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Últimas opiniões enviadas

  • Jullia Bastos

    Filme escrito e dirigido pela cineasta turca Yesim é um drama denso, com uma fotografia bem simbólica e intimista, atuações ótimas e trilha sonora de acordo com a intensidade do momento. O longa apresenta a vida de duas mulheres, uma é psiquiatra que trabalha no hospital da cidade e vive com o marido numa cena de casal perfeito, outra é uma jovem que se casou cedo e passa o dia cuidando do apartamento e da sogra enquanto o marido trabalha. As duas se encontram quando, numa situação curiosa, a jovem, Elmas, é encontrada com hipotermia em sua varada e é levada ao hospital e a psiquiatra, Sehnaz, começa a fazer sessões de terapia para auxiliar a recuperação da jovem e esclarecer o ocorrido.
    No desenvolver do longa, nota-se um paralelo entre a vida dessas mulheres. A médica tem uma vida moderna, trabalha, tem independência. A jovem fica restrita à casa e a obedecer ordens do marido e da sogra, submissa e sem oportunidades. Com tantos opostos, faz-se pensar que suas experiências nos relacionamentos seriam distintas, mas o que começa a vir em foco é que elas têm mais em comum que aparentavam. Apesar de toda a aparência de belo relacionamento, era tratada com desrespeito e objetificação pelo marido tal como a jovem Elmas era tratada. Em certo aspecto, parece que ao observar uma situação tão clara de opressão e abuso, a psiquiatra começa a reavaliar toda opressão e abuso camuflado que sofre em seu casamento.
    É um cenário que aponta holofotes à forma como as mulheres nesta sociedade machista, apesar de todos direitos e avanços conquistados no mercado de trabalho, ainda sofrem abusos no ambiente domiciliar e não o enxergam como tal. O filme ponta a luz diretamente para opressão da culpa, que mostra a violência – verbal, sexual, psicológica – como a forma que devem ser tratadas e que não há motivo para questionarem ou confrontarem.
    Com uma atmosfera bem pesada, o filme mostra a lenta tomada de consciência destas mulheres e o confronto final, o basta. É como acompanhar uma jornada de autoconhecimento das personagens, aprendendo os limites que não devem ser transpassados, reconhecendo situações degradantes e saber que podem e devem confronta-las e denuncia-las.
    Não foi sem motivo que esta obra, de nove indicações (incluindo direção, elenco e o filme em si), ganhou o prêmio em cinco. Obra muito bem executada sobre um tema tão atual e tão necessário de ser abordado, debatido e vencido.

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  • Jullia Bastos

    O mal-estar é o personagem principal da trama. Não é a vida de uma determinada família ou determinado personagem que chama atenção, o filme é feito para o que está em volta, literalmente, o som ao redor.
    Uma crítica belíssima e um bom exemplo do que é o Novo Cinema Pernambucano.
    O filme começa com diversas fotos antigas da época da escravidão e grandes senhores de terras. Uma boa introdução para esse longa que mostra como, ainda hoje, o poder é expresso por posse de propriedades, mas de uma forma diferente, como é bem apontado pela figura do senhor Francisco (Waldemar Solha), dono de quase todos os imóveis da ruas próximas.
    A explosão imobiliária transformou os padrões arquitetônicos da cidade, no caso Recife, mas poderia ser qualquer outra grande cidade do país e até do mundo. Antigamente o poder baseado em latifúndios dava-se por grandes, inimagináveis, extensões de terra (e ainda existem no interior dos Estados, principalmente na porção Centro Oeste do Brasil). Atualmente nos grandes centros, o número de habitantes só aumenta e grandes extensões de terras não seriam praticáveis, portanto, vemos o poder dando-se a partir de latifúndios supervalorizados, prédios altíssimos, condomínios que quebram o plano urbano da cidade. Esta mudança imobiliária já é assunto abordado por Kebler Mendonça Filho (diretor) no premiado curta Recife Frio e retorna em O Som ao Redor.

    O ponto de partida do filme é quando alguns homens oferecem serviço de segurança 24h para a rua e são contratados. Assim começa a apresentar o constante sentimento de medo na vida contemporânea, muros altos, cercas, alarmes, câmeras e agora os seguranças das ruas.

    Kebler aposta no realismo das cenas, mostra varias situações pontuais de moradores daquela rua. Relação de empregados e empregadores, desde moradores que têm empregados como membros da família até moradores que tratam empregados como bandidos. Temos um retrato da classe média alta de Recife ignorando o que for conveniente a eles ignorar. Por isso o som ao redor grita por atenção nesse filme. Como a cena do menino pedindo sua bola de futebol que caiu no pátio do prédio vizinho e só a menina se importou em ouvir.

    O áudio no filme foi muito bem trabalhado por Dj Dolores, a presença de vários sons do cotidiano ao fundo das cenas e aos poucos roubando a atenção. Cachorro latindo, maquina de lavar, barulho do elevador, crianças, televisão.
    Não posso deixar de comentar da fotografia em alguns momentos intimista, abusando de close-up e, para completar o teor angustiante, zoom in e bastante contra-plongee, em outros momentos impessoal, planos abertos, mostrando todo o cenário. Além do simbolismo de certas cenas, como a do João (Gustavo Jahn) tomando banho de cachoeira ou como a de Bia (Maeve Jinkings) fumando e usando aspirador para sugar a fumaça, o que resultou num visual incrível. Falando em Bia, não teve como eu assistir sem me prender em sua obsessão com o barulho do cachorro do vizinho e sua rotina solitária às tardes. Outro personagem muito presente é o João, que apesar de ser uma figura leve, simpática, é um rapaz que é contra certas coisas, mas não faz muito para muda-las.

    Mas é isso que o filme nos mostra, não uma vida, mas a vida de uma comunidade em si. Os diversos ângulos e as diversas formas de relacionamentos. Nos convida a um olhar mais perspicaz, mais atento ao que estar ao redor, aos sons.

    O Som ao Redor é um filme pra ser visto e principalmente ouvido.

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  • Jullia Bastos

    Kleber Mendonça Filho nos presenteia com este curta incrível. Numa ficção apresentada em forma de documentário, vemos Recife deixar de ser uma cidade tropical e ser visitada abruptamente por um frio inacreditável e desconhecido para a população.
    O novo clima evidencia (mais) as desigualdades sociais pelo contraste em como o frio atinge a vida das pessoas. Enquanto os mais pobres fazem fogueiras nas ruas para se aquecer e alguns moradores de ruas até morrem devido ao frio, uma família de classe média alta se queixa porque a arquitetura do apartamento de frente pra praia não é mais favorável àquele novo clima.
    No decorrer do curta é constante o sentimento de exclusão.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    O garoto rico passa a dormir no quarto de empregada porque, na atual temperatura, aquele quarto é mais confortável (e à empregada resta o quarto grande, ventilado, e por isso mais frio da casa).


    O indivíduo sendo sufocado e cercado por edifícios. Cada vez mais a cidade sendo engolida pela especulação imobiliária.
    Mais uma vez, Kleber fez uma crítica maravilhosa.
    “O espaço urbano caótico, piorado pela especulação imobiliária fora do controle abria espaço para uma desumanização das cidades. [...] Nessa desordem, o elemento humano foi achatado.”

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  • Marcelo
    Marcelo

    Opa tem um grupos com pessoas legais e participativas, vamos lá....imperdíveis!

    VIVA A ECO-ARTE! arte na veia!
    https://www.facebook.com/groups/saudalternativa

    AMANTES DA SÉTIMA ARTE! respiramos cinema!
    https://www.facebook.com/groups/amantesda7arte

    Vamos nessa!!! Venha, participe, traga amigos e boa diversão!!!!

  • nana
    nana

    adicionada no grupo :)

  • nana
    nana

    Oi Jullia!
    Sem problemas, imprevistos acontecem. Te coloco pra mês que vem, pode ser? Não é justo vc ter passado tanto tempo na fila e acabar indo lá pro final de novo né haha.
    Só confere na sua lista se não tem critérios repetidos, porque agora já tem a lista de Agosto.
    Você me dá seu número? Aí eu te adiciono no grupo do whatsapp e fica mais fácil da gente se comunicar.
    Bjs

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