É um filme longo e sem muita ação acontecendo na maior parte de seu tempo, porém o ritmo desse filme é tão perfeito que eu fiquei vidrado na tela durante todos os seus 207 minutos. É um filme épico cuja força se encontra nos dramas e complexidades de seus personagens, subtramas riquíssimas e as interações entre lavradores e samurais que não tiveram um passado muito agradável. Cheio de diálogos, monólogos e frases que fazem o público refletir, esse filme ainda traz fortes atuações (principalmente de Toshiro Mifune e Takashi Shimura) e uma direção formidável de Kurosawa, que faz uma perfeita reconstrução do Japão do século XVI. Destaque também para a formidável trilha-sonora de Fumio Hayasaka, que segue as diferentes facetas do filme com uma música horas épica e horas com um tom mais onírico/fantasmagórico. E a última cena é P-E-R-F-E-I-T-A! Um filmaço anti-belicista que merece todo o seu reconhecimento.
(SE VOCÊ NÃO VIU O FILME, RECOMENDO QUE NÃO LEIA). Nada melhor do que começar o ano revendo essa obra-prima de Wilder, não é mesmo? É uma perfeita crítica à Hollywood e de como é fácil uma grande estrela cair no esquecimento quando ela já não é tão jovem e "prestativa" para a industria e como essa mudança de vida pode afetar essa pessoa. William Holden faz um personagem sarcástico (o que casa perfeitamente com o roteiro, que também é muito sarcástico) que começa a ter um envolvimento com Norma Desmond. Ele, que primeiramente começa a viver com a mulher pela oportunidade de emprego oferecida, começa a se relacionar com ela (claramente por pena, sentimento que acaba se estendendo ao público) depois de testemunhar todo o seu desejo, anseio e loucura de querer voltar a brilhar nas telas. Porém, ao se encontrar preso em sua tortura psicológica que não o permite sair daquela mansão sem a presença dela e até se apaixonar por outra mulher, ele decide sair de sua vida, mesmo que isso signifique uma intensa degradação psicológica. Gloria Swanson como Norma Desmond, em uma das melhores atuações que eu já assisti, cria muito bem uma personagem desiludida e presa ao passado que se recusa a acreditar na realidade dura que é estar sendo esquecida, ilusão que é reforçada pelo sinistro mordomo Max von Mayerling (Eric von Stroheim), que também se encontra frustrado por ter perdido sua oportunidade de ter crescido como diretor para não deixar que sua ex-esposa sofra com a realidade. Norma é uma personagem complexa. De um lado ela é uma pessoa extremamente possessiva e ciumenta, que cria uma prisão psicológica em Joe (através de lamentações e até cortes nos pulsos só por ele não ter correspondido ao seu amor) que vai o consumindo para que ele pertença somente a ela. Por outro lado, Gloria cria uma loucura e desilusão tão bem feitos que você percebe que ela não faz isso por querer, e sim por um receio de ser deixada de lado novamente. Por isso, mesmo achando suas ações reprováveis, você pelo menos as entendem. O drama de Norma é, inclusive, muito bem construído. A atuação extremamente expressiva de Gloria remete às atuações do cinema mudo, passando muito bem a ideia de que a personagem está sempre atuando em filmes silenciosos, onde ela ainda era uma grande estrela. Alias, uma prova de que seu desejo de querer voltar a brilhar nas telas e ser reconhecida como uma grande atriz foi muito bem feito é a cena em que ela vai visitar o diretor Cecil B. DeMille em seu set de gravações. Lá um funcionário responsável pela luz a reconhece e aponta um holofote para ela, quando um monte de pessoas presentes começam a reconhecê-la e ficam ao redor dela como se ela fosse uma grande estrela. Eu me arrepiei muito nessa cena, que mostra a felicidade de Norma ao estar sendo tratada como uma artista renomada novamente. Porém, em seu final amargo, o espectador também se sente iludido quando DeMille fala para seu funcionário que ele está apontando a luz para o lugar errado. O final do filme também é extremamente trágico. Ela, perdida em suas loucuras e ilusões, desce a escada extremamente feliz, pensando estar diante de seu retorno triunfante, mas nós sabemos que na verdade ela está indo em direção à prisão, onde a mídia tirará qualquer esperança de uma possível volta. O filme também conta com uma excelente mise-en-scène, onde o design de produção, o figurino e a maquiagem passam muito bem a ideia da alta sociedade de Hollywood e também mostram a riqueza da personagem Norma. A mansão dela, inclusive, com suas sombras constantes, esculturas angelicais e uma iluminação em formato de velas, cria um ambiente gótico que lembra bastante filmes como Cidadão Kane e Nosferatu. É interessante notar também que em sua primeira aparição no filme, Norma estava vestindo um turbante que lembra o chapéu de Conde Orlock, aquele vampiro que prendeu em seu castelo o indefeso corretor de imóveis Hutter.
Esse é o primeiro Kurosawa que eu vejo na minha vida e MEU DEUS PRECISO MUITO VER OUTROS FILMES DELE AGORA! O modo que ele conta a história é incrível, com movimentos de câmeras inventivos e sensacionais. O roteiro também é extremamente inteligente, fazendo o espectador sempre indagar se aquela história dita é verdadeira ou não, além de ser um estudo sobre egoísmo e manipulação da realidade. Indico muito <3
“É um filme sobre a falta de rumo e a desorientação de qualquer jovem”.
Essa frase foi dita por John Cassavetes, ao falar sobre filme em questão, que o dirigiu inteiro a base de improvisações e "sem roteiro" (antes de ser lançada uma nova versão, onde o diretor reescreveu grande parte do filme e criou uma narrativa mais coesa). O filme conta a história de três irmãos que, no auge de sua juventude, estão enfrentando problemas e dilemas típicos de pessoas nessa fase (o que os torna personagens muito identificáveis). A irmã, Leila (Goldoni), está começando sua vida amorosa e sexual. Suas alegrias, decepções, inexperiências e frustrações estão muito bem retratadas no filme, que estuda sua personagem e a faz ter um arco muito rico, o que a torna a personagem mais interessante do filme. A interpretação de Goldoni também se destaca, conseguindo transmitir todo o medo e tristeza que a personagem sente, além de ser uma personagem feminina muito forte, o que sempre é interessante. O irmão Ben (Carruthers) é o mais agressivo e infantil dos irmãos. Junto com seu grupo de amigos, ele vagueia pelas ruas procurando farra e mulheres, até que, quando é agredido por outro grupo de delinquentes, começa a refletir sobre suas atitudes. Já Hugh (Hurd) é o mais consciente e maduro dos irmãos. Mesmo o seu arco de querer ser um cantor de jazz ser mais desinteressante do que o dos outros irmãos, ele é quem ajuda e dá conselhos para os outros dois. O fato de Cassavetes ter dirigido o filme com improvisações e um estilo mais documentarista (com muita utilização de câmera na mão) cria uma sensação de realismo que é respaldado pelo fato dos personagens terem os mesmos nomes dos atores. E, a utilização do jazz na trilha sonora, junto com alguns elementos do noir (como os sobretudos e a constante presença de fumaça na tela), cria uma elegância bem-vinda no filme.
Mesmo com uma edição imprecisa, alguns pequenos furos no roteiro e algumas regras quebradas sem motivo (como a do 180°, que deixa algumas cenas visualmente confusas); "Sombras" é um excelente filme indie, totalmente obrigatório à cinéfilos e futuros cineastas que pretendem dirigir filmes independentes e uma experiência única.
As vezes eu tenho a impressão de que se todas as pessoas assistissem esse filme e realmente levassem a filosofia dele a serio, todos os problemas estariam resolvidos.
O romance é lindo. O roteiro é sagaz com muitos diálogos irônicos e reviravoltas muito boas. A trilha-sonora é magistral. Os personagens são interessantíssimos e cheios de camada. Casablanca é, acima de tudo, uma história inspiradora que te lembra que nunca devemos deixar de lutar por aquilo que acreditamos. Definitivamente um dos melhores filmes da história do cinema.
Um filme extremamente intrigante, imprevisível e que te prende do início ao fim. No começo eu achei a trilha sonora um pouco esquisita, mas ao decorrer do filme fui gostando cada vez mais dela. A cinematografia é belíssima, com muita utilização de sombras claramente inspiradas em filmes expressionistas. A montagem também merece destaque, criando sequências que mexem muito com a imaginação do público (um personagem está olhando pra algo e, insinuados pela música e expressão dos atores, o público fica extremamente ansioso para ver o que é, mas o filme nunca mostra). Todas as atuações também são fortes, destacando o Welles e Cotten. Isso tudo sem falar do roteiro com diálogos extremamente sagazes, que consegue ser engraçado onde deve e criticar o sistema policial.
A mise-en-scene desse filme é espantosamente sublime. Figurino, maquiagem, locação, interpretação (F. Murray Abraham nos presenteia com uma das melhores atuações do cinema), iluminação (inclusive algumas cenas filmadas à luz de velas), é tudo muito bem feito. O roteiro, edição e trilha-sonora tem uma conectividade muito boa, cada um com sua parcela na hora de contar a história. Magnífico!
Roteiro, direção, edição, cinematografia, atuações, trilha-sonora... Esse filme acerta brilhantemente bem em tudo isso. Os conflitos sociais e raciais retratados nesse filme são muito bem feitos e reais, sem vitimizar qualquer um dos dois lados.
Gostei muito da brincadeira que o filme faz com as cores, principalmente o vermelho e também da cena em que duas músicas começam a tocar ao mesmo tempo, se misturando e criando uma terceira música. Essa cena tinha tudo para ficar confusa, mas não ficou e funcionou muito bem. Gostei muito do personagem do Prefeito, destacando a cena em que uns caras começam a xingar ele só por ele ser um mendigo. O monólogo que ele tem nessa cena é lindo e o sofrimento interno que ele demonstra depois da conversa é muito palpável.
Melancholia (2011), filme dirigido por Lars von Trier, é um drama com alguns elementos de ficção científica sobre o relacionamento entre duas irmãs em diferentes situações. Um dos melhores retratos da depressão já feitos no cinema. O filme é dividido em duas partes, excluindo a incrível sequência inicial, cuja primeira conta o processo e as razões que levaram a personagem Justine a entrar em estado de melancolia profunda e a segunda conta a história de Claire e sua família cuidando de Justine e reagindo à aproximação do planeta Melancholia com a Terra. Muitas pessoas falaram que acham a primeira parte muito arrastada e sem importância para a história, o que eu discordo. Podemos pensar que a primeira parte do filme é uma introdução que leva, mais ou menos, metade do filme para acontecer, porém isso funciona, pois o desenvolvimento da personagem Justine é muito bem feito e muito interessante de se assistir. O filme é paciente e a transformação da personagem principal é feita de modo gradual, mostrando todos os motivos e deixando o espectador muito bem ciente do porquê de ela estar com depressão, o que deixa o filme mais crível e importante, sem deixar aquela sensação incômoda de correria ou preguiça.
A interpretação que eu tive do filme, depois de ler alguns textos e refletir bastante, é que o diretor, sendo o belo pessimista que é, quis passar uma mensagem de que a felicidade e o otimismo, apesar de serem bons durante a vida, são apenas uma ilusão que transformará o objetivo da vida, a morte, em algo muito doloroso e que a tristeza e o pessimismo, apesar de serem muito dolorosos, acabarão sendo algo que facilitará a passagem por esse acontecimento. Na primeira parte vemos uma Justine ficando cada vez mais melancólica e uma Claire parcialmente feliz. Já na segunda parte, vemos uma Justine acabada na depressão e sua irmã cuidando dela, até que a preocupação de Melancholia se chocar com a Terra vem à tona. Claire, que até então era a irmã mais paciente, começa a entrar em desespero e Justine, que era a doente, fica mais tranquila. Uma das cenas chave dessa mudança é a cena na qual Justine está deitada nua perto de um rio, admirando (como se estivesse fascinada) o grande planeta Melancholia que está se aproximando. É nessa cena, cheia de metáforas, que Justine passa pelo processo mais importante na cura da depressão: a aceitação. Ela, ao olhar para o planeta, aceita a melancolia (tanto o planeta, quanto a doença). Nessa cena, ela aceita sua doença e começa a usar a sua melancolia como benefício, tanto é que, na conversa seguinte com a irmã, quando ela fala que conseguiu tomar banho sozinha, diz que a vida na Terra é má e que nós somos os únicos seres vivos do universo e que ninguém sentirá falta da vida na Terra (sendo extremamente pessimista com a vida e receptiva com a morte, um dos sintomas da depressão). É essa total descrença com a vida que salva Justine do desespero pré-morte e que faz sua irmã, relativamente otimista, sofrer mais. A cena da aceitação é repleta de metáforas, como, por exemplo, o fato do nome do planeta e da doença serem o mesmo, transformando o próprio planeta em uma metáfora para a doença; o fato de a protagonista ter deitado perto de um rio, que faz ligação com uma cena do inicio onde Justine está parada, apenas aceitando a correnteza de um rio (que no caso seria a própria depressão) levá-la para onde ele queira; e o fato de a protagonista estar nua, que passa a sensação de que ela está se entregando por completo. Também podemos considerar o personagem do John uma metáfora para aqueles especialistas que não acreditam que a melancolia (sendo, no filme, a metáfora do planeta) seja uma doença séria e que, quando percebe a gravidade da situação, é tarde demais.
Esse é um dos meus filmes favoritos, mas não é para qualquer um. É um filme que não tem quase nenhum valor de entretenimento, mas é um filme lindo (fotograficamente), contemplativo e que te faz pensar e teorizar.
Os Sete Samurais
4.5 404É um filme longo e sem muita ação acontecendo na maior parte de seu tempo, porém o ritmo desse filme é tão perfeito que eu fiquei vidrado na tela durante todos os seus 207 minutos.
É um filme épico cuja força se encontra nos dramas e complexidades de seus personagens, subtramas riquíssimas e as interações entre lavradores e samurais que não tiveram um passado muito agradável.
Cheio de diálogos, monólogos e frases que fazem o público refletir, esse filme ainda traz fortes atuações (principalmente de Toshiro Mifune e Takashi Shimura) e uma direção formidável de Kurosawa, que faz uma perfeita reconstrução do Japão do século XVI.
Destaque também para a formidável trilha-sonora de Fumio Hayasaka, que segue as diferentes facetas do filme com uma música horas épica e horas com um tom mais onírico/fantasmagórico.
E a última cena é P-E-R-F-E-I-T-A!
Um filmaço anti-belicista que merece todo o seu reconhecimento.
Crepúsculo dos Deuses
4.5 794 Assista Agora(SE VOCÊ NÃO VIU O FILME, RECOMENDO QUE NÃO LEIA).
Nada melhor do que começar o ano revendo essa obra-prima de Wilder, não é mesmo?
É uma perfeita crítica à Hollywood e de como é fácil uma grande estrela cair no esquecimento quando ela já não é tão jovem e "prestativa" para a industria e como essa mudança de vida pode afetar essa pessoa.
William Holden faz um personagem sarcástico (o que casa perfeitamente com o roteiro, que também é muito sarcástico) que começa a ter um envolvimento com Norma Desmond. Ele, que primeiramente começa a viver com a mulher pela oportunidade de emprego oferecida, começa a se relacionar com ela (claramente por pena, sentimento que acaba se estendendo ao público) depois de testemunhar todo o seu desejo, anseio e loucura de querer voltar a brilhar nas telas. Porém, ao se encontrar preso em sua tortura psicológica que não o permite sair daquela mansão sem a presença dela e até se apaixonar por outra mulher, ele decide sair de sua vida, mesmo que isso signifique uma intensa degradação psicológica.
Gloria Swanson como Norma Desmond, em uma das melhores atuações que eu já assisti, cria muito bem uma personagem desiludida e presa ao passado que se recusa a acreditar na realidade dura que é estar sendo esquecida, ilusão que é reforçada pelo sinistro mordomo Max von Mayerling (Eric von Stroheim), que também se encontra frustrado por ter perdido sua oportunidade de ter crescido como diretor para não deixar que sua ex-esposa sofra com a realidade.
Norma é uma personagem complexa. De um lado ela é uma pessoa extremamente possessiva e ciumenta, que cria uma prisão psicológica em Joe (através de lamentações e até cortes nos pulsos só por ele não ter correspondido ao seu amor) que vai o consumindo para que ele pertença somente a ela. Por outro lado, Gloria cria uma loucura e desilusão tão bem feitos que você percebe que ela não faz isso por querer, e sim por um receio de ser deixada de lado novamente. Por isso, mesmo achando suas ações reprováveis, você pelo menos as entendem.
O drama de Norma é, inclusive, muito bem construído. A atuação extremamente expressiva de Gloria remete às atuações do cinema mudo, passando muito bem a ideia de que a personagem está sempre atuando em filmes silenciosos, onde ela ainda era uma grande estrela.
Alias, uma prova de que seu desejo de querer voltar a brilhar nas telas e ser reconhecida como uma grande atriz foi muito bem feito é a cena em que ela vai visitar o diretor Cecil B. DeMille em seu set de gravações. Lá um funcionário responsável pela luz a reconhece e aponta um holofote para ela, quando um monte de pessoas presentes começam a reconhecê-la e ficam ao redor dela como se ela fosse uma grande estrela. Eu me arrepiei muito nessa cena, que mostra a felicidade de Norma ao estar sendo tratada como uma artista renomada novamente. Porém, em seu final amargo, o espectador também se sente iludido quando DeMille fala para seu funcionário que ele está apontando a luz para o lugar errado.
O final do filme também é extremamente trágico. Ela, perdida em suas loucuras e ilusões, desce a escada extremamente feliz, pensando estar diante de seu retorno triunfante, mas nós sabemos que na verdade ela está indo em direção à prisão, onde a mídia tirará qualquer esperança de uma possível volta.
O filme também conta com uma excelente mise-en-scène, onde o design de produção, o figurino e a maquiagem passam muito bem a ideia da alta sociedade de Hollywood e também mostram a riqueza da personagem Norma. A mansão dela, inclusive, com suas sombras constantes, esculturas angelicais e uma iluminação em formato de velas, cria um ambiente gótico que lembra bastante filmes como Cidadão Kane e Nosferatu.
É interessante notar também que em sua primeira aparição no filme, Norma estava vestindo um turbante que lembra o chapéu de Conde Orlock, aquele vampiro que prendeu em seu castelo o indefeso corretor de imóveis Hutter.
Rashomon
4.4 301 Assista AgoraEsse é o primeiro Kurosawa que eu vejo na minha vida e MEU DEUS PRECISO MUITO VER OUTROS FILMES DELE AGORA!
O modo que ele conta a história é incrível, com movimentos de câmeras inventivos e sensacionais. O roteiro também é extremamente inteligente, fazendo o espectador sempre indagar se aquela história dita é verdadeira ou não, além de ser um estudo sobre egoísmo e manipulação da realidade.
Indico muito <3
A Montanha dos Sete Abutres
4.4 246 Assista AgoraUm filme extremamente cru sobre uma das facetas mais cruéis do ser humano exacerbadamente capitalista.
BILLY WILDER OH YEAH!
Sombras
3.8 50“É um filme sobre a falta de rumo e a desorientação de qualquer jovem”.
Essa frase foi dita por John Cassavetes, ao falar sobre filme em questão, que o dirigiu inteiro a base de improvisações e "sem roteiro" (antes de ser lançada uma nova versão, onde o diretor reescreveu grande parte do filme e criou uma narrativa mais coesa).
O filme conta a história de três irmãos que, no auge de sua juventude, estão enfrentando problemas e dilemas típicos de pessoas nessa fase (o que os torna personagens muito identificáveis).
A irmã, Leila (Goldoni), está começando sua vida amorosa e sexual. Suas alegrias, decepções, inexperiências e frustrações estão muito bem retratadas no filme, que estuda sua personagem e a faz ter um arco muito rico, o que a torna a personagem mais interessante do filme. A interpretação de Goldoni também se destaca, conseguindo transmitir todo o medo e tristeza que a personagem sente, além de ser uma personagem feminina muito forte, o que sempre é interessante.
O irmão Ben (Carruthers) é o mais agressivo e infantil dos irmãos. Junto com seu grupo de amigos, ele vagueia pelas ruas procurando farra e mulheres, até que, quando é agredido por outro grupo de delinquentes, começa a refletir sobre suas atitudes.
Já Hugh (Hurd) é o mais consciente e maduro dos irmãos. Mesmo o seu arco de querer ser um cantor de jazz ser mais desinteressante do que o dos outros irmãos, ele é quem ajuda e dá conselhos para os outros dois.
O fato de Cassavetes ter dirigido o filme com improvisações e um estilo mais documentarista (com muita utilização de câmera na mão) cria uma sensação de realismo que é respaldado pelo fato dos personagens terem os mesmos nomes dos atores. E, a utilização do jazz na trilha sonora, junto com alguns elementos do noir (como os sobretudos e a constante presença de fumaça na tela), cria uma elegância bem-vinda no filme.
Mesmo com uma edição imprecisa, alguns pequenos furos no roteiro e algumas regras quebradas sem motivo (como a do 180°, que deixa algumas cenas visualmente confusas); "Sombras" é um excelente filme indie, totalmente obrigatório à cinéfilos e futuros cineastas que pretendem dirigir filmes independentes e uma experiência única.
O Dia Em Que A Terra Parou
4.0 170 Assista AgoraAs vezes eu tenho a impressão de que se todas as pessoas assistissem esse filme e realmente levassem a filosofia dele a serio, todos os problemas estariam resolvidos.
A Tortura do Silêncio
3.9 141 Assista AgoraEsse é um dos melhores filmes do Hitchcock, pena que não é tão comentado.
Ele é muito bem atuado e magistralmente dirigido.
O Vampiro da Noite
3.8 102Para mim é a melhor adaptação de Drácula que eu já vi, depois da do Coppola
Matar ou Morrer
4.1 205 Assista AgoraEsse faroeste tenso pra caramba te deixa intrigado do início ao fim. Um filme cheio de sentimentos e muito divertido, sem deixar de te fazer pensar.
Casablanca
4.3 1,0K Assista AgoraO romance é lindo. O roteiro é sagaz com muitos diálogos irônicos e reviravoltas muito boas. A trilha-sonora é magistral. Os personagens são interessantíssimos e cheios de camada.
Casablanca é, acima de tudo, uma história inspiradora que te lembra que nunca devemos deixar de lutar por aquilo que acreditamos.
Definitivamente um dos melhores filmes da história do cinema.
O Terceiro Homem
4.2 175 Assista AgoraUm filme extremamente intrigante, imprevisível e que te prende do início ao fim. No começo eu achei a trilha sonora um pouco esquisita, mas ao decorrer do filme fui gostando cada vez mais dela. A cinematografia é belíssima, com muita utilização de sombras claramente inspiradas em filmes expressionistas. A montagem também merece destaque, criando sequências que mexem muito com a imaginação do público (um personagem está olhando pra algo e, insinuados pela música e expressão dos atores, o público fica extremamente ansioso para ver o que é, mas o filme nunca mostra). Todas as atuações também são fortes, destacando o Welles e Cotten.
Isso tudo sem falar do roteiro com diálogos extremamente sagazes, que consegue ser engraçado onde deve e criticar o sistema policial.
Amadeus
4.4 1,1KMOVIE! A DIVINE MOVIE!
A mise-en-scene desse filme é espantosamente sublime. Figurino, maquiagem, locação, interpretação (F. Murray Abraham nos presenteia com uma das melhores atuações do cinema), iluminação (inclusive algumas cenas filmadas à luz de velas), é tudo muito bem feito. O roteiro, edição e trilha-sonora tem uma conectividade muito boa, cada um com sua parcela na hora de contar a história.
Magnífico!
Faça a Coisa Certa
4.2 398Roteiro, direção, edição, cinematografia, atuações, trilha-sonora... Esse filme acerta brilhantemente bem em tudo isso. Os conflitos sociais e raciais retratados nesse filme são muito bem feitos e reais, sem vitimizar qualquer um dos dois lados.
Gostei muito da brincadeira que o filme faz com as cores, principalmente o vermelho e também da cena em que duas músicas começam a tocar ao mesmo tempo, se misturando e criando uma terceira música. Essa cena tinha tudo para ficar confusa, mas não ficou e funcionou muito bem.
Gostei muito do personagem do Prefeito, destacando a cena em que uns caras começam a xingar ele só por ele ser um mendigo. O monólogo que ele tem nessa cena é lindo e o sofrimento interno que ele demonstra depois da conversa é muito palpável.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraUm drama espetacular, poético e extremamente importante. Oscar mais que merecido.
Melancolia
3.8 3,1K Assista AgoraMelancholia (2011), filme dirigido por Lars von Trier, é um drama com alguns elementos de ficção científica sobre o relacionamento entre duas irmãs em diferentes situações. Um dos melhores retratos da depressão já feitos no cinema.
O filme é dividido em duas partes, excluindo a incrível sequência inicial, cuja primeira conta o processo e as razões que levaram a personagem Justine a entrar em estado de melancolia profunda e a segunda conta a história de Claire e sua família cuidando de Justine e reagindo à aproximação do planeta Melancholia com a Terra. Muitas pessoas falaram que acham a primeira parte muito arrastada e sem importância para a história, o que eu discordo. Podemos pensar que a primeira parte do filme é uma introdução que leva, mais ou menos, metade do filme para acontecer, porém isso funciona, pois o desenvolvimento da personagem Justine é muito bem feito e muito interessante de se assistir. O filme é paciente e a transformação da personagem principal é feita de modo gradual, mostrando todos os motivos e deixando o espectador muito bem ciente do porquê de ela estar com depressão, o que deixa o filme mais crível e importante, sem deixar aquela sensação incômoda de correria ou preguiça.
A interpretação que eu tive do filme, depois de ler alguns textos e refletir bastante, é que o diretor, sendo o belo pessimista que é, quis passar uma mensagem de que a felicidade e o otimismo, apesar de serem bons durante a vida, são apenas uma ilusão que transformará o objetivo da vida, a morte, em algo muito doloroso e que a tristeza e o pessimismo, apesar de serem muito dolorosos, acabarão sendo algo que facilitará a passagem por esse acontecimento.
Na primeira parte vemos uma Justine ficando cada vez mais melancólica e uma Claire parcialmente feliz. Já na segunda parte, vemos uma Justine acabada na depressão e sua irmã cuidando dela, até que a preocupação de Melancholia se chocar com a Terra vem à tona. Claire, que até então era a irmã mais paciente, começa a entrar em desespero e Justine, que era a doente, fica mais tranquila.
Uma das cenas chave dessa mudança é a cena na qual Justine está deitada nua perto de um rio, admirando (como se estivesse fascinada) o grande planeta Melancholia que está se aproximando. É nessa cena, cheia de metáforas, que Justine passa pelo processo mais importante na cura da depressão: a aceitação. Ela, ao olhar para o planeta, aceita a melancolia (tanto o planeta, quanto a doença). Nessa cena, ela aceita sua doença e começa a usar a sua melancolia como benefício, tanto é que, na conversa seguinte com a irmã, quando ela fala que conseguiu tomar banho sozinha, diz que a vida na Terra é má e que nós somos os únicos seres vivos do universo e que ninguém sentirá falta da vida na Terra (sendo extremamente pessimista com a vida e receptiva com a morte, um dos sintomas da depressão). É essa total descrença com a vida que salva Justine do desespero pré-morte e que faz sua irmã, relativamente otimista, sofrer mais.
A cena da aceitação é repleta de metáforas, como, por exemplo, o fato do nome do planeta e da doença serem o mesmo, transformando o próprio planeta em uma metáfora para a doença; o fato de a protagonista ter deitado perto de um rio, que faz ligação com uma cena do inicio onde Justine está parada, apenas aceitando a correnteza de um rio (que no caso seria a própria depressão) levá-la para onde ele queira; e o fato de a protagonista estar nua, que passa a sensação de que ela está se entregando por completo.
Também podemos considerar o personagem do John uma metáfora para aqueles especialistas que não acreditam que a melancolia (sendo, no filme, a metáfora do planeta) seja uma doença séria e que, quando percebe a gravidade da situação, é tarde demais.
Esse é um dos meus filmes favoritos, mas não é para qualquer um. É um filme que não tem quase nenhum valor de entretenimento, mas é um filme lindo (fotograficamente), contemplativo e que te faz pensar e teorizar.