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Últimas opiniões enviadas

  • Vinicius

    Em leitura preliminar, o filme "Os Banshees de Inisherin" se apresenta como um tratado sobre a solidão e a busca por propósitos na vida. O ordinário, o trivial e a simplicidade (representados por Pádraic) são um empecilho para que Colm alcance seu objetivo de ser reconhecido pela arte, de ser lembrado por ter deixado algo de valor em sua passagem pela Terra. O rompimento entre estes dois amigos, portanto, seria inevitável.

    No entanto, creio que a nova produção de Martim McDonagh vá além disso. Ao inserir sua obra no contexto da Guerra Civil Irlandesa, o diretor quis transmitir uma mensagem melancólica e desesperançada sobre o conflito fratricida que dividiu a pátria de seus pais. O interesse em estudar essa nação se nota desde o título até a fotografia do filme. As Banshees, arautas da morte e do infortúnio na mitologia celta, surgem aqui como uma velha sinistra. A grama da ilha, tingida de um verde inexistente, evoca a cor nacional. E a imigração, que marca a história irlandesa desde os tempos do Absolutismo, fica demonstrada pelo destino de Siobhan.

    Sendo assim, quando o roteiro nos coloca em uma situação absurda, inexplicável, como foi o rompimento da amizade de Colm e Pádraic, ele também nos aponta para o incompreensível cenário da guerra desabrochada no seio de uma mesma família, de uma mesma nação. Os irlandeses, unidos durante o milenar conflito contra os ingleses, ao conquistarem sua frágil Independência voltaram-se uns contra os outros. Como entender isso? Como apreender um conflito em que ninguém venceu, em que - literalmente - perderam-se os anéis e os dedos?

    Em seu quarto filme, até agora o mais intimista, Martim McDonagh faz perguntas que abrem uma ferida na história recente da República da Irlanda. Sem respostas, não restou ao artista nada além da dor, da desolação e da perplexidade de analisar um fenômeno que não pode ser explicado.

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  • Vinicius

    "Tár" é o filme provocativo dessa temporada, uma vez que ele toca no tema mais discutido pelas redes sociais: a cultura do cancelamento.

    Se, inicialmente, a regente Lydia Tár é apresentada no auge de sua carreira e de sua vasta erudição, o filme não demora a pincelar certos atos e características que podem levantar suspeitas no espectador. É como ouvir algum componente em desacordo com a harmonia do restante da orquestra. Seriam indícios de uma natureza pútrida da personagem ou pequenos desvios que, afinal, todos possuímos? O filme não responde... E penso ser este o ponto de maior reflexão da obra.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    Pois aqueles que apontam dedos acusatórios talvez não estejam vendo o quadro completo. Tomemos como exemplo o caso de Krista Taylor: teria sido ela realmente usada por Lydia Tár (que depois empenhou-se em destruir a carreira da pupila) ou seria Taylor uma pessoa perigosa, obsessiva e persecutória, como o filme parece demonstrar nos lampejos em que surge uma personagem misteriosa?

    A escolha da jovem Olga como solista em uma peça se deveu a inconfessados interesses sexuais da maestra por ela (ação antiética diante da diferença de posições que ambas ocupavam naquela hierarquia) ou a um genuíno sentimento de sublime que lhe acometeu ao ouvir a interpretação musical da violoncelista russa?

    E quanto à aspirante a regente Francesca? Ela foi preterida ao cargo de assistente da orquestra como uma forma de Tár afastar de si as denúncias de favorecimento e má conduta sexual com mulheres de seu meio? Ou ela não possuía, ainda, as qualidades necessárias para atuar na prestigiada Filarmônica de Berlim?

    Berlim, por sinal, não foi escolhida ao acaso. A cidade presenciou dois dos maiores acontecimentos políticos do século XX: a nazificação e desnazificação e também a paranoia do autoritarismo comunista. O processo de desnazificação, inclusive, é citado no filme. O viés adotado foi o de que teria havido "excessos" nisso, com pessoas inocentes sendo perseguidas e acusadas de colaboracionismo com o regime hitlerista. Ora, investigações mais recentes vão dando demonstrações do contrário: a desnazificação se mostrou incompleta, um dos motivos que explicam a persistência de membros da extrema-direita até hoje em instituições e poderes do Estado germânico.

    E é aí que começam minhas ressalvas ao filme de Todd Field. Para demonstrar sua tese de que a cultura do cancelamento atira em alvos ainda muito incertos, o diretor recorreu a argumentos discutíveis (como o caso citado acima) ou ao exagero de mostrar uma vídeo-montagem boba, cuja intenção era difamar Lydia Tár, mas que fugiu demais ao tom geral da fita.

    Eu não sei o que penso sobre as críticas à cultura do cancelamento. Às vezes as julgo bastante adequadas, outras me parecem mero receio de ser descoberto e não poder mais alegar a execrável sentença de que "se deve separar a obra do artista". Ao fazer isso, podemos incorrer em situações no mínimo desagradáveis, como aquela em que Casey Affleck, que admitiu ter assediado duas profissionais que trabalhavam em seu filme, recebeu todos os prêmios de 2017 das mãos de Brie Larson - atriz que no ano anterior interpretou uma mulher sexualmente violentada.

    O filme merece ser visto, já que ele proporciona grandes discussões pelo seu caráter enigmático e, por isso mesmo, provocativo. Seria a protagonista uma artista devotada às mulheres ou uma mulher devotada à arte? Ao escolher uma dessas chaves de leitura, o espectador passará a julgar as ações de Tár a partir de sua personalidade. Ao não oferecer respostas prontas, Todd Field permitiu que cada espectador, com seus valores e convicções, absolvesse, condenasse ou se abstivesse no julgamento de Lydia Tár - desnecessário dizer, magistralmente interpretada por Cate Blanchett.

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  • Vinicius

    Num misto de "Matrix", "Ricky and Morty" e "Sense8", Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é exatamente o que se pode esperar de um filme com esse título: é maluco, frenético, e cheio de conceitos e regras que desafiam nosso senso-comum. Mas é, ao mesmo tempo, uma história familiar que solidifica valores tradicionais (EM UM BOM SENTIDO) ao mesmo tempo em que questiona o sentido da vida e o peso de nossas escolhas.

    Ao adentrar o multiverso, a personagem de Michelle Yeoh consegue, também, acessar infinitas realidades paralelas criadas a cada decisão que ela toma (ir ou ficar, casar ou não, percorrer tal ou qual caminho, colocar um pedaço de papel na direita ou esquerda, etc).

    Dessa forma, como não se estagnar perante a dolorosa, ainda que deliciosa, ideia dos outros "eus" que poderíamos ter sido? Mais fortes, mais belos, mais talentosos, mais inteligentes, mais famosos... Ou, até mesmo, como não sucumbir (como aconteceu a uma personagem do filme) ao niilismo, à ausência de sentido das coisas ao nosso redor, à banalidade de ser mais um dentre trilhões? Como unir, afinal, o amor fati ao eterno retorno, como formulou o filósofo?

    "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" decide apostar nos valores familiares. Pode parecer mesquinharia burguesa frente à proposta amalucada do longa, mas eu vejo como uma tentativa de oferecer respostas à era histórica em que vivemos, na qual atitudes como deixar partir, abrir mão, ou pouco se importar estão a uma tecla de bloqueio de distância.

    Nesse momento de fragmentação das famílias e de disputas entre valores progressistas e reacionários, o filme dos Daniels nos instiga a lutar por nossas relações, construir pontes e fortalecer estruturas. E, ainda que o filme busque nos convencer dessa solução apelando para estratagemas como "é isso ou a destruição do universo", no fundo ele tenta nos dizer que tal luta só vale a pena ser tomada quando TODAS as partes se unem por um objetivo em comum: a lembrança de que, a despeito das coisas que nos separam, é possível buscar pontos saudáveis de união.

    Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é um fenômeno da Sétima Arte, que alegria foi ver uma produção como essa! Talvez eu precise ligar mais para minha mãe...

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  • Rodrigo Veninno
    Rodrigo Veninno

    Por nada!!!

  • Rodrigo Veninno
    Rodrigo Veninno

    Olá!!!
    Tô bem e vc?
    Pediu indicações pra pessoa certa. kkkkkkk

    Sublime Obsessão (meu favorito dele)
    Palavras ao Vento
    Agonia de Uma Vida
    Tudo que o Céu Permite
    Almas Maculadas
    Sinfonia Interrompida
    Imitação da Vida
    Desejo Atroz
    Sinfonia Prateada
    Chamas que Não se Apagam

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