Kênia Cândido

Quando assisti o filme O Despertar de Uma Paixão, versão de 2006 pela primeira vez, realmente não imaginava que a história do filme era baseava no romance O Véu Pintado, escrito em 1925 pelo escritor inglês William Somerset Maugham. Confesso que, nas primeiras vezes que assisti, fiquei com raiva das atitudes de Walter e às vezes de Kitty e finalizei o filme emocionada.
Já considerava um filmaço e agora que conheço a versão literária, o filme conquistou um espaço ainda maior no meu coração. O Despertar de Uma Paixão não entrou na lista de favoritos, mas também, não deixou de ser um filme com uma história importante.

Raramente eu gosto de remakes, sendo honesta, são poucos filmes remakes que eu gostei e entrou para lista de favoritos de mãos dadas com o filme original e A Profecia – 2006 é um desses pouquíssimos casos. Não nego que assisto remakes, mas vou com um pé atrás, pois eu acho que precisa de uma boa razão para refazer a história original. Ainda mais se tratando de um clássico dos anos 70 que ainda é considerado sensacional para os fãs de terror, o remake de A Profecia conseguiu conquistar seu lugar sem apagar ou desrespeitar o filme pioneiro de 1976.
Em particular, eu acho que um remake só funciona positivamente, quando ele consegue pegar os conceitos básicos da história original e oferece uma atualização respeitando o clássico original e no caso, o livro. A Profecia – 2006 permaneceu fielmente a história escrita por David Seltzer, tendo pouquíssimas diferenças e também, ao filme, A Profecia – 1976. Confesso que gosto de todos os personagens que possuem um excelente diálogo, especialmente a presença de Mia Farrow no elenco representando a Sra. Baylock. Deixou um gostinho de nostalgia ao filme. Isso me faz lembrar que ainda estou em dívida com O Bebê de Rosemary para concluir a trilogia dos clássicos do terror que são O Exorcista, O Bebê de Rosemary e A Profecia.
As atuações Liev Schreiber e Julia Stiles interpretando o casal Thorn, porém o grande destaque é Seamus Davey-Fitzpatrick como Damien. O olhar do garotinho é impressionante, principalmente no final do filme com aquele sorriso dele. Consegue arrepiar a nuca tranquilamente e no trecho em que Damien está observando os macacos no zoológico também é outro momento inesquecível. Ofereceu uma cena maravilhosa com terror psicológico e aproximou bastante com a cena do livro. Dessa maneira termino minha maratona com os filmes da franquia A Profecia, achando o filme original de 1976 uma obra insuperável, mas também tendo um enorme carinho pela versão de 2006. As duas estão na minha lista de favoritos e depois A Profecia III: O Conflito Final, mas aconselho que assista todos os filmes, pelo valor da experiência.

A história de Damien foi adormecida em 1981 com o filme A Profecia III: O Conflito Final que fechou a jornada de Damien Thorn na Terra. Pode ficar tranquilo que não vou contar como foi o desfecho do terceiro filme. Então 1991 tentou reiniciar a história com uma nova proposta para a franquia A Profecia e lançou A Profecia IV: O Despertar e particularmente, acho que foi a história mais boba da franquia A Profecia. Mas infelizmente, foi um filme que não teve ligação nenhuma com o terceiro filme e ainda tentou recontar a história do primeiro filme de um jeito meio bagunçado.
Não há nada de errado em recontar a mesma história para novos públicos, certo? Contudo, eu acho que ela precisa ter elementos atrativos ou pelo menos acontecimentos que seja melhor do que a filmagem original e infelizmente, A Profecia IV: O Despertar é uma montagem desajeitada do primeiro filmes que funciona perfeitamente. O quarto filme repetiu a fórmula do primeiro filme, A Profecia, tendo uma criança adotada, uma série de eventos bizarros em torno da criança e os pais tendo cargos importantes no poder. O filme trouxe dois momentos diferentes, um deles é o nascimento de Delia em torno do anticristo.
Contudo os acontecimentos foram tão absurdos que transformaram em trechos hilários e um pouco estúpidos. Não vou contar porque é praticamente o maior spoiler que contém no filme. Para não deixar a resenha totalmente sem esperança para quem ainda não assistiu, a interpretação de pequena Asia Vieira é boa, mostrando que Delia é uma criança maldosa e nenhum pouco amigável com a Karen. Sem mais delongas, A Profecia IV: O Despertar passou longe de uma história sombria de um anticristo e deveria ter ficado apenas com a trilogia de Damien, porque tem certas situações que são melhor não mexer.