Ingrid

O mérito do filme é a sensação angustiante que ele te causa. Isso, sem dúvidas, o Aronofsky soube (e sabe) fazer muito bem. Você é transportado para a exata sensação de desespero e perturbação dos personagens. E os últimos momentos do filme são uma espiral densa e agonizante que vai te corroendo assim como aos personagens.

Mas acho que para por aí. O enredo é bastante previsível, desde o início você sabe que os personagens estão fadados àquele fim. Tirando a atuação excelente da Ellen, o filme não trouxe nada de surpreendente, até a trilha sonora é monótona. Em resumo, foi só um folheto anti-drogas bem óbvio mesmo. Pela fama que tem, esperava algo mais relevante.

O trabalho técnico é primoroso, sem dúvida. A sonoplastia do filme é incrível, o jogo de cenas em preto e branco e colorido para delimitar perspectivas foi um recurso muito interessante e os takes rápidos te fazem ficar atento durante as 3h do filme, mesmo não sendo um filme de ação. As atuações também são excelentes, mesmo as dos coadjuvantes (o Robert Downey Jr. entregou a melhor atuação dele, por exemplo). Mas não gostei de alguns pontos. Achei que o clímax com o teste da bomba ficou deslocado ali no meio do filme, deixando o final morno e cansativo. Alguns personagens ficaram muito caricatos, como o Einsten. As personagens femininas foram reduzidas a papéis de sexualização ou de subserviência. E senti falta dos impactos da bomba em Hiroshima e Nagasaki serem mostrados de alguma forma, senti falta dessa humanização, ficou tudo muito mecanizado… No geral, foi um bom filme, mas eu esperava mais. Não acho que tenha sido o melhor trabalho do Nolan.

Achei monótono. Sei que o enredo do filme exige uma certa sensibilidade por parte do telespectador, porque a ideia é capturar os nuances dos sentimentos e aspirações de cada uma das irmãs, a sua maneira… mas para mim a história não emplaca. Apesar do bom elenco e da boa ideia em misturar passado e presente, faltou peso na narrativa.