Um dos fatores mais admiráveis do filme é o modo como o roteiro foge do maniqueísmo simplista. E acredito que esse seja o motivo principal dos diversos comentários que pude observar durante a noite do Globo de Ouro, acusando o filme de ser machista, racista, reacionário, entre outros adjetivos negativos. O que vemos, atualmente, é a divisão do mundo entre o bem e o mal por ambos os lados do espectro político, que utilizam tal separação quando lhes é mais conveniente. Aqui na tela, no entanto, os personagens, muito bem escritos e desenvolvidos, são complexos, e, por isso, mais realistas e palpáveis. A protagonista nos comove durante todo o filme - às vezes só conseguimos pensar coisas como "isso aí, quebra essa merda toda", "mete a porrada nesse filho da mãe", entre outras demonstrações da racionalidade uniforme no ser humano -, mas, ainda assim, vemos suas faces desagradáveis e somos capazes de perceber que ela nem sempre tem razão ou justificativas razoáveis para suas ações. Ademais, os indivíduos cujas primeiras características apresentadas para o espectador são as ruins mostram-se mais que simples seres com valores e qualidades ausentes. Isso é visto até mesmo das formas mais sutis pelos personagens menores:
o personagem do Peter Dinklage, embora pareça ser um cara bacana, possui problemas com bebida e acaba mentindo para defender Mildred de forma precipitada e duvidável; o Sargento da delegacia parece desaprovar o comportamento e as ações do Dixon, mas se mostra também meio racista e problemático; entre outros exemplos.
Outro elemento que me agradou bastante no roteiro é o seu caráter ácido e sarcástico. Temos diversos ótimos diálogos que carregam uma carga de ironia, que eu - grande utilizador do recurso, segundo os que me rodeiam - acho genial. É, na verdade, o meu tipo preferido de humor, quando bem realizado, como aqui, claramente. Não foram poucas as risadas que dei - com grande satisfação - em diversos momentos do filme, graças ao jogo de palavras e ideias que é feito através dos comentários, respostas e contra respostas, ácidos ditos pelos personagens. É um modo de comédia - na falta de uma palavra melhor - que não necessariamente torna cenas mais leves - e nem deveria, pelo menos nesse caso -, mas as preenche com ótimos momentos de assistir, que apenas se tornam melhor se contarem com boas atuações.
Falando nisso, de boas atuações esse filme está cheio. Frances McDormand está incrível e consegue apresentar de forma magistral a complexidade já mencionada acima, alternando a ira com a acidez, com a ternura e com a tristeza. Não posso dizer ainda se é minha favorita para o Oscar, mas sua vitória seria mais que merecida - tal como foi seu prêmio Globo de Ouro. Sam Rockwell também é o outro grande nome, também entregando uma atuação digna dos prêmios que já recebeu e dos prêmios que tem chance de ganhar. Seu personagem tem um arco muito interessante, que embora não nos leve da raiva para o amor, consegue, pelo menos, atenuar esse ódio. Woody Harrelson está em uma papel que me parece bem confortável pra ele, mas ainda assim o faz de forma bem competente, criando também um personagem interessantíssimo. Lucas Hedges pode não ter se destacado esse ano como no ano passado, mas certamente o garoto sabe fazer escolhas na sua carreira. Por último, mas não menos importante, eu não sei dizer se é todo o apreço de fã que tenho por ele, mas Peter Dinklage consegue me conquistar sempre, mesmo com uma participação tão pequena.
O filme repete muitos dos erros do anterior: diálogos ruins, cenas bobas e desinteressantes, efeitos especiais torturantes para a vista, Anakin como um personagem insuportável sendo interpretado por um mal ator, entre outros. No entanto, ainda podemos incluir aqui um romance PATÉTICO, com cenas patéticas, diálogos patéticos e personagens patéticos e sem muita consistência - o Anakin admite para a Padmé que MASSACROU mulheres e crianças e ela simplesmente dá um abraço nele e bola pra frente: patético.
Devo admitir, no entanto, que gosto de algumas pequenas coisas, como o aprofundamento de universo - especialmente na explicação da criação dos clones e da participação do Jango e Boba Fett, embora tenham sido bem pequenas. Além disso, prefiro o final deste ao anterior, gosto das lutas - entre Obi-Wan e Yoda contra Dookan - e gosto de ver outros jedis - mesmo que figurantes e sem falas - com diversos outros visuais. No entanto, ainda assim prefiro o primeiro filme, que acho um pouquinho mais interessante e divertido de assistir.
Não é horrível, mas também não é bom. A parte que me agrada é a aprofundada que o filme dá em alguns aspectos, e a parte política e econômica - que não achei tão cansativamente presente como muitos apontam - são até interessantes. Porém, o roteiro é bem fraco, com diálogos risíveis e cenas demasiadamente toscas. É quase clichê falar mal do Jar Jar Binks, mas é inevitável: não serve como alívio cômico, ou melhor, não serve para nada. É visível como as cenas do personagem parecem soltas e conseguem ser, quase ao todo, inúteis. Falando em personagem ruim, é INACREDITÁVEL o desperdício de um personagem que podia ser tão interessante como o Darth Maul. O "grande" vilão do filme tem apenas 3 falas e não aparece por mais que 10 minutos, participando de uma batalha que não é das melhores - sem tom definido e sem emoção - e é posta pra baixo se em comparação com o fim do episódio seguinte. As cenas de ação são obviamente melhores que da trilogia original - difícil não ser -, embora também não sejam a melhor coisa da galáxia - ainda mais quando atores de verdade lutam contra robôs de CGI. Falando nele... os efeitos especiais desse filme são MEDONHOS. Eu não esperava encontrar nada à altura de hoje, obviamente, mas é fácil achar filmes da década de 70 ou 80 com efeitos que incomodem menos que esses.
Anakin Skywalker é interpretado pelo pior ator mirim da história dos atores mirins - que não é assistido muito pela intérprete da sua mãe - e consegue também se tornar um personagem quase insuportável, tendo algumas cenas mais pro final do filme que são bem toscas. Aliás, o único personagem novo que realmente me agradou nesse filme foi o Qui-Gon Jinn, embora eu tenha minhas suspeitas que isso se deve exclusivamente ao fato d'ele ter sido interpretado pelo meu ídolo, Liam Neeson.
Não esperava que o filme abordasse as ideias e conceitos de Marx com uma profundidade grandiosa, pois, assim, seria provável que acontecesse uma de duas consequências ruins: o filme só seria compreensível para aqueles que já possui um conhecimento grande do pensador ou cairia em um didatismo dificilmente suportável. No entanto, acredito que era possível representar a teoria marxista de forma melhor na tela, principalmente porque, em diversos momentos, ela faz a diferença para compreender o que se passa no filme. É difícil entender, no longa, por exemplo, o motivo da oposição de Marx a Proudhon e a Weitlings simplesmente porque a diferença entre eles está na base teórica, que não nos é apresentada - com exceção de rápidos comentários que expõe que Marx é materialista, e eles não.
E se o argumento contrário ao exposto acima for que o filme não era sobre as ideias de Marx, mas sim sobre sua pessoa, também temos aqui problemas. Embora a atuação do protagonista seja realmente boa, o personagem não parece muitas vezes verídico e real por ser retratado como um simples herói, desafiador e perfeito. O filme não consegue criar um ritmo que torne a trama interessante, e possui muitas cenas que não parecem reais ou críveis. A amizade entre Marx e Engels é também construída de uma forma um tanto quanto estranha, o que não melhorava muito com a atuação de Stefan Konarske, que a todo momento me fazia achar que o seu personagem não possuía muito controle de suas faculdades mentais. E para não apenas criticar, tanto a cena inicial quanto o evento que dá final ao filme - o lançamento do Manifesto Comunista - são realmente muito bacanas.
Para finalizar, infelizmente não poderia deixar de comentar sobre o estado lamentável e enojador desse espaço de comentários aqui no Filmow. Discussões infelizes e infantis, argumentos ridículos e superficiais de ambas as partes, destilações de utopias difíceis de acreditar. Realmente assustador.
Fui ver o filme aguardando uma bomba sem precedentes, mas não foi o que encontrei. Não que eu tenha me deparado com algo muito superior, é claro: é apenas um filme bem genérico. O roteiro é fraquíssimo, muitas vezes até bobo, com diálogos vergonhosos e um humor que dificilmente funciona por ser forçado ou simplesmente sem graça. Temos aqui também as famosíssimas situações muito oportunas, que apenas demonstram a falta de qualidade do texto, que busca soluções fáceis e inverossímeis. Personagens parecem se conectar sem nenhum desenvolvimento ou motivo aparente, a personalidade deles parece contraditória em diversos momentos, e o final... nossa, que aberração é o final. Não ajuda muito o fato de que, se parar pra pensar, a duração do filme poderia ser reduzida a 20 minutos caso a "grandiosíssima" vilã tivesse escolhido QUALQUER outro humano para servir de sacrifício, e não o Tom Cruise.
Como uma aventura, o filme nunca chega a um nível realmente empolgante que prenda a atenção do espectador. Existem até algumas cenas de ação bacaninhas - embora os efeitos visuais sejam bem medíocres -, mas nada que possa ser considerado memorável. A vilã do filme - apesar de até possuir um background minimamente interessante, ainda que não represente nenhuma inovação - é demasiadamente esquecível e não faz jus ao que uma figura como "A Múmia" represente - tanto se estivermos falando das obras clássicas de horror da Universal das décadas de 30 ou 40 quanto dos filmes mais recentes, que embora possuam diversas falhas, são deveras mais interessantes.
O filme veio com a proposta de tentar iniciar - novamente, pois vale lembrar do Drácula de Luke Evans - o Dark Universe da Universal e focou bastante nisso. Deixo já adiantado que acho essa ideia sensacional, visto que admiro muito os personagens que estarão - ou estariam, nunca se sabe - inclusos nele. Acredito no potencial, que, se bem aproveitado, poderia gerar resultados muito bacanas. No entanto, embora possua alguns easter eggs bacanas, A Múmia também falha nesse quesito. Acho que um universo compartilhado requer um mínimo de coesão e seriedade para que não se torne uma bagunça, e o texto desse filme não possui esses aspectos. O apresentado do universo aqui é bem ruim, toda a motivação e o modo como isso foi construído - e essa visão inicial é fundamental porque é ela que dá a base para o público - soaram desinteressante ou só bobo. Gosto muito da ideia de ter o Russell Crowe como Dr. Jekyll e Mr. Hyde - o livro é um dos meus favoritos, e o ator também -, mas não me agradou muito o modo como ele foi representado, e espero poder vê-lo no papel em um filme solo, dirigido com mais seriedade e escrito com mais coesão. E, fundamentalmente, a Universal deveria focar, para esses filmes, no aspecto que permite inseri-los em um universo denominado "dark": o horror.
Como representante do gênero aventura, decepciona um pouco a partir do momento que o ritmo se perde e torna o filme um tanto quanto cansativo. Além disso, as próprias expedições - vale muito ressaltar o plural - não criam grande interesse e não são capazes de mostrar, ao espectador, os motivos para que tal lugar crie tanta admiração no protagonista. Esse ponto é feito com muito mais mérito pelo trabalho da direção e fotografia, que criam um visual - tanto graças aos enquadramentos quanto graças às cores do filme - realmente muito belo.
De uma grande beleza, também, é o final do filme, que escolhe, com muita precisão e mérito, uma das versões para o fim do Coronel Fawcett e seu filho. Todo o contexto da cena é bem poético - e, de certa maneira, irônico - e faz total sentido com o que é estabelecido no filme como os objetivos e pretensões do personagem - que são bem diferentes das do indivíduo real.
Acho que o final realmente dá uma escorrega, mas não pelo fato de não ter dado uma conclusão definitiva. A trama é sobre um homem que, após sair da cadeia, quer endireitar sua vida e lutar para não ser aquilo que o seu ambiente - retratado de uma forma bem crua, que eu realmente gostei bastante - pede que seja. O que acompanhamos é exatamente o momento mais difícil da jornada para conseguir isso, e basta isso para o filme. Então, um encerramento meio inconclusivo já era esperado, o pecado foi fazer o final parecer muito apressado - pois os eventos acontecem de súbito - e um tanto quanto confuso.
No geral, é um drama muito competente com um desenrolar que prende a atenção e gera uma grande simpatia com o protagonista, que, ainda assim, não é retratado de forma maniqueísta e simples. As atuações de John Boyega, Glenn Plummer e De'aundre Bonds são bem bacanas e são fundamentais para - ao lado do visual urbano com tradicionais luzes amareladas, que me remeteram a Luke Cage - estabelecer o meio e o contexto no qual os personagens estão inseridos.
Embora não seja o tipo de filme que faça todos que assistem se engasgarem de tanto chorar, é um drama bem competente que cumpre bem seu papel. Jeff Bauman é desenvolvido de uma forma que foge de uma visão de um "indivíduo perfeito e com moral incólume que merece toda a admiração graças à sua história de superação". O personagem passa por diversos problemas envolvendo o trauma e o modo de lidar com o acontecido, criando conflitos com aqueles que estão em sua volta, originando muitas cenas interessantes. É um indivíduo imperfeito, complexo que é capaz de nos deixar irritados mesmo com toda a sensibilização e compreensão que adquirimos em relação à sua situação. Mas admito que, diversas vezes, essas mudanças na personalidade do protagonista ficam meio confusas. Vale destacar que toda a dinâmica entre o trio principal é coroada pelas ótimas atuações de Gyllenhaal, Tatiana Maslany e Miranda Richardson.
Embora muitos tenham reclamado da direção, gosto de como ela utiliza, diversas vezes, o foco e o desfoque para criar cenas bonitas, emocionantes e que valorizam as atuações - principalmente na cena onde os médicos retiram as bandagens da perna do protagonista. No entanto, o roteiro às vezes falha em momentos que parecem muito oportunos e irreais, com diálogos que causam estranhamento. Um exemplo disso é o momento onde Bauman finalmente encontra o seu salvador.
Toda a grandiosíssima recepção positiva para o filme realmente causou o efeito errado: criou-se a expectativa de um filme sensacional, diferente de tudo que já havia sido visto - e tudo isso porque o tomatômetro do Rotten Tomatoes conseguiu se manter em 100% por um bom tempo e com um enorme número de críticas. Essa pretensão, no entanto, não poderia estar mais errada. Lady Bird sucede - e encanta - justamente por sua simplicidade e delicadeza. Depois de ler vários comentários e críticas - tanto no Filmow quanto fora dele -, eu não seria capaz de deixar de repetir alguns adjetivos usados para descrever o filme: sincero, fresco, sensível.
O enredo, que parece tão surrado e já super utilizado, diferencia-se por seu realismo, claramente reforçado pela direção e fotografia - que parecem não querer interferir muito com a imagem captada pela câmera, deixando-a real e palpável. Com algumas exceções - o irmão da protagonista e a namorada, o tal de Kyle -, os personagens são críveis, ou seja, é possível pensar que pessoas como aquelas realmente podem existir. Acho que é por conta dessas qualidades que senti falta exatamente de mais tempo - e, portanto, desenvolvimento - para alguns desses outros fatores que movimentam a trama. É óbvio que o centro é a Lady Bird - otimamente interpretada por Saoirse Ronan, que, além de possuir talento para atuar, é dona de uma beleza notável -, mas acredito que poderíamos conhecer e ver mais de algumas daquelas pessoas.
No início, eu estava achando curiosíssimo como o filme parecia não possuir uma linha narrativa - ou proposta - bem definida. Não conseguia enxergar qual era a trama principal e mais ou menos como ela seguiria. E, agora, após o final, consigo perceber que esse é um dos toques que reforça o caráter simples e real do longa. O filme é sobre aquele pedaço de vida da Lady Bird, e a vida não possui um caminho narrativo bem definido, ela é contingencial e feita de momentos. E essa é a impressão que tenho sobre Lady Bird: é um conjunto de momentos de um período da existência de uma menina. Por isso que algumas cenas parecem inúteis ou, de certa forma, sem propósito. Eu consigo pensar em diversas sequências que, se cortadas, não fariam grande diferença na trama principal. Porém, na verdade, são cenas que descrevem a realidade: nem todas as coisas - a maioria, eu até diria - possuem um significado ou relação direta com as situações ou fatos de escala macro na vida de uma pessoa, e, mesmo assim, elas possuem significado e importância. E isso é algo que admiro bastante: a demonstração - e consequente valorização - do simples, do momento, do "inútil".
Para finalizar, não poderia deixar um comentário sem mencionar Laurie Metcalf, que está incrível. Parece que a atriz realmente encontrou o grande papel de sua carreira - pelo menos na grande tela. Embora já tenha alcançado os holofotes algumas vezes na tv - sendo já indicada para Globos de Ouro e Emmys por uma série de comédia nos anos 90, Laurie não parecia estar tão em destaque e em uma boa situação. No entanto, sua interpretação da complexa mãe de Lady Bird destaca demais a atriz, que é uma das favoritas na corrida para o Oscar. Em muitos momentos - em quase todos, na verdade -, se fizéssemos uma atividade de embate entre Lady Bird e sua mãe, eu estaria ao lado e dando razão - embora não completamente - à personagem de Laurie Metcalf.
Confesso que o início me animou bastante e a proposta me pareceu - e ainda parece - interessantíssima, porém todo o potencial simplesmente não foi desenvolvido. O mundo fantástico é desenvolvido apenas superficialmente, sendo o visual, na verdade, o fator que possui mais mérito, misturando um aspecto urbano pé no chão com alguns toques meio cyberpunk. As cenas de ação - exceto uma, em câmera lenta, muito bacana - são bem fracas e os pulos e acrobacias malucas dos membros do Inferni são de uma artificialidade tremenda. Além disso, a direção, a trilha sonora e o próprio roteiro não contribuem nem um pouco para criar qualquer tipo de tensão ou emoção nessas cenas.
Seguindo o caminho de Esquadrão Suicida, temos situações forçadas e um tanto quanto oportunas - e o adjetivo é usado aqui de forma negativa. Além disso, há a criação - e a destruição - de vínculos de uma forma totalmente ausente de desenvolvimento, o que nos faz questionar diversas vezes os motivos dos personagens estarem fazendo o que fazem.
Por exemplo, o policial interpretado por Edgar Ramirez - totalmente inútil na trama - parece ser um cara legal e ter um certo vínculo com o personagem do Will Smith, porém a morte do primeiro não causa nenhum impacto no segundo e acontece de uma forma tão súbita que é até possível esquecer que aconteceu. Por outro lado, a dupla de policiais parece ganhar, do nada, um apreço e uma afeição à elfa Tikka - e ela por eles - mesmo não tendo nenhum motivo para um vínculo do tipo ser criado, visto que, até quase a parte final, os personagens mal interagem embora compartilhem cenas juntos. Mesmo assim, eles soam, lutam, quase morrem para salvá-la e parecem sofrer um grande impacto com o mal estado dela - que, vale dizer, some e aparece conforme o que o roteiro quer: a mulher está quase morrendo, depois já está lutando para salvar a dupla, depois está novamente quase morrendo.
Ademais, a batalha final em si parece muito - e isso não é nem um pouco positivo - com a do filme mencionado.
Nos pontos positivos, temos o já mencionado visual, que realmente me impressionou em diversos momentos, e a abordagem de questões sociais, que é feita com grande mérito especialmente no primeiro quarto do filme. É feita tanto de forma descarada - não em um sentido negativo -, com o preconceito sendo expresso claramente por palavras e atitudes dos personagens, tanto de formas mais sutis - com frases como "não vamos ouvir música de orc".
Minha maior curiosidade quanto a esse filme era ver Jackie Chan - de quem sou um grande fã - em um papel completamente dramático, caminho que torço para ele seguir futuramente em sua carreira, quando não puder mais ser o astro de ação que tanto gostamos. E esse fator me agradou bastante: não vemos em nenhum momento o Chan que conhecemos, o que, no caso, é excelente. Ainda assim, temos boas cenas de luta com o ator, que usa algumas das características presentes em suas famosas cenas de ação - a utilização de objetos do ambiente, entre outros. Além disso, um aspecto interessante do personagem - aí um mérito do roteiro, acredito eu - é o seu aspecto moral, que está presente durante todo o filme e é totalmente compreensível e lógico.
Ótimo filme. A direção nem parece ter sido feita por um estreante na função de tão sensacional. Vemos alguns enquadramentos magníficos e simbólicos - como aquele que compara a foto da mãe do protagonista no auge da carreira e seu estado no presente. No entanto, acho que a galera da fotografia talvez tenha exagerado um pouco no que diz respeito à iluminação. Em diversas cenas -
-, as luzes são de uma artificialidade gigantesca - o que nem sempre é algo negativo, vale dizer - que, no caso, apenas me pareceu uma tentativa exagerada de criar vínculo emocional com os acontecimentos retratados, o que não era necessário pois o ótimo roteiro e as atuações já cumpriam deveras bem esse papel.
Compreendo algumas críticas relacionadas ao roteiro no que diz respeito aos personagens e à superficialidade em tratar de todo o fator sistêmico que proporciona o cenário lamentável e odiável do filme, além do que significou a própria rebelião em Detroit. Porém, vi algumas pessoas dizendo que o roteiro era fraco porque, durante a sequência do hotel - excelente em sua totalidade -, os diálogos eram "forçados" porque os personagens continuavam repetindo as mesmas coisas: "me diga onde está a arma" e etc. O que vocês queriam? O que, naquela situação tensa e revoltante abordada, os personagens poderiam falar de diferente? Realmente eu não consigo pensar em qualquer outra abordagem relacionada a diálogos e interação de personagens diferentes das realizadas que mantivessem o realismo e a tensão.
A direção em estilo documental, com seus zoons e movimentos de câmera, realmente trazem um realismo bem interessante em diversos momentos, principalmente no início do filme. No entanto, achei que não podia deixar de comentar que me incomodou um tanto. Fiquei até satisfeito que essa abordagem foi deixada de lado na maior parte do filme, durante a cena do hotel. Também devo comentar que a atuação do elenco, como um todo, estava bem competente, o que foi fundamental para que o tom conseguisse se consolidar. Atuações medíocres, artificiais, teriam prejudicado demais e tirariam em grande parte o espectador do filme.
A direção de arte, belíssima, contribui muito para a construção da "casa torta": a aparência é deslumbrante, cada personagem tem seu recanto com um visual característico e totalmente diferente - e contrastante - com o de outros, o que consolida bem a ideia de um lugar desfigurado, caótico. Acho que a direção valoriza muito esse aspecto, com enquadramentos assimétricos e não centralizados. No entanto, o outro fator que torna tal mansão tão desconexa são seus habitantes, um fator mais interessante - e importante, visto que cada um é suspeito - que o próprio visual. E aí é que está o maior pecado do filme: as peculiaridades de cada um são abordadas apenas superficialmente, de um modo que há o despertar de um interessa no espectador para saber mais, não realizado. Diversas sub-tramas que poderiam, então, tornar os personagens caóticos mais complexos são subaproveitadas.
Somado a isso, a direção parece - como dito acima - se importar mais com o aspecto físico-visual da casa do que com seus integrantes: a cena do jantar - provavelmente a minha favorita -, por exemplo, é bem escrita e cria um conflito interessantíssimo e fundamental para o filme tanto na questão dramático quanto em relação ao desenvolvimento do mistério. Uma ótima oportunidade de aproveitar os suspeitos - realizada parcialmente - e, principalmente, os atores. Porém, tem-se o contrário: os enquadramentos não valorizam nem um pouco as atuações, visto que são abertos e ocupados por detalhes insignificantes - como a parte de trás de cadeiras, silhuetas das costas de um indivíduo, os objetos acima da mesa - que acabam tirando o foco do principal: os atores e seus diálogos. Poderiam, ao menos, serem abertos de modo a chamar a atenção, em um só quadro, para as diferentes reações dos diversos integrantes da mesa, mas não é isso que acontece. Desse modo, não só nessa cena, as ótimas atuações de Glenn Close - maravilhosa, que me conquistou já na primeira cena -, Gillian Anderson e Amanda Abbington, não são valorizadas como deveriam e mereciam.
Apesar de todas essas críticas, devo dizer que o filme realmente me agradou. Todo o processo de investigação - que é uma das coisas que mais me fascinam e mais me fazem ser um fã do gênero mistério - foi bem bacana, as interações com os suspeitos foram interessantes - embora, como já dito, poderiam ter sido bem superiores - e a revelação do realmente ocorrido foi feita de uma forma muito boa, assim como a realização do final.
Após assistir o filme, fica difícil de acreditar que o que decorreu foi consequência do ÓTIMO começo. Os primeiros, sei lá, 25 minutos do filme são incríveis - mais especificamente, até alguns minutos após o acidente, cuja cena, vale mencionar, é incrível. Há o estabelecimento de um tom macabro, misterioso, de uma forma excelente e que me deixou curiosíssimo quanto ao rumo do filme. Isso, é claro, foi feito com grande ajuda do visual deslumbrante e da trilha sonora com tons sinistros do início do longa. A fotografia é combinada com a direção de arte e com a própria locação de forma magistral, consolidando-as, assim, como a melhor coisa do filme.
O filme consegue a proeza de estabelecer um roteiro que é, ao mesmo tempo, previsível e confuso. Bate-se muito na tecla de uma história misteriosa que deixa bem sugerido a realidade por trás da farsa do enredo, mas que, ainda assim, é muito confusa. Todo esse aspecto negativo é reforçado pela duração excessiva do filme, que, no seu decorrer, embora entregue muitas cenas bacanas - novamente, graças, muitas vezes, ao aspecto visual -, não deixa de ser cansativo e repetitivo - o personagem principal parece se entregar aos delírios do lugar duas vezes e, nas duas vezes, cura-se desse estado por motivo nenhum. O final, então, é o mais decepcionante: toda a revelação e explicação do mistério destoam totalmente do tom que estava sendo construído durante o filme. Um suspense psicológico que, com seus exageros e confusões, pauta-se na realidade e se mantém pé no chão o máximo que consegue. No entanto, tudo isso é subvertido de uma forma um tanto quanto frustrante e que desmancha toda a complexidade que o roteiro parecia sugerir para a história. O contraste é tamanho que eu já havia imaginado, basicamente, quais eram os segredos envolvendo alguns personagens e a trama, porém afastei a possibilidade por considera-la muito fantasiosa e não condizente com o que parecia estar sendo proposto. .
Não dá pra dizer que a direção é ruim pois as cenas são muito bem realizadas nos limites que o roteiro fraco impõe. O suspense é criado sem recorrer a clichês do gênero terror, cenas que envolvem mais ação e movimento são realizadas de forma competente, entre outros aspectos positivos. Não obstante, as atuações do trio principal - DeHaan, Goth e Isaacs - são bem boas.
O grande destaque da série é, claramente, a parte técnica: direção, fotografia e direção de arte simplesmente sensacionais. Uma das séries mais visualmente belas que já vi - se não a mais bela. Realmente possui um ritmo lento, o que pode incomodar em alguns instantes. Nenhum episódio pode ser classificado, na minha opinião, como algo menos que "bom", mas acho que só o último poderia receber a classificação de "ótimo" ou mais. É claro que os fãs mais calorosos de western provavelmente discordam de mim e conseguiram aproveitar muito mais todas as partes.
Acho que faltou certo esmero na construção de alguns personagens, embora o trio principal seja realmente ótimo, inclusive Jeff Daniels com uma atuação assustadora de excelente. O personagem do Scott McNairy, Bill McNue, é um exemplo que acho que poderia ter sido melhor aproveitado, me parece que a jornada dele não acrescentou muita coisa e não conseguiu gerar grande simpatia pelo personagem.
embora toda a cena do combate - já começando no pequeno vilarejo Blackdom - tenha sido inegavelmente ótima e muito boa de se assistir, senti que faltou um certo senso de perigo e dificuldade. No final, só um personagem "importante" morreu - de uma forma muito surpreendente, inclusive - e parece que toda a batalha foi vencida com uma certa facilidade, que fez a fala prévia da McNue - algo sobre como apenas um milagre poderia ajudar elas - parecer um tanto quanto exagerada.
Não sou grande fã da animação e, na verdade, nem tenho certeza se cheguei a assisti-la por completo durante a infância. No entanto, esse filme me encantou de uma forma que eu realmente não esperava. Começando pelo aspecto visual, que a despeito dos efeitos especiais fracos, possui uma direção de arte e figurinos muito inspirados, tornando qualquer cena muito bela. Entendo que o gênero 'musical' não seja fácil de ser apreciado minimamente por aqueles que não gostam, porém eu, que acho espetacular, adorei. As cenas das músicas "Be Our Guest" e "Gaston" foram simplesmente incríveis, muito divertidas, assim como a cena final - que junta todas as qualidades que já mencionei acima. Por outro lado, o momento da dança entre a Bela e a Fera, que se tornou tão icônico na animação, não possuiu o mesmo peso dessa vez.
O elenco foi escolhido com grande sucesso. O maior destaque aqui fica com Josh Gad, que rouba a cena em todos os momentos que aparece, sendo a melhor surpresa do filme. Luke Evans também está muito como Gaston. A dupla merece grande destaque pela já referida cena onde apresenta-se a música do último. Gosto muito, também, dos atores que fazem os objetos animados - que, merece ser destacado, conseguiram ficar bem "realistas", na medida do possível. Embora a Fera tenha sido criada por efeitos especiais não tão afinados, ficando bem destoante do resto de qualquer cena em que apareça, gosto que é possível enxergar muito bem a atuação de Dan Stevens, que também acho muito bacana. Emma Watson, por sua vez, foi a que menos chamou minha atenção durante o filme: sua beleza é inegável e muito apropriada para o aspecto físico da personagem, porém sua atuação não conseguiu se destacar e atingir a complexidade que buscou-se - com muita justiça - acrescentar à personalidade de Bela.
Não sei quanto do quê é real, porém houve vários momentos que achei que foram too much. Tirando o fato que é bem longo, é um filme bem bacana de assistir, além de retratar uma situação bem delicada na história contemporânea da Coreia do Sul. Serve, também satisfatoriamente, para renovar a repulsa por ditaduras e governos autoritários. Devo comentar também que achei o protagonista ótimo.
Acho improvável que seja indicado ao Oscar, mas, ainda assim, vale a pena assistir nessa reta intermediária da temporada de premiações.
Um dos muitos pontos positivos de um drama tão real e cru como esse é relembrar quão desprezíveis e deploráveis podem ser seres humanos comuns e ordinários.
O roteiro, ao tentar ser mais complexo do que realmente é, acaba gerando uma confusão que atrapalha o ritmo. Mesmo assim, gostei bastante da parte do filme que relaciona-se ao drama pois criou-se, assim, uma certa densidade e acrescentou um conteúdo que não costumo visualizar em filmes de ação - pode ser que eu esteja só vendo os filmes errados, mas quem sabe.
Embora indubitavelmente ótima e embora seja uma aula de direção e coreografia, a longa sequência inicial me incomodou um pouco. É inegável que o falso plano sequência é sensacional e a ação, em si, é excelente, porém achei muitas vezes que havia um certo too much. Senti em alguns momentos que talvez tenham se empolgado demais, a câmera fazendo certos movimentos estranhos que pareceram me tirar a realidade da cena. Não sei se talvez eu tenha sido pego de surpresa ou algo do tipo, mas o curioso é que tal fato não me incomodou na parte final.
Ah, outro problema que eu tenho há muito tempo e que não consigo superar: eu simplesmente não consigo deixar de confundir TODOS os indivíduos em filmes asiáticos. Eu realmente às vezes me perco de uma forma incrível tentando decifrar quem é quem.
Quase totalmente desconforme com os outros filmes em que tais personagens aparecem. Só pegar qualquer um filme que o Thor aparece e compará-lo com o personagem nesse filme que dá pra notar que são quase dois personagens totalmente diferentes.
Quando se pede um filme mais sério, não é preciso que haja algo denso e sombrio como TDK, mas diversas coisas são necessárias: criação de tensão, risco, emoção, uma seriedade moderada, entre outros. Ainda mais quando se trata de um filme sobre o RAGNAROK, o fim do mundo para a Mitologia Nórdica.
Fala sério, o Odin, o Volstagg, o Fandral morrem de formas totalmente desprezíveis e não emotivas.
No entanto, o que temos é, talvez, o filme da Marvel com mais piadinhas e humor (acho que supera até Guardiões da Galáxia Vol. 2). E não quero dizer que não dê pra dar realmente boas risadas com o filme, pois há cenas realmente muito engraçadas (embora muitas tenham sido, realmente, desnecessárias demais). No entanto, acho que seja um tom muito indevido para a trama que o filme possui.
A premissa pode não ser das mais originais e a trama pode não ter uma grande complexidade ou coisa do tipo. Mesmo assim, é um filme bem bacana, roteiro simples porém bem fechadinho, a resolução faz total sentido e as pistas estão lá o tempo todo - o que é fundamental para filmes com grandes revelações e principalmente quando ele é, inteiramente, envolto em mistério.
Vale mencionar que o filme é de suspense, então não é recomendável ir ao cinema esperando ver um filme de terror. Engraçado é que até tentam criar um medo e dar uns sustos no começo, mas parece que depois desistiram e mudaram o tom.
Curioso como esse filme é, de um lado, bem menos inspirado que o primeiro e, por outro, bem mais. A inspiração menor com certeza vem do roteiro, que oferece algumas cenas, situações e viradas bem fáceis e às vezes um tanto quanto duvidosas - embora haja um plano de fundo interessante. Por outro lado, as cenas de ação - embora não cheguem a ser tão insanas quanto àquela da igreja, que continua sendo a melhor - estão, aqui, em maior quantidade e mais grandiloquentes - o que, às vezes, chega a ser meio problemático.
De mesma sorte, temos uma arte tão bacana quanto a do primeiro filme, especialmente no núcleo americano e o núcleo da vilã. Por outro lado, os efeitos especiais estão incrivelmente estranhos: em quase todas as cenas - até mesmo nas mais improváveis,
- cria-se um incômodo com o que está sendo visto em tela. Como dito em alguma crítica que li - e agora não lembro exatamente qual -, graças a esse defeito, quase nada em tela parece ser real.
Filme bastante divertido, embora talvez tenha faltado certo esmero com as cenas de ação e com os efeitos especiais. É incrível como o Gary Oldman, mesmo aparecendo bem pouco, consegue ser ótimo.
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraUm dos fatores mais admiráveis do filme é o modo como o roteiro foge do maniqueísmo simplista. E acredito que esse seja o motivo principal dos diversos comentários que pude observar durante a noite do Globo de Ouro, acusando o filme de ser machista, racista, reacionário, entre outros adjetivos negativos. O que vemos, atualmente, é a divisão do mundo entre o bem e o mal por ambos os lados do espectro político, que utilizam tal separação quando lhes é mais conveniente. Aqui na tela, no entanto, os personagens, muito bem escritos e desenvolvidos, são complexos, e, por isso, mais realistas e palpáveis. A protagonista nos comove durante todo o filme - às vezes só conseguimos pensar coisas como "isso aí, quebra essa merda toda", "mete a porrada nesse filho da mãe", entre outras demonstrações da racionalidade uniforme no ser humano -, mas, ainda assim, vemos suas faces desagradáveis e somos capazes de perceber que ela nem sempre tem razão ou justificativas razoáveis para suas ações. Ademais, os indivíduos cujas primeiras características apresentadas para o espectador são as ruins mostram-se mais que simples seres com valores e qualidades ausentes. Isso é visto até mesmo das formas mais sutis pelos personagens menores:
o personagem do Peter Dinklage, embora pareça ser um cara bacana, possui problemas com bebida e acaba mentindo para defender Mildred de forma precipitada e duvidável; o Sargento da delegacia parece desaprovar o comportamento e as ações do Dixon, mas se mostra também meio racista e problemático; entre outros exemplos.
Outro elemento que me agradou bastante no roteiro é o seu caráter ácido e sarcástico. Temos diversos ótimos diálogos que carregam uma carga de ironia, que eu - grande utilizador do recurso, segundo os que me rodeiam - acho genial. É, na verdade, o meu tipo preferido de humor, quando bem realizado, como aqui, claramente. Não foram poucas as risadas que dei - com grande satisfação - em diversos momentos do filme, graças ao jogo de palavras e ideias que é feito através dos comentários, respostas e contra respostas, ácidos ditos pelos personagens. É um modo de comédia - na falta de uma palavra melhor - que não necessariamente torna cenas mais leves - e nem deveria, pelo menos nesse caso -, mas as preenche com ótimos momentos de assistir, que apenas se tornam melhor se contarem com boas atuações.
Falando nisso, de boas atuações esse filme está cheio. Frances McDormand está incrível e consegue apresentar de forma magistral a complexidade já mencionada acima, alternando a ira com a acidez, com a ternura e com a tristeza. Não posso dizer ainda se é minha favorita para o Oscar, mas sua vitória seria mais que merecida - tal como foi seu prêmio Globo de Ouro. Sam Rockwell também é o outro grande nome, também entregando uma atuação digna dos prêmios que já recebeu e dos prêmios que tem chance de ganhar. Seu personagem tem um arco muito interessante, que embora não nos leve da raiva para o amor, consegue, pelo menos, atenuar esse ódio. Woody Harrelson está em uma papel que me parece bem confortável pra ele, mas ainda assim o faz de forma bem competente, criando também um personagem interessantíssimo. Lucas Hedges pode não ter se destacado esse ano como no ano passado, mas certamente o garoto sabe fazer escolhas na sua carreira. Por último, mas não menos importante, eu não sei dizer se é todo o apreço de fã que tenho por ele, mas Peter Dinklage consegue me conquistar sempre, mesmo com uma participação tão pequena.
Star Wars, Episódio II: Ataque dos Clones
3.7 776 Assista AgoraO filme repete muitos dos erros do anterior: diálogos ruins, cenas bobas e desinteressantes, efeitos especiais torturantes para a vista, Anakin como um personagem insuportável sendo interpretado por um mal ator, entre outros. No entanto, ainda podemos incluir aqui um romance PATÉTICO, com cenas patéticas, diálogos patéticos e personagens patéticos e sem muita consistência - o Anakin admite para a Padmé que MASSACROU mulheres e crianças e ela simplesmente dá um abraço nele e bola pra frente: patético.
Devo admitir, no entanto, que gosto de algumas pequenas coisas, como o aprofundamento de universo - especialmente na explicação da criação dos clones e da participação do Jango e Boba Fett, embora tenham sido bem pequenas. Além disso, prefiro o final deste ao anterior, gosto das lutas - entre Obi-Wan e Yoda contra Dookan - e gosto de ver outros jedis - mesmo que figurantes e sem falas - com diversos outros visuais. No entanto, ainda assim prefiro o primeiro filme, que acho um pouquinho mais interessante e divertido de assistir.
Star Wars, Episódio I: A Ameaça Fantasma
3.6 1,2K Assista AgoraNão é horrível, mas também não é bom. A parte que me agrada é a aprofundada que o filme dá em alguns aspectos, e a parte política e econômica - que não achei tão cansativamente presente como muitos apontam - são até interessantes. Porém, o roteiro é bem fraco, com diálogos risíveis e cenas demasiadamente toscas. É quase clichê falar mal do Jar Jar Binks, mas é inevitável: não serve como alívio cômico, ou melhor, não serve para nada. É visível como as cenas do personagem parecem soltas e conseguem ser, quase ao todo, inúteis. Falando em personagem ruim, é INACREDITÁVEL o desperdício de um personagem que podia ser tão interessante como o Darth Maul. O "grande" vilão do filme tem apenas 3 falas e não aparece por mais que 10 minutos, participando de uma batalha que não é das melhores - sem tom definido e sem emoção - e é posta pra baixo se em comparação com o fim do episódio seguinte. As cenas de ação são obviamente melhores que da trilogia original - difícil não ser -, embora também não sejam a melhor coisa da galáxia - ainda mais quando atores de verdade lutam contra robôs de CGI. Falando nele... os efeitos especiais desse filme são MEDONHOS. Eu não esperava encontrar nada à altura de hoje, obviamente, mas é fácil achar filmes da década de 70 ou 80 com efeitos que incomodem menos que esses.
Anakin Skywalker é interpretado pelo pior ator mirim da história dos atores mirins - que não é assistido muito pela intérprete da sua mãe - e consegue também se tornar um personagem quase insuportável, tendo algumas cenas mais pro final do filme que são bem toscas. Aliás, o único personagem novo que realmente me agradou nesse filme foi o Qui-Gon Jinn, embora eu tenha minhas suspeitas que isso se deve exclusivamente ao fato d'ele ter sido interpretado pelo meu ídolo, Liam Neeson.
O Jovem Karl Marx
3.6 272 Assista AgoraNão esperava que o filme abordasse as ideias e conceitos de Marx com uma profundidade grandiosa, pois, assim, seria provável que acontecesse uma de duas consequências ruins: o filme só seria compreensível para aqueles que já possui um conhecimento grande do pensador ou cairia em um didatismo dificilmente suportável. No entanto, acredito que era possível representar a teoria marxista de forma melhor na tela, principalmente porque, em diversos momentos, ela faz a diferença para compreender o que se passa no filme. É difícil entender, no longa, por exemplo, o motivo da oposição de Marx a Proudhon e a Weitlings simplesmente porque a diferença entre eles está na base teórica, que não nos é apresentada - com exceção de rápidos comentários que expõe que Marx é materialista, e eles não.
E se o argumento contrário ao exposto acima for que o filme não era sobre as ideias de Marx, mas sim sobre sua pessoa, também temos aqui problemas. Embora a atuação do protagonista seja realmente boa, o personagem não parece muitas vezes verídico e real por ser retratado como um simples herói, desafiador e perfeito. O filme não consegue criar um ritmo que torne a trama interessante, e possui muitas cenas que não parecem reais ou críveis. A amizade entre Marx e Engels é também construída de uma forma um tanto quanto estranha, o que não melhorava muito com a atuação de Stefan Konarske, que a todo momento me fazia achar que o seu personagem não possuía muito controle de suas faculdades mentais. E para não apenas criticar, tanto a cena inicial quanto o evento que dá final ao filme - o lançamento do Manifesto Comunista - são realmente muito bacanas.
Para finalizar, infelizmente não poderia deixar de comentar sobre o estado lamentável e enojador desse espaço de comentários aqui no Filmow. Discussões infelizes e infantis, argumentos ridículos e superficiais de ambas as partes, destilações de utopias difíceis de acreditar. Realmente assustador.
A Múmia
2.5 1K Assista AgoraFui ver o filme aguardando uma bomba sem precedentes, mas não foi o que encontrei. Não que eu tenha me deparado com algo muito superior, é claro: é apenas um filme bem genérico. O roteiro é fraquíssimo, muitas vezes até bobo, com diálogos vergonhosos e um humor que dificilmente funciona por ser forçado ou simplesmente sem graça. Temos aqui também as famosíssimas situações muito oportunas, que apenas demonstram a falta de qualidade do texto, que busca soluções fáceis e inverossímeis. Personagens parecem se conectar sem nenhum desenvolvimento ou motivo aparente, a personalidade deles parece contraditória em diversos momentos, e o final... nossa, que aberração é o final. Não ajuda muito o fato de que, se parar pra pensar, a duração do filme poderia ser reduzida a 20 minutos caso a "grandiosíssima" vilã tivesse escolhido QUALQUER outro humano para servir de sacrifício, e não o Tom Cruise.
Como uma aventura, o filme nunca chega a um nível realmente empolgante que prenda a atenção do espectador. Existem até algumas cenas de ação bacaninhas - embora os efeitos visuais sejam bem medíocres -, mas nada que possa ser considerado memorável. A vilã do filme - apesar de até possuir um background minimamente interessante, ainda que não represente nenhuma inovação - é demasiadamente esquecível e não faz jus ao que uma figura como "A Múmia" represente - tanto se estivermos falando das obras clássicas de horror da Universal das décadas de 30 ou 40 quanto dos filmes mais recentes, que embora possuam diversas falhas, são deveras mais interessantes.
O filme veio com a proposta de tentar iniciar - novamente, pois vale lembrar do Drácula de Luke Evans - o Dark Universe da Universal e focou bastante nisso. Deixo já adiantado que acho essa ideia sensacional, visto que admiro muito os personagens que estarão - ou estariam, nunca se sabe - inclusos nele. Acredito no potencial, que, se bem aproveitado, poderia gerar resultados muito bacanas. No entanto, embora possua alguns easter eggs bacanas, A Múmia também falha nesse quesito. Acho que um universo compartilhado requer um mínimo de coesão e seriedade para que não se torne uma bagunça, e o texto desse filme não possui esses aspectos. O apresentado do universo aqui é bem ruim, toda a motivação e o modo como isso foi construído - e essa visão inicial é fundamental porque é ela que dá a base para o público - soaram desinteressante ou só bobo. Gosto muito da ideia de ter o Russell Crowe como Dr. Jekyll e Mr. Hyde - o livro é um dos meus favoritos, e o ator também -, mas não me agradou muito o modo como ele foi representado, e espero poder vê-lo no papel em um filme solo, dirigido com mais seriedade e escrito com mais coesão. E, fundamentalmente, a Universal deveria focar, para esses filmes, no aspecto que permite inseri-los em um universo denominado "dark": o horror.
Z: A Cidade Perdida
3.4 320 Assista AgoraComo representante do gênero aventura, decepciona um pouco a partir do momento que o ritmo se perde e torna o filme um tanto quanto cansativo. Além disso, as próprias expedições - vale muito ressaltar o plural - não criam grande interesse e não são capazes de mostrar, ao espectador, os motivos para que tal lugar crie tanta admiração no protagonista. Esse ponto é feito com muito mais mérito pelo trabalho da direção e fotografia, que criam um visual - tanto graças aos enquadramentos quanto graças às cores do filme - realmente muito belo.
De uma grande beleza, também, é o final do filme, que escolhe, com muita precisão e mérito, uma das versões para o fim do Coronel Fawcett e seu filho. Todo o contexto da cena é bem poético - e, de certa maneira, irônico - e faz total sentido com o que é estabelecido no filme como os objetivos e pretensões do personagem - que são bem diferentes das do indivíduo real.
Sonhos Imperiais
3.5 63Acho que o final realmente dá uma escorrega, mas não pelo fato de não ter dado uma conclusão definitiva. A trama é sobre um homem que, após sair da cadeia, quer endireitar sua vida e lutar para não ser aquilo que o seu ambiente - retratado de uma forma bem crua, que eu realmente gostei bastante - pede que seja. O que acompanhamos é exatamente o momento mais difícil da jornada para conseguir isso, e basta isso para o filme. Então, um encerramento meio inconclusivo já era esperado, o pecado foi fazer o final parecer muito apressado - pois os eventos acontecem de súbito - e um tanto quanto confuso.
No geral, é um drama muito competente com um desenrolar que prende a atenção e gera uma grande simpatia com o protagonista, que, ainda assim, não é retratado de forma maniqueísta e simples. As atuações de John Boyega, Glenn Plummer e De'aundre Bonds são bem bacanas e são fundamentais para - ao lado do visual urbano com tradicionais luzes amareladas, que me remeteram a Luke Cage - estabelecer o meio e o contexto no qual os personagens estão inseridos.
O Que te Faz Mais Forte
3.3 221 Assista AgoraEmbora não seja o tipo de filme que faça todos que assistem se engasgarem de tanto chorar, é um drama bem competente que cumpre bem seu papel. Jeff Bauman é desenvolvido de uma forma que foge de uma visão de um "indivíduo perfeito e com moral incólume que merece toda a admiração graças à sua história de superação". O personagem passa por diversos problemas envolvendo o trauma e o modo de lidar com o acontecido, criando conflitos com aqueles que estão em sua volta, originando muitas cenas interessantes. É um indivíduo imperfeito, complexo que é capaz de nos deixar irritados mesmo com toda a sensibilização e compreensão que adquirimos em relação à sua situação. Mas admito que, diversas vezes, essas mudanças na personalidade do protagonista ficam meio confusas. Vale destacar que toda a dinâmica entre o trio principal é coroada pelas ótimas atuações de Gyllenhaal, Tatiana Maslany e Miranda Richardson.
Embora muitos tenham reclamado da direção, gosto de como ela utiliza, diversas vezes, o foco e o desfoque para criar cenas bonitas, emocionantes e que valorizam as atuações - principalmente na cena onde os médicos retiram as bandagens da perna do protagonista. No entanto, o roteiro às vezes falha em momentos que parecem muito oportunos e irreais, com diálogos que causam estranhamento. Um exemplo disso é o momento onde Bauman finalmente encontra o seu salvador.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraToda a grandiosíssima recepção positiva para o filme realmente causou o efeito errado: criou-se a expectativa de um filme sensacional, diferente de tudo que já havia sido visto - e tudo isso porque o tomatômetro do Rotten Tomatoes conseguiu se manter em 100% por um bom tempo e com um enorme número de críticas. Essa pretensão, no entanto, não poderia estar mais errada. Lady Bird sucede - e encanta - justamente por sua simplicidade e delicadeza. Depois de ler vários comentários e críticas - tanto no Filmow quanto fora dele -, eu não seria capaz de deixar de repetir alguns adjetivos usados para descrever o filme: sincero, fresco, sensível.
O enredo, que parece tão surrado e já super utilizado, diferencia-se por seu realismo, claramente reforçado pela direção e fotografia - que parecem não querer interferir muito com a imagem captada pela câmera, deixando-a real e palpável. Com algumas exceções - o irmão da protagonista e a namorada, o tal de Kyle -, os personagens são críveis, ou seja, é possível pensar que pessoas como aquelas realmente podem existir. Acho que é por conta dessas qualidades que senti falta exatamente de mais tempo - e, portanto, desenvolvimento - para alguns desses outros fatores que movimentam a trama. É óbvio que o centro é a Lady Bird - otimamente interpretada por Saoirse Ronan, que, além de possuir talento para atuar, é dona de uma beleza notável -, mas acredito que poderíamos conhecer e ver mais de algumas daquelas pessoas.
No início, eu estava achando curiosíssimo como o filme parecia não possuir uma linha narrativa - ou proposta - bem definida. Não conseguia enxergar qual era a trama principal e mais ou menos como ela seguiria. E, agora, após o final, consigo perceber que esse é um dos toques que reforça o caráter simples e real do longa. O filme é sobre aquele pedaço de vida da Lady Bird, e a vida não possui um caminho narrativo bem definido, ela é contingencial e feita de momentos. E essa é a impressão que tenho sobre Lady Bird: é um conjunto de momentos de um período da existência de uma menina. Por isso que algumas cenas parecem inúteis ou, de certa forma, sem propósito. Eu consigo pensar em diversas sequências que, se cortadas, não fariam grande diferença na trama principal. Porém, na verdade, são cenas que descrevem a realidade: nem todas as coisas - a maioria, eu até diria - possuem um significado ou relação direta com as situações ou fatos de escala macro na vida de uma pessoa, e, mesmo assim, elas possuem significado e importância. E isso é algo que admiro bastante: a demonstração - e consequente valorização - do simples, do momento, do "inútil".
Para finalizar, não poderia deixar um comentário sem mencionar Laurie Metcalf, que está incrível. Parece que a atriz realmente encontrou o grande papel de sua carreira - pelo menos na grande tela. Embora já tenha alcançado os holofotes algumas vezes na tv - sendo já indicada para Globos de Ouro e Emmys por uma série de comédia nos anos 90, Laurie não parecia estar tão em destaque e em uma boa situação. No entanto, sua interpretação da complexa mãe de Lady Bird destaca demais a atriz, que é uma das favoritas na corrida para o Oscar. Em muitos momentos - em quase todos, na verdade -, se fizéssemos uma atividade de embate entre Lady Bird e sua mãe, eu estaria ao lado e dando razão - embora não completamente - à personagem de Laurie Metcalf.
Bright
3.1 804 Assista AgoraConfesso que o início me animou bastante e a proposta me pareceu - e ainda parece - interessantíssima, porém todo o potencial simplesmente não foi desenvolvido. O mundo fantástico é desenvolvido apenas superficialmente, sendo o visual, na verdade, o fator que possui mais mérito, misturando um aspecto urbano pé no chão com alguns toques meio cyberpunk. As cenas de ação - exceto uma, em câmera lenta, muito bacana - são bem fracas e os pulos e acrobacias malucas dos membros do Inferni são de uma artificialidade tremenda. Além disso, a direção, a trilha sonora e o próprio roteiro não contribuem nem um pouco para criar qualquer tipo de tensão ou emoção nessas cenas.
Seguindo o caminho de Esquadrão Suicida, temos situações forçadas e um tanto quanto oportunas - e o adjetivo é usado aqui de forma negativa. Além disso, há a criação - e a destruição - de vínculos de uma forma totalmente ausente de desenvolvimento, o que nos faz questionar diversas vezes os motivos dos personagens estarem fazendo o que fazem.
Por exemplo, o policial interpretado por Edgar Ramirez - totalmente inútil na trama - parece ser um cara legal e ter um certo vínculo com o personagem do Will Smith, porém a morte do primeiro não causa nenhum impacto no segundo e acontece de uma forma tão súbita que é até possível esquecer que aconteceu. Por outro lado, a dupla de policiais parece ganhar, do nada, um apreço e uma afeição à elfa Tikka - e ela por eles - mesmo não tendo nenhum motivo para um vínculo do tipo ser criado, visto que, até quase a parte final, os personagens mal interagem embora compartilhem cenas juntos. Mesmo assim, eles soam, lutam, quase morrem para salvá-la e parecem sofrer um grande impacto com o mal estado dela - que, vale dizer, some e aparece conforme o que o roteiro quer: a mulher está quase morrendo, depois já está lutando para salvar a dupla, depois está novamente quase morrendo.
Nos pontos positivos, temos o já mencionado visual, que realmente me impressionou em diversos momentos, e a abordagem de questões sociais, que é feita com grande mérito especialmente no primeiro quarto do filme. É feita tanto de forma descarada - não em um sentido negativo -, com o preconceito sendo expresso claramente por palavras e atitudes dos personagens, tanto de formas mais sutis - com frases como "não vamos ouvir música de orc".
O Estrangeiro
3.5 330 Assista AgoraMinha maior curiosidade quanto a esse filme era ver Jackie Chan - de quem sou um grande fã - em um papel completamente dramático, caminho que torço para ele seguir futuramente em sua carreira, quando não puder mais ser o astro de ação que tanto gostamos. E esse fator me agradou bastante: não vemos em nenhum momento o Chan que conhecemos, o que, no caso, é excelente. Ainda assim, temos boas cenas de luta com o ator, que usa algumas das características presentes em suas famosas cenas de ação - a utilização de objetos do ambiente, entre outros. Além disso, um aspecto interessante do personagem - aí um mérito do roteiro, acredito eu - é o seu aspecto moral, que está presente durante todo o filme e é totalmente compreensível e lógico.
Bingo - O Rei das Manhãs
4.1 1,1K Assista AgoraÓtimo filme. A direção nem parece ter sido feita por um estreante na função de tão sensacional. Vemos alguns enquadramentos magníficos e simbólicos - como aquele que compara a foto da mãe do protagonista no auge da carreira e seu estado no presente. No entanto, acho que a galera da fotografia talvez tenha exagerado um pouco no que diz respeito à iluminação. Em diversas cenas -
mas principalmente na do velório
Detroit em Rebelião
4.0 193 Assista AgoraCompreendo algumas críticas relacionadas ao roteiro no que diz respeito aos personagens e à superficialidade em tratar de todo o fator sistêmico que proporciona o cenário lamentável e odiável do filme, além do que significou a própria rebelião em Detroit. Porém, vi algumas pessoas dizendo que o roteiro era fraco porque, durante a sequência do hotel - excelente em sua totalidade -, os diálogos eram "forçados" porque os personagens continuavam repetindo as mesmas coisas: "me diga onde está a arma" e etc. O que vocês queriam? O que, naquela situação tensa e revoltante abordada, os personagens poderiam falar de diferente? Realmente eu não consigo pensar em qualquer outra abordagem relacionada a diálogos e interação de personagens diferentes das realizadas que mantivessem o realismo e a tensão.
A direção em estilo documental, com seus zoons e movimentos de câmera, realmente trazem um realismo bem interessante em diversos momentos, principalmente no início do filme. No entanto, achei que não podia deixar de comentar que me incomodou um tanto. Fiquei até satisfeito que essa abordagem foi deixada de lado na maior parte do filme, durante a cena do hotel. Também devo comentar que a atuação do elenco, como um todo, estava bem competente, o que foi fundamental para que o tom conseguisse se consolidar. Atuações medíocres, artificiais, teriam prejudicado demais e tirariam em grande parte o espectador do filme.
A Casa Torta
3.3 70 Assista AgoraA direção de arte, belíssima, contribui muito para a construção da "casa torta": a aparência é deslumbrante, cada personagem tem seu recanto com um visual característico e totalmente diferente - e contrastante - com o de outros, o que consolida bem a ideia de um lugar desfigurado, caótico. Acho que a direção valoriza muito esse aspecto, com enquadramentos assimétricos e não centralizados. No entanto, o outro fator que torna tal mansão tão desconexa são seus habitantes, um fator mais interessante - e importante, visto que cada um é suspeito - que o próprio visual. E aí é que está o maior pecado do filme: as peculiaridades de cada um são abordadas apenas superficialmente, de um modo que há o despertar de um interessa no espectador para saber mais, não realizado. Diversas sub-tramas que poderiam, então, tornar os personagens caóticos mais complexos são subaproveitadas.
Somado a isso, a direção parece - como dito acima - se importar mais com o aspecto físico-visual da casa do que com seus integrantes: a cena do jantar - provavelmente a minha favorita -, por exemplo, é bem escrita e cria um conflito interessantíssimo e fundamental para o filme tanto na questão dramático quanto em relação ao desenvolvimento do mistério. Uma ótima oportunidade de aproveitar os suspeitos - realizada parcialmente - e, principalmente, os atores. Porém, tem-se o contrário: os enquadramentos não valorizam nem um pouco as atuações, visto que são abertos e ocupados por detalhes insignificantes - como a parte de trás de cadeiras, silhuetas das costas de um indivíduo, os objetos acima da mesa - que acabam tirando o foco do principal: os atores e seus diálogos. Poderiam, ao menos, serem abertos de modo a chamar a atenção, em um só quadro, para as diferentes reações dos diversos integrantes da mesa, mas não é isso que acontece. Desse modo, não só nessa cena, as ótimas atuações de Glenn Close - maravilhosa, que me conquistou já na primeira cena -, Gillian Anderson e Amanda Abbington, não são valorizadas como deveriam e mereciam.
Apesar de todas essas críticas, devo dizer que o filme realmente me agradou. Todo o processo de investigação - que é uma das coisas que mais me fascinam e mais me fazem ser um fã do gênero mistério - foi bem bacana, as interações com os suspeitos foram interessantes - embora, como já dito, poderiam ter sido bem superiores - e a revelação do realmente ocorrido foi feita de uma forma muito boa, assim como a realização do final.
A Cura
3.0 707Após assistir o filme, fica difícil de acreditar que o que decorreu foi consequência do ÓTIMO começo. Os primeiros, sei lá, 25 minutos do filme são incríveis - mais especificamente, até alguns minutos após o acidente, cuja cena, vale mencionar, é incrível. Há o estabelecimento de um tom macabro, misterioso, de uma forma excelente e que me deixou curiosíssimo quanto ao rumo do filme. Isso, é claro, foi feito com grande ajuda do visual deslumbrante e da trilha sonora com tons sinistros do início do longa. A fotografia é combinada com a direção de arte e com a própria locação de forma magistral, consolidando-as, assim, como a melhor coisa do filme.
O filme consegue a proeza de estabelecer um roteiro que é, ao mesmo tempo, previsível e confuso. Bate-se muito na tecla de uma história misteriosa que deixa bem sugerido a realidade por trás da farsa do enredo, mas que, ainda assim, é muito confusa. Todo esse aspecto negativo é reforçado pela duração excessiva do filme, que, no seu decorrer, embora entregue muitas cenas bacanas - novamente, graças, muitas vezes, ao aspecto visual -, não deixa de ser cansativo e repetitivo - o personagem principal parece se entregar aos delírios do lugar duas vezes e, nas duas vezes, cura-se desse estado por motivo nenhum. O final, então, é o mais decepcionante: toda a revelação e explicação do mistério destoam totalmente do tom que estava sendo construído durante o filme. Um suspense psicológico que, com seus exageros e confusões, pauta-se na realidade e se mantém pé no chão o máximo que consegue. No entanto, tudo isso é subvertido de uma forma um tanto quanto frustrante e que desmancha toda a complexidade que o roteiro parecia sugerir para a história. O contraste é tamanho que eu já havia imaginado, basicamente, quais eram os segredos envolvendo alguns personagens e a trama, porém afastei a possibilidade por considera-la muito fantasiosa e não condizente com o que parecia estar sendo proposto. .
Não dá pra dizer que a direção é ruim pois as cenas são muito bem realizadas nos limites que o roteiro fraco impõe. O suspense é criado sem recorrer a clichês do gênero terror, cenas que envolvem mais ação e movimento são realizadas de forma competente, entre outros aspectos positivos. Não obstante, as atuações do trio principal - DeHaan, Goth e Isaacs - são bem boas.
Godless
4.3 225 Assista AgoraO grande destaque da série é, claramente, a parte técnica: direção, fotografia e direção de arte simplesmente sensacionais. Uma das séries mais visualmente belas que já vi - se não a mais bela. Realmente possui um ritmo lento, o que pode incomodar em alguns instantes. Nenhum episódio pode ser classificado, na minha opinião, como algo menos que "bom", mas acho que só o último poderia receber a classificação de "ótimo" ou mais. É claro que os fãs mais calorosos de western provavelmente discordam de mim e conseguiram aproveitar muito mais todas as partes.
Acho que faltou certo esmero na construção de alguns personagens, embora o trio principal seja realmente ótimo, inclusive Jeff Daniels com uma atuação assustadora de excelente. O personagem do Scott McNairy, Bill McNue, é um exemplo que acho que poderia ter sido melhor aproveitado, me parece que a jornada dele não acrescentou muita coisa e não conseguiu gerar grande simpatia pelo personagem.
Sobre o já elogiado episódio final:
embora toda a cena do combate - já começando no pequeno vilarejo Blackdom - tenha sido inegavelmente ótima e muito boa de se assistir, senti que faltou um certo senso de perigo e dificuldade. No final, só um personagem "importante" morreu - de uma forma muito surpreendente, inclusive - e parece que toda a batalha foi vencida com uma certa facilidade, que fez a fala prévia da McNue - algo sobre como apenas um milagre poderia ajudar elas - parecer um tanto quanto exagerada.
A Bela e a Fera
3.9 1,6KNão sou grande fã da animação e, na verdade, nem tenho certeza se cheguei a assisti-la por completo durante a infância. No entanto, esse filme me encantou de uma forma que eu realmente não esperava. Começando pelo aspecto visual, que a despeito dos efeitos especiais fracos, possui uma direção de arte e figurinos muito inspirados, tornando qualquer cena muito bela. Entendo que o gênero 'musical' não seja fácil de ser apreciado minimamente por aqueles que não gostam, porém eu, que acho espetacular, adorei. As cenas das músicas "Be Our Guest" e "Gaston" foram simplesmente incríveis, muito divertidas, assim como a cena final - que junta todas as qualidades que já mencionei acima. Por outro lado, o momento da dança entre a Bela e a Fera, que se tornou tão icônico na animação, não possuiu o mesmo peso dessa vez.
O elenco foi escolhido com grande sucesso. O maior destaque aqui fica com Josh Gad, que rouba a cena em todos os momentos que aparece, sendo a melhor surpresa do filme. Luke Evans também está muito como Gaston. A dupla merece grande destaque pela já referida cena onde apresenta-se a música do último. Gosto muito, também, dos atores que fazem os objetos animados - que, merece ser destacado, conseguiram ficar bem "realistas", na medida do possível. Embora a Fera tenha sido criada por efeitos especiais não tão afinados, ficando bem destoante do resto de qualquer cena em que apareça, gosto que é possível enxergar muito bem a atuação de Dan Stevens, que também acho muito bacana. Emma Watson, por sua vez, foi a que menos chamou minha atenção durante o filme: sua beleza é inegável e muito apropriada para o aspecto físico da personagem, porém sua atuação não conseguiu se destacar e atingir a complexidade que buscou-se - com muita justiça - acrescentar à personalidade de Bela.
O Motorista de Táxi
4.3 159 Assista AgoraNão sei quanto do quê é real, porém houve vários momentos que achei que foram too much. Tirando o fato que é bem longo, é um filme bem bacana de assistir, além de retratar uma situação bem delicada na história contemporânea da Coreia do Sul. Serve, também satisfatoriamente, para renovar a repulsa por ditaduras e governos autoritários. Devo comentar também que achei o protagonista ótimo.
Acho improvável que seja indicado ao Oscar, mas, ainda assim, vale a pena assistir nessa reta intermediária da temporada de premiações.
Sem Amor
3.8 319 Assista AgoraUm dos muitos pontos positivos de um drama tão real e cru como esse é relembrar quão desprezíveis e deploráveis podem ser seres humanos comuns e ordinários.
A Vilã
3.6 224 Assista AgoraO roteiro, ao tentar ser mais complexo do que realmente é, acaba gerando uma confusão que atrapalha o ritmo. Mesmo assim, gostei bastante da parte do filme que relaciona-se ao drama pois criou-se, assim, uma certa densidade e acrescentou um conteúdo que não costumo visualizar em filmes de ação - pode ser que eu esteja só vendo os filmes errados, mas quem sabe.
Embora indubitavelmente ótima e embora seja uma aula de direção e coreografia, a longa sequência inicial me incomodou um pouco. É inegável que o falso plano sequência é sensacional e a ação, em si, é excelente, porém achei muitas vezes que havia um certo too much. Senti em alguns momentos que talvez tenham se empolgado demais, a câmera fazendo certos movimentos estranhos que pareceram me tirar a realidade da cena. Não sei se talvez eu tenha sido pego de surpresa ou algo do tipo, mas o curioso é que tal fato não me incomodou na parte final.
Ah, outro problema que eu tenho há muito tempo e que não consigo superar: eu simplesmente não consigo deixar de confundir TODOS os indivíduos em filmes asiáticos. Eu realmente às vezes me perco de uma forma incrível tentando decifrar quem é quem.
Thor: Ragnarok
3.7 1,9K Assista AgoraQuase totalmente desconforme com os outros filmes em que tais personagens aparecem. Só pegar qualquer um filme que o Thor aparece e compará-lo com o personagem nesse filme que dá pra notar que são quase dois personagens totalmente diferentes.
Quando se pede um filme mais sério, não é preciso que haja algo denso e sombrio como TDK, mas diversas coisas são necessárias: criação de tensão, risco, emoção, uma seriedade moderada, entre outros. Ainda mais quando se trata de um filme sobre o RAGNAROK, o fim do mundo para a Mitologia Nórdica.
Fala sério, o Odin, o Volstagg, o Fandral morrem de formas totalmente desprezíveis e não emotivas.
A Morte Te Dá Parabéns
3.3 1,5K Assista AgoraA premissa pode não ser das mais originais e a trama pode não ter uma grande complexidade ou coisa do tipo. Mesmo assim, é um filme bem bacana, roteiro simples porém bem fechadinho, a resolução faz total sentido e as pistas estão lá o tempo todo - o que é fundamental para filmes com grandes revelações e principalmente quando ele é, inteiramente, envolto em mistério.
Vale mencionar que o filme é de suspense, então não é recomendável ir ao cinema esperando ver um filme de terror. Engraçado é que até tentam criar um medo e dar uns sustos no começo, mas parece que depois desistiram e mudaram o tom.
Kingsman: O Círculo Dourado
3.5 885 Assista AgoraCurioso como esse filme é, de um lado, bem menos inspirado que o primeiro e, por outro, bem mais. A inspiração menor com certeza vem do roteiro, que oferece algumas cenas, situações e viradas bem fáceis e às vezes um tanto quanto duvidosas - embora haja um plano de fundo interessante. Por outro lado, as cenas de ação - embora não cheguem a ser tão insanas quanto àquela da igreja, que continua sendo a melhor - estão, aqui, em maior quantidade e mais grandiloquentes - o que, às vezes, chega a ser meio problemático.
De mesma sorte, temos uma arte tão bacana quanto a do primeiro filme, especialmente no núcleo americano e o núcleo da vilã. Por outro lado, os efeitos especiais estão incrivelmente estranhos: em quase todas as cenas - até mesmo nas mais improváveis,
como a do casamento no final
Dupla Explosiva
3.4 275 Assista AgoraFilme bastante divertido, embora talvez tenha faltado certo esmero com as cenas de ação e com os efeitos especiais. É incrível como o Gary Oldman, mesmo aparecendo bem pouco, consegue ser ótimo.