Joseane do Amarante

Quando "pequenas bobagens" podem transformar-se realmente em algo significativo?
No começo da série meu sentimento foi de que Hannah estava dando um peso muito grande para coisas que talvez não tivessem tanta relevância. Mas sou adulta e se passasse pelas mesmas situações teria outra reação, claro. Somente ao ver o último episódio é que tive a real dimensão do que pode ser a vida de uma adolescente tendo que enfrentar as problemáticas do bullying em seu dia-a-dia. Ela não conseguiu "superar" ou "seguir em frente"; e apesar de estar com seu coração dilacerado, ninguém conseguiu ouvir seu pranto. Mesmo sabendo o desfecho da história desde o primeiro episódio (ela está morta), o final surpreende o espectador pela intensidade e frieza. A série trata muito bem daquilo que nós adultos temos dificuldade em aceitar: para um adolescente "pequenas coisas" não são tão pequenas assim. Palavras e olhares machucam tanto quanto uma boa surra.

Quando os noticiários começarem a mencionar sobre essas novas tecnologias envolvendo robótica e outros aparatos digitais é porque grande parte dela já estará em operação em algum canto do mundo. Porém viver numa era onde podemos desfrutar do que é essencialmente tecnológico não nos livrará do que é intrinsecamente humano. Seja no mundo real ou seja no mundo virtual, sentimentos como inveja, raiva, vergonha, medo e tantos outros ainda continuarão a nos acompanhar aonde quer que estejamos.