Eu, que nunca tive o menor interesse por basquete, me vi totalmente imerso na história. A história como um todo é extremamente interessante e cativante. Não bastando isso, a forma como tudo é contado é fabulosa, indo e voltando no tempo. Sem dizer as cenas dos jogos, focando na parte mais interna do jogo, nas particularidade mais humanas de cada jogador.
Estranhei bastante no começo, mas a partir do terceiro episódio entrei de cabeça na proposta. São discussões existenciais extremamente ricas e pertinentes. O mais difícil é conseguir assimilar bem os diálogos filosóficos com a parte visual, surrealista e psicodélica.
Tem alguns momentos piegas e clichês, mas me surpreendeu muito positivamente. Os personagens são bastante carismáticos e o enredo é o que eu espero de um filme de aventura/fantasia.
Uma grande ponte conecta dois pedaços de terra que, sem ela, seriam intransitáveis, senão pela água. Por ela todos os dias passam centenas de carros, de um lado a outro nesse fluxo interminável do cotidiano humano. Além da funcionalidade para a qual foi construída, a ponte Golden Gate é uma obra arquitetônica muito bonita, atraindo turistas para nela tirarem belas fotografias. Abaixo dela a baía de San Francisco, muito frequentada por praticantes de esportes aquáticos e passeios de barco. Olhando assim, a construção é um grande símbolo da cidade, representando as belezas e o turismo desse centro urbano. Mas não só.
A ponte é também tida como o lugar onde ocorrem o maior número de suicídios no mundo. Do ponto mais alto de onde uma pessoa pode pular até o mar são cerca de 75 metros. Um abismo que separa as pessoas que acabam por tirar as suas próprias vidas daquelas que nunca sequer cogitaram tal possibilidade. "Normal. Acontece o tempo todo", responde friamente um dos funcionários locais a uma turista desesperada ao ver pela primeira vez um salto em direção à morte. Da conexão de dois pontos de terra à segregação entre os suicidas e os 'normais', que seguem com indiferença após ver mais um corpo em direção à queda.
O documentário trata com muita imparcialidade um tema extremamente delicado. Não vi aqui julgamento algum, o que acho esperado para um documentário. É um relato frio e neutro de algo que não é nada discutido na sociedade. Vemos um olhar quase que de dentro, pelos relatos dos parentes e amigos próximos. Da dor da perda à incompreensão dos mais íntimos. Dos longos minutos encarando o abismo, as causas são múltiplas. Seria uma patologia da nossa sociedade, que pouco discute o tema e muito segrega pessoas não nela encaixadas?
*Achei a edição problemática, sendo por vezes confusa quanto sobre quem estava sendo comentado durante alguns momentos.
Poderia um regime ditador voltar a ocorrer em um país que já se libertou de uma ditadura? Seria possível a volta do nazismo, mesmo com os incontestáveis registros históricos provando seus malefícios?
O que parece impossível nos tempos atuais (o filme é de mais de 10 anos atrás, mas continua atual), na verdade é bem simples. A manipulação pela disciplina e o efeito de manada, de se desejar pertencer a um grupo, pode fazer um grupo odiar toda e qualquer pessoa que não pertença a esse grupo. Não necessariamente de forma racional.
Forma-se uma bolha de pertencimento e de falsa percepção da realidade. Ao mesmo tempo cria-se um inimigo distante, de fora da bolha. Quem é esse inimigo? Judeus? Anarquistas? Qualquer um que esteja de fora da bolha pode ser tido como inimigo, fortalecendo o espírito de grupo. Tudo começa como uma brincadeira e, quando vemos, tem uma massa de adolescentes idolatrando um mito.
Não dificilmente, toma-se uma nação. "O que é uma autocracia?", pergunta o professor. É uma forma de governo em que o poder é concentrado unica e exclusivamente na mão de quem governa. Então, como podes me dizer que estamos em uma ditadura se é do desejo da maioria?
Apesar da mensagem forte e necessária, que se faz presente, o filme contém vários clichês adolescentes, é pouco convincente em algumas partes e me sensibilizou muito pouco. No geral, um bom filme.
Uma experiência completamente imersiva. O filme me ofereceu algo diferente do que eu já vi sobre guerra, em especial a Primeira. Nada do romantismo e do heroísmo daquele que combate o inimigo com sua arma. Aqui, somos colocados dentro de uma situação de guerra na forma mais humana possível. O medo se faz muito presente nos detalhes. O concreto rachado e a madeira quebrada das construções abandonadas dizem muito sobre a guerra que ali passou, deixando apenas os vestígios da vida que ali existia.
O real se faz muito presente, por vezes me senti fazendo parte das cenas. O barulho das moscas sobre os cadáveres putrefatos, assim como os ratos à procura da carne morta. Os corpos, que não tiveram um enterro digno, perdidos e esquecidos na lama. Não há bravura, não há coragem, mas sim o desespero daquele que está no campo de batalha e não sabe qual será seu último suspiro de vida.
Com pouquíssimos cortes, o filme dá a impressão de que foi filmado de uma vez só, fortalecendo ainda mais o vínculo com a história. A fotografia magistral do Roger Deakins faz com que várias cenas sejam incrivelmente memoráveis, como pinturas executadas com primor. Somada a isso, a trilha sonora dá muito mais fluidez e traz toda a tensão necessária para fechar com chave de ouro a imersão na história.
A série me entrega algo que não encontrei em nenhuma outra. O que esperar de uma série sobre um comediante de stand-up, cuja vida não é lá muito cheia de graça? Apesar de todo o pessimismo da vida depois de já ter passado da "metade", podemos ver o trágico como cômico. Se, de uma forma ou de outra, estamos sempre vivenciando situações em que dá tudo errado, e isso é normal, por que então não rirmos disso?
Loveless é um filme fortemente inspirado pela filosofia de Zygmunt Bauman, abordando a fragilidade das relações humanas e a efemeridade dessas. O tom aqui é extremamente pessimista, não economizando críticas à sociedade atual, a qual é marcada pela apatia, pela falta de emoções e de sensibilidade com o próximo.
Os casamentos são mantidos, de fachada, pois a empresa em que o Boris trabalha contrata e mantém empregadas apenas pessoas casadas, de preferência com filhos. Reflexo de uma sociedade conservadora, que quer ver apenas a aparência, pouco ligando para a essência.
Em relação ao amor, é guiado pela necessidade física da relação sexual e pela incerteza, não sabemos até quando um "eu te amo" dura.
As relações entre pais e filhos são demostradas de forma doentia. Zhenya tem pouquíssimo contato com sua mãe, a qual vive esquecida num lugar pacato, sem saber utilizar seu smartphone e, por consequência, ficando isolada do mundo moderno. Vemos aqui o descaso, o esquecimento e a dificuldade que os idosos enfrentam em lidar com o mundo moderno.
Da mesma forma, Zhenya e Boris, uma vez que imersos na apatia e na dedicação ao trabalho, pouco conhecem o seu próprio filho, não sabem sobre suas relações, seus amigos, suas preferências e, tão menos, sobre suas emoções. O filho, Alyosha, uma criança/adolescente de 12 anos, é o símbolo da nova geração, que criada em meio a apatia e secura de seus pais, sofrem com a ausência do amor (loveless).
A utilização da tecnologia em detrimento das interações físicas é também muito criticada. Em um jantar, em um encontro, pessoas mais interessadas em checar as redes sociais e postar fotos do que estão fazendo do que aproveitar o momento e dedicar esse tempo ao companheiro que está presente em sua frente. Ou ainda, por que eu preciso te visitar, te dar um abraço, se podemos conversar pelo Skype? Estamos nos vendo, não estamos?
Para confirmar o tom pessimista, o final mostra os dois novos casais algum tempo depois, imersos em um relação cinza, sem amor. Um olhando para a televisão como que fitando o nada, o outro imerso no smartphone, ambos distantes um do outro. Boris não dando atenção ao seu novo filho, aliás, a cena em que ele pega a criança, tira da sala e "joga" no berço é fortíssima e relevante do que vemos na sociedade. Ou seja, nem mesmo acontecimentos como um divórcio ou a morte de um filho mudam a forma com que as pessoas se relacionam, tudo continua o mesmo, tudo se repete.
Novamente, um filme que demonstra a apatia humana, a falta de amor e a importância das aparências. Um filme muito relevante que deve ser visto.
Destacamento Blood
3.8 448 Assista AgoraA relação dessa obra com as músicas do Marvin Gaye, do álbum What's Going On, é simplesmente fantástica.
Faça a Coisa Certa
4.2 398Justiça a George Floyd e a tantos outros que morrem nas mãos das policias racistas, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
"Eu não sou contra o uso de violência em autodefesa. Nem sequer chamo de violência quando é autodefesa. Eu chamo de inteligência."
- Malcolm X
Arremesso Final
4.7 187 Assista AgoraEu, que nunca tive o menor interesse por basquete, me vi totalmente imerso na história. A história como um todo é extremamente interessante e cativante. Não bastando isso, a forma como tudo é contado é fabulosa, indo e voltando no tempo. Sem dizer as cenas dos jogos, focando na parte mais interna do jogo, nas particularidade mais humanas de cada jogador.
The Midnight Gospel (1ª Temporada)
4.5 455 Assista AgoraEstranhei bastante no começo, mas a partir do terceiro episódio entrei de cabeça na proposta. São discussões existenciais extremamente ricas e pertinentes. O mais difícil é conseguir assimilar bem os diálogos filosóficos com a parte visual, surrealista e psicodélica.
Jumanji: Bem-Vindo à Selva
3.4 1,2K Assista AgoraTem alguns momentos piegas e clichês, mas me surpreendeu muito positivamente. Os personagens são bastante carismáticos e o enredo é o que eu espero de um filme de aventura/fantasia.
A Ponte
4.0 301 Assista AgoraUma grande ponte conecta dois pedaços de terra que, sem ela, seriam intransitáveis, senão pela água. Por ela todos os dias passam centenas de carros, de um lado a outro nesse fluxo interminável do cotidiano humano. Além da funcionalidade para a qual foi construída, a ponte Golden Gate é uma obra arquitetônica muito bonita, atraindo turistas para nela tirarem belas fotografias. Abaixo dela a baía de San Francisco, muito frequentada por praticantes de esportes aquáticos e passeios de barco. Olhando assim, a construção é um grande símbolo da cidade, representando as belezas e o turismo desse centro urbano. Mas não só.
A ponte é também tida como o lugar onde ocorrem o maior número de suicídios no mundo. Do ponto mais alto de onde uma pessoa pode pular até o mar são cerca de 75 metros. Um abismo que separa as pessoas que acabam por tirar as suas próprias vidas daquelas que nunca sequer cogitaram tal possibilidade. "Normal. Acontece o tempo todo", responde friamente um dos funcionários locais a uma turista desesperada ao ver pela primeira vez um salto em direção à morte. Da conexão de dois pontos de terra à segregação entre os suicidas e os 'normais', que seguem com indiferença após ver mais um corpo em direção à queda.
O documentário trata com muita imparcialidade um tema extremamente delicado. Não vi aqui julgamento algum, o que acho esperado para um documentário. É um relato frio e neutro de algo que não é nada discutido na sociedade. Vemos um olhar quase que de dentro, pelos relatos dos parentes e amigos próximos. Da dor da perda à incompreensão dos mais íntimos. Dos longos minutos encarando o abismo, as causas são múltiplas. Seria uma patologia da nossa sociedade, que pouco discute o tema e muito segrega pessoas não nela encaixadas?
*Achei a edição problemática, sendo por vezes confusa quanto sobre quem estava sendo comentado durante alguns momentos.
A Onda
4.2 1,9KPoderia um regime ditador voltar a ocorrer em um país que já se libertou de uma ditadura? Seria possível a volta do nazismo, mesmo com os incontestáveis registros históricos provando seus malefícios?
O que parece impossível nos tempos atuais (o filme é de mais de 10 anos atrás, mas continua atual), na verdade é bem simples. A manipulação pela disciplina e o efeito de manada, de se desejar pertencer a um grupo, pode fazer um grupo odiar toda e qualquer pessoa que não pertença a esse grupo. Não necessariamente de forma racional.
Forma-se uma bolha de pertencimento e de falsa percepção da realidade. Ao mesmo tempo cria-se um inimigo distante, de fora da bolha. Quem é esse inimigo? Judeus? Anarquistas? Qualquer um que esteja de fora da bolha pode ser tido como inimigo, fortalecendo o espírito de grupo. Tudo começa como uma brincadeira e, quando vemos, tem uma massa de adolescentes idolatrando um mito.
Não dificilmente, toma-se uma nação. "O que é uma autocracia?", pergunta o professor. É uma forma de governo em que o poder é concentrado unica e exclusivamente na mão de quem governa. Então, como podes me dizer que estamos em uma ditadura se é do desejo da maioria?
Apesar da mensagem forte e necessária, que se faz presente, o filme contém vários clichês adolescentes, é pouco convincente em algumas partes e me sensibilizou muito pouco. No geral, um bom filme.
1917
4.2 1,8K Assista AgoraUma experiência completamente imersiva. O filme me ofereceu algo diferente do que eu já vi sobre guerra, em especial a Primeira. Nada do romantismo e do heroísmo daquele que combate o inimigo com sua arma. Aqui, somos colocados dentro de uma situação de guerra na forma mais humana possível. O medo se faz muito presente nos detalhes. O concreto rachado e a madeira quebrada das construções abandonadas dizem muito sobre a guerra que ali passou, deixando apenas os vestígios da vida que ali existia.
O real se faz muito presente, por vezes me senti fazendo parte das cenas. O barulho das moscas sobre os cadáveres putrefatos, assim como os ratos à procura da carne morta. Os corpos, que não tiveram um enterro digno, perdidos e esquecidos na lama. Não há bravura, não há coragem, mas sim o desespero daquele que está no campo de batalha e não sabe qual será seu último suspiro de vida.
Com pouquíssimos cortes, o filme dá a impressão de que foi filmado de uma vez só, fortalecendo ainda mais o vínculo com a história. A fotografia magistral do Roger Deakins faz com que várias cenas sejam incrivelmente memoráveis, como pinturas executadas com primor. Somada a isso, a trilha sonora dá muito mais fluidez e traz toda a tensão necessária para fechar com chave de ouro a imersão na história.
Louie (1ª Temporada)
4.3 42A série me entrega algo que não encontrei em nenhuma outra. O que esperar de uma série sobre um comediante de stand-up, cuja vida não é lá muito cheia de graça? Apesar de todo o pessimismo da vida depois de já ter passado da "metade", podemos ver o trágico como cômico. Se, de uma forma ou de outra, estamos sempre vivenciando situações em que dá tudo errado, e isso é normal, por que então não rirmos disso?
Sangue Negro
4.3 1,2K Assista AgoraPaul Thomas Anderson, Daniel Day-Lewis e Jonny Greenwood. Melhor trio!
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraFrieza desconfortável e inquietante.
Sem Amor
3.8 319 Assista AgoraLoveless é um filme fortemente inspirado pela filosofia de Zygmunt Bauman, abordando a fragilidade das relações humanas e a efemeridade dessas. O tom aqui é extremamente pessimista, não economizando críticas à sociedade atual, a qual é marcada pela apatia, pela falta de emoções e de sensibilidade com o próximo.
Os casamentos são mantidos, de fachada, pois a empresa em que o Boris trabalha contrata e mantém empregadas apenas pessoas casadas, de preferência com filhos. Reflexo de uma sociedade conservadora, que quer ver apenas a aparência, pouco ligando para a essência.
Em relação ao amor, é guiado pela necessidade física da relação sexual e pela incerteza, não sabemos até quando um "eu te amo" dura.
As relações entre pais e filhos são demostradas de forma doentia. Zhenya tem pouquíssimo contato com sua mãe, a qual vive esquecida num lugar pacato, sem saber utilizar seu smartphone e, por consequência, ficando isolada do mundo moderno. Vemos aqui o descaso, o esquecimento e a dificuldade que os idosos enfrentam em lidar com o mundo moderno.
Da mesma forma, Zhenya e Boris, uma vez que imersos na apatia e na dedicação ao trabalho, pouco conhecem o seu próprio filho, não sabem sobre suas relações, seus amigos, suas preferências e, tão menos, sobre suas emoções. O filho, Alyosha, uma criança/adolescente de 12 anos, é o símbolo da nova geração, que criada em meio a apatia e secura de seus pais, sofrem com a ausência do amor (loveless).
A utilização da tecnologia em detrimento das interações físicas é também muito criticada. Em um jantar, em um encontro, pessoas mais interessadas em checar as redes sociais e postar fotos do que estão fazendo do que aproveitar o momento e dedicar esse tempo ao companheiro que está presente em sua frente. Ou ainda, por que eu preciso te visitar, te dar um abraço, se podemos conversar pelo Skype? Estamos nos vendo, não estamos?
Para confirmar o tom pessimista, o final mostra os dois novos casais algum tempo depois, imersos em um relação cinza, sem amor. Um olhando para a televisão como que fitando o nada, o outro imerso no smartphone, ambos distantes um do outro. Boris não dando atenção ao seu novo filho, aliás, a cena em que ele pega a criança, tira da sala e "joga" no berço é fortíssima e relevante do que vemos na sociedade. Ou seja, nem mesmo acontecimentos como um divórcio ou a morte de um filho mudam a forma com que as pessoas se relacionam, tudo continua o mesmo, tudo se repete.
Novamente, um filme que demonstra a apatia humana, a falta de amor e a importância das aparências. Um filme muito relevante que deve ser visto.