Últimas opiniões enviadas
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Ideias bem interessantes, mas a realização aqui me pareceu dever e muito às opiniões pertinentes do diretor sobre a vida urbana contemporânea.
Achei que todas as sacadas legais sobre o viver na cidade são ditas de modo direto e sem sutileza. A própria narração dá de bandeja muitos dos conceitos que seriam, penso eu, bem mais inteligentemente apresentados se por uma maneira menos flagrante. Nesse sentido os personagens soam como meros instrumentos para que o autor fale de suas ideias.
A estética tem diversos problemas de consistência (e digo isso também na aparência do formato: esse é o filme feito com película com mais cara de digital que eu já vi): do nada surgem animações e interferências visuais que harmonizam necas com o que se vê no restante do filme. O ritmo é travado e senti que o diretor não tinha a menor intimidade com uma câmera e com o que uma imagem pode sugerir sem que alguém datilografe isso por diálogos e/ou narração. (O curta dele, Hoy no estoy, é muito mais bem sucedido nesse aspecto.)
Uma cena que eu realmente gostei e achei que funcionou foi quando
Falou bem sem palavras, deixando a imagem se expressar.eles finalmente quebram (literalmente) suas medianeras e abrem janelas.
Alguns desses problemas, se olharmos com extrema boa vontade para o filme, podem ser interpretados como adequação aos conceitos (fragmentação do mundo contemporâneo, a linguagem direta da internet) que ele tenta expressar. No geral fiquei surpreso como um filme tão mal apresentado soou bem em tantas pessoas. Arte é algo muito subjetivo mesmo.
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Podia durar bem uma a hora a mais que não me incomodaria nem um pouco; na verdade o início e o final serem curtos me pareceram as duas únicas falhas do filme.
Mas uma coisa que me encuca:
no final deixa a entender pelas manchetes de jornal que o Xavier controlou a mente dos envolvidos no incidente da Casa Branca (só isso explicaria as manchetes, já que ficou meio nítido para os políticos de Washington que os mutantes podem ser muito perigosos). Mas se foi isso mesmo, porque ele não fez isso muito antes? Teria evitado muitos problemas e não teria toda essa caça atrás da Mística.
Últimos recados
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Filmow
O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!
Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)
Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
Boa sorte! :)* Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/
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Cristiano Contreiras
Olá, marcou TETRO como 'quero ver', é um dos meus favoritos! veja, é belíssimo!
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William Zanella
Gostou também?
Com Moonrise Kingdom e este O Grande Hotel Budapeste me parece claro que Wes Anderson está no topo da sua habilidade particular de direção. Aqui ele afina sua linguagem visual inconfundível a ponto de quase alcançar a perfeição estética e de ritmo. Alguns podem achar que essa assinatura audiovisual 'afetada' dá náuseas e outros pensarem que o diretor não sai da sua zona de conforto. Mas ninguém, penso eu, pode negar que ele, tal como um equilibrista erguendo por 100 minutos uma centena de pratos — muito bem decorados —, fez aqui um jogo difícil de ser jogado.
Digo isso também porque é o primeiro filme dele que me soa, mesmo para algum não-iniciado no estilo maneirista do cineasta, completa e totalmente no lugar quando chega a sua conclusão. Os Excêntricos Tenenbaums e A Vida Marinha com Steve Zissou, por mais que sejam muito bons, aparentavam em diversos pontos a obra posada de um artista que parecia inserir caricaturas em um universo mundano. Pelas reações que observei ao final da sessão de uma plateia aparentemente heterogênea, todos assimilaram e apreciaram o filme. Não sinto que com os dois filmes anteriores isso teria acontecido.
O conjunto aqui é impecável e coeso a nível de ser imperceptível a costura ou os cortes de tecido desse universo. Os cenários externos parecem ser feitos por gloriosa fotocomposição colorizada e os internos exuberantemente fotografados por movimentos de câmera aparados por régua. Se esses elementos em variados níveis já estavam presentes na filmografia de Anderson, com este filme eles chegam em uma intensidade de um rococó frenético perfeitamente cadenciado. É um deleite de se ver e ouvir. Mas o ponto que Anderson se superou neste filme, na minha opinião, foi a direção de atores. É muito difícil orquestrar um elenco grande, e mais ainda em um universo tão particular como o visto aqui. Todos os atores, dos com as menores às maiores participações, parecem ser extensão natural daquele mundo. Seus gestos, atitudes, falas e vestimentas estão em grande sintonia. Pode não parecer pela facilidade com que o filme transcorre, mas isso é muito, muito difícil de ser alcançado.
Ao encerramento do filme
há um discurso muito pertinente do Zero em um Hotel Budapeste já longe de seus dias de glória. Divaga sobre seu antigo chefe que parecia ser eco de um mundo de elegância analógica que já não existia desde antes dele nascer.