Últimas opiniões enviadas
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O Assassino
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Não há grandes sacadas, ensinamentos ou observações mais profundas sobre coisa alguma. É o homem fazendo seu trabalho, só isso – e nesse sentido, enquanto é um filme em que o diretor retorna a um terreno familiar, também parece ser uma forma de ele, ironicamente, comentar sobre o próprio método e a sua atual condição de empregado de um grande streaming, com a narração em off e cenas como a do clímax servindo para ilustrar um pouco essa ideia. Sobre executar tarefas, basicamente. Burocrático e, ao mesmo tempo, muito autoral.
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Mike Flanagan parece um tantinho preguiçoso dessa vez – há uma redundância na estrutura dos episódios que até segue um conceito cíclico, mas eventualmente acaba dando uma cansada, e dá para sentir que foi preciso forçar um pouco aqui ou ali para caber uma referência direta a Poe (o sexto episódio, voltado para a filha Tamerlane é um bom exemplo disso) –, mas acho que ele compensa em seu cuidado com as imagens e com uma dramaturgia bem folhetinesca. Alguns momentos brilhantes ali no meio (a sequência da orgia, o monólogo do limão) e nomes no elenco, como Bruce Greenwood e Carla Gugino, em estado de graça.
Últimos recados
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Fernando Mendes
Olá, Jr. Adorei os Favoritos. Espero que troquemos ideias. Abraço!
Li em mais de um lugar que esse filme é como se fosse uma versão de Persona de Bergman encenada pelas mulheres de Almodóvar, e acho que é bem por aí mesmo: um filme em que performances se impõem como realidade aparente, em uma estética de novela, embora como se espera sempre de Haynes, há algo de muito cruel sob a fachada impecável do melodrama – talvez a síntese disso esteja no monólogo da personagem de Natalie Portman, a atriz, que lê a carta da personagem de Julianne Moore e confessa, de frente ao espelho e ao espectador, sentimentos que não são seus, verdades que não são suas (e que talvez nem sejam verdades), mas o que vale é o efeito da cena, a superfície, as lágrimas; enfim, a ficção que seduz para esconder uma violência inerente.