Joana Werner

Ainda estou digerindo o filme!

Violência e loucura sempre dão certo, embora a segunda palavra, nesse caso, seja o ódio e Ryan Gosling demostra magistralmente em sua interpretação. O filme transborda ódio e paciência e como pode algo tão bipolar soar tão natural? Eu simplicissimamente amei o filme. Havia lido antes de vê-lo que o ritmo é fraco e demora à engrenar, talvez por saber disso não esperava muito, acabei por me surpreender. Quanto à suavidade do filme é contraposta pelas cenas absurdas de violência, e há de convir que são inimagináveis até os 40 primeiros minutos. Esse contraste é abismal, fez-me passar mal, retirou-me do meu eixo. Creio que o fato da violência transposta no filme não ser objeto da loucura, fez-me não entrar em seu jogo brutal. Desse modo fiquei apenas como espectadora de uma raiva descomunal, talvez isso que tenha me rendido uma dor no estômago.
Agora quanto à fotografia, magnífica. O posicionamento das câmeras quase sempre de baixo para cima, deixando Gosling em um plano superior de calma. O olhar do Ator ,sempre distante, olhando para o horizonte e as suas poucas palavras fazem com que ele esteja um pouco deslocado de onde se encontra. Algum desses elementos da mise en scène me fazem chegar a trilha sonora, que corresponde à ela, e é impressionante como combinam.
Estranho como esse choque de elementos opostos com outros elementos perfeitamente ligados fazem um filme completo como esse.

Eu sou muito fã do Nolan, gosto de todos os trabalhos que ele fez. Já vi e revi esse filme várias vezes e quanto mais eu vejo mas penso a respeito. Como no final quando o filme acaba em uma imagem seca e o peão não cai. Realmente acredito que ele não estava sonhando, pois há detalhes que mostram isso na própria cena, como a presença do pai da Mal, o sapato e as roupas pouco diferentes das crianças e o peão que, penso eu, estava prestes a cair, porém algo me intriga. Quando Cobb vai à Paris ele pede ajuda ao pai de Mal, que claramente da aulas na faculdade e provavelmente mora em Paris. Sendo assim como Dom vai ao Estados Unidos, volta para casa, e encontra as crianças, com quem elas ficaram o tempo todo ? Poderia o avô ter a guarda se ele morava em Paris ? Ou ele ia e voltava? Talvez isso não tenha importância alguma, mas não vejo a possibilidade de um erro do Nolan. Esse filme é um mergulho na psicologia, uma viagem no subconsciente humano, melhor no subconsciente de Dom Cobb. Levou tempo e dedicação demais de Nolan, fora esse detalhe, que por mas que pareça idiota, para mim é um questionamento válido, o filme é fabuloso. Tudo, exatamente tudo é da mais alta qualidade. Qualidade do gênio Christopher.