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Apaixonado pela arte, me rendo ao cinema na curiosidade de perceber novas paisagens, narrativas e variadas concepções.
Sou fã do expressionismo alemão, seus grandes classicos da decada de 20, e a estetica noir que trouxe toda pegada dramatica, sombria e caotica ao cinema.

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Consideração inexplicavel ao expoente maximo do cinema, Charles Chaplin!

Últimas opiniões enviadas

  • Israel Lamberthy

    A primeira projeção cinematográfica baseada nessa obra que tem alguns séculos de existência e serviu de criação artística para diversos autores literários, entre eles, podemos citar Goethe, que é o maior escritor alemão de todos os tempos! Este filme é marcante em sua estética e desempenha um papel vanguardista na arte de fazer cinema. O valor histórico é incalculável. São vetores inquestionáveis na hora de criar uma resenha critica sobre todos esses filmes que fazem parte do alvorecer do cinema. aliás, é impossível olhar esses filmes com os olhos do presente em meio a absurda qualidade técnica audiovisual que vivemos. Por isso, a grandeza de filmes como Fausto, esta naquilo que envolve o contexto de sua época. O diretor F. W. Murnau, não poderia pensar diferente, ou se abster do fragmento social, que mais parecia um caldeirão que abocanhava tudo e a todos na Alemanha da década de 20. O pós guerra, e o tratado de Versalhes que desacreditou uma população inteira sobre os rumos de sua condição, algo que podemos encontrar no expressionismo como um reflexo desse obscuro cenário caótico na sua concepção estética e narrativa, que basicamente dizia que o mundo era feito de dois lados e a falta de sentimentos como o amor, projetavam um vazio enorme que fundamentava as escolhas morais.

    Eu sou tremendamente apaixonado pelo simbolismo universal dessa obra, e pelas produções que representam ela sobre diversos aspectos. E este filme traz uma narrativa muito apoiada no aspecto moral das escolhas entre o bem e o mal. Cada escolha uma consequência, e o pacto feito entre fausto e mefistofeles, transmite uma mensagem para alem da simples dualidade que o diretor tentou direcionar esse filme, afinal, a quem e ao que estamos entregando nosso futuro? Somos sujeitos ou objetos? A vida termina dentro de um quarto escuro? Ou esse quarto escuro é a materia prima para continuar persistindo na busca daquilo que é prazeroso, e que certamente existe em vida? Enfim, Interessante notar que Fausto parou no quarto escuro, e deu margem para que este questionamento pudesse ser guiado por um terceiro, no caso, a figura mais perturbadora dos anceios humanos (o diabo), que detinha poderes sobrenaturais de “realização”. Delegou seu potencial, e ganhou o prazer terceirizado. Pagou para ter algo no presente, em troca de uma vida futura de servidão.

    O filme termina, e com ele a resposta moral da historia projetada pelo diretor de que a triunfo da vida esta na entrega do sentimento verdadeiro em prol do outro. Mesmo velho e castigado por suas escolhas, ele vai em direção a fogueira (que pode ser vista como a morte de seu velho eu, o homem pecador) e beija a pessoa que moldou seu aprendizado e sentimento de amor. Esse encontro assume o desfecho da narrativa.

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  • Israel Lamberthy

    O apartamento configura o próprio “eu” de Carol. Aquilo que representa a sua existência. E nas janelas do apartamento (janelas da alma), ela percorre a distância na procura de respostas. Ouve o som dos artistas de rua com sua percussão repetitiva e barulhenta (pensamentos cíclicos e tempestuosos de Carol), olha as freiras se divertindo em sua pureza, uma alegria que pode ser interpretada pela vontade de Carol em ser blindada aos olhares de assedio e desejos sexuais. Vai no banheiro, cheira as roupas do amante de sua irma, encosta a mao em alguns de seus pertences e fica com nojo. Sente em sua mão a navalha. Pela redenção de sua defesa, é comprada pela vontade de dar algum sentido para este artefato.

    Passos colocados em sua direção. Ela é a presa e o tempo um opressor. Seu silencio é guiado por passos que mais parecem o tic tac dos relógios. As paredes de seu apartamento são violadas. Rachaduras aparecem por todo lado, alguem de fora quer entrar. O telefone toca. O mundo externo tentando se comunicar com aquilo que esta dentro, assim como as pessoas de seu convívio tentam falar com ela. A navalha vê sua utilidade ao cortar o fio do telefone. Em dado momento, o prato de um assado que faltou terminar, foi colocado no lugar onde estava o telefone. O assado aos poucos vai apodrecendo, assim como a comunicação é algo indigesto para Carol. A comunicação é algo que assume uma metamorfose necrosante e desprovida de sentidos. A cena que ela sai de seu casulo para ir ao trabalho, após 4 dias de isolamento, é para dar uma desculpa respondida em sussurros que fora improvisada pelo imediatismo da ação. Jamais Carol conseguiria uma autoria tão perfeita como essa. Afinal, ela era o fragmento de um objeto em todo aquele cenário de sujeitos.

    Sua irmã antes de viajar, lhe confia o dinheiro do aluguel que deve ser pago o quanto antes para evitar o despejo. O dinheiro dentro da perspectiva que conecta o apartamento como o “eu” de Carol, é aquilo que ela precisa pagar pelo seu silencio e submissão a toda violação sofrida. O dono do apartamento (que esta subornando Carol a ser dele) cria uma chantagem de assedio “você cuida de mim e eu esqueço o aluguel”. O dinheiro agora pode ser pago com uma transa. A rebelião exaustiva de Carol se configura na redenção de sua defesa, A NAVALHA. a mesma que cortou o fio do telefone, agora assume posição de poder executar perfeitamente sua função de cortar. O homem é picado como um pedaço de carne, uma execução real do simbolismo que a imagem de Carol tinha na mente deste homem. Em cenas anteriores podemos ver também o arrombamento da porta. O sinônimo de um estupro que invade sua intimidade. Carol foi violada, mais uma vez. Sua reação é resposta explicita na mesma moeda. Depois da ação, vai no espelho passa um batom e abre um sorriso expressando sentimento. Seu mundo virado do avesso lhe da sentido em meio ao caos.

    Sozinha no quarto, somente o tic tac do relógio é o sujeito da ação, enquanto carol apenas respira sua prisão. Em algum momento houve gemidos de sexo que são combinados com o tic tac do relógio. O tempo vira um som caótico e ensurdecedor. A personagem resume em seu silêncio que é expectadora dos prazeres alheios a sua vontade. E talvez esteja desprovida de vontades, pois o seu ordenamento diário segue o fluxo automático de uma rotina. Quebrar isso é parte da violação sentida a todo momento por ela. Esse sentimento é visto externado fortemente quando Carol percebe que sua irmã ira viajar por mais de 2 semanas. Isso vai demandar um esforço para carol preencher esse imenso buraco na sua rotina. Uma falta que será preenchida pelo espetáculo tempestuoso de seus pensamentos.

    O mundo de Carol é agressivo por fatores sociais que antecedem o seu nascimento, afinal, ela é mulher. O assedio sofrido na rua, visto nas primeiras cenas já flerta com essa violação natural que ela esta sujeita. E o filme vai trazer durante toda a experiencia decadente da personagem, várias situaçoes similares a essa como o amante inconveniente de sua irmã (que faz piadinhas e aperta seu rosto); as histórias de abuso contada por colegas de trabalho e a queixa odiosa da cliente em relação aos homens. E tudo isso soa como uma trilha sonora existencial da personagem no convívio com outras mulheres. Já dentro do apartamento, sem nenhuma resistência, vemos a cena final em que Carol esta desmaiada nos braços do homem que olha para seu rosto como um predador no final de uma perseguição bem sucedida. Enfim, “repulsa ao sexo” é o primeiro filme da trilogia do apartamento, incluindo o bebe de Rosemary (1968) e O inquilino (1976). Ele traz a consequência extenuante de um trauma profundo, ao mostrar uma personagem distraída, paranoica e apática. Abrindo para as narrativas seguintes o foco de inspiração dramática das obras incríveis de Polanski.

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  • Israel Lamberthy

    Uma das coisas que me fazem gostar de filmes antigos é a maneira orgânica e “artesanal” de criar efeitos especiais, como o stop motion e o jogo de sombras, as maquiagens e figurinos que transformam completamente os personagens. E o que dizer das expressões faciais e corporais de forma exagerada para compensar a falta de falas, bem como a trilha sonora continua guiando nossos sentimentos em cada cena, é fantástico! E Nosferatu, é este tipo de filme genial! Referência clássica! Uma obra de arte! Quero agora destrinchar aqui, fatores históricos conectados ao filme, alem de um breve resumo do filme e por fim algumas referências de inspiração que Nosferatu trouxe para o mundo, acompanhado de um pequeno ensaio critico a esta brilhante obra!

    Nosferatu é um filme que tortura a imaginação por estar inserido em dois contextos marcantes: Entre duas guerras e no alvorecer do cinema. O que pressupõe a amplitude de sua temática macabra por conflitos humanos existenciais ácidos, bem como a baixa tecnologia aliada com ausências naturais de cor e fala na linguagem cinematográfica. Algo que promove tons escuros, nebulosos e questionamentos profundos. Uma tentativa orgânica e original na tentativa de expressar os anseios artísticos de um período tão distinto da nossa historia. O filme é um reflexo de sua época, assim como a arte no geral. O crescente antissemitismo e nacionalismo entre as guerras mundiais, que era o cenário configurado no lançamento do filme em 1922, revela a figura do Conde Orloc como uma representação muito peculiar. Alguem que por semelhança se parecia muito com um rato e carregava uma peste que por onde passava infectava e destruía as esperanças. E também o teor geográfico, de alguem que vem do leste Europeu para fixar moradia na Alemanha, diz abertamente sobre a discriminação sofrida pelos judeus, que eram vistos como ratos na crescente propaganda nacionalista do nazismo, que culminou no extermínio de milhões deles.

    Um breve resumo da obra pressupõe a historia da peste que assolou a cidade de Wisborg. Ela veio em cima de uma jangada pela corrente maritima, e depois fora transferida para dentro de um navio. A carga era basicamente alguns caixões carregados de uma terra amaldiçoada que servia de capsula para o transporte do conde Orloc, que na distancia era possuído por um desejo, algo que o levara a fazer morada em meio a população de Wisborg. Uma obsessão direcionada para encontrar a bela Ellen, esposa de Thomas hutter, que no passado fora encarregado pelo corretor de imóveis Knok de ir ate o castelo do Conde oferecer a proposta de uma casa. As diferentes cenas em que o Conde Orloc aparece ao longo do filme, acabam gerando esse encontro com o macabro. Desde a primeira aparição da carruagem que anda em velocidade levando thomas hutter ao castelo, até a sombra que sobe as escadas no ato final que encontra a jovem Ellen. E por fim, o derradeiro final de conde Orlac, o vampiro da noite que acaba por ver a luz e decreta seu desaparecimento em cena para sempre.

    Nosferatu carrega uma frase original, dentro de uma narrativa corrompida pela copia não autorizada de Dracula. “ninguém te poderá salvar, a não ser que uma donzela sem pecado, faça o vampiro esquecer o primeiro canto do galo!” Isso marcou e gerou influencia para as demais adaptações de drácula ao longo do século. E falando dessas referencias, os personagens trazem nomes distintos, a começar pelo conde Orloc, a personificação de Dracula, que abraça um visual diferente: Grotesco, pálido e raquítico. O perturbador Knok, corretor de imóveis que carrega uma empatia pelo conde Orlok, com olhar devoto de alguem que foi amaldiçoado a viver em servidão para ele. O rosto de Knok traduz uma imagem que pressupõe a loucura, acompanhada de uma extase, que mesmo presa ao manicômio, garante euforia e meditação na presença cada vez mais próxima de Orlok com o “navio fantasma da peste maldita”. E isso diz muito sobre os poderes de Conde Orlok que enfeitiça e seduz em transe as pessoas a sua vontade, algo que podemos ver no transe sofrido por Ellen, a esposa de Thomas. É possivel também olhar variados elementos revolucionários na arte de fazer cinema, para a vertente macabra e sombria do gênero que veio a ser reconhecido hoje como terror. O elemento “sombra”, que associa a imagem de Nosferatu as trevas, e carrega perturbação no imaginário ao longo do filme, é digna de aplausos! O enquadramento “desajustado” de forma proposital que dá imponência de tamanho ao personagem, gerando também mistério e assombração. Nosferatu muda alguns aspectos do livro de Dracula, começando pela pequena frase do livro dos vampiros, que revela a sensibilidade do vampiro a luz, tendo seu ponto fraco no encontro com a donzela de coração puro que de expontanea vontade lhe oferece seu sangue e gera esquecimento ao canto do galo, fazendo referência ao nascer do dia.

    A Inspiração surrealista, quando thomas cruza o limiar entre o mundo dos homens e o dos pesadelos ao passar pela ponte em direção ao castelo: “E quando ele cruzou a ponte, os fantasmas vieram ao seu encontro”. Um aperto de mãos com o inventivo mundo das possibilidades acaba por ser apresentado. A carruagem que guia ao castelo anda em velocidade desfigurada da realidade, o castelo tem um portao que abre sozinho e evidencia mais ainda a fantasia deste mundo. Conde Orloc sai do papel e da vida a um ser horrendo de afeição demoníaca. Em distancia vemos a sua recepção a Thomas, com a silhueta magra a alta acompanhada de passos rápidos, causando indiferença e espanto. O corte das cenas por vezes demora para acontecer, mas faz jus a sua reputação vanguardista. Tudo é uma amostra da limitação técnica a serviço da arte. A impossibilidade de perceber a qualidade da imagem gera desconforto e distanciamento no sentido positivo, pois Orlac adquire por vezes uma imagem borrada, a mesma imagem que faz paralelo a sua sombra ao subir a escada. Sabemos que Orlac esta em cena, e é isso que importa. Afinal, ele é desprovido de beleza, a beleza que um borrão jamais poderia apresentar.

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  • Nenhum recado para Israel Lamberthy.

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