uma cena em que Shouko é deixada de lado enquanto os demais discutem entre si, em vez de perguntarem a ela como ela está.

    Tem grande potencial a proposta de, depois de tudo, Ishida querer se aproximar de Shouko. Entendo que o sentimento que o motiva não é simplesmente culpa, e nesse ponto o filme consegue evitar uma relação altamente problemática e construir uma afetividade legítima entre os dois (se um eventual romance entre os dois é algo razoável já é outra história). Mas é impossível aceitar sem questionamentos que Shouko não sinta raiva daqueles que a trataram tão mal, mesmo entendendo que ela é uma pessoa que se culpa por isso e que não tem nenhum amor próprio para exigir um tratamento melhor, com respeito e afeto. O que me dá nos nervos, pois acho que a história deveria caminhar no sentido de torná-la mais forte para se defender e escolher as pessoas com quem ela deseja manter uma amizade verdadeira, destruindo aos poucos esse ódio que ela nutre contra si mesma. É algo muito complexo e delicado, e o filme não deu conta de fazê-lo, perpetuando-a como uma personagem passiva e romantizando esse "esforço" que ela faz pelos outros que, na verdade, é algo completamente autodestrutivo. E essa é, ao meu ver, a pior parte do filme. Não é um filme sobre superação e construção de laços, parece que ele apenas afirma a existência de pessoas autodestrutivas e fragilizadas psicologicamente, que frequentemente causam dano a si mesmas ou a outras pessoas. (Bem, se foi esse o objetivo da obra, podemos dizer que ele foi alcançado, mas é um objetivo medíocre e extremamente descuidado com um tema que exige cautela)

    Como ponto positivo, reconheço que o filme tem o mérito de não transformar Shouko apenas numa mera "vítima", digna de pena. Entretanto, tampouco logra conferir a ela todas as camadas necessárias para transformá-la na personagem que faria jus a sua aparente profundidade.

    Outra coisa que me irritou profundamente foi quando

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    Ishida, após sair do hospital, pede que Shouko o ajude a viver. Será que faz algum sentido pedir isso a uma pessoa que acabou de tentar suicídio?

    Não seria egoísmo ou insensibilidade demais? Me parece um sinal de que, mesmo após toda a história, Ishida é um personagem que não evoluiu e não conseguiu prestar atenção em Shouko, ouvi-la e compreender seus sentimentos a ponto de desenvolver mais cuidado e empatia por ela. Não acho ruim em si o filme focar mais no Ishida que na Shouko, nem colocá-lo como uma pessoa que também está sofrendo profundamente . Mas onde está a droga da "voz" de Shouko???? Quem ela é, para além de uma menina surda, autodestrutiva, que sofreu bullying e que gosta de dar pãozinho pros peixes? Além disso, não há no filme elementos suficientes para justificar por que diabos ela
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    desenvolve uma paixão por Ishida, o que pode ser uma falha inerente à adaptação de uma história extensa, mas se for para fazer algo tão precário e raso seria melhor nem colocar a cena da confissão.

    Por fim, apesar de ter achado o filme ruim e frustrante, recomendo que seja assistido, desde que com uma postura crítica e de autoavaliação dos sentimentos que ele nos causa. Não tenho convívio com pessoas que possuam deficiência auditiva, mas lidar com qualquer pessoa que esteja em situação de vulnerabilidade semelhante, por uma deficiência, por sofrimento mental, dentre outras, exige dedicação, sensibilidade, atenção e paciência amorosa. Ao meu ver, o filme passa longe de alcançar a profundidade do que isso significa, tanto para a pessoa quanto para aquelas que decidem acolhê-la, ou encontram dificuldades em fazê-lo.

    O "esforço" perigoso, autodestrutivo de Shouko não é problematizado. Ishida não evolui e não consegue encontrar essa "voz" de Shouko, que fica silenciada em meio a personagens autocentrados e insensíveis, com exceção de Yuzu. O bullying é evidenciado como algo muito grave, o que é fundamental, mas também é o mínimo que deveria ser feito.

    Atypical, uma excelente série cujo personagem principal, Sam, é diagnosticado dentro do espectro do autismo, consegue com impressionante delicadeza e profundidade abordar a temática, obtendo sucesso em todos os aspectos que Koe no Katachi falhou miseravelmente. Sam é um personagem complexo e em constante evolução, assim como aqueles que o cercam. Sua família enfrenta inúmeras adversidades e comete erros, mas também o fortalece, de modo que ele passa a ter cada vez mais autonomia para fazer suas escolhas e até mesmo para se relacionar amorosamente com alguém. Sam não é um personagem para se sentir pena ou que precisa ser salvo pelos demais, mas sim alguém para se admirar, sem romantizações, sem heroísmos, reconhecendo suas dificuldades e lançando luz à pessoa que existe ali. Uma pessoa que existe não APESAR de um transtorno ou uma deficiência, mas juntamente a isso, o que não o torna menor nem menos complexo que nenhuma outra pessoa. Assim como todos nós, Sam e Shouko precisam de força para enfrentar obstáculos, e, para isso, precisam de apoio e carinho. Entretanto, Shouko não encontra nem um milésimo desse apoio em sua história, de modo que o final me parece mais incerto e infeliz que qualquer outra coisa, uma vez que ela continua cercada por pessoas que não estão conseguindo ajudá-la (e por algumas apenas fizeram mal a ela o tempo inteiro).

    Ainda teria outras críticas pra fazer, mas acho que esse comentário já está extenso e foi suficiente pra acalmar um pouco minha raiva e minha vontade de espancar até a morte alguns personagens com um taco de beisebol (como a Ueda, desgraçada).

    Se alguém quiser conversar pra falar mal desse filme, pode me chamar que ficarei feliz, hahaha.

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