Mais uma vez, a incômoda palavra "histeria" surge em um filme de psicanálise. Devaneios do patriarcalismo. Uma mulher em meio à guerra, praticamente desnaturalizada, iguala-se, a nível de ânimo, aos moribundos que rondam aquela atmosfera, se assim não o faz, de imediato é taxada de insana. O que é a loucura senão aventurar-se pelo abissal inconsciente? Como Jung queria desbravar tais mistérios se havia tanta repressão por parte de si? Mas isso não o impediu de tornar-se um gênio e Sabina, um exemplo.
Torna-se algo muito grave quando uma produção cinematográfica tenta vender uma ideologia tão medíocre quanto essa de Watchmen, desfocando do objetivo principal que é analisar atuações, fotografia, enredo, direção, produção etc. Na verdade nem é necessário assistir ao filme, basta assistir ao trailer e ler "Do mesmo diretor visionário de 300" e "Graphic novel mais elogiada dos tempos" pra sentir que o filme não será dos melhores. 300 é 300. Graphic novel é Graphic novel. Sem contar nos boatos que se ouve antes de assistir, como "Não é mais uma historinha de heróis estereotipada"... é pior.
O enredo resume-se a basicamente numa tentativa dos E.U.A de convencer o mundo que a melhor opção para "estabilizar a paz" é fazer com que aconteça "alguns sacrifícios" em prol desta, incluindo a dizimação de pessoas. Mas esse acaba sendo o grande truque da guerra fria: forças hegemônicas que não podem se confrontar por conta dos danos irreparáveis, e que logicamente não têm como obter lucro nesse conflito e acabam por ambição (que é o único sentido da guerra) explorar e oprimir outros territórios, fazendo verdadeiros holocaustos com a desculpa da manutenção da paz; aí usam como artifício por os personagens mais carismáticos em defesa desse meio e um enredo moldado em filosofia de esquina.
Enquanto o personagem Rorschach defende uma paz tendo por meio apenas o extermínio de quem a ameaça (detalhe que ele é o louco da história) e taxado incrivelmente de antagonista por intervir nos "planos de paz" das potências, o Dr. Manhattan é o egocêntrico que necessita fazer com que seu sofrimento acabe, cogitando a não intervenção da destruição da Terra (sic) porque o mundo não o interessa mais, excetuando Marte. Ah, o verdadeiro vilão ganha status de herói, sem falar no estuprador que ocupa papel de destaque no enredo. A heroína lésbica que morre por conta da vida promíscua (?). E claro, uma heroína com sex-appeal que protagoniza a melhor cena do filme.
De bom mesmo só Bob, Jimi e Janis que compuseram parte da soundtrack, destoando, claro.
The dreamers traz consigo a fórmula do sucesso tentando combinar arte, cinema clássico, a França, a rebeldia, relações conflituosas e revolução social, tornando-a consequentemente uma produção com ar factício onde encontramos atores muito jovens forçando atuações merecedoras de premiação. O mais interessante do filme são as citações de grandes clássicos que permitem uma aproximação de quem debuta interesse maior na sétima arte, que culmina num subsequente contato mais profundo com os então referidos.
É quase impossível querer encaixar numa produção de 150min. tantos atores de destaque. Acabou que saiu esse anacronismo deixando a desejar atuações mais completas, como a da Uma que só surgiu mesmo p'ra ter uma overdose, por conseguinte sendo salva pelo personagem do Travolta, dando a impressão que é a partir desse relacionamento que surge o tema principal do enredo... mas não. E o próprio Travolta que toma um fim trágico e súbito. (?) Sem falar no Bruce que "desrotula" praticamente todos os seus personagens anteriores atuando dessa vez como anti-herói, assim como o Jackson, em que muitos de nós pensávamos "ah, ele não vai matar esse cara"... mata logo 3!
Enfim, é como se esses atores tivessem de participar de Pulp a qualquer custo, sabe lá a razão e acabou nessa "improvisação". Aparentemente não se pode dizer que foi proposital por conta do título "Pulp" (o termo "pulp" significa, como explicado no início do filme "literatura de impressão mal-acabada, etc."); talvez o roteirista já tivesse o título em mente antes de elaborar o texto, ou se o título surgiu da necessidade de encobrir esse encaixe de subenredos como uma desculpa velada... não sei.
Mas o certo é que Tarantino tem essa característica peculiar de chocar por meio desses artifícios um tanto quanto excêntricos, como as surpreendentes atuações em papeis que dissipam seus atores de personagens pregressos, e é o que garante seu sucesso de público.
"NO" não é um filme que trata de uma nova visão social dos indíviduos chilenos em relação à uma nova forma de organização do Estado, no caso, a democracia. Não é coerente exibi-lo como exemplo de "superação de um nação" em termos de desenvolvimento da estrutura social.
De início o filme cria uma expectativa de uma revolução sócio-histórica e, realmente, houve, mas de uma forma nada convencional; como rege a cartilha das revoluções mas, com características de manipulação empresarial, publicitária e televisiva. Não houve um líder ou movimento com o qual a população identificasse ideologias e objetivos em comuns, independente da doutrina defendida, mas um partido da oposição de cunho comunista que buscasse, por meios diversos, instaurar seu plano governista. E encontraram em uma renomada empresa de publicidade/propaganda, um meio para o êxito. Tamanha é a falta de critérios da população pois, é sabido que, a maioria dos votantes era aversa à ideia de regimes comunistas implantados no país.
Não foi por meio da conscientização da população, deixando às claras as consequências de um governo ditatorial, não foi através da necessidade de um povo que conseguiram a derrocada de um regime tendencioso e incompetente, senão, por intermédio de um conjunto formado por músicas emotivas, frases de efeito típicamente publicitárias, pessoas sorridentes, a maioria destoando do fenótipo chileno, imagens abusando do colorido, enfim, uma aula de como vencer eleições através de uma série de fatores associados com o fim na manipulação em massa. Como prova da ignorância dos votantes inconscientes, foi o resultado do plebiscito apontando uma diferença pífia entre os conservadores da ditadura pinocheteana e os defensores de um novo Estado. Menos mal.
Nada de novo pois, é exatamente dessa maneira que se dar o desfecho das eleições de cargos governistas/plebiscitos/ referendos, praticamente em todo o mundo. Exemplo claro, é o Brasil, onde políticos e marketeiros são como carne e unha.
Classificam "Precisamos falar sobre o Kevin" como suspense psicológico não entendo o porquê. Psicológico é compreensível pela questão de um dos personagens principais possuir algum tipo de transtorno mental e o enredo girar ao redor desse que seria o foco da produção do filme.
Por "suspense", já não consegui identificar nesse filme as características essenciais do gênero pois, ao meu ver, conceituaria como tal um filme que, logo nas primeiras cenas, repassaria ao expectador a ideia de uma desfecho inimaginável, em meio a muita tensão, claro. Não é o que ocorre de fato na estória, mas sim um final quase que totalmente previsível em relação ao assassino, assassinados, e até mesmo à arma do crime. Não há nenhum mistério a ser desvendado a não ser pelos primeiros minutos do filme, em que há uma hostilidade direcionada à mãe do psicopata, que, esta se caracteriza como personagem central por ser a vítima das incompreensíveis atitudes do filho e, como já foi dito, do hostil comportamento da comunidade também vítima do antagonista central (o que faz a obra pertencer ao gênero drama).
Retornando ao tema "psicologia", não há muito o que ser aproveitado nessa questão através da análise da obra, comparada à maioria das produções que merecem de fato ser classificadas genericamente como "psicológica". Em outras produções, o que as torna mais interessantes seria, muitas vezes, o bom comportamento do "transtornado" no meio social, sendo-lhe atribuído uma ou outra carasterística que o difere dos ditos "mentalmente saudáveis" e, por essa característica "especial" e muitas vezes camuflada - não obrigatoriamente qualificando-o como sociopata-, acaba tornando-o merecedor das atenções do expectador. No caso de Kevin, há uma certa disposição mental inata que o impede de se relacionar com o meio de forma sincera e saudável, a ponto dessa falta de empatia fazer com que o mesmo interfira na vida dos outros de modo fatal. Comportamento esse, como já havia dito, previsível, consequentemente, arrastando o filme ao óbvio sem grandes surpresas.
Fale com Ela
4.2 1,0K Assista AgoraFez-me lembrar de um dizer nietzschiano: "Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal."
Primo Basílio
3.1 257Um conselho para quem leu o livro seria nunca assistir ao filme. =/
Jornada da Alma
3.9 105Mais uma vez, a incômoda palavra "histeria" surge em um filme de psicanálise. Devaneios do patriarcalismo. Uma mulher em meio à guerra, praticamente desnaturalizada, iguala-se, a nível de ânimo, aos moribundos que rondam aquela atmosfera, se assim não o faz, de imediato é taxada de insana. O que é a loucura senão aventurar-se pelo abissal inconsciente? Como Jung queria desbravar tais mistérios se havia tanta repressão por parte de si? Mas isso não o impediu de tornar-se um gênio e Sabina, um exemplo.
Salò, ou os 120 Dias de Sodoma
3.2 1,0KAquele momento que tu vai assistir um filme pra relaxar e sai traumatizado... D:
Watchmen: O Filme
4.0 2,8K Assista AgoraTorna-se algo muito grave quando uma produção cinematográfica tenta vender uma ideologia tão medíocre quanto essa de Watchmen, desfocando do objetivo principal que é analisar atuações, fotografia, enredo, direção, produção etc. Na verdade nem é necessário assistir ao filme, basta assistir ao trailer e ler "Do mesmo diretor visionário de 300" e "Graphic novel mais elogiada dos tempos" pra sentir que o filme não será dos melhores. 300 é 300. Graphic novel é Graphic novel. Sem contar nos boatos que se ouve antes de assistir, como "Não é mais uma historinha de heróis estereotipada"... é pior.
O enredo resume-se a basicamente numa tentativa dos E.U.A de convencer o mundo que a melhor opção para "estabilizar a paz" é fazer com que aconteça "alguns sacrifícios" em prol desta, incluindo a dizimação de pessoas. Mas esse acaba sendo o grande truque da guerra fria: forças hegemônicas que não podem se confrontar por conta dos danos irreparáveis, e que logicamente não têm como obter lucro nesse conflito e acabam por ambição (que é o único sentido da guerra) explorar e oprimir outros territórios, fazendo verdadeiros holocaustos com a desculpa da manutenção da paz; aí usam como artifício por os personagens mais carismáticos em defesa desse meio e um enredo moldado em filosofia de esquina.
Enquanto o personagem Rorschach defende uma paz tendo por meio apenas o extermínio de quem a ameaça (detalhe que ele é o louco da história) e taxado incrivelmente de antagonista por intervir nos "planos de paz" das potências, o Dr. Manhattan é o egocêntrico que necessita fazer com que seu sofrimento acabe, cogitando a não intervenção da destruição da Terra (sic) porque o mundo não o interessa mais, excetuando Marte. Ah, o verdadeiro vilão ganha status de herói, sem falar no estuprador que ocupa papel de destaque no enredo. A heroína lésbica que morre por conta da vida promíscua (?). E claro, uma heroína com sex-appeal que protagoniza a melhor cena do filme.
De bom mesmo só Bob, Jimi e Janis que compuseram parte da soundtrack, destoando, claro.
O Operário
4.0 1,3K Assista AgoraBoa atuação do Bale mas que não supera o enredo maçante.
Memória dos Campos
4.6 15Legendado em espanhol o/
http://www.youtube.com/watch?v=vRmfBDmQUzU
Os Sonhadores
4.1 1,9K Assista AgoraThe dreamers traz consigo a fórmula do sucesso tentando combinar arte, cinema clássico, a França, a rebeldia, relações conflituosas e revolução social, tornando-a consequentemente uma produção com ar factício onde encontramos atores muito jovens forçando atuações merecedoras de premiação. O mais interessante do filme são as citações de grandes clássicos que permitem uma aproximação de quem debuta interesse maior na sétima arte, que culmina num subsequente contato mais profundo com os então referidos.
http://filmow.com/listas/filmes-citados-em-os-sonhadores-l4153/
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Pulp Fiction: Tempo de Violência
4.4 3,7K Assista AgoraÉ quase impossível querer encaixar numa produção de 150min. tantos atores de destaque. Acabou que saiu esse anacronismo deixando a desejar atuações mais completas, como a da Uma que só surgiu mesmo p'ra ter uma overdose, por conseguinte sendo salva pelo personagem do Travolta, dando a impressão que é a partir desse relacionamento que surge o tema principal do enredo... mas não. E o próprio Travolta que toma um fim trágico e súbito. (?)
Sem falar no Bruce que "desrotula" praticamente todos os seus personagens anteriores atuando dessa vez como anti-herói, assim como o Jackson, em que muitos de nós pensávamos "ah, ele não vai matar esse cara"... mata logo 3!
Enfim, é como se esses atores tivessem de participar de Pulp a qualquer custo, sabe lá a razão e acabou nessa "improvisação". Aparentemente não se pode dizer que foi proposital por conta do título "Pulp" (o termo "pulp" significa, como explicado no início do filme "literatura de impressão mal-acabada, etc."); talvez o roteirista já tivesse o título em mente antes de elaborar o texto, ou se o título surgiu da necessidade de encobrir esse encaixe de subenredos como uma desculpa velada... não sei.
Mas o certo é que Tarantino tem essa característica peculiar de chocar por meio desses artifícios um tanto quanto excêntricos, como as surpreendentes atuações em papeis que dissipam seus atores de personagens pregressos, e é o que garante seu sucesso de público.
[spoiler][/spoiler]
Não
4.2 472 Assista Agora"NO" não é um filme que trata de uma nova visão social dos indíviduos chilenos em relação à uma nova forma de organização do Estado, no caso, a democracia. Não é coerente exibi-lo como exemplo de "superação de um nação" em termos de desenvolvimento da estrutura social.
De início o filme cria uma expectativa de uma revolução sócio-histórica e, realmente, houve, mas de uma forma nada convencional; como rege a cartilha das revoluções mas, com características de manipulação empresarial, publicitária e televisiva. Não houve um líder ou movimento com o qual a população identificasse ideologias e objetivos em comuns, independente da doutrina defendida, mas um partido da oposição de cunho comunista que buscasse, por meios diversos, instaurar seu plano governista. E encontraram em uma renomada empresa de publicidade/propaganda, um meio para o êxito. Tamanha é a falta de critérios da população pois, é sabido que, a maioria dos votantes era aversa à ideia de regimes comunistas implantados no país.
Não foi por meio da conscientização da população, deixando às claras as consequências de um governo ditatorial, não foi através da necessidade de um povo que conseguiram a derrocada de um regime tendencioso e incompetente, senão, por intermédio de um conjunto formado por músicas emotivas, frases de efeito típicamente publicitárias, pessoas sorridentes, a maioria destoando do fenótipo chileno, imagens abusando do colorido, enfim, uma aula de como vencer eleições através de uma série de fatores associados com o fim na manipulação em massa. Como prova da ignorância dos votantes inconscientes, foi o resultado do plebiscito apontando uma diferença pífia entre os conservadores da ditadura pinocheteana e os defensores de um novo Estado. Menos mal.
Nada de novo pois, é exatamente dessa maneira que se dar o desfecho das eleições de cargos governistas/plebiscitos/ referendos, praticamente em todo o mundo. Exemplo claro, é o Brasil, onde políticos e marketeiros são como carne e unha.
[spoiler][/spoiler]
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraClassificam "Precisamos falar sobre o Kevin" como suspense psicológico não entendo o porquê. Psicológico é compreensível pela questão de um dos personagens principais possuir algum tipo de transtorno mental e o enredo girar ao redor desse que seria o foco da produção do filme.
Por "suspense", já não consegui identificar nesse filme as características essenciais do gênero pois, ao meu ver, conceituaria como tal um filme que, logo nas primeiras cenas, repassaria ao expectador a ideia de uma desfecho inimaginável, em meio a muita tensão, claro. Não é o que ocorre de fato na estória, mas sim um final quase que totalmente previsível em relação ao assassino, assassinados, e até mesmo à arma do crime. Não há nenhum mistério a ser desvendado a não ser pelos primeiros minutos do filme, em que há uma hostilidade direcionada à mãe do psicopata, que, esta se caracteriza como personagem central por ser a vítima das incompreensíveis atitudes do filho e, como já foi dito, do hostil comportamento da comunidade também vítima do antagonista central (o que faz a obra pertencer ao gênero drama).
Retornando ao tema "psicologia", não há muito o que ser aproveitado nessa questão através da análise da obra, comparada à maioria das produções que merecem de fato ser classificadas genericamente como "psicológica". Em outras produções, o que as torna mais interessantes seria, muitas vezes, o bom comportamento do "transtornado" no meio social, sendo-lhe atribuído uma ou outra carasterística que o difere dos ditos "mentalmente saudáveis" e, por essa característica "especial" e muitas vezes camuflada - não obrigatoriamente qualificando-o como sociopata-, acaba tornando-o merecedor das atenções do expectador. No caso de Kevin, há uma certa disposição mental inata que o impede de se relacionar com o meio de forma sincera e saudável, a ponto dessa falta de
empatia fazer com que o mesmo interfira na vida dos outros de modo fatal. Comportamento esse, como já havia dito, previsível, consequentemente, arrastando o filme ao óbvio sem grandes surpresas.
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