Últimas opiniões enviadas
-
À Espera dos Bárbaros prova, mais uma vez, que quando se trata de adaptações, fidelidade ao material fonte não é garantia de sucesso. Pior, a transposição de cena por cena pode resultar num filme sem ritmo e episódico. Ora, é sabido que literatura e cinema são linguagens que se apropriam de métodos distintos para contas histórias. Parece que não concordar com esse princípio básico é o que tornou À Espera dos Bárbaros numa obra tão desigual.
Roteirizado pelo próprio autor do livro, o sul-africano J.M Coetzee, a trama aposta na simplicidade de sua premissa, que nada mais é do que uma crítica ao imperialismo. Se no romance, a abordagem introspectiva acertava ao não esclarecer a localização espaço-temporal da história (servindo assim como um narrativa universal), o filme não se esforça em esconder a descendência britânica dos oficiais do império. Mas o que torna tal decisão prejudicial, é falta de sutileza de Coetzee em abordar as relações de poder, como fica claro nas retratações unidimensionais dos personagens de Depp e Pattinson, que existem somente como manifestações óbvias de sadismo e corrupção.
Já Mark Rylance é beneficiado com um personagem mais complexo. A luta do magistrado contra seus dilemas morais dá riqueza a narrativa, mesmo que não seja suficiente para segurar uma trama que parece não saber muito bem para onde está indo. Uma trama que, mesmo dividida em quatro capítulos (cada um retratando um estação do tempo), não consegue subverter as pretensões iniciais, arrastando-se até o fim.
Certamente, a estreia internacional do cineasta colombiano Ciro Guerra, responsável pelos excelentes O Abraço da Serpente e Pájaros de Verano, deixou a desejar. Mas o que faltou mesmo foi um roteirista corajoso, experiente na linguagem cinematográfica, e que ousasse ir além do romance e das reflexões fáceis. Em seu produto final, À Espera dos Bárbaros acabou por ser somente um bom filme, mas que evapora de sua mente tão logo que os créditos estão rolando.
Enfim, para não terminar somente com aspectos negativos, chamo a atenção para a fotografia e a trilha sonora, que conseguem sugerir de maneira bastante eficaz a vastidão de um império desolado e a passagem do tempo. O filme também pode ser uma boa introdução para o estudo do imperialismo, seja nas escolas ou para novos interessados pela temática.
Últimos recados
- Nenhum recado para Jonathan.
Estou impressionado que esse filme está sendo tão bem avaliado pela crítica e o público. Conceito interessante, mas pobre demais em conteúdo. Vinterberg basicamente se
sucumbiu as decisões mais clichês possíveis. Até mesmo a composição dos atores é pouco inspirada. Algumas cenas em sala de aula então... beiram ao ridículo. Enfim, decepcionante.