Filme escrito e dirigido pela cineasta turca Yesim é um drama denso, com uma fotografia bem simbólica e intimista, atuações ótimas e trilha sonora de acordo com a intensidade do momento. O longa apresenta a vida de duas mulheres, uma é psiquiatra que trabalha no hospital da cidade e vive com o marido numa cena de casal perfeito, outra é uma jovem que se casou cedo e passa o dia cuidando do apartamento e da sogra enquanto o marido trabalha. As duas se encontram quando, numa situação curiosa, a jovem, Elmas, é encontrada com hipotermia em sua varada e é levada ao hospital e a psiquiatra, Sehnaz, começa a fazer sessões de terapia para auxiliar a recuperação da jovem e esclarecer o ocorrido. No desenvolver do longa, nota-se um paralelo entre a vida dessas mulheres. A médica tem uma vida moderna, trabalha, tem independência. A jovem fica restrita à casa e a obedecer ordens do marido e da sogra, submissa e sem oportunidades. Com tantos opostos, faz-se pensar que suas experiências nos relacionamentos seriam distintas, mas o que começa a vir em foco é que elas têm mais em comum que aparentavam. Apesar de toda a aparência de belo relacionamento, era tratada com desrespeito e objetificação pelo marido tal como a jovem Elmas era tratada. Em certo aspecto, parece que ao observar uma situação tão clara de opressão e abuso, a psiquiatra começa a reavaliar toda opressão e abuso camuflado que sofre em seu casamento. É um cenário que aponta holofotes à forma como as mulheres nesta sociedade machista, apesar de todos direitos e avanços conquistados no mercado de trabalho, ainda sofrem abusos no ambiente domiciliar e não o enxergam como tal. O filme ponta a luz diretamente para opressão da culpa, que mostra a violência – verbal, sexual, psicológica – como a forma que devem ser tratadas e que não há motivo para questionarem ou confrontarem. Com uma atmosfera bem pesada, o filme mostra a lenta tomada de consciência destas mulheres e o confronto final, o basta. É como acompanhar uma jornada de autoconhecimento das personagens, aprendendo os limites que não devem ser transpassados, reconhecendo situações degradantes e saber que podem e devem confronta-las e denuncia-las. Não foi sem motivo que esta obra, de nove indicações (incluindo direção, elenco e o filme em si), ganhou o prêmio em cinco. Obra muito bem executada sobre um tema tão atual e tão necessário de ser abordado, debatido e vencido.
O mal-estar é o personagem principal da trama. Não é a vida de uma determinada família ou determinado personagem que chama atenção, o filme é feito para o que está em volta, literalmente, o som ao redor. Uma crítica belíssima e um bom exemplo do que é o Novo Cinema Pernambucano. O filme começa com diversas fotos antigas da época da escravidão e grandes senhores de terras. Uma boa introdução para esse longa que mostra como, ainda hoje, o poder é expresso por posse de propriedades, mas de uma forma diferente, como é bem apontado pela figura do senhor Francisco (Waldemar Solha), dono de quase todos os imóveis da ruas próximas. A explosão imobiliária transformou os padrões arquitetônicos da cidade, no caso Recife, mas poderia ser qualquer outra grande cidade do país e até do mundo. Antigamente o poder baseado em latifúndios dava-se por grandes, inimagináveis, extensões de terra (e ainda existem no interior dos Estados, principalmente na porção Centro Oeste do Brasil). Atualmente nos grandes centros, o número de habitantes só aumenta e grandes extensões de terras não seriam praticáveis, portanto, vemos o poder dando-se a partir de latifúndios supervalorizados, prédios altíssimos, condomínios que quebram o plano urbano da cidade. Esta mudança imobiliária já é assunto abordado por Kebler Mendonça Filho (diretor) no premiado curta Recife Frio e retorna em O Som ao Redor.
O ponto de partida do filme é quando alguns homens oferecem serviço de segurança 24h para a rua e são contratados. Assim começa a apresentar o constante sentimento de medo na vida contemporânea, muros altos, cercas, alarmes, câmeras e agora os seguranças das ruas.
Kebler aposta no realismo das cenas, mostra varias situações pontuais de moradores daquela rua. Relação de empregados e empregadores, desde moradores que têm empregados como membros da família até moradores que tratam empregados como bandidos. Temos um retrato da classe média alta de Recife ignorando o que for conveniente a eles ignorar. Por isso o som ao redor grita por atenção nesse filme. Como a cena do menino pedindo sua bola de futebol que caiu no pátio do prédio vizinho e só a menina se importou em ouvir.
O áudio no filme foi muito bem trabalhado por Dj Dolores, a presença de vários sons do cotidiano ao fundo das cenas e aos poucos roubando a atenção. Cachorro latindo, maquina de lavar, barulho do elevador, crianças, televisão. Não posso deixar de comentar da fotografia em alguns momentos intimista, abusando de close-up e, para completar o teor angustiante, zoom in e bastante contra-plongee, em outros momentos impessoal, planos abertos, mostrando todo o cenário. Além do simbolismo de certas cenas, como a do João (Gustavo Jahn) tomando banho de cachoeira ou como a de Bia (Maeve Jinkings) fumando e usando aspirador para sugar a fumaça, o que resultou num visual incrível. Falando em Bia, não teve como eu assistir sem me prender em sua obsessão com o barulho do cachorro do vizinho e sua rotina solitária às tardes. Outro personagem muito presente é o João, que apesar de ser uma figura leve, simpática, é um rapaz que é contra certas coisas, mas não faz muito para muda-las.
Mas é isso que o filme nos mostra, não uma vida, mas a vida de uma comunidade em si. Os diversos ângulos e as diversas formas de relacionamentos. Nos convida a um olhar mais perspicaz, mais atento ao que estar ao redor, aos sons.
O Som ao Redor é um filme pra ser visto e principalmente ouvido.
Um menino de 11 anos bate em outro com uma vara. Seria um acontecimento típico de briga de crianças, resolvida com uma conversa, repreensão, desculpas. Se não fossem com essas famílias. Os pais do garoto ferido chamam os do garoto que feriu para conversar sobre o ocorrido e ver como agiriam. Tudo começa bem, reunidos no apartamento da família do garoto mal tratado, falando sobre o incidente e como cuidariam do assunto, mas quando estão prestes a se despedirem os anfitriões oferecem um café. Assim começa um filme gradativo. A gradação abrange diversos pontos: tratamento entre os pais, comportamento, problemas conjugais, conduta, entre outros. No decorrer do filme o roteiro fica mais complexo e agressivo. Todos os quatro personagens, em algum momento, chegam ao ápice da tolerância. Interessante o filme começar e terminar com a imagem do mesmo local, onde tudo começou e onde tudo terminou, entretanto há uma diferença...
Incidente entre os garotos desencadeou a tarde cheia de briga entre seus pais, colocando vários assuntos à mesa, deixando-os a flor da pele e no fim os filhos estão no parque, amigos. À tarde dramática ocorreu por discutir qual meio mais educativo pra resolver a situação entre os garotos, sendo que eles mesmo, da forma deles, resolveram.
O filme conta com um elenco muito marcante, não esperava ver Jodie Foster naquele estado emocional, foi surpreendente! Digo o mesmo de Kate Winslet. Foi um longa bem feito, principalmente observando pelo ponto de que foi feito sempre em quatro paredes, no complexo de um apartamento e hall de entrada. Um filme interessante, fácil de ver, roteiro bem escrito, verossímil. Uma boa dramédia.
Wes e um diretor de filmes geniais e essa animação não é uma exceção. História muito interessante, reflexiva, descontraída e fofa. Contando com um elenco de dubladores maravilhoso, Wes deu vida a uma animação cativante que mostra os valores das amizades, dos relacionamentos, da lealdade além de abordar questões mais profundas sobre oportunidades, vícios, ambição... Mas o foco principal é um clássico do diretor, a busca por sua natureza, no caso, selvagem. Sr. Raposo tem toda uma conduta antropomorfizada, usando camisas, gravatas, tomando café, até que aparece algo para comer e ele devora ferozmente. Não é de se espantar, já que se trata de uma raposa. E é exatamente isso que Wes nos chama atenção. Observa-se a valorização do Sr. Raposo pelos atos do filho no final e para declarar sua admiração ele diz que foi uma loucura selvagem. Apesar de infantil, parece que a obra atrai mais os olhares dos fãs do diretor, não é pra menos, roteiro bem esquematizado, muita correria, dramatização... Mais uma singularidade de Wes Anderson.
Superou minhas expectativas! Martine, adolescente com problemas com o pai. Gordy, jovem viajante. Brett, ex-presidiário caladão. Essas três personalidades se esbarram numa lanchonete e suas histórias se cruzam pra valer na travessia de balsa... Um imprevisto climático faz com que eles tenham que passar a noite juntos, na manhã seguinte, quando iam se separar, mais uma vez o destino fez com que voltassem a se juntar. A partir daí eles passam a viajar juntos e começam a se conhecer. Martine e seus probelmas com o ai negligente. Gordy com suas fotos peculiares. Brett e seu silêncio misterioso. Aos poucos, uma sincera e inesperada amizade é construída e os três começam a notar que, apesar das diferenças, eles têm algo em comum: todos eles são tristes, até mesmo o entusiástico e sorridente Gordy. A proximidade deles é testada quando descobrem o passado de Brett.
Entretanto, mesmo sem saber a razão da prisão, Martine e Gordy voltam a oferecer carona a ele. Isso mostra a amizade que sincera que nasceu entre eles, o cuidado, a preocupação. Os dois jovens mostraram interesse pela história do ex-detento e, principalmente, uma compreensão e apoio que ele não esperava. Cada um representou uma mudança pro outro, mesmo que de formas diferentes, eles mudaram a vida do outro e tiveram suas necessidades psicológicas e emocionais supridas. Martine teve de Brett, os conselhos que nunca teve do pai e de Gordy, teve o cuidado e os sentimentos que não teve de outros garotos. Gordy teve suas manias compreendidas por eles e companhia. Brett foi compreendido pelos jovens e foi impulsionado por eles a seguir seus desejos.
É um filme bem gostosinho de assistir, vale a pena. O elenco ficou muito bom. Eddie e Kristen fizeram um bom trabalho, ambos novinhos, dando bastante marca nas personalidades de Gordy e Martine. A trilha sonora combinou com o filme e deixou mais leve. Gostei mesmo. “This is your fate, you got to play this out to the end. Otherwise, you're going to walk around a ghost for the rest of your life.”
Em “Os Oito Odiados”, Tarantino trás um filme com algumas similaridades com seu “Cães de Aluguel”, voltando ao filme de câmara, com idas e vindas na linha de tempo e na questão de ser uma reunião de personagens que não sabem se podem confiar uns nos outros. Entretanto, só dizer que esse é um “Cães de Aluguel” no velho oeste seria muito superficial. É notável o cuidado caprichoso com a apresentação. Durante os dois primeiros capítulos, o filme é mais lento, com uma função mais introdutória, ambientando a trama. Só a partir de então, em meio a uma nevasca, o diretor reúne oito fortes personalidades de caráter duvidoso e inicia-se o desenrolar da história. Tarantino tentou representar, em um pequeno armazém, parte da sociedade americana, onde conseguiu reviver até discussões sobre os conflitos da, então recém-findada, Guerra Civil Americana. Assim como na introdução, o diretor tem uma cautela a mais na apresentação de seus oito odiados, reforçando suas apresentações diversas vezes, nos familiarizando a eles. A ação começa com muita sagacidade do personagem de Samuel L. Jackson, após seu intenso monólogo provocativo. Os acontecimentos seguintes são mais impactantes, a tensão aumenta, o mistério fica mais intrigante. O “oitavo Tarantino” não deixa pra trás a característica do encaminhamento a um clímax catártico, sendo ainda mais reforçado com a trilha sonora de Ennio Morricone. Além de contar com atores brilhantes como Jackson e Kurt Russel, temos atuações incríveis de Jennifer Jason Leigh e Walton Goggins. Elenco que deu à história o tom desejado, suprindo todas as necessidades expressivas do enredo. O contraste artístico chega a ser irônico como, no início do longa, a maquiagem do olho roxo de Daisy quase cômico de tão teatralmente desenhado e o máximo que vemos até quase metade do filme, mas é só uma questão de tempo até o “sangue Tarantino” marcar presença (e que presença!), talvez a mais visceral dos trabalhos do diretor. Percebe-se que ao longo da carreira, Quentin, aprofundou o tema de vingança, apresentando de forma mais complexa. Outro ponto notável no crescimento dele é sua habilidade literária perceptível nos seus diálogos/monólogos mais articulados. Tarantino, de certo forma egocêntrico, nos trás seu “oitavo Tarantino” contemplando todo seu desenvolvimento técnico e artístico, dando mais um passo na sequência de dez filmes que pretende completar e apresentando longas de alta qualidade.
Problemático! Um filme com discussões do início ao fim, praticamente. Mas o texto foi tão bem adaptado que todas as brigas ficaram muito verossimeis, não dá pra tirar os olhos da tela. Além disso, Meryl e Julia arrasaram. Meryl me surpreendeu desde sua primeira aparição no longa até a última cena. História muito boa.
Me surpreendi muito, encontrei o filme por mero acaso, sem muito interesse de início, mas acabei voltando a encontrar e acabei me interessando, foi a minha sorte. Só de pensar que por pouco ia deixar de assistir dá uma dorzinha na consciência. Adorei o filme, a história flui muito bem, gostosinho de assistir, cativante e lindamente simples. Um foco a mais para a natureza, os pequenos detalhes, as sutilezas do ambiente, dá pra sentir o entorno da cena, os barulhos da floresta, os animais, o balanço de som foi muito apropriado. O filme é bastante delicado, natural, foge dos clichês, apresenta diálogos verossímeis e a atuação de Dreya Weber e Traci Dinwiddie deu vida a um belo roteiro com sentimentos bem transmitidos. Um história sensível sobre perda, culpa, natureza e cura. É bonito o desenrolar do relacionamento de Katy e Raven o que começou desfavorável foi melhorando com desenvolvimento de cumplicidade e ajuda mútua. Para completar a obra, a trilha sonora acompanha fielmente o desenvolver das cenas e das emoções. Um ponto do longa que me encantou muito, além da história principal, é o personagem Joe (David Hayward), ele era sempre o que se preocupava, escutava, acalmava e fazia as pessoas sorrirem.
Ele estava sempre tentando aliviar os problemas das costas das pessoas e mostrar que há vida além deles e o mais interessante é que, no que é mostrado no filme, ele morre depois de colocar tudo no seu devido lugar e encaminhar a história, primeiro explica como as coisas devem ser à Angela, depois conversa sobre a vida com Katy e por fim ajuda Raven a se recuperar de toda a culpa que sente. Foi um momento bem delicado quando, numa das ultimas cenas, Raven toca violão para o chapéu dele e estão todos bem.
Paul Anderson fez um filme com uma pegada meio cômica, o que não significa que seja de menor excelência que seus trabalhos de outros gêneros. Ele conseguiu fazer um roteiro exatamente na forma do seu personagem principal, Doc Sportello (J. Phoenix), de maneira que a trama é instável, intrigante e com cenas que muitas vezes parece que é só uma viagem de drogas. O desenrolar da investigação que Doc inicia para descobrir o que aconteceu com sua ex-namorada vai encaixando aos poucos todos os fatos embaralhados e mostrando todo um cenário mais complexo por trás do desaparecimento. O que de início parece um quebra-cabeça, aos poucos vai fazendo sentido. A fotografia de Robert Elswit, com closes e câmeras fixas, dá um tom mais íntimo no longa, o que em conjunto a trilha sonora psicodélica resulta num filme bem cativante, envolvente. Quando assisti, comecei meio confusa com tudo, mas por fim já estava curiosa com as descobertas de Doc, o filme me puxou pra história, pra época. Esse bom resultado também é devido ao grande elenco, Reese Witherspoon fez uma boa atuação, Joaquin P. nem se fala, pra mim ele é um dos atores mais intenso de Hollywood e me conquistou em Her, a atuação dele nesse filme foi incrível, uma desenvoltura e postura em cena que deu veracidade ao detetive hippie Sportello. Sem dúvida um bom filme.
Ambientado na Copenhagem da década de 20, Hooper trouxe um filme belíssimo baseado no livro homônimo que conta a história de Lili Elbe e sua jornada de auto desoberta. O longa é bem detalhista e sensível, foca nas sensações de Lili (ainda tendo que viver como Einar), em cada toque nos tecidos dos vestidos, cada olhar, cada sorriso. A atuação de Eddie foi excelente, como já esperava, ele se jogou no personagem e conseguiu transmitir seus sentimentos, anseios e características de maneira impecável. Mas o que mais me chamou atenção e roubou a cena, a meu ver, foi Alicia Vikander. Ela deu vida a Gerda e se mostrou a linha condutora de toda a trama, ao ser ela quem dá liberdade para a jornada da autodescoberta se iniciar e dá apoio à Lili até o fim. Mas não só isso, Gerda nos mostra o drama ao redor dos sonhos de Lili. Alicia mostra uma Gerda forte, sensível e imensamente apaixonada. A história de amor e cumplicidade entre as duas pintoras me emocionou, não só de Gerda aceitar a perda de Einar, como Lili tentando ser Einar pela Gerda e depois o que prevalece é o zelo pelo outro e a compreensão de que Einar não existia mais. Lili deu vida a pintura de Gerda e ela apoiou a vida de Lili. Realmente um dos filmes mais belos que já vi, me fez chorar em diversas cenas. O elenco é cativante e muito forte. A fotografia D. Cohen deu mais sensibilidade ao drama. A música de Alexandre Desplat foi um ponto a mais para tocar a sensibilidade de quem assiste, conduziu muito bem as emoções no decorrer do filme. Por fim, é uma grande obra. Bem marcada. Uma das histórias de amor mais verdadeiras que já vi.
Vinte anos após a Revolução 1905 este filme vem com o objetivo de homenagear o ocorrido. Dividido em cinco partes, o longa critica o abuso de poder e injustiças além de chamar atenção para o poder da população. Breve passada sobre as partes:
A obra começa com o clima de tensão entre os marujos, o episódio da carne é o apogeu da tolerância. A segunda parte aborda as consequências da postura dos marujos frente à sopa de carne podre, findando-se com morte de um deles. Neste ponto me marcou muito uma ironia, quando o inspetor da carne cai ao mar e aparece a frase na tela “Ele foi alimentar os peixes.”. Prosseguindo, a morte do marujo gera uma comoção geral quando seu corpo é levado ao porto e desperta o sentimento de revolta entre a população e surgiu a frase “um por todos e todos por um”. Após esse acontecimento vem a quarta parte que é o auge da obra, A Escadaria de Odessa, onde se vê a população dando apoio aos marujos, doando alimentos e cooperando para que haja a revolução, toda a cena é mostrada a partir da escadaria até mesmo como simbolismo de hierarquia, o desespero começa quando os soldados czaristas (cossacos) atacam a população em seguida ocorre a aclamada cena do carrinho de bebê. Em resposta ao ataque dos cossacos, os marujos destroem, a tiros de canhões, a casa de opera de Odessa. Na quinta e ultima parte, temos a tensão da espera para o Encontro com a Esquadra desenvolvendo o clima intenso para nos últimos segundos de filme a Esquadra levantar bandeira de união à Revolução e permite a passagem no Encouraçado e fechamos com a frase “Todos contra um, um contra todos”.
Tem muito que se observar sobre a parte técnica do filme. Einsenstein marcou a história do cinema com essa obra, pioneiro em edição e montagem. No longa, ele apresenta intensamente a Teoria de Montagem, abusa de ângulos de câmera, faz muitos close-ups e principalmente coloca em uso o Efeito Kuleshov. Tudo isso foi muito inovador para época e mudou a forma que o cinema era visto e produzido.
"I saw the best minds of my generation destroyed by madness..." Encontrei neste filme tudo que procurei em Kill your darlings. Não consegui me desprender da tela nem um segundo se quer, incrível. O longa ser separado em três linhas de condução (leitura do poema, entrevista, julgamento) conseguiu juntar tudo que se podia transmitir do magnífico poema de Allen. Esse longa ultrapassou muito minhas expectativas. A atuação de Franco me surpreendeu, por final já tinha me cativado um pouco. Está difícil comentar esse filme sem ficar repetindo o quão surpresa e satisfeita eu fiquei. Sempre quis ver um filme sobre o poema, não imaginei que poderia ser tão completo como é esse longa. Um ponto que eu amei: colocaram Holly também. <3 Só tenho a dizer que vale a pena assistir, quem admira o escritor. Allen foi de fato um expoente dessa geração, uma mente inquieta e brilhante. Parabéns aos diretores, ótima obra.
Um filme simplista numa visão rápida, mas se quando para pra se analisar as questões e ironias abordadas o filme se torna bem mais interessante. Achei bem fofo, não tem como não achar, culpa da Clarice. Mas voltando ao longa, me identifiquei muito com Clara e creio que muitos também sentiram isso, ela trata de indecisões bem frequentes na vida, principalmente na vida de indecisos. E é preciso um pouco de sensibilidade pra curtir o filme sem julgamentos, não é um filme de todo infantil, mas não é adulto, nem sério... Isso deve ser levado em consideração antes de julgar o longa. A fotografia é bem simplista e ampla, gostoso de assistir, confortável. A trilha sonora, muito gostosinha também. Merece estar nos meus favoritos. Merece ser visto também. Dá pra aprender muitas coisinhas com esse filme. <3
Que filme! Escrito por Jennifer Kent, o filme foi um obra ótima para marcar sua estreia também como diretora. Fotografia me conquistou já nas primeiras cenas, bem realista e intimista (o que costumo chamar de câmera honesta), cenas muito bem impressas, fortes. O desenrolar da história me prendeu muito, principalmente o desconforto entre mãe e filho, a depressão da mãe por não ter superado a morte do marido e até sentir certa culpa pelo acidente e o enfoque do escape da solução por medicamentos. Esse longa alcançou muitos pontos fortes e profundos e nada seria tão maravilhoso sem o elenco muito bem escalado: o entrosamento de Essie e Noah é de impressionar, a atuação tão espontânea e forte do pequeno Noah me deixou boquiaberta, esse menino trabalhou muito bem, impressionante o profissionalismo e a belíssima excuções das cenas mais intensas. Tensão, é o que o filme passa... Senti até certo desconforto pelas situações expostas no desenrolar da trama. Me surpreendeu muito, assisti achando que seria mais um filme de terror cheio de clichês... Na abertura já notei o quão equivocada eu estava. Esse filme me cativou. Juntando todos os pontos (elenco, técnica, enredo...) considero esse longa uma obra de arte. E sobre o polêmico final... É preciso um pouco de atenção para entendê-la, como em todo o decorrer dos filme, o final é cheio de simbolismos como lidar com o medo e sofrimento o que no caso é o foco principal do filme. Vale a pena ver e prestar atenção. Amei.
Começo dizendo que sou suspeita para comentar esse filme, pois sou uma grande fã da Greta.. Desde de Frances Ha procuro trabalhos que envolam Greta ou o Noah Baumbach, quando encontrei Lola versus assisti na hora... De inicio achei até que não curtiria muito, mas no desenrolar da trama me vi bem presa, me divertindo muito, as questões e medos enfrentados por Lola são bem reais e o desenvolvimento da personagem foi muito interessante. A noção, no final das contas, de que se pode muito bem ser feliz sem a necessidade de estar com alguém, que a maior felicidade podemos encontrar em nós mesmos. A fotografia é bem ampla e iluminada, gostosa de assistir, dá um ar mais vivo a tudo que se passa no filme, um ar mais leve. Filme bem gostosinho, elenco bom! Adorei.
Achei bem divertidinho, gostei bastante da crítica sobre a diferença com que tratam meninos e meninas. A atuação da Terry é genial. Mas me senti desconfortável com o final, quando o garoto que ela gosta chega e diz que ele quem vai dirigir o carro, mas relevei pelo ano que o filme foi feito. No mais, é legalzinho.
Sou fã de Almodóvar e venho sempre acompanhando seus trabalhos. Tenho que dizer que a princípio não me alegrou este filme, tive certa repulsa com o enredo... Mas... Quando já se tem contato com obras de vários ouros cineastas como Von Trier, começo a analisar tudo com outros olhos. É uma história desconfortável, claramente, mas não consegui odiar o filme, o desenrolar da história, a psicose do Ricky, o desenvolvimento emocional da Marina (confuso até) me chamou atenção. Vendo os filmes do Almodóvar é perceptível que o desconforto e certa repulsa são propositais, é um filme provocador (no sentido mais cru da palavra, por favor). A cena final foi uma das que mais gostei.
Me surpreendeu muito, não que eu não tivesse grandes expectativas com o longa, mas me surpreendeu! Uma fotografia bem ampla, nos momentos tensos intimista e dinâmica. Arte belíssima, ótima escolha de elenco e adaptação (figurinos, trilha sonora...). O filme aborda de forma bem forte de concisa as lutas e repressões sofridas pelos negros, a grande questão das diferenças de norte e sul, as autonomias dos estados, o jogo de ideologias preconceituosas e todo os contextos conturbados da década de 60. O que mais me captou foi a intensidade das cenas exemplificando mesmo a resposta agressiva dos racistas. Foi um filme de arrepiar, de chorar, de pensar "por que não fizeram esse filme antes?" "por que precisou morrer tanta gente?" e, não sei vocês, mas o sentimento de "conseguiram!!!", não sei bem me expressar, mas foi uma das lutas vencidas e isso é sim de alegrar, entretanto não significa que não hajam outras lutas, o preconceito infelizmente persiste até os dias atuais e temos que fazer todos os dia uma marcha de Selma. Por fim, uma obra impecável, admirável, amei! Assista!
Forte e simples. Honesto, chego a dizer. Medianeras são aquelas laterais de edifícios que devido proximidade a outros não podem ser abertas janelas e onde frequentemente servem de outdoors. Quem já foi a Buenos Aires sabe que essas medianeras são muitos comuns. Minha passagem pela cidade me causou até certo desconforto quando parei para observar os moradores, trabalhadores... Todos sempre correndo, vestindo sobre-tudo, fones de ouvidos, celulares, pastas e cafés. Curioso foram os olhares, ou presos nas telas dos smartphones ou no chão. Em meio a tantas corredeiras de pessoas, a arquitetura local não passa despercebida, muito peculiar as formas, a diversidade, como o próprio filme diz, "sem nenhum critério". Ao começar do filme já senti uma certa saudade de minha passagem pela capital argentina, ao mesmo tempo que senti toda a agonia que observei no modo de vida de algumas pessoas de lá. É tudo como se apresenta no longa. O modo como é retratado a vida dos protagonistas e ambos se sentindo deprimidos com tanto exagero de tudo no nada em suas vidas me impressionou. Se você já passou dias das suas férias apenas no computador ou alternando de computador pra video game, sabe o que é olhar pra trás e 'o que eu fiz nos últimos dias, mesmo?' e entende bem como seria a vida do Martin. Se você já passou dias sozinho, no silêncio da casa, apenas com coisas que tem que terminar de fazer, sua própria companhia, uma caneca chá/café e mais silêncio, sabe a agonia da Mariana. Esse filme retrata bem esses solitários da vida moderna. Não são únicos, não são exceções. São os mais recorrentes, apenas demora para nos darmos conta disso. Medianeras tem uma fotografia tão intimista que no decorrer do filme você já se sente entre os personagens, dentro de seus apartamentos, dentro de suas mentes. A cenas mudam do nada e já te levam pra outro ângulo da história, adorei. Trilha sonora amável, chamo mais atenção para as cenas internas do apartamento da Mariana em que a trilha é o seu misterioso vizinho tocando piano. As músicas ornaram muito bem com as atuações e emoções da personagem. O final te deixa com aquela sensação de 'nossa, tem a ver com isso', simbolismo lindo! Sem mais o que dizer além de amei.
Filme lindíssimo! Não sei explicar ao certo o que a fotografia desse filme me passou, foi como se sentir em casa, fotografia ampla com iluminação confortável, cenas muito bem capturadas. Roteiro lindo, diálogos tocantes e que fluem facilmente entre os personagens. Elenco muito expressivo, adorável. Muitas pessoas deviam assisti-lo, ver como devemos dar valor às pessoas enquanto ainda as temos. Chorei com esse filme, história muito bonita e abordagem surpreendente. Não tem motivo para eu não avaliar como 5 estrelas, um dos favoritos sem questinar. Amei.
Começo dizendo que li a HQ antes mesmo de estrear o filme, talvez seja por isso que me decepcionei um pouco com o longa. Mas, amei o filme, apesar da decepção que já explicarei. Para os que leram a HQ sabem que o filme foi parcialmente fiel, na verdade, a primeira metade do filme foi parcialmente fiel, já a segunda metade foi bem diferente, em tudo, principalmente o final. O erro começou desde o início do filme, entretanto achei que iriam manter a história.
Aqui contém spoiler sobre a HQ também! O filme, apesar de ser drama, perdeu toda sua trama dramática, na HQ abordava dramas muitos "fortes". A Adèle por exemplo, morre. E isso fica explícito desde a primeira pagina da HQ. E sua morte é super importante para a mensagem de amor eterno que a trama quer passar. E achei um absurdo isso não ocorrer no longa. A cena da expulsão da Adéle de casa foi uma passagem super forte que senti falta também. E a HQ tenta quebrar muitos esteriótipos, a Emma não se envolve com outra mulher, apenas se separa da Adéle e depois a procura quando descobre que ela ta doente. A Adèle não chega a ter relação com o Thomas(?) porque já sentia que aquilo não era o que ela queria. Enfim tudo isso me decepcionou, porque a história correu por caminhos muitos divergentes da HQ.
Mas há detalhes técnicos que eu AMEI, os objetos dos cenários em tons de azul por exemplo ficou lindo. A cena da festa na casa delas quando tem um telão passando filme e foca na Adèle dançando, a cena que está passando ao fundo representa o que ela está sentindo. Achei essa sacada muito interessante. A trilha sonora é linda. Atrizes trabalharam muito bem, isso é inquestionável, excelentes! Fotografia muito marcante, bem expressiva, detalhista, adorei. Um parabéns para quem cuidou da maquiagem e figurino das personagens pra marcar a passagem dos anos, a mudança de adolescentes para adultas! É um filme bem delicado, belíssimo, muito harmônico! Mais uma vez só me decepcionou detalhes de enredo, por ter lido a HQ antes e por não ter sido seguido o curso da história original. No todo, é um dos meus favoritos! <3
Apesar de já ser admiradora do trabalho de Woody e assistir esperando algo a mais, fiquei encantada e surpresa com tantas referencias artísticas e históricas que ele envolveu na trama. A presença de grandes expoentes das artes contribuiu com a conceitualização e com contexto da história, não só os artistas representados como os citados. Escolha muito bem feita para uma história que se passa em um ponto alto de encontros de vanguardistas, Paris. Woody cuida de todos os detalhes, fiquei admirada já pela primeira cena quando mostra o jardim que foi pintado por Monet em "Ponte Japonesa", como já conhecia a obra fiquei emocionada ao reconhecer. Trilha sonora típica transmitindo uma atmosfera be Parisiense, clássica. Fotografia ampla, detalhista e cuidadosa com o que quer expressar, delicada e ângulos que permitem ter maior interação com a obra. Escolha de elenco muito bem feita, observando-se principalmente os atores que interpretaram artistas. Fiquei impressionada principalmente com as representações de Dalí e Picasso. Roteiro bem escrito, diálogos muito interessantes. A cena final, o diálogo - sobre a chuva -, foi impressionante, deixando implícito o que sucedeu e dando fechamento perfeito à história (início com o fim). O contraste entre cenários de Paris clássica e contemporânea é muito bem pensado. Um filme pra ir para os favoritos sem pensar duas vezes. Amei.
Encantador. Audrey deu um show de atuação, beleza, simpatia, diversão, o que não é surpresa pra quem conhece seu trabalho, entretanto isso não diminui em nada a emoção e toda a graça que ela passa. Filme leve e agradável e passa uma mensagem linda sobre sentimentos, coragem e como se importar com quem está ao redor. Enredo engraçado, Holly dá graça a todas as mais inusitadas situações. A simplicidade com que os diálogos e relações são retratadas é onde mais deixa o longa confortável e o faz fluir bem. Apesar de haver muitas menções rudes em relação ao Brasil, o fato é superado se for levado em consideração o ano de filmagem. Trilha sonora deliciosa, muito bem composta para o filme. Fotografia mais clássica, mas captando com muito sucesso as emoções de cada cena. Cenários muito bem produzidos, apartamento da Holly principalmente, decoração incrível. Figurinos apropriados e elegantes. Elenco brilhante, não consigo imaginar uma atriz melhor para interpretar Holly que Audrey. Filme, sem dúvida, na lista dos favoritos.
Obra de arte, sem dúvida. Lars surpreendente como sempre, sua visão de enredo, suas ideias, seus objetivos, tudo muito impressionante. A beleza da obra já começa pelo prólogo, trazendo um clima intenso com o conjunto imagem e som. Intenso. Essa é a palavra que, particularmente, melhor descreve esse filme. Fotografia ousada, por vezes sutil, por vezes bruta, passando uma imagem muito honesta do que Lars queria retratar. Cenas bem fortes, não poupando dor, repulsa, desconforto. Trier alcançou seu objetivo em fazer essa produção, com essas características. Além de filmagem honestamente explicita, a ótima atuação do elenco deixou ainda mais intensa toda a atmosfera da obra. Roteiro muito bem pensado, escrito e realizado. Sem dúvida é mais que um filme, é arte. Os elementos artísticos e toda sua simbologia me deixaram fascinada por esse filme. Obra impecável.
Luz e Sombra
3.6 25 Assista AgoraFilme escrito e dirigido pela cineasta turca Yesim é um drama denso, com uma fotografia bem simbólica e intimista, atuações ótimas e trilha sonora de acordo com a intensidade do momento. O longa apresenta a vida de duas mulheres, uma é psiquiatra que trabalha no hospital da cidade e vive com o marido numa cena de casal perfeito, outra é uma jovem que se casou cedo e passa o dia cuidando do apartamento e da sogra enquanto o marido trabalha. As duas se encontram quando, numa situação curiosa, a jovem, Elmas, é encontrada com hipotermia em sua varada e é levada ao hospital e a psiquiatra, Sehnaz, começa a fazer sessões de terapia para auxiliar a recuperação da jovem e esclarecer o ocorrido.
No desenvolver do longa, nota-se um paralelo entre a vida dessas mulheres. A médica tem uma vida moderna, trabalha, tem independência. A jovem fica restrita à casa e a obedecer ordens do marido e da sogra, submissa e sem oportunidades. Com tantos opostos, faz-se pensar que suas experiências nos relacionamentos seriam distintas, mas o que começa a vir em foco é que elas têm mais em comum que aparentavam. Apesar de toda a aparência de belo relacionamento, era tratada com desrespeito e objetificação pelo marido tal como a jovem Elmas era tratada. Em certo aspecto, parece que ao observar uma situação tão clara de opressão e abuso, a psiquiatra começa a reavaliar toda opressão e abuso camuflado que sofre em seu casamento.
É um cenário que aponta holofotes à forma como as mulheres nesta sociedade machista, apesar de todos direitos e avanços conquistados no mercado de trabalho, ainda sofrem abusos no ambiente domiciliar e não o enxergam como tal. O filme ponta a luz diretamente para opressão da culpa, que mostra a violência – verbal, sexual, psicológica – como a forma que devem ser tratadas e que não há motivo para questionarem ou confrontarem.
Com uma atmosfera bem pesada, o filme mostra a lenta tomada de consciência destas mulheres e o confronto final, o basta. É como acompanhar uma jornada de autoconhecimento das personagens, aprendendo os limites que não devem ser transpassados, reconhecendo situações degradantes e saber que podem e devem confronta-las e denuncia-las.
Não foi sem motivo que esta obra, de nove indicações (incluindo direção, elenco e o filme em si), ganhou o prêmio em cinco. Obra muito bem executada sobre um tema tão atual e tão necessário de ser abordado, debatido e vencido.
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraO mal-estar é o personagem principal da trama. Não é a vida de uma determinada família ou determinado personagem que chama atenção, o filme é feito para o que está em volta, literalmente, o som ao redor.
Uma crítica belíssima e um bom exemplo do que é o Novo Cinema Pernambucano.
O filme começa com diversas fotos antigas da época da escravidão e grandes senhores de terras. Uma boa introdução para esse longa que mostra como, ainda hoje, o poder é expresso por posse de propriedades, mas de uma forma diferente, como é bem apontado pela figura do senhor Francisco (Waldemar Solha), dono de quase todos os imóveis da ruas próximas.
A explosão imobiliária transformou os padrões arquitetônicos da cidade, no caso Recife, mas poderia ser qualquer outra grande cidade do país e até do mundo. Antigamente o poder baseado em latifúndios dava-se por grandes, inimagináveis, extensões de terra (e ainda existem no interior dos Estados, principalmente na porção Centro Oeste do Brasil). Atualmente nos grandes centros, o número de habitantes só aumenta e grandes extensões de terras não seriam praticáveis, portanto, vemos o poder dando-se a partir de latifúndios supervalorizados, prédios altíssimos, condomínios que quebram o plano urbano da cidade. Esta mudança imobiliária já é assunto abordado por Kebler Mendonça Filho (diretor) no premiado curta Recife Frio e retorna em O Som ao Redor.
O ponto de partida do filme é quando alguns homens oferecem serviço de segurança 24h para a rua e são contratados. Assim começa a apresentar o constante sentimento de medo na vida contemporânea, muros altos, cercas, alarmes, câmeras e agora os seguranças das ruas.
Kebler aposta no realismo das cenas, mostra varias situações pontuais de moradores daquela rua. Relação de empregados e empregadores, desde moradores que têm empregados como membros da família até moradores que tratam empregados como bandidos. Temos um retrato da classe média alta de Recife ignorando o que for conveniente a eles ignorar. Por isso o som ao redor grita por atenção nesse filme. Como a cena do menino pedindo sua bola de futebol que caiu no pátio do prédio vizinho e só a menina se importou em ouvir.
O áudio no filme foi muito bem trabalhado por Dj Dolores, a presença de vários sons do cotidiano ao fundo das cenas e aos poucos roubando a atenção. Cachorro latindo, maquina de lavar, barulho do elevador, crianças, televisão.
Não posso deixar de comentar da fotografia em alguns momentos intimista, abusando de close-up e, para completar o teor angustiante, zoom in e bastante contra-plongee, em outros momentos impessoal, planos abertos, mostrando todo o cenário. Além do simbolismo de certas cenas, como a do João (Gustavo Jahn) tomando banho de cachoeira ou como a de Bia (Maeve Jinkings) fumando e usando aspirador para sugar a fumaça, o que resultou num visual incrível. Falando em Bia, não teve como eu assistir sem me prender em sua obsessão com o barulho do cachorro do vizinho e sua rotina solitária às tardes. Outro personagem muito presente é o João, que apesar de ser uma figura leve, simpática, é um rapaz que é contra certas coisas, mas não faz muito para muda-las.
Mas é isso que o filme nos mostra, não uma vida, mas a vida de uma comunidade em si. Os diversos ângulos e as diversas formas de relacionamentos. Nos convida a um olhar mais perspicaz, mais atento ao que estar ao redor, aos sons.
O Som ao Redor é um filme pra ser visto e principalmente ouvido.
Deus da Carnificina
3.8 1,4KUm menino de 11 anos bate em outro com uma vara. Seria um acontecimento típico de briga de crianças, resolvida com uma conversa, repreensão, desculpas. Se não fossem com essas famílias.
Os pais do garoto ferido chamam os do garoto que feriu para conversar sobre o ocorrido e ver como agiriam. Tudo começa bem, reunidos no apartamento da família do garoto mal tratado, falando sobre o incidente e como cuidariam do assunto, mas quando estão prestes a se despedirem os anfitriões oferecem um café. Assim começa um filme gradativo.
A gradação abrange diversos pontos: tratamento entre os pais, comportamento, problemas conjugais, conduta, entre outros. No decorrer do filme o roteiro fica mais complexo e agressivo. Todos os quatro personagens, em algum momento, chegam ao ápice da tolerância. Interessante o filme começar e terminar com a imagem do mesmo local, onde tudo começou e onde tudo terminou, entretanto há uma diferença...
Incidente entre os garotos desencadeou a tarde cheia de briga entre seus pais, colocando vários assuntos à mesa, deixando-os a flor da pele e no fim os filhos estão no parque, amigos. À tarde dramática ocorreu por discutir qual meio mais educativo pra resolver a situação entre os garotos, sendo que eles mesmo, da forma deles, resolveram.
O filme conta com um elenco muito marcante, não esperava ver Jodie Foster naquele estado emocional, foi surpreendente! Digo o mesmo de Kate Winslet. Foi um longa bem feito, principalmente observando pelo ponto de que foi feito sempre em quatro paredes, no complexo de um apartamento e hall de entrada. Um filme interessante, fácil de ver, roteiro bem escrito, verossímil. Uma boa dramédia.
O Fantástico Sr. Raposo
4.2 932 Assista AgoraWes e um diretor de filmes geniais e essa animação não é uma exceção. História muito interessante, reflexiva, descontraída e fofa. Contando com um elenco de dubladores maravilhoso, Wes deu vida a uma animação cativante que mostra os valores das amizades, dos relacionamentos, da lealdade além de abordar questões mais profundas sobre oportunidades, vícios, ambição...
Mas o foco principal é um clássico do diretor, a busca por sua natureza, no caso, selvagem. Sr. Raposo tem toda uma conduta antropomorfizada, usando camisas, gravatas, tomando café, até que aparece algo para comer e ele devora ferozmente. Não é de se espantar, já que se trata de uma raposa. E é exatamente isso que Wes nos chama atenção. Observa-se a valorização do Sr. Raposo pelos atos do filho no final e para declarar sua admiração ele diz que foi uma loucura selvagem.
Apesar de infantil, parece que a obra atrai mais os olhares dos fãs do diretor, não é pra menos, roteiro bem esquematizado, muita correria, dramatização...
Mais uma singularidade de Wes Anderson.
O Lenço Amarelo
3.3 278 Assista AgoraSuperou minhas expectativas!
Martine, adolescente com problemas com o pai. Gordy, jovem viajante. Brett, ex-presidiário caladão. Essas três personalidades se esbarram numa lanchonete e suas histórias se cruzam pra valer na travessia de balsa... Um imprevisto climático faz com que eles tenham que passar a noite juntos, na manhã seguinte, quando iam se separar, mais uma vez o destino fez com que voltassem a se juntar. A partir daí eles passam a viajar juntos e começam a se conhecer.
Martine e seus probelmas com o ai negligente. Gordy com suas fotos peculiares. Brett e seu silêncio misterioso. Aos poucos, uma sincera e inesperada amizade é construída e os três começam a notar que, apesar das diferenças, eles têm algo em comum: todos eles são tristes, até mesmo o entusiástico e sorridente Gordy.
A proximidade deles é testada quando descobrem o passado de Brett.
Entretanto, mesmo sem saber a razão da prisão, Martine e Gordy voltam a oferecer carona a ele. Isso mostra a amizade que sincera que nasceu entre eles, o cuidado, a preocupação. Os dois jovens mostraram interesse pela história do ex-detento e, principalmente, uma compreensão e apoio que ele não esperava. Cada um representou uma mudança pro outro, mesmo que de formas diferentes, eles mudaram a vida do outro e tiveram suas necessidades psicológicas e emocionais supridas. Martine teve de Brett, os conselhos que nunca teve do pai e de Gordy, teve o cuidado e os sentimentos que não teve de outros garotos. Gordy teve suas manias compreendidas por eles e companhia. Brett foi compreendido pelos jovens e foi impulsionado por eles a seguir seus desejos.
É um filme bem gostosinho de assistir, vale a pena. O elenco ficou muito bom. Eddie e Kristen fizeram um bom trabalho, ambos novinhos, dando bastante marca nas personalidades de Gordy e Martine. A trilha sonora combinou com o filme e deixou mais leve. Gostei mesmo.
“This is your fate, you got to play this out to the end. Otherwise, you're going to walk around a ghost for the rest of your life.”
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraEm “Os Oito Odiados”, Tarantino trás um filme com algumas similaridades com seu “Cães de Aluguel”, voltando ao filme de câmara, com idas e vindas na linha de tempo e na questão de ser uma reunião de personagens que não sabem se podem confiar uns nos outros. Entretanto, só dizer que esse é um “Cães de Aluguel” no velho oeste seria muito superficial.
É notável o cuidado caprichoso com a apresentação. Durante os dois primeiros capítulos, o filme é mais lento, com uma função mais introdutória, ambientando a trama. Só a partir de então, em meio a uma nevasca, o diretor reúne oito fortes personalidades de caráter duvidoso e inicia-se o desenrolar da história. Tarantino tentou representar, em um pequeno armazém, parte da sociedade americana, onde conseguiu reviver até discussões sobre os conflitos da, então recém-findada, Guerra Civil Americana. Assim como na introdução, o diretor tem uma cautela a mais na apresentação de seus oito odiados, reforçando suas apresentações diversas vezes, nos familiarizando a eles. A ação começa com muita sagacidade do personagem de Samuel L. Jackson, após seu intenso monólogo provocativo. Os acontecimentos seguintes são mais impactantes, a tensão aumenta, o mistério fica mais intrigante.
O “oitavo Tarantino” não deixa pra trás a característica do encaminhamento a um clímax catártico, sendo ainda mais reforçado com a trilha sonora de Ennio Morricone. Além de contar com atores brilhantes como Jackson e Kurt Russel, temos atuações incríveis de Jennifer Jason Leigh e Walton Goggins. Elenco que deu à história o tom desejado, suprindo todas as necessidades expressivas do enredo.
O contraste artístico chega a ser irônico como, no início do longa, a maquiagem do olho roxo de Daisy quase cômico de tão teatralmente desenhado e o máximo que vemos até quase metade do filme, mas é só uma questão de tempo até o “sangue Tarantino” marcar presença (e que presença!), talvez a mais visceral dos trabalhos do diretor.
Percebe-se que ao longo da carreira, Quentin, aprofundou o tema de vingança, apresentando de forma mais complexa. Outro ponto notável no crescimento dele é sua habilidade literária perceptível nos seus diálogos/monólogos mais articulados. Tarantino, de certo forma egocêntrico, nos trás seu “oitavo Tarantino” contemplando todo seu desenvolvimento técnico e artístico, dando mais um passo na sequência de dez filmes que pretende completar e apresentando longas de alta qualidade.
Álbum de Família
3.9 1,4K Assista AgoraProblemático! Um filme com discussões do início ao fim, praticamente. Mas o texto foi tão bem adaptado que todas as brigas ficaram muito verossimeis, não dá pra tirar os olhos da tela. Além disso, Meryl e Julia arrasaram. Meryl me surpreendeu desde sua primeira aparição no longa até a última cena. História muito boa.
Raven's Touch
3.2 20 Assista AgoraMe surpreendi muito, encontrei o filme por mero acaso, sem muito interesse de início, mas acabei voltando a encontrar e acabei me interessando, foi a minha sorte. Só de pensar que por pouco ia deixar de assistir dá uma dorzinha na consciência. Adorei o filme, a história flui muito bem, gostosinho de assistir, cativante e lindamente simples. Um foco a mais para a natureza, os pequenos detalhes, as sutilezas do ambiente, dá pra sentir o entorno da cena, os barulhos da floresta, os animais, o balanço de som foi muito apropriado. O filme é bastante delicado, natural, foge dos clichês, apresenta diálogos verossímeis e a atuação de Dreya Weber e Traci Dinwiddie deu vida a um belo roteiro com sentimentos bem transmitidos. Um história sensível sobre perda, culpa, natureza e cura. É bonito o desenrolar do relacionamento de Katy e Raven o que começou desfavorável foi melhorando com desenvolvimento de cumplicidade e ajuda mútua. Para completar a obra, a trilha sonora acompanha fielmente o desenvolver das cenas e das emoções.
Um ponto do longa que me encantou muito, além da história principal, é o personagem Joe (David Hayward), ele era sempre o que se preocupava, escutava, acalmava e fazia as pessoas sorrirem.
Ele estava sempre tentando aliviar os problemas das costas das pessoas e mostrar que há vida além deles e o mais interessante é que, no que é mostrado no filme, ele morre depois de colocar tudo no seu devido lugar e encaminhar a história, primeiro explica como as coisas devem ser à Angela, depois conversa sobre a vida com Katy e por fim ajuda Raven a se recuperar de toda a culpa que sente. Foi um momento bem delicado quando, numa das ultimas cenas, Raven toca violão para o chapéu dele e estão todos bem.
É um filme que vale a pena assistir.
Vício Inerente
3.5 554 Assista AgoraPaul Anderson fez um filme com uma pegada meio cômica, o que não significa que seja de menor excelência que seus trabalhos de outros gêneros. Ele conseguiu fazer um roteiro exatamente na forma do seu personagem principal, Doc Sportello (J. Phoenix), de maneira que a trama é instável, intrigante e com cenas que muitas vezes parece que é só uma viagem de drogas. O desenrolar da investigação que Doc inicia para descobrir o que aconteceu com sua ex-namorada vai encaixando aos poucos todos os fatos embaralhados e mostrando todo um cenário mais complexo por trás do desaparecimento. O que de início parece um quebra-cabeça, aos poucos vai fazendo sentido. A fotografia de Robert Elswit, com closes e câmeras fixas, dá um tom mais íntimo no longa, o que em conjunto a trilha sonora psicodélica resulta num filme bem cativante, envolvente. Quando assisti, comecei meio confusa com tudo, mas por fim já estava curiosa com as descobertas de Doc, o filme me puxou pra história, pra época. Esse bom resultado também é devido ao grande elenco, Reese Witherspoon fez uma boa atuação, Joaquin P. nem se fala, pra mim ele é um dos atores mais intenso de Hollywood e me conquistou em Her, a atuação dele nesse filme foi incrível, uma desenvoltura e postura em cena que deu veracidade ao detetive hippie Sportello. Sem dúvida um bom filme.
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista AgoraAmbientado na Copenhagem da década de 20, Hooper trouxe um filme belíssimo baseado no livro homônimo que conta a história de Lili Elbe e sua jornada de auto desoberta. O longa é bem detalhista e sensível, foca nas sensações de Lili (ainda tendo que viver como Einar), em cada toque nos tecidos dos vestidos, cada olhar, cada sorriso. A atuação de Eddie foi excelente, como já esperava, ele se jogou no personagem e conseguiu transmitir seus sentimentos, anseios e características de maneira impecável. Mas o que mais me chamou atenção e roubou a cena, a meu ver, foi Alicia Vikander. Ela deu vida a Gerda e se mostrou a linha condutora de toda a trama, ao ser ela quem dá liberdade para a jornada da autodescoberta se iniciar e dá apoio à Lili até o fim. Mas não só isso, Gerda nos mostra o drama ao redor dos sonhos de Lili. Alicia mostra uma Gerda forte, sensível e imensamente apaixonada. A história de amor e cumplicidade entre as duas pintoras me emocionou, não só de Gerda aceitar a perda de Einar, como Lili tentando ser Einar pela Gerda e depois o que prevalece é o zelo pelo outro e a compreensão de que Einar não existia mais. Lili deu vida a pintura de Gerda e ela apoiou a vida de Lili. Realmente um dos filmes mais belos que já vi, me fez chorar em diversas cenas. O elenco é cativante e muito forte. A fotografia D. Cohen deu mais sensibilidade ao drama. A música de Alexandre Desplat foi um ponto a mais para tocar a sensibilidade de quem assiste, conduziu muito bem as emoções no decorrer do filme.
Por fim, é uma grande obra. Bem marcada. Uma das histórias de amor mais verdadeiras que já vi.
O Encouraçado Potemkin
4.2 342 Assista AgoraVinte anos após a Revolução 1905 este filme vem com o objetivo de homenagear o ocorrido. Dividido em cinco partes, o longa critica o abuso de poder e injustiças além de chamar atenção para o poder da população.
Breve passada sobre as partes:
A obra começa com o clima de tensão entre os marujos, o episódio da carne é o apogeu da tolerância. A segunda parte aborda as consequências da postura dos marujos frente à sopa de carne podre, findando-se com morte de um deles. Neste ponto me marcou muito uma ironia, quando o inspetor da carne cai ao mar e aparece a frase na tela “Ele foi alimentar os peixes.”. Prosseguindo, a morte do marujo gera uma comoção geral quando seu corpo é levado ao porto e desperta o sentimento de revolta entre a população e surgiu a frase “um por todos e todos por um”. Após esse acontecimento vem a quarta parte que é o auge da obra, A Escadaria de Odessa, onde se vê a população dando apoio aos marujos, doando alimentos e cooperando para que haja a revolução, toda a cena é mostrada a partir da escadaria até mesmo como simbolismo de hierarquia, o desespero começa quando os soldados czaristas (cossacos) atacam a população em seguida ocorre a aclamada cena do carrinho de bebê. Em resposta ao ataque dos cossacos, os marujos destroem, a tiros de canhões, a casa de opera de Odessa. Na quinta e ultima parte, temos a tensão da espera para o Encontro com a Esquadra desenvolvendo o clima intenso para nos últimos segundos de filme a Esquadra levantar bandeira de união à Revolução e permite a passagem no Encouraçado e fechamos com a frase “Todos contra um, um contra todos”.
Tem muito que se observar sobre a parte técnica do filme. Einsenstein marcou a história do cinema com essa obra, pioneiro em edição e montagem. No longa, ele apresenta intensamente a Teoria de Montagem, abusa de ângulos de câmera, faz muitos close-ups e principalmente coloca em uso o Efeito Kuleshov. Tudo isso foi muito inovador para época e mudou a forma que o cinema era visto e produzido.
Uivo
3.8 215 Assista Agora"I saw the best minds of my generation destroyed by madness..."
Encontrei neste filme tudo que procurei em Kill your darlings.
Não consegui me desprender da tela nem um segundo se quer, incrível. O longa ser separado em três linhas de condução (leitura do poema, entrevista, julgamento) conseguiu juntar tudo que se podia transmitir do magnífico poema de Allen. Esse longa ultrapassou muito minhas expectativas. A atuação de Franco me surpreendeu, por final já tinha me cativado um pouco. Está difícil comentar esse filme sem ficar repetindo o quão surpresa e satisfeita eu fiquei.
Sempre quis ver um filme sobre o poema, não imaginei que poderia ser tão completo como é esse longa.
Um ponto que eu amei: colocaram Holly também. <3
Só tenho a dizer que vale a pena assistir, quem admira o escritor.
Allen foi de fato um expoente dessa geração, uma mente inquieta e brilhante.
Parabéns aos diretores, ótima obra.
Eu Não Faço a Menor Ideia do que eu Tô …
3.0 803Um filme simplista numa visão rápida, mas se quando para pra se analisar as questões e ironias abordadas o filme se torna bem mais interessante.
Achei bem fofo, não tem como não achar, culpa da Clarice. Mas voltando ao longa, me identifiquei muito com Clara e creio que muitos também sentiram isso, ela trata de indecisões bem frequentes na vida, principalmente na vida de indecisos. E é preciso um pouco de sensibilidade pra curtir o filme sem julgamentos, não é um filme de todo infantil, mas não é adulto, nem sério... Isso deve ser levado em consideração antes de julgar o longa.
A fotografia é bem simplista e ampla, gostoso de assistir, confortável. A trilha sonora, muito gostosinha também. Merece estar nos meus favoritos. Merece ser visto também.
Dá pra aprender muitas coisinhas com esse filme. <3
O Babadook
3.5 2,0KQue filme!
Escrito por Jennifer Kent, o filme foi um obra ótima para marcar sua estreia também como diretora. Fotografia me conquistou já nas primeiras cenas, bem realista e intimista (o que costumo chamar de câmera honesta), cenas muito bem impressas, fortes. O desenrolar da história me prendeu muito, principalmente o desconforto entre mãe e filho, a depressão da mãe por não ter superado a morte do marido e até sentir certa culpa pelo acidente e o enfoque do escape da solução por medicamentos.
Esse longa alcançou muitos pontos fortes e profundos e nada seria tão maravilhoso sem o elenco muito bem escalado: o entrosamento de Essie e Noah é de impressionar, a atuação tão espontânea e forte do pequeno Noah me deixou boquiaberta, esse menino trabalhou muito bem, impressionante o profissionalismo e a belíssima excuções das cenas mais intensas.
Tensão, é o que o filme passa... Senti até certo desconforto pelas situações expostas no desenrolar da trama.
Me surpreendeu muito, assisti achando que seria mais um filme de terror cheio de clichês... Na abertura já notei o quão equivocada eu estava. Esse filme me cativou. Juntando todos os pontos (elenco, técnica, enredo...) considero esse longa uma obra de arte.
E sobre o polêmico final... É preciso um pouco de atenção para entendê-la, como em todo o decorrer dos filme, o final é cheio de simbolismos como lidar com o medo e sofrimento o que no caso é o foco principal do filme.
Vale a pena ver e prestar atenção.
Amei.
Lola Contra o Mundo
3.3 174Começo dizendo que sou suspeita para comentar esse filme, pois sou uma grande fã da Greta..
Desde de Frances Ha procuro trabalhos que envolam Greta ou o Noah Baumbach, quando encontrei Lola versus assisti na hora... De inicio achei até que não curtiria muito, mas no desenrolar da trama me vi bem presa, me divertindo muito, as questões e medos enfrentados por Lola são bem reais e o desenvolvimento da personagem foi muito interessante. A noção, no final das contas, de que se pode muito bem ser feliz sem a necessidade de estar com alguém, que a maior felicidade podemos encontrar em nós mesmos.
A fotografia é bem ampla e iluminada, gostosa de assistir, dá um ar mais vivo a tudo que se passa no filme, um ar mais leve.
Filme bem gostosinho, elenco bom!
Adorei.
Quase Igual aos Outros
3.5 160 Assista AgoraAchei bem divertidinho, gostei bastante da crítica sobre a diferença com que tratam meninos e meninas. A atuação da Terry é genial.
Mas me senti desconfortável com o final, quando o garoto que ela gosta chega e diz que ele quem vai dirigir o carro, mas relevei pelo ano que o filme foi feito.
No mais, é legalzinho.
Ata-me!
3.7 550Sou fã de Almodóvar e venho sempre acompanhando seus trabalhos. Tenho que dizer que a princípio não me alegrou este filme, tive certa repulsa com o enredo... Mas... Quando já se tem contato com obras de vários ouros cineastas como Von Trier, começo a analisar tudo com outros olhos.
É uma história desconfortável, claramente, mas não consegui odiar o filme, o desenrolar da história, a psicose do Ricky, o desenvolvimento emocional da Marina (confuso até) me chamou atenção. Vendo os filmes do Almodóvar é perceptível que o desconforto e certa repulsa são propositais, é um filme provocador (no sentido mais cru da palavra, por favor).
A cena final foi uma das que mais gostei.
Selma: Uma Luta Pela Igualdade
4.2 794Me surpreendeu muito, não que eu não tivesse grandes expectativas com o longa, mas me surpreendeu!
Uma fotografia bem ampla, nos momentos tensos intimista e dinâmica. Arte belíssima, ótima escolha de elenco e adaptação (figurinos, trilha sonora...).
O filme aborda de forma bem forte de concisa as lutas e repressões sofridas pelos negros, a grande questão das diferenças de norte e sul, as autonomias dos estados, o jogo de ideologias preconceituosas e todo os contextos conturbados da década de 60.
O que mais me captou foi a intensidade das cenas exemplificando mesmo a resposta agressiva dos racistas.
Foi um filme de arrepiar, de chorar, de pensar "por que não fizeram esse filme antes?" "por que precisou morrer tanta gente?" e, não sei vocês, mas o sentimento de "conseguiram!!!", não sei bem me expressar, mas foi uma das lutas vencidas e isso é sim de alegrar, entretanto não significa que não hajam outras lutas, o preconceito infelizmente persiste até os dias atuais e temos que fazer todos os dia uma marcha de Selma.
Por fim, uma obra impecável, admirável, amei!
Assista!
Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual
4.3 2,3K Assista AgoraForte e simples. Honesto, chego a dizer.
Medianeras são aquelas laterais de edifícios que devido proximidade a outros não podem ser abertas janelas e onde frequentemente servem de outdoors. Quem já foi a Buenos Aires sabe que essas medianeras são muitos comuns. Minha passagem pela cidade me causou até certo desconforto quando parei para observar os moradores, trabalhadores... Todos sempre correndo, vestindo sobre-tudo, fones de ouvidos, celulares, pastas e cafés. Curioso foram os olhares, ou presos nas telas dos smartphones ou no chão.
Em meio a tantas corredeiras de pessoas, a arquitetura local não passa despercebida, muito peculiar as formas, a diversidade, como o próprio filme diz, "sem nenhum critério".
Ao começar do filme já senti uma certa saudade de minha passagem pela capital argentina, ao mesmo tempo que senti toda a agonia que observei no modo de vida de algumas pessoas de lá. É tudo como se apresenta no longa.
O modo como é retratado a vida dos protagonistas e ambos se sentindo deprimidos com tanto exagero de tudo no nada em suas vidas me impressionou. Se você já passou dias das suas férias apenas no computador ou alternando de computador pra video game, sabe o que é olhar pra trás e 'o que eu fiz nos últimos dias, mesmo?' e entende bem como seria a vida do Martin. Se você já passou dias sozinho, no silêncio da casa, apenas com coisas que tem que terminar de fazer, sua própria companhia, uma caneca chá/café e mais silêncio, sabe a agonia da Mariana.
Esse filme retrata bem esses solitários da vida moderna. Não são únicos, não são exceções. São os mais recorrentes, apenas demora para nos darmos conta disso.
Medianeras tem uma fotografia tão intimista que no decorrer do filme você já se sente entre os personagens, dentro de seus apartamentos, dentro de suas mentes. A cenas mudam do nada e já te levam pra outro ângulo da história, adorei.
Trilha sonora amável, chamo mais atenção para as cenas internas do apartamento da Mariana em que a trilha é o seu misterioso vizinho tocando piano. As músicas ornaram muito bem com as atuações e emoções da personagem.
O final te deixa com aquela sensação de 'nossa, tem a ver com isso', simbolismo lindo!
Sem mais o que dizer além de amei.
ps: amei a gradação das cenas da natação. <3
Inquietos
3.9 1,6K Assista AgoraFilme lindíssimo! Não sei explicar ao certo o que a fotografia desse filme me passou, foi como se sentir em casa, fotografia ampla com iluminação confortável, cenas muito bem capturadas.
Roteiro lindo, diálogos tocantes e que fluem facilmente entre os personagens.
Elenco muito expressivo, adorável.
Muitas pessoas deviam assisti-lo, ver como devemos dar valor às pessoas enquanto ainda as temos. Chorei com esse filme, história muito bonita e abordagem surpreendente.
Não tem motivo para eu não avaliar como 5 estrelas, um dos favoritos sem questinar.
Amei.
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraComeço dizendo que li a HQ antes mesmo de estrear o filme, talvez seja por isso que me decepcionei um pouco com o longa.
Mas, amei o filme, apesar da decepção que já explicarei.
Para os que leram a HQ sabem que o filme foi parcialmente fiel, na verdade, a primeira metade do filme foi parcialmente fiel, já a segunda metade foi bem diferente, em tudo, principalmente o final. O erro começou desde o início do filme, entretanto achei que iriam manter a história.
Aqui contém spoiler sobre a HQ também!
O filme, apesar de ser drama, perdeu toda sua trama dramática, na HQ abordava dramas muitos "fortes". A Adèle por exemplo, morre. E isso fica explícito desde a primeira pagina da HQ. E sua morte é super importante para a mensagem de amor eterno que a trama quer passar. E achei um absurdo isso não ocorrer no longa. A cena da expulsão da Adéle de casa foi uma passagem super forte que senti falta também. E a HQ tenta quebrar muitos esteriótipos, a Emma não se envolve com outra mulher, apenas se separa da Adéle e depois a procura quando descobre que ela ta doente. A Adèle não chega a ter relação com o Thomas(?) porque já sentia que aquilo não era o que ela queria. Enfim tudo isso me decepcionou, porque a história correu por caminhos muitos divergentes da HQ.
Mas há detalhes técnicos que eu AMEI, os objetos dos cenários em tons de azul por exemplo ficou lindo. A cena da festa na casa delas quando tem um telão passando filme e foca na Adèle dançando, a cena que está passando ao fundo representa o que ela está sentindo. Achei essa sacada muito interessante. A trilha sonora é linda. Atrizes trabalharam muito bem, isso é inquestionável, excelentes! Fotografia muito marcante, bem expressiva, detalhista, adorei.
Um parabéns para quem cuidou da maquiagem e figurino das personagens pra marcar a passagem dos anos, a mudança de adolescentes para adultas!
É um filme bem delicado, belíssimo, muito harmônico!
Mais uma vez só me decepcionou detalhes de enredo, por ter lido a HQ antes e por não ter sido seguido o curso da história original.
No todo, é um dos meus favoritos! <3
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista AgoraApesar de já ser admiradora do trabalho de Woody e assistir esperando algo a mais, fiquei encantada e surpresa com tantas referencias artísticas e históricas que ele envolveu na trama.
A presença de grandes expoentes das artes contribuiu com a conceitualização e com contexto da história, não só os artistas representados como os citados. Escolha muito bem feita para uma história que se passa em um ponto alto de encontros de vanguardistas, Paris.
Woody cuida de todos os detalhes, fiquei admirada já pela primeira cena quando mostra o jardim que foi pintado por Monet em "Ponte Japonesa", como já conhecia a obra fiquei emocionada ao reconhecer. Trilha sonora típica transmitindo uma atmosfera be Parisiense, clássica. Fotografia ampla, detalhista e cuidadosa com o que quer expressar, delicada e ângulos que permitem ter maior interação com a obra.
Escolha de elenco muito bem feita, observando-se principalmente os atores que interpretaram artistas. Fiquei impressionada principalmente com as representações de Dalí e Picasso.
Roteiro bem escrito, diálogos muito interessantes. A cena final, o diálogo - sobre a chuva -, foi impressionante, deixando implícito o que sucedeu e dando fechamento perfeito à história (início com o fim).
O contraste entre cenários de Paris clássica e contemporânea é muito bem pensado.
Um filme pra ir para os favoritos sem pensar duas vezes. Amei.
Bonequinha de Luxo
4.1 1,7K Assista AgoraEncantador. Audrey deu um show de atuação, beleza, simpatia, diversão, o que não é surpresa pra quem conhece seu trabalho, entretanto isso não diminui em nada a emoção e toda a graça que ela passa.
Filme leve e agradável e passa uma mensagem linda sobre sentimentos, coragem e como se importar com quem está ao redor.
Enredo engraçado, Holly dá graça a todas as mais inusitadas situações.
A simplicidade com que os diálogos e relações são retratadas é onde mais deixa o longa confortável e o faz fluir bem.
Apesar de haver muitas menções rudes em relação ao Brasil, o fato é superado se for levado em consideração o ano de filmagem.
Trilha sonora deliciosa, muito bem composta para o filme. Fotografia mais clássica, mas captando com muito sucesso as emoções de cada cena.
Cenários muito bem produzidos, apartamento da Holly principalmente, decoração incrível. Figurinos apropriados e elegantes.
Elenco brilhante, não consigo imaginar uma atriz melhor para interpretar Holly que Audrey.
Filme, sem dúvida, na lista dos favoritos.
Anticristo
3.5 2,2K Assista AgoraObra de arte, sem dúvida. Lars surpreendente como sempre, sua visão de enredo, suas ideias, seus objetivos, tudo muito impressionante.
A beleza da obra já começa pelo prólogo, trazendo um clima intenso com o conjunto imagem e som.
Intenso. Essa é a palavra que, particularmente, melhor descreve esse filme. Fotografia ousada, por vezes sutil, por vezes bruta, passando uma imagem muito honesta do que Lars queria retratar. Cenas bem fortes, não poupando dor, repulsa, desconforto. Trier alcançou seu objetivo em fazer essa produção, com essas características.
Além de filmagem honestamente explicita, a ótima atuação do elenco deixou ainda mais intensa toda a atmosfera da obra.
Roteiro muito bem pensado, escrito e realizado.
Sem dúvida é mais que um filme, é arte. Os elementos artísticos e toda sua simbologia me deixaram fascinada por esse filme.
Obra impecável.