Quando a Pixar entregou, anos atrás, possivelmente a melhor de suas produções – Divertida Mente (2015) – lembro-me de comentar sobre a incrível ambição do estúdio em alçar voos maiores do que já havia atingido, mesmo tendo uma filmografia que já beirava o irretocável. Esta impressão dava-se pela enorme criatividade e ousadia do estúdio ao elaborar histórias e universos absolutamente únicos e originais, sempre contadas com a usual magia Pixar, mesclando a competência técnica e criativa com o aspecto dramático de suas produções. E mais uma vez a Pixar ousa arriscar com Viva – A Vida é Uma Festa, que apesar de não ter mesma genialidade de algumas outras obras do estúdio, prova mais uma vez o quão especial e extraordinário é a mente de seus idealizadores.
Escrito por Lee Unkrich e Adrian Molina (que também assumem a direção), Viva acompanha Miguel, um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas que precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, Miguel acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.
Viva começa estabelecendo um cenário absolutamente “aconchegante” e muito mais mundano e próximo de nossa realidade (podendo tranquilamente, principalmente em sua parte inicial, ser um longa em live-action), retratando as ruas do México com enorme simplicidade, mas de uma, com o perdão do trocadilho, vida contagiante, onde cada uma das pessoas que se cruza nas ruas, denotam cicatrizes que a humilde vida lhes causou, com a mesma intensidade que aproveitaram cada um desses momentos. Em semelhante proporção também presenciamos a vida do garoto Miguel, um jovem apaixonado por música e radiante com um simples caminhar pelas pedregosas ruas mexicanas, mas que sucumbe ao precisar esconder e limitar seus sonhos para não decepcionar sua família. Notem como mais uma vez a Pixar decide atingir outras camadas, ampliando uma discussão sobre escolhas, pressão e o verdadeiro papel da família. Nesse ponto a viagem de Miguel, mais do que para o Mundo dos Mortos, é também para o seu próprio “Mundo Interno”, já que o garoto precisa aprender a lidar com as escolhas feitas por ele e pela própria família. Para construir esse ambiente, os diretores Lee Unkrich e Adrian Molina criam um mundo absolutamente fascinante, desenvolvendo uma lógica visual e conceitual extraordinária, ao estabelecer regras e estruturas bem claras e muito bem exploradas, como os brilhantes segmentos em que criam um raciocínio em que, caso uma pessoa seja esquecida pelo mundo do vivos, ela deixará de existir no mundo do mortos. Este conflito, aliás, reserva boa parte das mais fortes intensidades dramáticas do longa, onde o arco do personagem de Hector ganha tons mais profundos e tortuosos sobre o destino dos personagens centrais – mesmo que o filme escorregue consideravelmente em algumas resoluções finais, ligeiramente esquemáticas e convenientes ao roteiro, e com soluções não tão inspiraras como sua plote.
Permito-me também realizar uma analogia da vida do garoto Miguel regida por sua paixão, a música. Notem como o protagonista considera cada tom musical como algo substancial para sua existência, não medindo esforços para que aquele sentimento transcendente, que apenas a música consegue exalar, possa fazer parte de sua vida – e isso para um apaixonado por música, como eu, é tocante. Assim, o caminho trilhado por Miguel na busca pelo mito de Ernesto de La Cruz representa sem sombras de duvidas um mundo de descobertas da juventude, onde presenciamos e experimentamos os mais diversos sentimentos, escolhas, vislumbres e decepções – algo que se concilia bastante com Divertida Mente.
Pisando no mundo dos mortos com o intuito de celebrar a vida, Viva – A Vida é Uma Festa é mais uma experiência única entregue pela Pixar, desenhada com tons inteiramente humanos e reais sob a perspectiva psicológica de seus protagonistas. E se existe algo que certamente celebra a vida na sua máxima potência é a música, cinema e família, o pacote completo e imenso de paixão mais uma vez entregue pela Pixar.
Todo e qualquer obra de arte que se propõe, mesmo que minimamente, a discutir o papel da Arte já se revela uma substância de estudo e aprofundamento essencial para quem tanto vive e se saboreia com suas nuances e perspectivas criadas, ou seja, nossas leituras, vivências e experiências particulares. Procurar entender o que representa a Arte e como ela pode ou não servir como exposição de ideias ou reflexões é, na verdade, encará-la como algo único na visão de cada um. E isso a transforma numa partitura que será interpretada e saboreada de maneira ímpar. Neste ponto de vista ouso dizer que O Rei do Show levanta duas camadas de discussões sobre o papel da Arte, uma mais evidente e outra mais oculta – em sua própria proposta. E começarei a discutir por essa última.
P.T. Barnum foi uma controversa e polêmica personalidade, possuindo em seu currículo diversas alegações das próprias falcatruas evidenciadas pelo longa, mas também de mal tratos a animais (algo meio intrínseco ao submundo do Circo em seus primórdios). Mas como de praxe, o longa-metragem tende a fantasiar a história e deixar tais pontos polêmicos de lado, trazendo em meu ponto de vista de maneira mais oculta uma discussão sobre qual de fato é o papel da Arte. Ela deve ser um retrato fiel da personalidade a quem se refere? Ou possui certa licença poética para construir e alterar a essência e/ou característica de uma história ou pessoa?
Quem me acompanha aqui no blog sabe que as mensagens do filme e o que representa como análise social e política sempre me encantam, pois como sempre frisei, esse é a Arte sendo explorada em sua máxima potência. Portanto, quando O Rei de Show, uma obra de fantasia e não um documentário, deixa de lado pontos polêmicos de seu protagonista e os substitui por discussões dramáticas, filosóficas e sociais importantíssimas, inserindo uma abordagem apaixonante e romancista, não posso deixar de entender que a Arte fez o seu papel: Pegou uma história controversa e a transformou em objeto de estudo e reflexão positiva para o espectador.
Umas das verdades que acompanha desde sempre o Ser Humano é o poder da intolerância. O desconhecido sempre é pior. O diferente merece ser julgado e maltratado. Sempre foi assim, e mesmo que diariamente – parte pequena da sociedade – lute pela igualdade e por cada um cuidar do seu próprio nariz, ainda presenciamos o preconceito enrustido contra homossexuais, transexuais, pobres, negros e qualquer outro segmento que não seja o majoritário. Dessa forma, a análise que o longa-metragem propõe, não se baseia nas visões do seu protagonista e sim na do diretor Michael Gracey – e notem como o crítico vivido pelo ator Paul Sparks é um interlocutor preciso de Gracey, ao contestar as atitudes, interpretações e reais alcances de P.T. Bauman.
Escrito por Bill Condon (diretor de A Bela e a Fera e roteirista dos musicais Chicago e Dreamgirls – Em Busca do Sonho) e Jenny Bicks (Rio 2), o musical acompanha P. T. Barnum (Hugh Jackman), um showman que tem uma tendência natural de enganar seu público, decide montar um circo na esperança de ficar famoso. Durante sua saga há ainda uma importante questão pendente em sua vida, uma paixão cega pela cantora Jenny Lind (Rebecca Ferguson).
Gracey emprega uma energia altamente vigorosa, fazendo disso seu grande trunfo, que se concilia com as belíssimas e deliciosas canções, compostas pelos vencedores do Oscar por La La Land (Benj Pasek e Justin Paul) e com coreografias simples, mas de dinâmica poderosa. Gracey ainda pincela as elipses que servem como passagem de tempo, como o momento da gravidez da personagem de Michelle Williams, de forma elegante e delicada. Percebam também como o diretor de fotografia Seamus McGarvey utiliza cores fortes e vibrantes, estampando aquele cenário quase como uma fábula teatral, enfatizando novamente o caráter fantasioso da obra – onde voltamos a discussão levantada no início desta análise.
Tematicamente, portanto, o Rei do Show consegue encaixar a discussão que se propõe com passagens poderosas e músicas intensas, de melodia e composição belíssimas, transformando uma controversa história numa fantasia quase cartunesca, mas essencialmente potente e densa em sua discussão. E se tem algo que uma verdadeira obra de arte sabe fazer é propor um debate, e O Rei do Show faz isso com um sentimento contagiante.
Uma das características que mais me surpreendem no diretor Christopher Nolan é a forma e versatilidade com que seus filmes são construídos, sem se prender necessariamente a uma fórmula pré-estabelecida que serviria como um Norte para suas produções. Percorrendo, portanto, sua filmografia, presenciamos linguagens e abordagens absolutamente distintas entre si, que transformam assim, definitivamente, como um cineasta de visão estética e sensorial abrangente, captando com precisão o que de fato julga necessária em suas obras, ou seja, o drama? A tensão? O suspense? A estética? Os personagens?.
Em Dunkirk, Nolan mais uma vez instala uma linguagem e proposta ímpar em sua filmografia, retratando a Guerra e o episódico momento da retirada dos soldados britânicos da praia de Dunkirk como uma amostra realística e aterrorizante do poder massacrante do conflito e qual a devastadora e impecável trajetória daquele evento. Escrito pelo próprio Nolan, Dunkirk acompanha a Operação Dínamo, mais conhecida como a Evacuação de Dunkirk, onde soldados aliados da Bélgica, do Império Britânico e da França são rodeados pelo exército alemão e devem ser resgatados durante uma feroz batalha no início da Segunda Guerra Mundial. A história acompanha três momentos distintos: uma hora de confronto no céu, onde o piloto Farrier (Tom Hardy) precisa destruir um avião inimigo, um dia inteiro em alto mar, onde o civil britânico Dawson (Mark Rylance) leva seu barco de passeio para ajudar a resgatar o exército de seu país, e uma semana na praia, onde o jovem soldado Tommy (Fionn Whitehead) busca escapar a qualquer preço.
Ao dividir o longa em três linhas narrativas, Nolan reafirma novamente sua genialidade ao intercalá-las e confundi-las constantemente, já que por se passarem em tempos cronologicamente distintos, posicionam-se como campos observatórios de ângulos multifacetados de uma Guerra, o que transforma a epopeia de Nolan ainda mais complexa e brilhante. Mas percebam que o diretor busca, dessa forma, retratar uma característica real da Guerra, onde o aspecto político e estratégico não entra no campo de batalha nas mãos dos soldados que se enfrentam. A única luta é simplesmente sobreviver. Dessa forma não serão poucas as vezes que Dunkirk tirará o fôlego do espectador, ao mergulhar, muitas vezes literalmente, quem assiste numa série de bombardeios, tiroteios e na iminência em ser capturado pelo lado inimigo.
Nolan utiliza todas as ferramentas possíveis para enclausurar o espectador em cada avião e barco retratado no longa, utilizando inúmeras vezes uma câmera fechada, com cortes violentos e rápidos, que transcendem o desespero dos soldados, contrapondo-se com tomada aéreas incríveis, que denotam o posicionamento estratégico das tropas, assim como a localização e dificuldade de salvação dos soldados, que novamente são enfatizadas pela trilha sonora de Hans Zimmer.
Notem como Nolan faz questão de, em momento algum, aprofundar seus personagens, o que a primeira vista seria algo absurdo e condenável, mas que serve, na verdade, para descentralizar e desumanizar a Guerra, afinal, naquele ambiente, suas motivações, crenças e ideais simplesmente não importam. O objetivo não é avançar ou conquistar um território, mas sim chegar vivo ao final daquele dia.
Dunkirk não é propriamente uma obra fácil de ser digerida, mas propondo-se a abordar a Guerra pura e simplesmente como uma batalha de sobrevivência, Christopher Nolan opta em desenha-la com seu senso estético arrebatador, retratando-a sombriamente e desesperadoramente, onde recuperar o fôlego é a única saída para quem assiste.
Star Wars: Episódio VIII é um filme que, ao contrário do restante dos episódios da saga, deve ser digerido e entendido em sua plenitude após uma leitura um pouco mais densa a respeito das camadas alcançadas pela obra. Não que Os Últimos Jedi seja complexo em sua estrutura ou temática propriamente dita, mas sim por buscar trilhar um caminho não habitual a Star Wars, parecendo, inclusive, durante inúmeras vezes nem mesmo ser um ‘filme de Star Wars’. Lembro-me de comentar sobre o excelente O Despertar da Força e ressaltar sobre a importância da essência da saga ser resgatada, numa obra que servia praticamente como uma atualização de Uma Nova Esperança. Dessa forma foi com certo temor que fui notando algumas escolhas trilhadas pelo diretor Rian Johnson, mas que ao serem clareadas, mostraram-se justificáveis, já que aquele clima de Star Wars que tanto apaixonou os fãs, sofrera, na verdade, uma necessária metamorfose.
Acontece que Johnson, responsável pelos espetaculares A Ponta de Um Crime e Looper – Assassinos do Futuro, trouxe uma nova dinâmica e rumo a Star Wars, mergulhando a saga num clima mais denso e sombrio, envolvendo sua gama de personagens numa teia dramática, social, política e bélica, com pinceladas artísticas, jamais alcançadas paralelamente pela série – o que poderá causar certa estranheza (o meu caso) ou até mesmo afastar determinado público.
Em Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi, após encontrar o mítico e recluso Luke Skywalker (Mark Hammil) em uma ilha isolada, a jovem Rey (Daisy Ridley) busca entender o balanço da Força a partir dos ensinamentos do mestre Jedi. Paralelamente, o Primeiro Império de Kylo Ren (Adam Driver) se reorganiza para enfrentar a Aliança Rebelde.
A primeira grande camada que devemos ressaltar no longa é como Johnson conseguiu explorar dramaticamente seus personagens com ainda mais intensidade, fazendo deles sem dúvida alguma a grande força motriz de Os Últimos Jedi. Notemos como Rey, Kylo Ren e Poe Dameron possuem arcos narrativos mais bem costurados e explorados nesse último episódio, da mesma forma que antigos personagens como Luke e Leia não são esquecidos, e recebem a devida e louvável atenção.
Os Últimos Jedi começa do ponto final de O Despertar da Força, algo até então inédito na saga, dando continuidade aos arcos levantados anteriormente, preparando um desfecho final e desenvolvendo novos – e velhos – personagens. Percebam que o manuseio que Rian Johnson deve fazer de tantos arcos, plotes e desenvolvimentos simultaneamente é crucial, como se um cirurgião precisasse operar ao mesmo tempo a cabeça, coração e coluna. E Johnson ainda possui um apreço estético e artístico apurado, como já demonstrado em sua filmografia, o que torna a tarefa ainda mais minuciosa e perigosa para o resultado final. Portanto ‘coragem’ talvez seja o termo que melhor represente Episódio VIII, em todos os aspectos possíveis. Notem como Os Últimos Jedi apresenta arcos narrativos que vão subindo, degrau a degrau, sempre avançando a obra tematicamente ou em posicionamento. Assim, mesmo uma sidequest a princípio irrelevante e desnecessária – do cassino – torna-se essencial para desenvolver o aspecto social: Externado pelo diálogo entre os personagens de John Boyega e Kelly Marie Tran; E político e de crítica bélica notória, representado pelo personagem de Benício Del Toro. Portanto Rian Johnson fundamenta uma base estrutural repleta de características dramáticas, sem deixar de lado a ação – assim como Rogue One, transformando-o num “filme de Guerra”, que enriquecem grandiosamente o universo de Star Wars, mas que ergue e traz como centro fundamental da nova saga, a Força, tratando-a com o devido cuidado e magnitude, contornando assim uma profundidade entre Luz x Lado Sombrio e o equilíbrio necessário para que esta transcorra por cada um dos personagens como uma energia que guia o universo.
Ao mesmo tempo que Episódio VIII busca alcançar novos caminhos, procura também restabelecer ainda com mais intensidade a dualidade entre os dois espectros do bem e do mal, aqui caracterizado pelos personagens de Rey e Kylo Ren, que ainda mais bem desenvolvidos, e com conflitos humanos que procuram se equilibrar numa linha tênue que separa ambos os lados, constroem a real essência do novo caminho traçado em Star Wars. Portanto sim, Star Wars: Episódio VIII é sim um ‘filme de Star Wars’, justamente por entender o que de mais significativo e poderoso existia até hoje em toda a série. Porque mais do que luta de sabres e guerras espaciais, Star Wars é uma saga sobre a Força, e a filosófica batalha que a Luz e Escuridão travam incessantemente em cada ser vivo que habita a galáxia tão tão distante.
Consegue a proeza de ser pior que Batman vs Superman. Trama ridícula, diálogos patéticos e montagem tenebrosa. Horrível. (Esse comentário foi pago pela Marvel).
É clichê? Sim. O filme se preocupa com isso? Não. E funciona oras bolas. O Sétimo Filho não tem vergonha em assumir-se como uma aventura básica de RPG, fazendo com que os eficientes efeitos visuais sejam utilizados a favor da trama. Diferente de certos que filmes que se acham mais espertos do que realmente são e arrastadamente verborrágicos (cadê o Anel?) a produção baseada nos livros de Joseph Delaney (As Aventuras do Caça-Feitiço) entrega o que propõe, servindo como um interessante e eficiente passatempo.
O ato final, graças a um roteiro com excesso de “brilhantismo”, acaba atrapalhando consideravelmente o resultado final, mas Jamie Babbit se apoia com enorme inteligência na dinâmica da dupla principal, em acertadas interpretações de Agnes Bruckner e Madeline Zima, que sustentam todo o longa e compensam os excessos da produção.
Gosto quando filmes sabem muito bem sobre suas limitações, sobretudo não sendo grandes produções, e não buscam alcançar nada mais do que um eficiente passatempo. E esse Sombras da Justiça é um exemplo que comprova essa afirmação. Simples, sem muitas firulas ou falsas complexidades do roteiro, o longa cria um 'suspensinho' interessante em uma competente condução do diretor Brian Miller.
Às vezes é bem complicado analisar uma obra tão presa tecnicamente e conceitualmente à época em que foi lançada, e esse Poltergeist deixa bem claro que muitos conceitos utilizados pelo diretor Tobe Hooper dependiam excessivamente dos efeitos visuais, hoje consideravelmente ultrapassados, principalmente em um terror que não preza pela sutileza. Com tudo, Poltergeist reúne uma das maiores cenas de terror – a falecida atriz Heather O’ Rourke olhando para a estática de sua TV com as mãos na tela – e o interessante roteiro de Steven Spielberg, Michael Grais e Mark Victor é base para construção de um cenário tenso, momentos icônicos e interessantes escolhas visuais do diretor.
Gregory Hoblit desenvolve um cenário consistente e consegue traduzir a dinâmica dos personagens centrais e os aspectos judiciais do assassinato com desenvoltura, caminhando cuidadosamente a respeito da natureza de cada, sobretudo em Aaron, na minimalista e exuberante performance de Edward Norton.
Tendo toda liberdade criativa, Ang Lee constrói uma fábula como plano de fundo lírico para a construção (e desconstrução) do trio de protagonistas, e com sua usual habilidade balanceia (com exceção do dispensável flashback na metade do filme) momentos emocionantes com inúmeras sequencias tecnicamente irrepreensíveis.
Não me lembro exatamente qual foi a primeira vez que escutei alguma música do Motörhead (essa trema (¨) em cima do “o” sempre me irritou, diga-se de passagem), provavelmente tenha sido apresentado por meu primo Luiz Paulo, ou talvez vagando pelos escombros da internet em meados dos anos 2000-e-qualquer coisa. Quando escutei pela primeira vez achei uma coisa absolutamente estranha. Que porra é essa? Porque o cara está com essa voz tão rouca? Porque os caras estão tocando um punk tão diferente?
Com o passar do tempo e o amadurecimento musical, fui aos poucos escutando cada vez mais diferentes estilos do Rock e o Motörhead era aquele que sempre estava presente em referências a uma caralhada de bandas e estilos que surgiram posteriormente na estrada do Rock. O primeiro trabalho, ‘Motörhead’ de 1977, um álbum muito bom, mas bem diferente da imagem que possuímos hoje da banda. Mas foi pouco tempo depois que fundamentalmente o Motörhead cravou seu nome na história do Rock com a trinca de ouro em um intervalo de dois anos: Overkill, Bomber e Ace of Spades. Aqueles três álbuns mudariam para sempre a história do Rock’n’Roll.
Para quem acompanha outras vertentes do Rock, sabe que sem o Motörhead e Black Sabbath (Judas Priest em menor escala) o Trash, Black e Death Metal jamais existiriam (entre outras diversas influencias a diversos outros estilos) e o próprio Ozzy Osbourne diz não saber exatamente se o próprio Heavy Metal se iniciou com o Sabbath ou Motörhead.
E foi neste dia 28 de Dezembro de 2015 que o Motörhead acabou encerrou suas atividades. Porque grandes bandas jamais acabam ou deixam de existir. Mas o Motörhead encerra suas atividades da melhor forma possível que Lemmy poderia querer: Lançando um álbum novo e realizando turnês por todo o mundo. Na ativa! Compondo músicas novas e boas. E Lemmy, que já vinha enfrentando problemas de saúde graves (recentemente teve que cancelar um show em São Paulo, no Monsters of Rock) possivelmente morreria feliz em duas hipóteses: Morrer no palco ou jogando vídeo game. A segunda ganhou.
“A morte é inevitável, não é? Você fica cada vez mais propenso à ela quando atinge a minha idade. Não me preocupo com isso. Estou pronto para morrer. Quando eu for, quero ir fazendo o que eu faço melhor. Se eu morrer amanhã, não posso reclamar. Minha vida foi boa.”
Diagnosticado com um câncer terminal no cérebro dois dias antes do fatídico 28 de Dezembro de 2015, Lemmy faleceu enquanto jogava videogame ao lado de sua família.
O que nos traz a essa homenagem do blog a um dos maiores ícones da música, relatada no excelente documentário de 2010, Lemmy, de Greg Olliver e Wes Orshoski. Acompanhando o dia a dia absolutamente simples do vocalista, a dupla de diretores busca estabelecer fundamentalmente a incrível e rotineira vida de Lemmy, assim como sua direta influência em diversos ícones do Rock, como Lars Ulrich, Kirk Hammett e James Hetfield (Metallica); Dee Snider (Twisted Sister); Dave Navarro (Jane’s Addiction); Nikki Sixx (Mötley Crüe); Duff McKagan, Slash e Matt Sorum (Guns N’ Roses); Joan Jett; Mike Inez (Alice in Chains); Dave Grohl (Foo Fighters e Nirvana); Alice Cooper; Scott Ian (Anthrax), Steve Vai dentre muitos outros. Olliver e Orshoski captam toda influência direta que Lemmy teve na vida destes músicos que acabaram originando grandes bandas que fomentaram ainda mais o caminho do Metal e outros estilos, assim como o famoso Big Four (of Thrash), composto por Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax, fruto direto do icônico vocalista, que poliu e fincou o estilo definitivamente.
Dessa forma, é inteligente por parte do documentário percorrer um caminho diferente do esperado, ao invés de contar a história de Lemmy, sua infância, a criação do Motörhead, grandes sucessos e crises, o documentário busca aprofundar e humanizar a Lenda. O pequeno apartamento de Lemmy é um amontoado de recordações, presentes de fãs, discos de platina, ouro, bonecos, chapéus e tudo que fazia importância para o vocalista. E quando perguntado porque não se mudar para um lugar maior, ele deixa claro: “Me sinto bem aqui. E é mais barato”.
Sendo assim, ver Lemmy jogando o vídeo game Rainbow no canto de um bar enquanto bebe coca cola com uísque é icônico para a figura do baixista e vocalista do Motörhead.
Porque Lemmy, mais do que líder de uma das maiores bandas do Rock, era uma Figura do Rock. Sua personalidade, a barba, o chapéu, as botas, o jeito de se vestir, tudo compunha a figura de um ícone, de uma lenda. Então mais do que o grande líder de comprovadamente uma das maiores e mais influentes bandas do Rock, Lemmy era um autêntico emblema do Rock’n’Roll. Seu estilo de cantar, o peso na sonoridade de seus shows e álbuns, as composições nas letras de suas canções, as rimas, o visual, a atitude e por fim a simplicidade de como levar a vida conturbada de um rockstar.
E Lemmy consegue capturar a essência da figura título: Como um inglês de bota, uma barba estranha e chapéu conseguiu com sua atitude e simplicidade escancarar a porta para um estilo de música que surgia junto com cada acorde composto pelo Motörhead. E se hoje conseguimos entender o Rock’n’Roll como o mais vasto, amplo e diversificado dos gêneros musicais, muito se deve a figura de Lemmy que nos deixou nesse final de 2015.
Alongar e encontrar mais palavras para descrever a importância de Lemmy e o Motörhead na Música é impossível, dessa forma só resta reconhecer seus intensos 70 anos de vida, ascendendo um cigarro, brindando com um Jack Daniels com Coca Cola, estufando o peito e continuar ecoando suas músicas por toda eternidade: O Rock ‘N Roll vai salvar sua alma, dê-me em voz alta e livre, deixe-me ouvi-lo até o fim do tempo, provocar arrepios de cima para baixo em sua coluna, é a única maneira de voar que conhecemos! Born to Lose! Live to Win Lemmy! Missão cumprida!
Emocionante, bem conduzido, com uma belíssima trilha sonora e repleto de grandes atuações de Reeve, Plummer e da belíssima Jane Seymour, Em Algum Lugar do Passado tem uma trama simples – e todas que envolvem viagens no tempo sempre terão seus pequenos furos – mas com uma fluidez invejável, graças as acertadas escolhas de Jeannot Szwarc desenvolvendo sua história com incrível sensibilidade, transformando este pequeno filme em um clássico romance esquecido.
Ao menos tenta se reinventar um pouco – bem pouco – dando algum tipo de “tom investigativo” (tanto que a sequência na Rússia, com ares de Missão: Impossível, é a melhor parte do filme), mas escorrega mais uma vez em um fraco clímax (idêntico ao do segundo filme) e principalmente no excesso de uso digital nas sequências de ação.
O conto de Edgar Allan Poe parece ser interessante, e talvez se produzido por realizadores mais competentes daria um bom filme, porque esse Refúgio do Medo tem um roteiro preguiçoso, não se preocupando em desenvolver pontos primordiais para a criação do suspense, assim como a direção pálida de Brad Anderson não ajudar a criar um clima de tensão minimamente necessário.
É um filme leve que consegue explorar de maneira eficiente a dinâmica de montagem e criatividade das peças de Lego, inserindo-as ao contexto do filme, mesmo que esbarre de modo geral na trama excessivamente simplista.
A montagem de intercalar linhas temporais é inteligente ao estabelecer um ritmo eficiente ao mesmo tempo que reflete sobre a passagem do tempo e a transformação de um relacionamento. Sem se render ao melodrama barato ou a exageros (com exceção dos discursos de Didier em frente a TV e no palco) Alabama Monroe conta com grandes atuações de Veerle Baetens e Johan Heldenbergh, uma trilha sonora marcante e momentos dramaticamente pesados e poderosos.
Zemeckis em uma direção espetacular, substancialmente nas sequências no mar, explora ao máximo a tensão da situação, além de criar passagens emblemáticas (como a famosa bola Wilson). Atuação memorável de Tom Hanks complementa o sucesso de Náufrago.
Top Gun é muito preso a sua época, portanto, mesmo que Tony Scott consiga filmar com agilidade às sequências aéreas, assim como explore uma intensa fotografia, a briguinha birrenta (uma regra dos anos 80) entre os personagens de Kilmer e Cruise é infantil, mal desenvolvida e maléfica a condução da trama central, diminuindo consideravelmente um aprofundamento mais maduro e necessário ao personagem de Tom Cruise. Mas como aventura funciona relativamente bem.
Paul Verhoeven se apoia em um ritmo frenético, incrementado-o com sua usual habilidade em criar cenas espetaculares em um cenário devastador, sanguinolento e satírico, preocupando-se em explorar de maneira criativa as entrelinhas da Guerra e a posição do incentivo midiático a violência, algo já explorado em Robocop, e aqui elevado a um patamar ainda mais fluente para construção da trama de um espetacular filme de ação.
Clooney perde a mão desastrosamente em um filme absolutamente desinteressante, pessimamente conduzido – o ritmo é lamentável e o roteiro é completamente superficial, não se preocupando nem ao menos em desenvolver um mísero personagem (não nos importamos tanto com as ditas obras-primas e muito menos com os tais caçadores). Ate mesmo a inexplicável trilha sonora inacreditavelmente(!) cômica do ótimo Alexandre Desplat atrapalha.
Stephen Hopkins consegue manter o nível do antecessor, empregando um grande clima de tensão, substituindo o caráter de ação por um suspense de enorme qualidade ao criar uma ambientação propícia para explorar o Predador na cidade e o conflito envolta do personagem de Glover.
Infelizmente encarado de forma despretensiosa e subestimada, 47 Ronins é uma aventura irretocável: Épico, conduzido cautelosamente pelo diretor Carl Rinsch – que investe em tomadas aéreas espetaculares, sequências de ação bem conduzidas, além de dialogar intrinsecamente com um design de produção fabuloso – transformando assim sua produção em uma grande e espetacular epopeia, de deixar muitos “filmes grandes” e renomados por aí com vontade de realizar Seppuku, já que não alcançam nem metade do conseguido por 47 Ronins. Possui todos os elementos necessários, e absolutamente ciente de suas pretensões, que tornam-no capaz de corresponder grandiosamente muito além do esperado. Filmaço.
A relação entre os personagens de Benicio Del Toro e Halle Berry (mais uma vez em atuação comprometedora) é muito mal desenvolvida, deixando lacunas inacreditáveis de desenvolvimento de personagem, acerca fundamentalmente de extrair ao máximo os motivos – racionais ou emocionais – para que aqueles personagens percorram a jornada estabelecida pelo roteiro. Portanto, além de racionalmente inverossímil, a relação de ambos é também emocionalmente rasa e pessimamente arquitetada.
Viva: A Vida é Uma Festa
4.5 2,5K Assista AgoraQuando a Pixar entregou, anos atrás, possivelmente a melhor de suas produções – Divertida Mente (2015) – lembro-me de comentar sobre a incrível ambição do estúdio em alçar voos maiores do que já havia atingido, mesmo tendo uma filmografia que já beirava o irretocável. Esta impressão dava-se pela enorme criatividade e ousadia do estúdio ao elaborar histórias e universos absolutamente únicos e originais, sempre contadas com a usual magia Pixar, mesclando a competência técnica e criativa com o aspecto dramático de suas produções. E mais uma vez a Pixar ousa arriscar com Viva – A Vida é Uma Festa, que apesar de não ter mesma genialidade de algumas outras obras do estúdio, prova mais uma vez o quão especial e extraordinário é a mente de seus idealizadores.
Escrito por Lee Unkrich e Adrian Molina (que também assumem a direção), Viva acompanha Miguel, um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas que precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, Miguel acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.
Viva começa estabelecendo um cenário absolutamente “aconchegante” e muito mais mundano e próximo de nossa realidade (podendo tranquilamente, principalmente em sua parte inicial, ser um longa em live-action), retratando as ruas do México com enorme simplicidade, mas de uma, com o perdão do trocadilho, vida contagiante, onde cada uma das pessoas que se cruza nas ruas, denotam cicatrizes que a humilde vida lhes causou, com a mesma intensidade que aproveitaram cada um desses momentos. Em semelhante proporção também presenciamos a vida do garoto Miguel, um jovem apaixonado por música e radiante com um simples caminhar pelas pedregosas ruas mexicanas, mas que sucumbe ao precisar esconder e limitar seus sonhos para não decepcionar sua família. Notem como mais uma vez a Pixar decide atingir outras camadas, ampliando uma discussão sobre escolhas, pressão e o verdadeiro papel da família. Nesse ponto a viagem de Miguel, mais do que para o Mundo dos Mortos, é também para o seu próprio “Mundo Interno”, já que o garoto precisa aprender a lidar com as escolhas feitas por ele e pela própria família.
Para construir esse ambiente, os diretores Lee Unkrich e Adrian Molina criam um mundo absolutamente fascinante, desenvolvendo uma lógica visual e conceitual extraordinária, ao estabelecer regras e estruturas bem claras e muito bem exploradas, como os brilhantes segmentos em que criam um raciocínio em que, caso uma pessoa seja esquecida pelo mundo do vivos, ela deixará de existir no mundo do mortos. Este conflito, aliás, reserva boa parte das mais fortes intensidades dramáticas do longa, onde o arco do personagem de Hector ganha tons mais profundos e tortuosos sobre o destino dos personagens centrais – mesmo que o filme escorregue consideravelmente em algumas resoluções finais, ligeiramente esquemáticas e convenientes ao roteiro, e com soluções não tão inspiraras como sua plote.
Permito-me também realizar uma analogia da vida do garoto Miguel regida por sua paixão, a música. Notem como o protagonista considera cada tom musical como algo substancial para sua existência, não medindo esforços para que aquele sentimento transcendente, que apenas a música consegue exalar, possa fazer parte de sua vida – e isso para um apaixonado por música, como eu, é tocante. Assim, o caminho trilhado por Miguel na busca pelo mito de Ernesto de La Cruz representa sem sombras de duvidas um mundo de descobertas da juventude, onde presenciamos e experimentamos os mais diversos sentimentos, escolhas, vislumbres e decepções – algo que se concilia bastante com Divertida Mente.
Pisando no mundo dos mortos com o intuito de celebrar a vida, Viva – A Vida é Uma Festa é mais uma experiência única entregue pela Pixar, desenhada com tons inteiramente humanos e reais sob a perspectiva psicológica de seus protagonistas.
E se existe algo que certamente celebra a vida na sua máxima potência é a música, cinema e família, o pacote completo e imenso de paixão mais uma vez entregue pela Pixar.
(CINEMMASTER)
O Rei do Show
3.9 897 Assista AgoraTodo e qualquer obra de arte que se propõe, mesmo que minimamente, a discutir o papel da Arte já se revela uma substância de estudo e aprofundamento essencial para quem tanto vive e se saboreia com suas nuances e perspectivas criadas, ou seja, nossas leituras, vivências e experiências particulares. Procurar entender o que representa a Arte e como ela pode ou não servir como exposição de ideias ou reflexões é, na verdade, encará-la como algo único na visão de cada um. E isso a transforma numa partitura que será interpretada e saboreada de maneira ímpar.
Neste ponto de vista ouso dizer que O Rei do Show levanta duas camadas de discussões sobre o papel da Arte, uma mais evidente e outra mais oculta – em sua própria proposta. E começarei a discutir por essa última.
P.T. Barnum foi uma controversa e polêmica personalidade, possuindo em seu currículo diversas alegações das próprias falcatruas evidenciadas pelo longa, mas também de mal tratos a animais (algo meio intrínseco ao submundo do Circo em seus primórdios). Mas como de praxe, o longa-metragem tende a fantasiar a história e deixar tais pontos polêmicos de lado, trazendo em meu ponto de vista de maneira mais oculta uma discussão sobre qual de fato é o papel da Arte. Ela deve ser um retrato fiel da personalidade a quem se refere? Ou possui certa licença poética para construir e alterar a essência e/ou característica de uma história ou pessoa?
Quem me acompanha aqui no blog sabe que as mensagens do filme e o que representa como análise social e política sempre me encantam, pois como sempre frisei, esse é a Arte sendo explorada em sua máxima potência. Portanto, quando O Rei de Show, uma obra de fantasia e não um documentário, deixa de lado pontos polêmicos de seu protagonista e os substitui por discussões dramáticas, filosóficas e sociais importantíssimas, inserindo uma abordagem apaixonante e romancista, não posso deixar de entender que a Arte fez o seu papel: Pegou uma história controversa e a transformou em objeto de estudo e reflexão positiva para o espectador.
Umas das verdades que acompanha desde sempre o Ser Humano é o poder da intolerância. O desconhecido sempre é pior. O diferente merece ser julgado e maltratado. Sempre foi assim, e mesmo que diariamente – parte pequena da sociedade – lute pela igualdade e por cada um cuidar do seu próprio nariz, ainda presenciamos o preconceito enrustido contra homossexuais, transexuais, pobres, negros e qualquer outro segmento que não seja o majoritário. Dessa forma, a análise que o longa-metragem propõe, não se baseia nas visões do seu protagonista e sim na do diretor Michael Gracey – e notem como o crítico vivido pelo ator Paul Sparks é um interlocutor preciso de Gracey, ao contestar as atitudes, interpretações e reais alcances de P.T. Bauman.
Escrito por Bill Condon (diretor de A Bela e a Fera e roteirista dos musicais Chicago e Dreamgirls – Em Busca do Sonho) e Jenny Bicks (Rio 2), o musical acompanha P. T. Barnum (Hugh Jackman), um showman que tem uma tendência natural de enganar seu público, decide montar um circo na esperança de ficar famoso. Durante sua saga há ainda uma importante questão pendente em sua vida, uma paixão cega pela cantora Jenny Lind (Rebecca Ferguson).
Gracey emprega uma energia altamente vigorosa, fazendo disso seu grande trunfo, que se concilia com as belíssimas e deliciosas canções, compostas pelos vencedores do Oscar por La La Land (Benj Pasek e Justin Paul) e com coreografias simples, mas de dinâmica poderosa. Gracey ainda pincela as elipses que servem como passagem de tempo, como o momento da gravidez da personagem de Michelle Williams, de forma elegante e delicada. Percebam também como o diretor de fotografia Seamus McGarvey utiliza cores fortes e vibrantes, estampando aquele cenário quase como uma fábula teatral, enfatizando novamente o caráter fantasioso da obra – onde voltamos a discussão levantada no início desta análise.
Tematicamente, portanto, o Rei do Show consegue encaixar a discussão que se propõe com passagens poderosas e músicas intensas, de melodia e composição belíssimas, transformando uma controversa história numa fantasia quase cartunesca, mas essencialmente potente e densa em sua discussão. E se tem algo que uma verdadeira obra de arte sabe fazer é propor um debate, e O Rei do Show faz isso com um sentimento contagiante.
(CineMMaster)
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraUma das características que mais me surpreendem no diretor Christopher Nolan é a forma e versatilidade com que seus filmes são construídos, sem se prender necessariamente a uma fórmula pré-estabelecida que serviria como um Norte para suas produções. Percorrendo, portanto, sua filmografia, presenciamos linguagens e abordagens absolutamente distintas entre si, que transformam assim, definitivamente, como um cineasta de visão estética e sensorial abrangente, captando com precisão o que de fato julga necessária em suas obras, ou seja, o drama? A tensão? O suspense? A estética? Os personagens?.
Em Dunkirk, Nolan mais uma vez instala uma linguagem e proposta ímpar em sua filmografia, retratando a Guerra e o episódico momento da retirada dos soldados britânicos da praia de Dunkirk como uma amostra realística e aterrorizante do poder massacrante do conflito e qual a devastadora e impecável trajetória daquele evento.
Escrito pelo próprio Nolan, Dunkirk acompanha a Operação Dínamo, mais conhecida como a Evacuação de Dunkirk, onde soldados aliados da Bélgica, do Império Britânico e da França são rodeados pelo exército alemão e devem ser resgatados durante uma feroz batalha no início da Segunda Guerra Mundial. A história acompanha três momentos distintos: uma hora de confronto no céu, onde o piloto Farrier (Tom Hardy) precisa destruir um avião inimigo, um dia inteiro em alto mar, onde o civil britânico Dawson (Mark Rylance) leva seu barco de passeio para ajudar a resgatar o exército de seu país, e uma semana na praia, onde o jovem soldado Tommy (Fionn Whitehead) busca escapar a qualquer preço.
Ao dividir o longa em três linhas narrativas, Nolan reafirma novamente sua genialidade ao intercalá-las e confundi-las constantemente, já que por se passarem em tempos cronologicamente distintos, posicionam-se como campos observatórios de ângulos multifacetados de uma Guerra, o que transforma a epopeia de Nolan ainda mais complexa e brilhante. Mas percebam que o diretor busca, dessa forma, retratar uma característica real da Guerra, onde o aspecto político e estratégico não entra no campo de batalha nas mãos dos soldados que se enfrentam. A única luta é simplesmente sobreviver. Dessa forma não serão poucas as vezes que Dunkirk tirará o fôlego do espectador, ao mergulhar, muitas vezes literalmente, quem assiste numa série de bombardeios, tiroteios e na iminência em ser capturado pelo lado inimigo.
Nolan utiliza todas as ferramentas possíveis para enclausurar o espectador em cada avião e barco retratado no longa, utilizando inúmeras vezes uma câmera fechada, com cortes violentos e rápidos, que transcendem o desespero dos soldados, contrapondo-se com tomada aéreas incríveis, que denotam o posicionamento estratégico das tropas, assim como a localização e dificuldade de salvação dos soldados, que novamente são enfatizadas pela trilha sonora de Hans Zimmer.
Notem como Nolan faz questão de, em momento algum, aprofundar seus personagens, o que a primeira vista seria algo absurdo e condenável, mas que serve, na verdade, para descentralizar e desumanizar a Guerra, afinal, naquele ambiente, suas motivações, crenças e ideais simplesmente não importam. O objetivo não é avançar ou conquistar um território, mas sim chegar vivo ao final daquele dia.
Dunkirk não é propriamente uma obra fácil de ser digerida, mas propondo-se a abordar a Guerra pura e simplesmente como uma batalha de sobrevivência, Christopher Nolan opta em desenha-la com seu senso estético arrebatador, retratando-a sombriamente e desesperadoramente, onde recuperar o fôlego é a única saída para quem assiste.
Star Wars, Episódio VIII: Os Últimos Jedi
4.1 1,6K Assista AgoraStar Wars: Episódio VIII é um filme que, ao contrário do restante dos episódios da saga, deve ser digerido e entendido em sua plenitude após uma leitura um pouco mais densa a respeito das camadas alcançadas pela obra. Não que Os Últimos Jedi seja complexo em sua estrutura ou temática propriamente dita, mas sim por buscar trilhar um caminho não habitual a Star Wars, parecendo, inclusive, durante inúmeras vezes nem mesmo ser um ‘filme de Star Wars’. Lembro-me de comentar sobre o excelente O Despertar da Força e ressaltar sobre a importância da essência da saga ser resgatada, numa obra que servia praticamente como uma atualização de Uma Nova Esperança. Dessa forma foi com certo temor que fui notando algumas escolhas trilhadas pelo diretor Rian Johnson, mas que ao serem clareadas, mostraram-se justificáveis, já que aquele clima de Star Wars que tanto apaixonou os fãs, sofrera, na verdade, uma necessária metamorfose.
Acontece que Johnson, responsável pelos espetaculares A Ponta de Um Crime e Looper – Assassinos do Futuro, trouxe uma nova dinâmica e rumo a Star Wars, mergulhando a saga num clima mais denso e sombrio, envolvendo sua gama de personagens numa teia dramática, social, política e bélica, com pinceladas artísticas, jamais alcançadas paralelamente pela série – o que poderá causar certa estranheza (o meu caso) ou até mesmo afastar determinado público.
Em Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi, após encontrar o mítico e recluso Luke Skywalker (Mark Hammil) em uma ilha isolada, a jovem Rey (Daisy Ridley) busca entender o balanço da Força a partir dos ensinamentos do mestre Jedi. Paralelamente, o Primeiro Império de Kylo Ren (Adam Driver) se reorganiza para enfrentar a Aliança Rebelde.
A primeira grande camada que devemos ressaltar no longa é como Johnson conseguiu explorar dramaticamente seus personagens com ainda mais intensidade, fazendo deles sem dúvida alguma a grande força motriz de Os Últimos Jedi. Notemos como Rey, Kylo Ren e Poe Dameron possuem arcos narrativos mais bem costurados e explorados nesse último episódio, da mesma forma que antigos personagens como Luke e Leia não são esquecidos, e recebem a devida e louvável atenção.
Os Últimos Jedi começa do ponto final de O Despertar da Força, algo até então inédito na saga, dando continuidade aos arcos levantados anteriormente, preparando um desfecho final e desenvolvendo novos – e velhos – personagens. Percebam que o manuseio que Rian Johnson deve fazer de tantos arcos, plotes e desenvolvimentos simultaneamente é crucial, como se um cirurgião precisasse operar ao mesmo tempo a cabeça, coração e coluna. E Johnson ainda possui um apreço estético e artístico apurado, como já demonstrado em sua filmografia, o que torna a tarefa ainda mais minuciosa e perigosa para o resultado final. Portanto ‘coragem’ talvez seja o termo que melhor represente Episódio VIII, em todos os aspectos possíveis.
Notem como Os Últimos Jedi apresenta arcos narrativos que vão subindo, degrau a degrau, sempre avançando a obra tematicamente ou em posicionamento. Assim, mesmo uma sidequest a princípio irrelevante e desnecessária – do cassino – torna-se essencial para desenvolver o aspecto social: Externado pelo diálogo entre os personagens de John Boyega e Kelly Marie Tran; E político e de crítica bélica notória, representado pelo personagem de Benício Del Toro.
Portanto Rian Johnson fundamenta uma base estrutural repleta de características dramáticas, sem deixar de lado a ação – assim como Rogue One, transformando-o num “filme de Guerra”, que enriquecem grandiosamente o universo de Star Wars, mas que ergue e traz como centro fundamental da nova saga, a Força, tratando-a com o devido cuidado e magnitude, contornando assim uma profundidade entre Luz x Lado Sombrio e o equilíbrio necessário para que esta transcorra por cada um dos personagens como uma energia que guia o universo.
Ao mesmo tempo que Episódio VIII busca alcançar novos caminhos, procura também restabelecer ainda com mais intensidade a dualidade entre os dois espectros do bem e do mal, aqui caracterizado pelos personagens de Rey e Kylo Ren, que ainda mais bem desenvolvidos, e com conflitos humanos que procuram se equilibrar numa linha tênue que separa ambos os lados, constroem a real essência do novo caminho traçado em Star Wars. Portanto sim, Star Wars: Episódio VIII é sim um ‘filme de Star Wars’, justamente por entender o que de mais significativo e poderoso existia até hoje em toda a série.
Porque mais do que luta de sabres e guerras espaciais, Star Wars é uma saga sobre a Força, e a filosófica batalha que a Luz e Escuridão travam incessantemente em cada ser vivo que habita a galáxia tão tão distante.
Esquadrão Suicida
2.8 4,0K Assista AgoraConsegue a proeza de ser pior que Batman vs Superman. Trama ridícula, diálogos patéticos e montagem tenebrosa. Horrível. (Esse comentário foi pago pela Marvel).
O Sétimo Filho
2.5 722 Assista AgoraÉ clichê? Sim. O filme se preocupa com isso? Não. E funciona oras bolas. O Sétimo Filho não tem vergonha em assumir-se como uma aventura básica de RPG, fazendo com que os eficientes efeitos visuais sejam utilizados a favor da trama. Diferente de certos que filmes que se acham mais espertos do que realmente são e arrastadamente verborrágicos (cadê o Anel?) a produção baseada nos livros de Joseph Delaney (As Aventuras do Caça-Feitiço) entrega o que propõe, servindo como um interessante e eficiente passatempo.
Pacto de Vingança
3.1 145 Assista AgoraO ato final, graças a um roteiro com excesso de “brilhantismo”, acaba atrapalhando consideravelmente o resultado final, mas Jamie Babbit se apoia com enorme inteligência na dinâmica da dupla principal, em acertadas interpretações de Agnes Bruckner e Madeline Zima, que sustentam todo o longa e compensam os excessos da produção.
Sombras da Justiça
2.2 16Gosto quando filmes sabem muito bem sobre suas limitações, sobretudo não sendo grandes produções, e não buscam alcançar nada mais do que um eficiente passatempo. E esse Sombras da Justiça é um exemplo que comprova essa afirmação. Simples, sem muitas firulas ou falsas complexidades do roteiro, o longa cria um 'suspensinho' interessante em uma competente condução do diretor Brian Miller.
Poltergeist: O Fenômeno
3.5 1,1K Assista AgoraÀs vezes é bem complicado analisar uma obra tão presa tecnicamente e conceitualmente à época em que foi lançada, e esse Poltergeist deixa bem claro que muitos conceitos utilizados pelo diretor Tobe Hooper dependiam excessivamente dos efeitos visuais, hoje consideravelmente ultrapassados, principalmente em um terror que não preza pela sutileza. Com tudo, Poltergeist reúne uma das maiores cenas de terror – a falecida atriz Heather O’ Rourke olhando para a estática de sua TV com as mãos na tela – e o interessante roteiro de Steven Spielberg, Michael Grais e Mark Victor é base para construção de um cenário tenso, momentos icônicos e interessantes escolhas visuais do diretor.
As Duas Faces de um Crime
4.1 1,0K Assista AgoraGregory Hoblit desenvolve um cenário consistente e consegue traduzir a dinâmica dos personagens centrais e os aspectos judiciais do assassinato com desenvoltura, caminhando cuidadosamente a respeito da natureza de cada, sobretudo em Aaron, na minimalista e exuberante performance de Edward Norton.
O Tigre e o Dragão
3.6 455 Assista AgoraTendo toda liberdade criativa, Ang Lee constrói uma fábula como plano de fundo lírico para a construção (e desconstrução) do trio de protagonistas, e com sua usual habilidade balanceia (com exceção do dispensável flashback na metade do filme) momentos emocionantes com inúmeras sequencias tecnicamente irrepreensíveis.
Lemmy
4.5 95Não me lembro exatamente qual foi a primeira vez que escutei alguma música do Motörhead (essa trema (¨) em cima do “o” sempre me irritou, diga-se de passagem), provavelmente tenha sido apresentado por meu primo Luiz Paulo, ou talvez vagando pelos escombros da internet em meados dos anos 2000-e-qualquer coisa. Quando escutei pela primeira vez achei uma coisa absolutamente estranha. Que porra é essa? Porque o cara está com essa voz tão rouca? Porque os caras estão tocando um punk tão diferente?
Com o passar do tempo e o amadurecimento musical, fui aos poucos escutando cada vez mais diferentes estilos do Rock e o Motörhead era aquele que sempre estava presente em referências a uma caralhada de bandas e estilos que surgiram posteriormente na estrada do Rock. O primeiro trabalho, ‘Motörhead’ de 1977, um álbum muito bom, mas bem diferente da imagem que possuímos hoje da banda. Mas foi pouco tempo depois que fundamentalmente o Motörhead cravou seu nome na história do Rock com a trinca de ouro em um intervalo de dois anos: Overkill, Bomber e Ace of Spades. Aqueles três álbuns mudariam para sempre a história do Rock’n’Roll.
Para quem acompanha outras vertentes do Rock, sabe que sem o Motörhead e Black Sabbath (Judas Priest em menor escala) o Trash, Black e Death Metal jamais existiriam (entre outras diversas influencias a diversos outros estilos) e o próprio Ozzy Osbourne diz não saber exatamente se o próprio Heavy Metal se iniciou com o Sabbath ou Motörhead.
E foi neste dia 28 de Dezembro de 2015 que o Motörhead acabou encerrou suas atividades. Porque grandes bandas jamais acabam ou deixam de existir. Mas o Motörhead encerra suas atividades da melhor forma possível que Lemmy poderia querer: Lançando um álbum novo e realizando turnês por todo o mundo. Na ativa! Compondo músicas novas e boas. E Lemmy, que já vinha enfrentando problemas de saúde graves (recentemente teve que cancelar um show em São Paulo, no Monsters of Rock) possivelmente morreria feliz em duas hipóteses: Morrer no palco ou jogando vídeo game. A segunda ganhou.
“A morte é inevitável, não é? Você fica cada vez mais propenso à ela quando atinge a minha idade. Não me preocupo com isso. Estou pronto para morrer. Quando eu for, quero ir fazendo o que eu faço melhor. Se eu morrer amanhã, não posso reclamar. Minha vida foi boa.”
Diagnosticado com um câncer terminal no cérebro dois dias antes do fatídico 28 de Dezembro de 2015, Lemmy faleceu enquanto jogava videogame ao lado de sua família.
O que nos traz a essa homenagem do blog a um dos maiores ícones da música, relatada no excelente documentário de 2010, Lemmy, de Greg Olliver e Wes Orshoski. Acompanhando o dia a dia absolutamente simples do vocalista, a dupla de diretores busca estabelecer fundamentalmente a incrível e rotineira vida de Lemmy, assim como sua direta influência em diversos ícones do Rock, como Lars Ulrich, Kirk Hammett e James Hetfield (Metallica); Dee Snider (Twisted Sister); Dave Navarro (Jane’s Addiction); Nikki Sixx (Mötley Crüe); Duff McKagan, Slash e Matt Sorum (Guns N’ Roses); Joan Jett; Mike Inez (Alice in Chains); Dave Grohl (Foo Fighters e Nirvana); Alice Cooper; Scott Ian (Anthrax), Steve Vai dentre muitos outros. Olliver e Orshoski captam toda influência direta que Lemmy teve na vida destes músicos que acabaram originando grandes bandas que fomentaram ainda mais o caminho do Metal e outros estilos, assim como o famoso Big Four (of Thrash), composto por Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax, fruto direto do icônico vocalista, que poliu e fincou o estilo definitivamente.
Dessa forma, é inteligente por parte do documentário percorrer um caminho diferente do esperado, ao invés de contar a história de Lemmy, sua infância, a criação do Motörhead, grandes sucessos e crises, o documentário busca aprofundar e humanizar a Lenda. O pequeno apartamento de Lemmy é um amontoado de recordações, presentes de fãs, discos de platina, ouro, bonecos, chapéus e tudo que fazia importância para o vocalista. E quando perguntado porque não se mudar para um lugar maior, ele deixa claro: “Me sinto bem aqui. E é mais barato”.
Sendo assim, ver Lemmy jogando o vídeo game Rainbow no canto de um bar enquanto bebe coca cola com uísque é icônico para a figura do baixista e vocalista do Motörhead.
Porque Lemmy, mais do que líder de uma das maiores bandas do Rock, era uma Figura do Rock. Sua personalidade, a barba, o chapéu, as botas, o jeito de se vestir, tudo compunha a figura de um ícone, de uma lenda. Então mais do que o grande líder de comprovadamente uma das maiores e mais influentes bandas do Rock, Lemmy era um autêntico emblema do Rock’n’Roll. Seu estilo de cantar, o peso na sonoridade de seus shows e álbuns, as composições nas letras de suas canções, as rimas, o visual, a atitude e por fim a simplicidade de como levar a vida conturbada de um rockstar.
E Lemmy consegue capturar a essência da figura título: Como um inglês de bota, uma barba estranha e chapéu conseguiu com sua atitude e simplicidade escancarar a porta para um estilo de música que surgia junto com cada acorde composto pelo Motörhead. E se hoje conseguimos entender o Rock’n’Roll como o mais vasto, amplo e diversificado dos gêneros musicais, muito se deve a figura de Lemmy que nos deixou nesse final de 2015.
Alongar e encontrar mais palavras para descrever a importância de Lemmy e o Motörhead na Música é impossível, dessa forma só resta reconhecer seus intensos 70 anos de vida, ascendendo um cigarro, brindando com um Jack Daniels com Coca Cola, estufando o peito e continuar ecoando suas músicas por toda eternidade: O Rock ‘N Roll vai salvar sua alma, dê-me em voz alta e livre, deixe-me ouvi-lo até o fim do tempo, provocar arrepios de cima para baixo em sua coluna, é a única maneira de voar que conhecemos! Born to Lose! Live to Win Lemmy! Missão cumprida!
Em Algum Lugar do Passado
3.9 601 Assista AgoraEmocionante, bem conduzido, com uma belíssima trilha sonora e repleto de grandes atuações de Reeve, Plummer e da belíssima Jane Seymour, Em Algum Lugar do Passado tem uma trama simples – e todas que envolvem viagens no tempo sempre terão seus pequenos furos – mas com uma fluidez invejável, graças as acertadas escolhas de Jeannot Szwarc desenvolvendo sua história com incrível sensibilidade, transformando este pequeno filme em um clássico romance esquecido.
Os Mercenários 3
3.2 916 Assista AgoraAo menos tenta se reinventar um pouco – bem pouco – dando algum tipo de “tom investigativo” (tanto que a sequência na Rússia, com ares de Missão: Impossível, é a melhor parte do filme), mas escorrega mais uma vez em um fraco clímax (idêntico ao do segundo filme) e principalmente no excesso de uso digital nas sequências de ação.
Refúgio do Medo
3.6 373 Assista AgoraO conto de Edgar Allan Poe parece ser interessante, e talvez se produzido por realizadores mais competentes daria um bom filme, porque esse Refúgio do Medo tem um roteiro preguiçoso, não se preocupando em desenvolver pontos primordiais para a criação do suspense, assim como a direção pálida de Brad Anderson não ajudar a criar um clima de tensão minimamente necessário.
Uma Aventura LEGO
3.8 907 Assista AgoraÉ um filme leve que consegue explorar de maneira eficiente a dinâmica de montagem e criatividade das peças de Lego, inserindo-as ao contexto do filme, mesmo que esbarre de modo geral na trama excessivamente simplista.
Alabama Monroe
4.3 1,4K Assista AgoraA montagem de intercalar linhas temporais é inteligente ao estabelecer um ritmo eficiente ao mesmo tempo que reflete sobre a passagem do tempo e a transformação de um relacionamento. Sem se render ao melodrama barato ou a exageros (com exceção dos discursos de Didier em frente a TV e no palco) Alabama Monroe conta com grandes atuações de Veerle Baetens e Johan Heldenbergh, uma trilha sonora marcante e momentos dramaticamente pesados e poderosos.
Náufrago
3.9 1,9K Assista AgoraZemeckis em uma direção espetacular, substancialmente nas sequências no mar, explora ao máximo a tensão da situação, além de criar passagens emblemáticas (como a famosa bola Wilson). Atuação memorável de Tom Hanks complementa o sucesso de Náufrago.
Top Gun: Ases Indomáveis
3.5 922 Assista AgoraTop Gun é muito preso a sua época, portanto, mesmo que Tony Scott consiga filmar com agilidade às sequências aéreas, assim como explore uma intensa fotografia, a briguinha birrenta (uma regra dos anos 80) entre os personagens de Kilmer e Cruise é infantil, mal desenvolvida e maléfica a condução da trama central, diminuindo consideravelmente um aprofundamento mais maduro e necessário ao personagem de Tom Cruise. Mas como aventura funciona relativamente bem.
Tropas Estelares
3.5 464 Assista AgoraPaul Verhoeven se apoia em um ritmo frenético, incrementado-o com sua usual habilidade em criar cenas espetaculares em um cenário devastador, sanguinolento e satírico, preocupando-se em explorar de maneira criativa as entrelinhas da Guerra e a posição do incentivo midiático a violência, algo já explorado em Robocop, e aqui elevado a um patamar ainda mais fluente para construção da trama de um espetacular filme de ação.
Caçadores de Obras-Primas
3.1 476 Assista AgoraClooney perde a mão desastrosamente em um filme absolutamente desinteressante, pessimamente conduzido – o ritmo é lamentável e o roteiro é completamente superficial, não se preocupando nem ao menos em desenvolver um mísero personagem (não nos importamos tanto com as ditas obras-primas e muito menos com os tais caçadores). Ate mesmo a inexplicável trilha sonora inacreditavelmente(!) cômica do ótimo Alexandre Desplat atrapalha.
Predador 2: A Caçada Continua
3.2 293 Assista AgoraStephen Hopkins consegue manter o nível do antecessor, empregando um grande clima de tensão, substituindo o caráter de ação por um suspense de enorme qualidade ao criar uma ambientação propícia para explorar o Predador na cidade e o conflito envolta do personagem de Glover.
47 Ronins
3.2 1,1K Assista AgoraInfelizmente encarado de forma despretensiosa e subestimada, 47 Ronins é uma aventura irretocável: Épico, conduzido cautelosamente pelo diretor Carl Rinsch – que investe em tomadas aéreas espetaculares, sequências de ação bem conduzidas, além de dialogar intrinsecamente com um design de produção fabuloso – transformando assim sua produção em uma grande e espetacular epopeia, de deixar muitos “filmes grandes” e renomados por aí com vontade de realizar Seppuku, já que não alcançam nem metade do conseguido por 47 Ronins. Possui todos os elementos necessários, e absolutamente ciente de suas pretensões, que tornam-no capaz de corresponder grandiosamente muito além do esperado. Filmaço.
Coisas que Perdemos pelo Caminho
3.6 182 Assista AgoraA relação entre os personagens de Benicio Del Toro e Halle Berry (mais uma vez em atuação comprometedora) é muito mal desenvolvida, deixando lacunas inacreditáveis de desenvolvimento de personagem, acerca fundamentalmente de extrair ao máximo os motivos – racionais ou emocionais – para que aqueles personagens percorram a jornada estabelecida pelo roteiro. Portanto, além de racionalmente inverossímil, a relação de ambos é também emocionalmente rasa e pessimamente arquitetada.