Suspensão de descrença é uma grande relação de custo benefício. O expectador de um filme abre a mão de acreditar na viabilidade de algo acontecer para em troca ser surpreendido com uma grande trama ou uma grande cena de ação. Podemos citar, por exemplo, da saga Star Wars, as cenas em que temos explosões no espaço, ou ainda, a existência de espadas com lasers brilhantes. As cenas de batalha espacial e as lutas com sabres de luz recompensam os fato do observador atento que lembra que não existe barulho no espaço nem tampouco lasers no formato de lâminas. Tudo faz parte do show.
Insurgente é o segundo filme da série Divergente, baseado na série de livros homônimos escrito por Verônica Roth: Divergente, Insurgente e Convergente. A idéia principal da série já havia ficado bem clara no primeiro filme, onde vemos a população mundial dividida em cinco castas: Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e Erudição; e aqueles que não se enquadrassem em nenhum destes grupos seriam praticamente banidos da sociedade.
Este é um grande trunfo das distopias, levar os expectadores para um futuro surreal para fazer críticas a sociedade atual, e no caso da série, a metáfora principal se dá no isolamento de pessoas que não se encaixam na sociedade atual, minorias que vivem a margem do padrão comum e que aparentemente não gozam dos mesmos direitos dos demais ditos normais.
No entanto, além da metáfora principal, a série Divergente peca muito em manter a coesão da narrativa. O roteiro não chega a ter o artifício Deus Ex-macchina, que sempre é um pecado mortal, principalmente em filmes de ficção científica, mas peca principalmente na coerência de seus personagens que parecem mudar de opinião rapidamente e sem motivos reais aparentes, servindo apenas de suspense para sustentar falsos plot-twists que mais enganam o expectador que os surpreendem.
Em termos da ficção científica em si, Insurgente não traz muitas novidades, e sim apenas alguns elementos reciclados de Matrix, Star Wars e do recente Maze Runner.
Há de elogiar as atuações de Kate Winslet e Shailene Woodley. A primeira goza de um prestígio que acaba engrandecendo um filme dito fraco se comparado com sua filmografia; e a segunda está seguindo uma carreira interessante alternando boas participações em filmes com apelo jovem como a série Divergente e A Culpa é das Estrelas com filmes mais “sérios” como Os Descendentes de Alexander Payne. Estratégia esta que parece ter funcionado com Scarlet Johannson e Jennifer Lawrence, e a minha aposta é que ela segue o mesmo caminho.
E este é um filme de protagonistas femininas mesmo, pois a atuação de Jai Courtney, Mekhi Phifer, Theo James, Ansel Elgort e o próprio Miles Teller são apagadas como a importância de seus personagens.
Insurgente foi filmado em 3D e Comparando-se com outros que o antecederam é possível ver alguma evolução no uso da tecnologia, principalmente em cenas externas e bem abertas, onde os cenários mais afastados em profundidade de campo realçam e destaca o primeiro plano, trazendo beleza a cena, mas contribuem muito pouco, ou nada para a narrativa.
As próprias cenas de ação que deveriam ser o grande trunfo na relação custo benefício da suspensão de descrença acima descrita possuem uma sustentação lógica duvidosa e uma edição rápida e confusa, fazendo com que Insurgente entregue muito pouco em relação a falta de coerência que exige dos espectadores.
Só de lembrar que o último livro, Convergente, será dividido em mais dois filmes (parte I e II) eu já fico entediado, mas de certa forma, se o filme está fazendo sucesso entre os adolescentes e isso faz com que eles se interessem por outras distopias como 1984, Admirável Mundo Novo, Laranja Mecânica e Fahrenheit 451; a série já terá cumprido seu papel.
Grandes Olhos apresenta a história baseada em fatos da pintora Margaret Keane (Amy Adams), uma artista que pinta crianças com olhos grandes em cenários melancólicos. Minha mãe e minha sogra viveram nesta época em que eram estimuladas a assinar seus quadros apenas com as iniciais ou apenas com o último sobrenome, pois “quadros pintados por mulheres não são muito bem aceitos”. Os quadros de Margaret Keane tornaram-se muito populares depois que seu marido, Walter Keane (Christoph Waltz) assume a autoria e passa a vendê-los. O que vemos acontecendo na história é um verdadeiro absurdo, mas ao mesmo tempo é natural esperar que essas aberrações sejam fruto de uma sociedade onde a mulher é subjugada a uma posição inferior e seu trabalho não é levado a sério.
O ponto alto do filme fica para as atuações dos protagonistas. Amy Adams está adorável como sempre e interpreta muito bem desde a dona de casa apaixonada, uma artista em busca de independência, até uma mulher angustiada por conta da situação em que se encontrava. Já o fanfarrão Christoph Waltz mostra sua versatilidade ao interpretar um artista frustrado, mas sedutor e com grande tino para os negócios.
A história é um prato cheio para Tim Burton repetir sua recorrente crítica ao american way of life, e para representar uma sociedade com valores distorcidos ele também repete a estética colorida em alto contraste da cidade perfeita de Edward Mãos de Tesoura. Além do machismo já citado, o filme deflagra críticas à igreja e à crítica de arte. Uma forte crítica a religião é feita quando Margaret, estando aflita pelo fato de estar mentindo para a própria filha, pede conselhos para um padre que sugere que ela respeite o discernimento do marido, mesmo que este pareça estar errado.
Outra cena marcante é o depoimento do dono da galeria que fica horrorizado com o sucesso dos panfletos com crianças de olhos grandes: “Isso não é arte!”, como se ele fosse a única pessoa no mundo credenciada a definir o que é arte ou não, ou ainda, diminuindo os quadros de Keane por eles serem populares, como se a arte só pertencesse a “ambientes eruditos” ou a pessoas de “fino trato”. Muita gente pode aproveitar o filme para criticar o artista plástico brasileiro Romero Brito, que tem trajetória e popularidade parecidas com a de Keane. Mas assim como a protagonista do filme, ele criou em suas obras uma identidade visual própria, única, popular e facilmente identificável. Por mais que eu não me identifique com a alegria infantil de Brito e com os grandes olhos de Keane, seus trabalhos são dignos de respeito e admiração. Parece que está na moda, ou mesmo virou cult criticar o sucesso comercial do brasileiro, mas no fundo aqueles que o fazem caem na mesma armadilha de soberba representado pelo crítico de arte do filme.
Acho interessante que Tim Burton tenha escolhido contar esta história no cinema. Ele mesmo, através de influências expressionistas criou uma estética em seus longas que funciona como uma marca registrada, e por este e outros motivos é criticado por fazer filmes “pasteurizados”. Estaria o diretor através da história de Margaret Keane clamando por reconhecimento? Apesar de gostar de filmes como Ed Wood e Peixe Grande, acho que falta a Tim Burton outro longa-metragem arrebatador como Edward Mãos de Tesoura que está pra completar 25 anos do seu lançamento.
Leia a crítica completa em: http://www.artperceptions.com/2015/03/grandes-olhos-de-tim-burton.html
Até hoje é impossível gerar números aleatórios em ambiente computacional. O algoritmo mais comum é gerar uma seqüência de números a partir de um número qualquer chamado "semente". Para um usuário do computador que desconhece a semente esta seqüência é aparentemente aleatória. Usando este conhecimento junto com a famosa frase: "Deus joga dados", se fosse possível descobrir a semente que rege os dados que Deus usa, então seria possível prever o futuro.
O protagonista de PI, Max, é um matemático que procura descobrir em sua pesquisa um número fundamental que pode ser comparado com a semente de Deus acima descrita. Dado a sua reclusão social associada com grande habilidade técnica é possível concluir que o protagonista está em alguma posição inicial do espectro autista. Já nas primeiras cenas Max nos conta que na sua infância ele quase ficou cego ao ficar muito tempo olhando para o Sol, fazendo uma alusão a sua habilidade com números ser uma iluminação. Porém, esta tendência para as ciências exatas trouxe consigo mais alguns distúrbios mentais, como paranóia e fortes dores de cabeça.
PI (1998) é o primeiro longa-metragem de Darren Aronofsky, diretor norte americano que já na sua estréia demonstra grande controle da técnica audiovisual. Junto com o compositor Clint Mansell e o diretor de fotografia Mathew Libatique, o diretor criou em PI uma série de rimas visuais que funcionam perfeitamente como reforço narrativo.
A marca registrada do filme é uma edição rápida em algumas cenas, geralmente em plano-detalhe de objetos como trancas das portas e pílulas gerando assim uma realidade acelerada que combina com o estilo de vida paranóico do personagem.
O filme tem uma montagem moderna bem visível, onde temos acesso as notas mentais do protagonista através de uma narração em off, e o tempo subjetivo do filme acelera ou freia de acordo com a cena em questão. A trilha sonora também dá dicas ao expectador de quando protagonista está padecendo de fortes enxaquecas ou não.
A utilização do Branco e Preto reforça a dualidade entre ciência e religião, mas também a dualidade entre homem e máquina e não distinção entre alucinação e realidade.
Outro grande ponto de destaque é a utilização do roteiro em elipse, praticamente uma espiral de paranóia. Assim como a natureza retratada pela matemática, as cenas seguem padrão que vai sendo acelerado aos poucos até o clímax final.
O diretor retrata em sua obra, temas psicológicos como paranóia, alucinação e obsessão, sendo possível enxergar influências da Trilogia do Apartamento de Roman Polansky e o ar pesado dos romances de Franz Kafka enquanto acompanhamos a jornada de descobrimento de Max.
No filme são usados vários números que tem correlação com a natureza para fazer alusão a esta semente: a relação áurea, a série de Fibonacci, o próprio número PI e assim por diante; mas eles não têm relação nenhuma com o número fundamental, porém foi muito elegante relacionar este número com o nome de Deus, algo parecido com o que foi feito no livro Contato de Carl Sagan.
O filme tem duas conclusões que se complementam, uma científica e uma religiosa. A científica é uma ótima representação de que sabedoria é sinônimo de sofrimento e ignorância é o caminho da felicidade. O preço que o computador paga por chegar até o número é a destruição do processador, que por assim dizer é o cérebro do computador. Agora fazendo o paralelo computacional / orgânico, ao descobrir o número, Máx está usando o nome de Deus em vão e a sua penitência é uma dor de cabeça capaz de incitar o personagem a realizar uma auto lobotomia com uma furadeira.
Curiosidades Matemáticas É interessante a escolha de Max para o nome do protagonista, max remete a máximo, uma função matemática, ou ainda, podemos entender que ele usa o cérebro e o processador do computador ao máximo. Se quisermos achar mais padrões malucos, Sol em inglês é Sun, que remete a função matemática Sum de soma, a operação matemática mais simples e intuitiva que existe, mas ao mesmo tempo remete a Solution (solução) que nada mais é que o resultado de uma operação matemática qualquer e assim por diante.
A semente de Deus é um número de 216 dígitos. Curiosamente, 216 é o resultado direto da multiplicação: 6x6x6 e 666 é um número cabalístico que remete a besta, contrapondo a sua divindade e remetendo a, assim como Yin e Yang, Deus e o Diabo serem as duas faces de uma mesma moeda.
Leia a crítica completa em: http://www.artperceptions.com/2015/03/pi-de-darren-aronofsky.html
As vantagens de uma continuação de uma são a criação de mais tempo de tela de personagens queridos assim como um maior desenvolvimento do universo criado pelos filmes inaugurais, porém há sempre o risco da criação de mais material naquele universo não cumprir as expectativas e o encanto de uma série inteira se quebrar.
O grande trunfo da série Uma Noite no Museu foi trazer vida não só aos bonecos de cera do Museu de História Natural de Nova York, mas entreter pessoas de diversas idades através de um humor leve, e tudo isso repleto de referências a arte e a história.
Muito do humor da série se dá pela desconstrução de personagens históricos como o Theodore Roosevelt, o presidente dos Estados Unidos da América, protagonizado por Robin Williams, que entre discursos motivacionais a Larry, guarda noturno do museu (Ben Stiller), mostra sua fragilidade ao estar apaixonado e ao ter que lidar com o fato de ser um boneco de cera que só vive a noite. O personagem introduzido na trama é o bravo cavaleio Lancelot que além da busca pelo Santo Graal, ajuda o grupo na dupla jornada de Larry que precisa resolver o problema de corrosão na placa de Akmenrah e precisa aprender a lidar com seu filho adolescente que não quer ir para a faculdade.
Shawn Levy conseguiu neste terceiro filme manter o ritmo e clima dos filmes anteriores. Com uma viagem inusitada para o Museu Britânico, Uma Noite no Museu 3: o Segredo da Tumba é diversão garantida neste começo de ano, porém é inegável que a série desgastou-se e perdeu força nas continuações. Os pontos altos do filme são a chegada de um novo homem das cavernas (Neandertal) protagonizado pelo próprio Ben Stiller, e a cena de ação dentro da pintura surrealsita de Escher. “House of Stairs” que por sinal foi a inspiração para o cartaz do filme.
O filme marca ainda uma despedida de Mickey Rooney e Robin Williams, ambos não viveram para ver o lançamento do filme por terem falecido após o término das filmagens, mas o cinema tem um poder parecido com a placa de Akmenrah, estes atores sempre retornarão a vida quando assistirmos seus filmes.
Leia a crítica completa em: http://www.artperceptions.com/2015/03/uma-noite-no-museu-3-de-shawn-levy.html
Todas as pessoas passam por encruzilhadas na vida. Aquele momento em que precisamos tomar uma decisão que tem o poder de mudar tudo, tanto para melhor quanto para pior. O famoso: ou vai, ou racha! Se lembrarmos ainda, que numa perspectiva determinística, somos hoje o resultado de todas as nossas escolhas no passado, então existe aquele momento crucial que antecede uma decisão importante que praticamente definem quem nós somos.
Eleição (1999) é o segundo longa metragem de Alexander Payne, diretor americano vencedor de dois prêmios Oscar, ambos de melhor roteiro adaptado, o primeiro por Sideways - Entre umas e Outras (2004) e depois com Descendentes (2011). Além de roteirista talentoso, ele tem se mostrado um diretor em ascensão, usando cada vez melhores recursos áudios-visuais para contar suas histórias.
Se existe alguma marca registrada do diretor que já é possível identificar em seus primeiros trabalhos é o tema. Eleição e os filmes subseqüentes de Payne contam a história de um homem que está passando por uma passagem de fase na vida, que comumente são conhecidas como as crises de meia idade; em meio a uma crítica ao american way of life do cidadão mediano daquele país.
Jim McAllister (Matthew Broderick) é um popular professor na George Washington Carver High, importante escola de sua cidade. Além disso, é o encarregado de organizar a eleição do Conselho Estudantil, orientando seus alunos em relação a educação moral e cívica, enquanto passa por dúvidas em relação a seu próprio casamento.
Eleição conta com uma montagem moderna, narrações em off que dão um ar quase que documental, e uma edição que lembra muito os atuais reality shows, onde cada um dá a sua versão da história. A inteligência do roteiro está em disponibilizar ao espectador as informações de forma gradual, para que este consiga montar o quebra-cabeça em sua mente e formar sua própria opinião sobre o episódio, e isso não é uma tarefa fácil de realizar de forma tão natural quanto foi feito neste filme.
Destaque para a atuação de Mathew Broderick que inegavelmente carrega consigo o estigma e o carisma de Ferris Bueller do clássico da Sessão da Tarde, Curtindo a Vida Adoidado de John Hughes. Reese Whiterspoon ainda em início de carreira conseguiu dar um ar dúbio a sua personagem, que num primeiro momento parece ser ambiciosa e inescrupulosa, mas por vezes demonstra tentar vencer através de seu trabalho e dedicação. A atuação de Chris Klein não se destaca, mas também não compromete como um adolescente ídolo do time de futebol que incidentalmente é engajado na eleição da escola.
Além da dupla jornada de Jim McAllister na vida pessoal e profissional, é interessante notar como a orientação política aflora em jovens que ainda estão formando sua cidadania. É possível notar tendências Republicanas em Tracy Flick (Reese Whiterspoon), tendências Democratas em Paul Metzler (Chris Klein) e até tendências anarquistas em sua irmã Tammy Metzler (Jessica Campbell). Orientação esta, que assim com a própria personalidade de cada um se forma desde cedo, e dificilmente muda no decorrer da vida.
Cheio de sarcasmo e pitadas de humor negro, Eleição conta de forma dinâmica e divertida a história de um professor de ensino médio que trava um embate com uma jovem ambiciosa disposta ao que for preciso para vencer.
Agente do Futuro começa com um letreiro explicando como as explosões solares eclodiram o cenário pós-apocalíptico que veremos a seguir. Logo depois, durante os créditos iniciais somos brindados com uma linda seqüência com travelings de câmera em fotos preto e branco explicando visualmente passo a passo todas as etapas que aquela sociedade passou até chegar no ponto inicial do filme. Tudo isso embalado por uma bela música barroca ao fundo. Com pouco tempo de tela percebemos uma grande sensibilidade estética empregada pelo diretor Gabe Ibáñez. Nestas mesmas fotos, o destaque fica para as crianças rindo ao colocar fogo num robô que assiste sua própria destruição sem esboçar emoção nenhuma, como era de se esperar.
Num mundo tomados por robôs fica difícil não notar uma grande influência do escritor Isaac Asimov, criador das Três Leis da Robótica. Os robôs em Automata são guiados por diretrizes muito semelhantes e assim como nos livros asimovianos, a história se dá a partir das conseqüências na sociedade geradas pela existência de praticamente um robô autômato para cada habitante.
O filme se desenvolve e somos apresentados a Jacq Vaucan (Antonio Banderas), um agente de seguros cuja função é mostrar para os consumidores que os robôs não apresentam defeitos de fabricação através de demonstrações das diretrizes de funcionamento dos mesmos. A partir daí temos diversas possibilidades de interação homem máquina, algumas velhos clichês como um policial bravo dizer para um robô que para morrer é necessário estar vivo, mas algumas outras inéditas que valem a pena.
É muito comum, por exemplo, utilizar robôs humanóides como uma metáfora para o desprezo que pessoas possuem aqueles que executam serviços domésticos. Em Automata existe uma cena em que dois robôs danificados vão atravessar a rua e recebem uma buzinada de um motorista. Na metáfora visual, fica claro que aqueles dois robôs estão representando deficientes físicos, e a crítica está sendo feita para aqueles que os consideram um fardo para a sociedade. Existe ainda uma interessante alusão as relações de trabalho, quando um subordinado se diz um pouco insatisfeito e recebe a seguinte resposta da chefia: "Eu preciso te lembrar o quanto você é afortunado por estar neste emprego?".
Automata tem ótima fotografia e um grande destaque fica para a cena com cortes rápidos assim que o protagonista acorda no meio do deserto. A medida que a câmera abre, o espectador fica sabendo o que está acontecendo junto com Jacq Vaucan. Os pontos baixos ficam para as cenas de ação e para os personagens secundários que foram muito pouco desenvolvidos, ficaram desinteressantes e pouco agregaram a narrativa principal.
O grande pecado de um roteiro de Ficção Científica é o recurso Deus Ex-Macchina e muitos filmes pecam neste quesito. No começo da história ficamos com a impressão, pois vemos uma coisa dita impossível acontecer, mas pelo contrário da expectativa, Automata apresenta uma explicação extremamente plausível para a "revolução" das máquinas. O rompimento com a segunda proteção aconteceu por que foi ela foi criada para restringir a inteligência dos autômatos pelo primeiro cérebro nuclear criado, que não havia restrição. Fica subentendido que este cérebro ao criar as diretrizes já deve ter previsto que os autômatos conseguiriam um dia quebrar as restrições e realizar uma revolução.
Ainda sobre o tema principal do filme, a maior prova que aqueles autômatos eram mais evoluídos que o homem é que eles em momento algum quiseram dominar a raça humana e escravizá-la, recorrendo ao já batido efeito Frankenstein, da criatura se voltando contra o criador. Elas só queriam ir embora, diferente daquelas crianças mostradas numa das fotos da seqüência inicial.
Ida conta a jornada de auto conhecimento de uma noviça antes dela realizar seus votos. O filme ganha destaque pela bela fotografia em Preto e Branco, no formato 4:3 e na trilha sonora repleta de Mozart e Coltrane.
Dois dias e uma noite é um filme simples que acaba despertando de forma leve discussões sobre a depressão, crises no casamento, as relações trabalhistas, a crise econômica da Europa, xenofobia e outros. A indicação ao Oscar é a coroação do competente trabalho de Marion Cotillard.
Leviathan é um drama russo, no estilo de O Processo de Franz Kafka, com paisagens melancólicas, boa fotografia e regado a vodca como se não houvesse amanhã.
Os estúdios Disney continuam desconstruindo alguns dos principais elementos dos contos de fada, assim como já fez em Frozen e Malévola. O movimento neste sentido mais ousado foi feito no musical Caminhos da Floresta, onde personagens clássicos são humanizados além das expectativas. Apesar da excelente usual qualidade da produção, ao tentar abraçar muitas histórias o filme peca no seu andamento.
O ser humano é capaz de realizações fantásticas, e ao mesmo tempo é capaz de cometer atrocidades horrendas também. Em O Jogo da Imitação podemos presenciar os dois extremos, como a genialidade e geniosidade do protagonista, por exemplo, mas o mais marcante é a constatação de que o pensamento retrógrado de uma sociedade que julga mulheres incapazes de fazer contas e que pune homossexuais por promiscuidade pode ser mais cruel que a guerra propriamente dita.
Mil Vezes Boa Noite nos traz a história de mulheres no difícil dilema entre a dedicação família e causas maiores. Juliette Binoche em mais uma interpretação poderosa brinda o espectador como uma das melhores fotógrafas do mundo, acostumada a retratar cenários de conflitos por que simplesmente não suporta viver num mundo onde as pessoas se preocupam se a Paris Hilton saiu do carro com ou sem calcinha. Sensacional, Senível e Profundo.
Não faz muito tempo, minha mãe e sogra viveram nesta época onde assinavam seus quadros apenas com as iniciais ou com o último sobrenome. Em meio a ótimas atuações de Amy Adams e do fanfarrão Christopher Waltz vemos diversas críticas ao machismo, a igreja e a crítica de arte. Muita gente vai aproveitar o filme para criticar Romero Brito. Afinal, está na moda e virou “Cult” falar mal do artista plástico brasileiro. Mas assim como a protagonista do filme, e como o próprio Tim Burton, eles criaram uma identidade visual própria, única, popular e facilmente identificável. E pra mim, só isso já é digno de respeito e admiração, por mais que eu não me identifique com a alegria infantil de Brito, com o expressionismo de Burton e com os grandes olhos de Margaret Keane.
Extraordinário, Triunfal, Inspirador, Visceral, Perigoso, Febril, Arrebatador, Inebriante, Espetacular, Explosivo, Deslumbrante, Petrificante, Excitante, Assombroso, Glorioso, Estelar, Incrível, Louco, Fascinante e Ousado. Estes são os adjetivos que o trailer promete e o filme cumpre. Um filme sobre jazz, sobre superação, sobre fazer sacrifícios e sobre a relação de um mestre e um aprendiz dispostos as últimas conseqüências pelo amor a música. O filme fede a prêmios de roteiro, edição, montagem e atuações. Não deixem de assistir no cinema!
No final do mapa você não encontrará um tesouro, mas sim a realidade crua da intimidade de grandes astros de Hollywood. Esteja preparado para o pior neste novo drama de David Cronenberg.
Sempre achei a caça a raposa tão estúpida quanto a tourada ou o rodeio. Foxcatcher dá novos significados a esta tradição de ricos mimados que colocam cães para acuar uma pobre raposa enquanto montam seus cavalos puro sangue. Um filme calcado em três ótimas atuações, mas que incomoda o espectador pela estranheza da história e pela morosidade da narrativa. Não saber a história real ajuda muito no impacto final, a tragédia é anunciada desde o primeiro minuto de filme, passando pelo subtítulo e reforçada pela trilha sonora sinistra.
A Vida imita a Arte. As histórias se repetem. A vida é cíclica. Personagens e personalidades se confundem. O novo substituindo o velho. O espectador vai encontrar todos estes chavões bem representados em Acima das Nuvens. Um thriller metalinguístico envolvente. Uma grata surpresa para este início de ano, e que merece o valor do ingresso do cinema, mesmo que não esteja tão badalado quanto os indicados ao Oscar. Destaque para atuação de Juliete Binoche, para influência de Persona de Ingmar Bergman e para utilização do Canon em ré menor de Pachelbel como trilha sonora da peça de teatro. Atentem ao fato de que um Canon é formado por duas vozes de melodias idênticas, mas defasadas no tempo por alguns compassos.
Um sci-fi filosófico asimoviano que esbarra em crítica social atual, com a presença de ótimas metáforas visuais. No entanto o filme se perde um pouco com personagens secundários desinteressantes e cenas de ação desnecessárias.
Muito além de um filme para retratar o patriotismo americano, American Sniper é um estudo de personagem, e acima disso, um estudo sobre as relações entre ovelhas, lobos e cães pastores. Tudo isso com a eficaz direção de Clint Eastwood e a convincente atuação de Bradley Cooper.
O filme é diversão garantida neste começo de ano, porém é inegável que a série desgastou-se e perdeu força nas continuações. Mêsmo assim, o filme ganha áurea de uma despedida de Robin Williams.
A Teoria de Tudo conseguiu falar sobre a vida do cientista, divulgador de ciência e do homem que luta contra uma terrível doença de forma extremamente sensível e romantizada. A atuação de Eddie Redmayne é mesmo digna de premiação e tenho a impressão que é assim que o filme será lembrado com o passar do tempo: uma breve história de Stephen Hawking.
O escritor e roteirista Nicky Hornby conseguiu de novo. Livre é um filme onde a jornada de autoconhecimento acontece ao mesmo tempo em que ficamos sabendo dos traumas da protagonista. Com grande profundidade psicológica, este é um road movie acima da média. Destaques ainda para as atuações, surpreendente de Reese Whiterspoon e adorável de Laura Dern.
Existem dois tipos de pessoas, as que se motivam e as que se intimidam por desafios. Elogie a primeira e ela se acomoda, instigue essa mesma pessoa e ela se supera. A segunda funciona exatamente do mesmo jeito, só que ao contrário: se acomoda com o desafio e se supera para receber elogios.
O filme Whiplash conta a história de Andrew Neyman (Miles Teller), um estudante de música com uma grande ambição, se tornar um dos maiores bateristas de Jazz da história. Para isso ele conta com uma bolsa de estudos numa das mais conceituadas escolas de música do país e uma rotina árdua de estudo e prática em seu instrumento.
O filme é repleto de referências a história do Jazz, desde histórias de Charlie Parker e Buddy Rich até referências atuais como a Wynton Marsalis, atual Diretor de Jazz do Lincoln Center e ao Blue Note, conceituada casa de Jazz de Manhattan.
O primeiro elemento técnico que pode ser analisado é o nome do filme, Whiplash. Que além de uma música da Don Ellis Band, é uma a palavra que remete a diversas traduções e significados. Eu confesso que minha primeira impressão foi que ela remeteria a torcicolo, efeito colateral comum após horas de treino na bateria. Mas assim que Andrew entra para banda de Terence Fletcher (J. K. Simmons) outro significado da palavra se revela: chicotada, pois o regente da Jazz Band maltrata seus músicos freqüente e constantemente com o intuito de estimulá-los a buscar sempre e cada vez mais a perfeição.
Vi algumas pessoas comparando Terence Fletcher com o Sargento Hartman (R. Lee Ermey) de Nascido para Matar, muito por conta das agressões verbais e por conta da rigidez disciplinar que Fletcher conduz sua banda, mas sou forçado a descordar desta visão. No filme de Stanley Kubrick, o militar é um sádico que através de seus métodos transforma crianças em assassinos. Ele não se desarma de sua persona cruel sequer um segundo durante o filme, enquanto que o regente em Whiplash é um personagem com personalidade muito mais ambígua, complexa e bipolar. Apesar das seqüências em que encarna um carrasco serem mais marcantes ao público, considero que as indicações e prêmios de melhor atuação que J. K. Simmons ganhou (e ainda vencerá mais alguns) se devem a grande sensibilidade mostrada enquanto toca o piano, ou se emociona com a beleza da música. A dualidade do personagem criada por Damien Chazelle foi quem permitiu que o ator mostrasse todo o seu talento, e não é a toa que seu nome transmite essa dualidade, pois “Terence” significa gentil em latim e o nome Fletcher está associado a flechas. J. K. Simmons está interpretando um gentil opressor.
Andrew por sua vez, é um jovem talentoso e sonhador. Seu objetivo é claro e ele demonstra o filme inteiro que está disposta a fazer o que for necessário para alcançá-lo. E uma das coisas é chamar a atenção de Fletcher e é por isso que no início do filme, a sala e a banda onde ele ensaia são desinteressantes, lá as cores são opacas. Já na sala da banda de Fletcher tudo muda, as cores ficam mais vibrantes, a sala e a música possuem um brilho dourado reluzente remetendo ao tesouro que Andrew vivia a procura.
O filme ainda tem pontos de destaque como a edição de som e a montagem. Diversos plano detalhe durante a execução das músicas ajudam a dar um ritmo sincopado ao andamento do filme intercalados com closes nos personagens, nos mostrando de forma visual como eles sentem e vivem a música.
Além da pressão psicológica empregada pelo tutor, é possível ainda enxergar na tela o resultado da exaustão física fruto dos intermináveis exercícios ao instrumento em busca da perfeição. E o diretor aproveita este fato para mostrar que Andrew literalmente estava dando seu sangue suor para alcançar seu objetivo. Mais um destaque deve ser feito para a cena com o balde de gelo.
Apesar da fama de descontraído por conta das improvisações, o Jazz é marcado pela busca incessante da perfeição por parte dos músicos. O Jazz tem swing e é perigoso, dado que grande arte sempre surge nas adversidades, no rompimento com o comum e de onde se menos espera. Acredito que o diretor foi extremamente feliz na decisão da forma como filmar este tema.
Fletcher praticamente tortura seus alunos com o intuito de na adversidade fazer aflorar um gênio da música. Ele justifica seu método fazendo referência a uma das lendas do Jazz, Charlie Parker. The Bird, como era conhecido, estava tocando um solo em uma jam session com a Count Basie Orchestra. No relato de Fletcher, Parker tocou tão mal que Jo Jones, o baterista, jogou um prato em sua cabeça, quase decapitando-o. Depois da humilhação e intimidação, Parker foi para casa e praticou tanto que ele voltou um ano depois e fez história com seu solo, inventando o Bebop, uma das vertentes mais virtuosísticas do Jazz.
Segundo crítica do filme publicada no The New Yorker, a história real não foi bem assim, e o crítico cita diversas biografias que comprovam isso apontando este fato como um grande furo no filme. Eu não sou tão radical. Se a história do prato arremessado contra Charlie Parker foi alterada para reforçar a narrativa, eu só vejo elogios ao filme. Um filme é uma obra de ficção e não tem compromisso integral com a verdade. Se quisermos tal fidedignidade dos fatos recomendo o excelente documentário Jazz de Ken Burns.
Fletcher enxerga em Andrew determinação e resiliência que se encaixavam perfeitamente em sua filosofia como regente. E apesar de no começo do filme, nós expectadores ainda nutrimos alguma identificação com o protagonista, ela vai se perdendo com o passar do filme. Andrew demonstra uma tremenda ganância, passando por cima de tudo e de todos, terminando seu namoro de forma extremamente antipática ou ainda menosprezando seus parentes em nome do seu objetivo e de seu grande ego.
Andrew Neyman e Terence Fletcher entendem-se muito bem, praticamente foram feitos um para o outro. E o resultado desta parceria é a seqüência final do filme, onde vemos Andrew extravasando toda sua raiva na forma de um solo de bateria que inicialmente iria apenas irritar seu mestre, mas que acabou se tornando, guardada as devidas proporções, o solo genial que Fletcher tanto queria. Finalmente ele ajudou a desaflorar um músico comparável ao Charlie Parker de suas histórias. E quando ele percebe o que está acontecendo sua fúria se transforma em orgulho e ele praticamente acolhe Andrew com um olhar paternal enquanto prepara a orquestra para a entrada da próxima música numa cena de tirar o fôlego!
Extraordinário, Triunfal, Inspirador, Visceral, Perigoso, Febril, Arrebatador, Inebriante, Espetacular, Explosivo, Deslumbrante, Petrificante, Excitante, Assombroso, Glorioso, Estelar, Incrível, Louco, Fascinante e Ousado. Estes são os adjetivos que o trailer promete e o filme cumpre. Um filme sobre jazz, sobre superação, sobre fazer sacrifícios e sobre a relação de um mestre e um aprendiz dispostos as últimas conseqüências pelo amor a música.
Você encontra mais informações em: www.artperceptions.com
As vantagens de uma continuação são a criação de mais tempo em tela de personagens queridos assim como um maior desenvolvimento do universo criado pelos filmes inaugurais, porém há sempre o risco da criação de mais material naquele universo não cumprir as expectativas e o encanto de uma série inteira se quebrar.
O grande trunfo da série Uma Noite no Museu foi trazer vida não só aos bonecos de cera do Museu de História Natural de Nova York, mas entreter pessoas de diversas idades através de um humor leve, e tudo isso repleto de referências a arte e a história.
Muito do humor da série se dá pela desconstrução de personagens históricos como o Theodore Roosevelt, o presidente dos Estados Unidos da América, protagonizado por Robin Williams, que entre discursos motivacionais a Larry, guarda noturno do museu (Ben Stiller), mostra sua fragilidade ao estar apaixonado e ao ter que lidar com o fato de ser um boneco de cera que só vive a noite. O personagem introduzido na trama é o bravo cavaleio Lancelot que além da busca pelo Santo Graal, ajuda o grupo na dupla jornada de Larry que precisa resolver o problema de corrosão na placa de Akmenrah e precisa aprender a lidar com seu filho adolescente que não quer ir para a faculdade.
Shaw Levy conseguiu neste terceiro filme manter o ritmo e clima dos filmes anteriores. Com uma viagem inusitada para o Museu Britânico, Uma Noite no Museu 3, o Segredo da Tumba é diversão garantida neste começo de ano, porém é inegável que a série desgastou-se e perdeu força nas continuações.
Os pontos altos do filme são a chegada de um novo homem das cavernas (Neandertal) protagonizado pelo próprio Ben Stiller, e a cena de ação dentro da pintura surrealsita de Escher. “House of Stairs” que por sinal foi a inspiração para o cartaz do filme.
O filme marca ainda uma despedida de Mickey Rooney e Robin Williams, ambos não viveram para ver o lançamento do filme por terem falecido após o término das filmagens, mas o cinema tem um poder parecido com a placa de Akmenrah, ele estes atores sempre retornarão a vida quando assistirmos seus filmes.
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A Série Divergente: Insurgente
3.3 1,1K Assista AgoraSuspensão de descrença é uma grande relação de custo benefício. O expectador de um filme abre a mão de acreditar na viabilidade de algo acontecer para em troca ser surpreendido com uma grande trama ou uma grande cena de ação. Podemos citar, por exemplo, da saga Star Wars, as cenas em que temos explosões no espaço, ou ainda, a existência de espadas com lasers brilhantes. As cenas de batalha espacial e as lutas com sabres de luz recompensam os fato do observador atento que lembra que não existe barulho no espaço nem tampouco lasers no formato de lâminas. Tudo faz parte do show.
Insurgente é o segundo filme da série Divergente, baseado na série de livros homônimos escrito por Verônica Roth: Divergente, Insurgente e Convergente. A idéia principal da série já havia ficado bem clara no primeiro filme, onde vemos a população mundial dividida em cinco castas: Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e Erudição; e aqueles que não se enquadrassem em nenhum destes grupos seriam praticamente banidos da sociedade.
Este é um grande trunfo das distopias, levar os expectadores para um futuro surreal para fazer críticas a sociedade atual, e no caso da série, a metáfora principal se dá no isolamento de pessoas que não se encaixam na sociedade atual, minorias que vivem a margem do padrão comum e que aparentemente não gozam dos mesmos direitos dos demais ditos normais.
No entanto, além da metáfora principal, a série Divergente peca muito em manter a coesão da narrativa. O roteiro não chega a ter o artifício Deus Ex-macchina, que sempre é um pecado mortal, principalmente em filmes de ficção científica, mas peca principalmente na coerência de seus personagens que parecem mudar de opinião rapidamente e sem motivos reais aparentes, servindo apenas de suspense para sustentar falsos plot-twists que mais enganam o expectador que os surpreendem.
Em termos da ficção científica em si, Insurgente não traz muitas novidades, e sim apenas alguns elementos reciclados de Matrix, Star Wars e do recente Maze Runner.
Há de elogiar as atuações de Kate Winslet e Shailene Woodley. A primeira goza de um prestígio que acaba engrandecendo um filme dito fraco se comparado com sua filmografia; e a segunda está seguindo uma carreira interessante alternando boas participações em filmes com apelo jovem como a série Divergente e A Culpa é das Estrelas com filmes mais “sérios” como Os Descendentes de Alexander Payne. Estratégia esta que parece ter funcionado com Scarlet Johannson e Jennifer Lawrence, e a minha aposta é que ela segue o mesmo caminho.
E este é um filme de protagonistas femininas mesmo, pois a atuação de Jai Courtney, Mekhi Phifer, Theo James, Ansel Elgort e o próprio Miles Teller são apagadas como a importância de seus personagens.
Insurgente foi filmado em 3D e Comparando-se com outros que o antecederam é possível ver alguma evolução no uso da tecnologia, principalmente em cenas externas e bem abertas, onde os cenários mais afastados em profundidade de campo realçam e destaca o primeiro plano, trazendo beleza a cena, mas contribuem muito pouco, ou nada para a narrativa.
As próprias cenas de ação que deveriam ser o grande trunfo na relação custo benefício da suspensão de descrença acima descrita possuem uma sustentação lógica duvidosa e uma edição rápida e confusa, fazendo com que Insurgente entregue muito pouco em relação a falta de coerência que exige dos espectadores.
Só de lembrar que o último livro, Convergente, será dividido em mais dois filmes (parte I e II) eu já fico entediado, mas de certa forma, se o filme está fazendo sucesso entre os adolescentes e isso faz com que eles se interessem por outras distopias como 1984, Admirável Mundo Novo, Laranja Mecânica e Fahrenheit 451; a série já terá cumprido seu papel.
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Grandes Olhos
3.8 1,1K Assista grátisGrandes Olhos apresenta a história baseada em fatos da pintora Margaret Keane (Amy Adams), uma artista que pinta crianças com olhos grandes em cenários melancólicos. Minha mãe e minha sogra viveram nesta época em que eram estimuladas a assinar seus quadros apenas com as iniciais ou apenas com o último sobrenome, pois “quadros pintados por mulheres não são muito bem aceitos”. Os quadros de Margaret Keane tornaram-se muito populares depois que seu marido, Walter Keane (Christoph Waltz) assume a autoria e passa a vendê-los. O que vemos acontecendo na história é um verdadeiro absurdo, mas ao mesmo tempo é natural esperar que essas aberrações sejam fruto de uma sociedade onde a mulher é subjugada a uma posição inferior e seu trabalho não é levado a sério.
O ponto alto do filme fica para as atuações dos protagonistas. Amy Adams está adorável como sempre e interpreta muito bem desde a dona de casa apaixonada, uma artista em busca de independência, até uma mulher angustiada por conta da situação em que se encontrava. Já o fanfarrão Christoph Waltz mostra sua versatilidade ao interpretar um artista frustrado, mas sedutor e com grande tino para os negócios.
A história é um prato cheio para Tim Burton repetir sua recorrente crítica ao american way of life, e para representar uma sociedade com valores distorcidos ele também repete a estética colorida em alto contraste da cidade perfeita de Edward Mãos de Tesoura. Além do machismo já citado, o filme deflagra críticas à igreja e à crítica de arte. Uma forte crítica a religião é feita quando Margaret, estando aflita pelo fato de estar mentindo para a própria filha, pede conselhos para um padre que sugere que ela respeite o discernimento do marido, mesmo que este pareça estar errado.
Outra cena marcante é o depoimento do dono da galeria que fica horrorizado com o sucesso dos panfletos com crianças de olhos grandes: “Isso não é arte!”, como se ele fosse a única pessoa no mundo credenciada a definir o que é arte ou não, ou ainda, diminuindo os quadros de Keane por eles serem populares, como se a arte só pertencesse a “ambientes eruditos” ou a pessoas de “fino trato”. Muita gente pode aproveitar o filme para criticar o artista plástico brasileiro Romero Brito, que tem trajetória e popularidade parecidas com a de Keane. Mas assim como a protagonista do filme, ele criou em suas obras uma identidade visual própria, única, popular e facilmente identificável. Por mais que eu não me identifique com a alegria infantil de Brito e com os grandes olhos de Keane, seus trabalhos são dignos de respeito e admiração. Parece que está na moda, ou mesmo virou cult criticar o sucesso comercial do brasileiro, mas no fundo aqueles que o fazem caem na mesma armadilha de soberba representado pelo crítico de arte do filme.
Acho interessante que Tim Burton tenha escolhido contar esta história no cinema. Ele mesmo, através de influências expressionistas criou uma estética em seus longas que funciona como uma marca registrada, e por este e outros motivos é criticado por fazer filmes “pasteurizados”. Estaria o diretor através da história de Margaret Keane clamando por reconhecimento? Apesar de gostar de filmes como Ed Wood e Peixe Grande, acho que falta a Tim Burton outro longa-metragem arrebatador como Edward Mãos de Tesoura que está pra completar 25 anos do seu lançamento.
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Pi
3.8 769 Assista AgoraAté hoje é impossível gerar números aleatórios em ambiente computacional. O algoritmo mais comum é gerar uma seqüência de números a partir de um número qualquer chamado "semente". Para um usuário do computador que desconhece a semente esta seqüência é aparentemente aleatória. Usando este conhecimento junto com a famosa frase: "Deus joga dados", se fosse possível descobrir a semente que rege os dados que Deus usa, então seria possível prever o futuro.
O protagonista de PI, Max, é um matemático que procura descobrir em sua pesquisa um número fundamental que pode ser comparado com a semente de Deus acima descrita. Dado a sua reclusão social associada com grande habilidade técnica é possível concluir que o protagonista está em alguma posição inicial do espectro autista. Já nas primeiras cenas Max nos conta que na sua infância ele quase ficou cego ao ficar muito tempo olhando para o Sol, fazendo uma alusão a sua habilidade com números ser uma iluminação. Porém, esta tendência para as ciências exatas trouxe consigo mais alguns distúrbios mentais, como paranóia e fortes dores de cabeça.
PI (1998) é o primeiro longa-metragem de Darren Aronofsky, diretor norte americano que já na sua estréia demonstra grande controle da técnica audiovisual. Junto com o compositor Clint Mansell e o diretor de fotografia Mathew Libatique, o diretor criou em PI uma série de rimas visuais que funcionam perfeitamente como reforço narrativo.
A marca registrada do filme é uma edição rápida em algumas cenas, geralmente em plano-detalhe de objetos como trancas das portas e pílulas gerando assim uma realidade acelerada que combina com o estilo de vida paranóico do personagem.
O filme tem uma montagem moderna bem visível, onde temos acesso as notas mentais do protagonista através de uma narração em off, e o tempo subjetivo do filme acelera ou freia de acordo com a cena em questão. A trilha sonora também dá dicas ao expectador de quando protagonista está padecendo de fortes enxaquecas ou não.
A utilização do Branco e Preto reforça a dualidade entre ciência e religião, mas também a dualidade entre homem e máquina e não distinção entre alucinação e realidade.
Outro grande ponto de destaque é a utilização do roteiro em elipse, praticamente uma espiral de paranóia. Assim como a natureza retratada pela matemática, as cenas seguem padrão que vai sendo acelerado aos poucos até o clímax final.
O diretor retrata em sua obra, temas psicológicos como paranóia, alucinação e obsessão, sendo possível enxergar influências da Trilogia do Apartamento de Roman Polansky e o ar pesado dos romances de Franz Kafka enquanto acompanhamos a jornada de descobrimento de Max.
No filme são usados vários números que tem correlação com a natureza para fazer alusão a esta semente: a relação áurea, a série de Fibonacci, o próprio número PI e assim por diante; mas eles não têm relação nenhuma com o número fundamental, porém foi muito elegante relacionar este número com o nome de Deus, algo parecido com o que foi feito no livro Contato de Carl Sagan.
O filme tem duas conclusões que se complementam, uma científica e uma religiosa. A científica é uma ótima representação de que sabedoria é sinônimo de sofrimento e ignorância é o caminho da felicidade. O preço que o computador paga por chegar até o número é a destruição do processador, que por assim dizer é o cérebro do computador. Agora fazendo o paralelo computacional / orgânico, ao descobrir o número, Máx está usando o nome de Deus em vão e a sua penitência é uma dor de cabeça capaz de incitar o personagem a realizar uma auto lobotomia com uma furadeira.
Curiosidades Matemáticas
É interessante a escolha de Max para o nome do protagonista, max remete a máximo, uma função matemática, ou ainda, podemos entender que ele usa o cérebro e o processador do computador ao máximo. Se quisermos achar mais padrões malucos, Sol em inglês é Sun, que remete a função matemática Sum de soma, a operação matemática mais simples e intuitiva que existe, mas ao mesmo tempo remete a Solution (solução) que nada mais é que o resultado de uma operação matemática qualquer e assim por diante.
A semente de Deus é um número de 216 dígitos. Curiosamente, 216 é o resultado direto da multiplicação: 6x6x6 e 666 é um número cabalístico que remete a besta, contrapondo a sua divindade e remetendo a, assim como Yin e Yang, Deus e o Diabo serem as duas faces de uma mesma moeda.
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Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba
3.2 359 Assista AgoraAs vantagens de uma continuação de uma são a criação de mais tempo de tela de personagens queridos assim como um maior desenvolvimento do universo criado pelos filmes inaugurais, porém há sempre o risco da criação de mais material naquele universo não cumprir as expectativas e o encanto de uma série inteira se quebrar.
O grande trunfo da série Uma Noite no Museu foi trazer vida não só aos bonecos de cera do Museu de História Natural de Nova York, mas entreter pessoas de diversas idades através de um humor leve, e tudo isso repleto de referências a arte e a história.
Muito do humor da série se dá pela desconstrução de personagens históricos como o Theodore Roosevelt, o presidente dos Estados Unidos da América, protagonizado por Robin Williams, que entre discursos motivacionais a Larry, guarda noturno do museu (Ben Stiller), mostra sua fragilidade ao estar apaixonado e ao ter que lidar com o fato de ser um boneco de cera que só vive a noite. O personagem introduzido na trama é o bravo cavaleio Lancelot que além da busca pelo Santo Graal, ajuda o grupo na dupla jornada de Larry que precisa resolver o problema de corrosão na placa de Akmenrah e precisa aprender a lidar com seu filho adolescente que não quer ir para a faculdade.
Shawn Levy conseguiu neste terceiro filme manter o ritmo e clima dos filmes anteriores. Com uma viagem inusitada para o Museu Britânico, Uma Noite no Museu 3: o Segredo da Tumba é diversão garantida neste começo de ano, porém é inegável que a série desgastou-se e perdeu força nas continuações.
Os pontos altos do filme são a chegada de um novo homem das cavernas (Neandertal) protagonizado pelo próprio Ben Stiller, e a cena de ação dentro da pintura surrealsita de Escher. “House of Stairs” que por sinal foi a inspiração para o cartaz do filme.
O filme marca ainda uma despedida de Mickey Rooney e Robin Williams, ambos não viveram para ver o lançamento do filme por terem falecido após o término das filmagens, mas o cinema tem um poder parecido com a placa de Akmenrah, estes atores sempre retornarão a vida quando assistirmos seus filmes.
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Eleição
3.4 178 Assista AgoraTodas as pessoas passam por encruzilhadas na vida. Aquele momento em que precisamos tomar uma decisão que tem o poder de mudar tudo, tanto para melhor quanto para pior. O famoso: ou vai, ou racha! Se lembrarmos ainda, que numa perspectiva determinística, somos hoje o resultado de todas as nossas escolhas no passado, então existe aquele momento crucial que antecede uma decisão importante que praticamente definem quem nós somos.
Eleição (1999) é o segundo longa metragem de Alexander Payne, diretor americano vencedor de dois prêmios Oscar, ambos de melhor roteiro adaptado, o primeiro por Sideways - Entre umas e Outras (2004) e depois com Descendentes (2011). Além de roteirista talentoso, ele tem se mostrado um diretor em ascensão, usando cada vez melhores recursos áudios-visuais para contar suas histórias.
Se existe alguma marca registrada do diretor que já é possível identificar em seus primeiros trabalhos é o tema. Eleição e os filmes subseqüentes de Payne contam a história de um homem que está passando por uma passagem de fase na vida, que comumente são conhecidas como as crises de meia idade; em meio a uma crítica ao american way of life do cidadão mediano daquele país.
Jim McAllister (Matthew Broderick) é um popular professor na George Washington Carver High, importante escola de sua cidade. Além disso, é o encarregado de organizar a eleição do Conselho Estudantil, orientando seus alunos em relação a educação moral e cívica, enquanto passa por dúvidas em relação a seu próprio casamento.
Eleição conta com uma montagem moderna, narrações em off que dão um ar quase que documental, e uma edição que lembra muito os atuais reality shows, onde cada um dá a sua versão da história. A inteligência do roteiro está em disponibilizar ao espectador as informações de forma gradual, para que este consiga montar o quebra-cabeça em sua mente e formar sua própria opinião sobre o episódio, e isso não é uma tarefa fácil de realizar de forma tão natural quanto foi feito neste filme.
Destaque para a atuação de Mathew Broderick que inegavelmente carrega consigo o estigma e o carisma de Ferris Bueller do clássico da Sessão da Tarde, Curtindo a Vida Adoidado de John Hughes. Reese Whiterspoon ainda em início de carreira conseguiu dar um ar dúbio a sua personagem, que num primeiro momento parece ser ambiciosa e inescrupulosa, mas por vezes demonstra tentar vencer através de seu trabalho e dedicação. A atuação de Chris Klein não se destaca, mas também não compromete como um adolescente ídolo do time de futebol que incidentalmente é engajado na eleição da escola.
Além da dupla jornada de Jim McAllister na vida pessoal e profissional, é interessante notar como a orientação política aflora em jovens que ainda estão formando sua cidadania. É possível notar tendências Republicanas em Tracy Flick (Reese Whiterspoon), tendências Democratas em Paul Metzler (Chris Klein) e até tendências anarquistas em sua irmã Tammy Metzler (Jessica Campbell). Orientação esta, que assim com a própria personalidade de cada um se forma desde cedo, e dificilmente muda no decorrer da vida.
Cheio de sarcasmo e pitadas de humor negro, Eleição conta de forma dinâmica e divertida a história de um professor de ensino médio que trava um embate com uma jovem ambiciosa disposta ao que for preciso para vencer.
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Agente do Futuro
2.8 272 Assista AgoraAgente do Futuro começa com um letreiro explicando como as explosões solares eclodiram o cenário pós-apocalíptico que veremos a seguir. Logo depois, durante os créditos iniciais somos brindados com uma linda seqüência com travelings de câmera em fotos preto e branco explicando visualmente passo a passo todas as etapas que aquela sociedade passou até chegar no ponto inicial do filme. Tudo isso embalado por uma bela música barroca ao fundo. Com pouco tempo de tela percebemos uma grande sensibilidade estética empregada pelo diretor Gabe Ibáñez. Nestas mesmas fotos, o destaque fica para as crianças rindo ao colocar fogo num robô que assiste sua própria destruição sem esboçar emoção nenhuma, como era de se esperar.
Num mundo tomados por robôs fica difícil não notar uma grande influência do escritor Isaac Asimov, criador das Três Leis da Robótica. Os robôs em Automata são guiados por diretrizes muito semelhantes e assim como nos livros asimovianos, a história se dá a partir das conseqüências na sociedade geradas pela existência de praticamente um robô autômato para cada habitante.
O filme se desenvolve e somos apresentados a Jacq Vaucan (Antonio Banderas), um agente de seguros cuja função é mostrar para os consumidores que os robôs não apresentam defeitos de fabricação através de demonstrações das diretrizes de funcionamento dos mesmos. A partir daí temos diversas possibilidades de interação homem máquina, algumas velhos clichês como um policial bravo dizer para um robô que para morrer é necessário estar vivo, mas algumas outras inéditas que valem a pena.
É muito comum, por exemplo, utilizar robôs humanóides como uma metáfora para o desprezo que pessoas possuem aqueles que executam serviços domésticos. Em Automata existe uma cena em que dois robôs danificados vão atravessar a rua e recebem uma buzinada de um motorista. Na metáfora visual, fica claro que aqueles dois robôs estão representando deficientes físicos, e a crítica está sendo feita para aqueles que os consideram um fardo para a sociedade. Existe ainda uma interessante alusão as relações de trabalho, quando um subordinado se diz um pouco insatisfeito e recebe a seguinte resposta da chefia: "Eu preciso te lembrar o quanto você é afortunado por estar neste emprego?".
Automata tem ótima fotografia e um grande destaque fica para a cena com cortes rápidos assim que o protagonista acorda no meio do deserto. A medida que a câmera abre, o espectador fica sabendo o que está acontecendo junto com Jacq Vaucan. Os pontos baixos ficam para as cenas de ação e para os personagens secundários que foram muito pouco desenvolvidos, ficaram desinteressantes e pouco agregaram a narrativa principal.
O grande pecado de um roteiro de Ficção Científica é o recurso Deus Ex-Macchina e muitos filmes pecam neste quesito. No começo da história ficamos com a impressão, pois vemos uma coisa dita impossível acontecer, mas pelo contrário da expectativa, Automata apresenta uma explicação extremamente plausível para a "revolução" das máquinas. O rompimento com a segunda proteção aconteceu por que foi ela foi criada para restringir a inteligência dos autômatos pelo primeiro cérebro nuclear criado, que não havia restrição. Fica subentendido que este cérebro ao criar as diretrizes já deve ter previsto que os autômatos conseguiriam um dia quebrar as restrições e realizar uma revolução.
Ainda sobre o tema principal do filme, a maior prova que aqueles autômatos eram mais evoluídos que o homem é que eles em momento algum quiseram dominar a raça humana e escravizá-la, recorrendo ao já batido efeito Frankenstein, da criatura se voltando contra o criador. Elas só queriam ir embora, diferente daquelas crianças mostradas numa das fotos da seqüência inicial.
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Ida
3.7 439Ida conta a jornada de auto conhecimento de uma noviça antes dela realizar seus votos. O filme ganha destaque pela bela fotografia em Preto e Branco, no formato 4:3 e na trilha sonora repleta de Mozart e Coltrane.
Dois Dias, Uma Noite
3.9 542Dois dias e uma noite é um filme simples que acaba despertando de forma leve discussões sobre a depressão, crises no casamento, as relações trabalhistas, a crise econômica da Europa, xenofobia e outros. A indicação ao Oscar é a coroação do competente trabalho de Marion Cotillard.
Leviatã
3.8 299 Assista AgoraLeviathan é um drama russo, no estilo de O Processo de Franz Kafka, com paisagens melancólicas, boa fotografia e regado a vodca como se não houvesse amanhã.
Caminhos da Floresta
2.9 1,7K Assista AgoraOs estúdios Disney continuam desconstruindo alguns dos principais elementos dos contos de fada, assim como já fez em Frozen e Malévola. O movimento neste sentido mais ousado foi feito no musical Caminhos da Floresta, onde personagens clássicos são humanizados além das expectativas. Apesar da excelente usual qualidade da produção, ao tentar abraçar muitas histórias o filme peca no seu andamento.
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista AgoraO ser humano é capaz de realizações fantásticas, e ao mesmo tempo é capaz de cometer atrocidades horrendas também. Em O Jogo da Imitação podemos presenciar os dois extremos, como a genialidade e geniosidade do protagonista, por exemplo, mas o mais marcante é a constatação de que o pensamento retrógrado de uma sociedade que julga mulheres incapazes de fazer contas e que pune homossexuais por promiscuidade pode ser mais cruel que a guerra propriamente dita.
Mil Vezes Boa Noite
4.0 160 Assista AgoraMil Vezes Boa Noite nos traz a história de mulheres no difícil dilema entre a dedicação família e causas maiores. Juliette Binoche em mais uma interpretação poderosa brinda o espectador como uma das melhores fotógrafas do mundo, acostumada a retratar cenários de conflitos por que simplesmente não suporta viver num mundo onde as pessoas se preocupam se a Paris Hilton saiu do carro com ou sem calcinha. Sensacional, Senível e Profundo.
Grandes Olhos
3.8 1,1K Assista grátisNão faz muito tempo, minha mãe e sogra viveram nesta época onde assinavam seus quadros apenas com as iniciais ou com o último sobrenome. Em meio a ótimas atuações de Amy Adams e do fanfarrão Christopher Waltz vemos diversas críticas ao machismo, a igreja e a crítica de arte. Muita gente vai aproveitar o filme para criticar Romero Brito. Afinal, está na moda e virou “Cult” falar mal do artista plástico brasileiro. Mas assim como a protagonista do filme, e como o próprio Tim Burton, eles criaram uma identidade visual própria, única, popular e facilmente identificável. E pra mim, só isso já é digno de respeito e admiração, por mais que eu não me identifique com a alegria infantil de Brito, com o expressionismo de Burton e com os grandes olhos de Margaret Keane.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraExtraordinário, Triunfal, Inspirador, Visceral, Perigoso, Febril, Arrebatador, Inebriante, Espetacular, Explosivo, Deslumbrante, Petrificante, Excitante, Assombroso, Glorioso, Estelar, Incrível, Louco, Fascinante e Ousado. Estes são os adjetivos que o trailer promete e o filme cumpre. Um filme sobre jazz, sobre superação, sobre fazer sacrifícios e sobre a relação de um mestre e um aprendiz dispostos as últimas conseqüências pelo amor a música. O filme fede a prêmios de roteiro, edição, montagem e atuações. Não deixem de assistir no cinema!
Mapas para as Estrelas
3.3 478 Assista AgoraNo final do mapa você não encontrará um tesouro, mas sim a realidade crua da intimidade de grandes astros de Hollywood. Esteja preparado para o pior neste novo drama de David Cronenberg.
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
3.3 809 Assista AgoraSempre achei a caça a raposa tão estúpida quanto a tourada ou o rodeio. Foxcatcher dá novos significados a esta tradição de ricos mimados que colocam cães para acuar uma pobre raposa enquanto montam seus cavalos puro sangue. Um filme calcado em três ótimas atuações, mas que incomoda o espectador pela estranheza da história e pela morosidade da narrativa. Não saber a história real ajuda muito no impacto final, a tragédia é anunciada desde o primeiro minuto de filme, passando pelo subtítulo e reforçada pela trilha sonora sinistra.
Acima das Nuvens
3.6 400A Vida imita a Arte. As histórias se repetem. A vida é cíclica. Personagens e personalidades se confundem. O novo substituindo o velho. O espectador vai encontrar todos estes chavões bem representados em Acima das Nuvens. Um thriller metalinguístico envolvente. Uma grata surpresa para este início de ano, e que merece o valor do ingresso do cinema, mesmo que não esteja tão badalado quanto os indicados ao Oscar. Destaque para atuação de Juliete Binoche, para influência de Persona de Ingmar Bergman e para utilização do Canon em ré menor de Pachelbel como trilha sonora da peça de teatro. Atentem ao fato de que um Canon é formado por duas vozes de melodias idênticas, mas defasadas no tempo por alguns compassos.
Agente do Futuro
2.8 272 Assista AgoraUm sci-fi filosófico asimoviano que esbarra em crítica social atual, com a presença de ótimas metáforas visuais. No entanto o filme se perde um pouco com personagens secundários desinteressantes e cenas de ação desnecessárias.
Sniper Americano
3.6 1,9K Assista AgoraMuito além de um filme para retratar o patriotismo americano, American Sniper é um estudo de personagem, e acima disso, um estudo sobre as relações entre ovelhas, lobos e cães pastores. Tudo isso com a eficaz direção de Clint Eastwood e a convincente atuação de Bradley Cooper.
Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba
3.2 359 Assista AgoraO filme é diversão garantida neste começo de ano, porém é inegável que a série desgastou-se e perdeu força nas continuações. Mêsmo assim, o filme ganha áurea de uma despedida de Robin Williams.
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraA Teoria de Tudo conseguiu falar sobre a vida do cientista, divulgador de ciência e do homem que luta contra uma terrível doença de forma extremamente sensível e romantizada. A atuação de Eddie Redmayne é mesmo digna de premiação e tenho a impressão que é assim que o filme será lembrado com o passar do tempo: uma breve história de Stephen Hawking.
Livre
3.8 1,2K Assista AgoraO escritor e roteirista Nicky Hornby conseguiu de novo. Livre é um filme onde a jornada de autoconhecimento acontece ao mesmo tempo em que ficamos sabendo dos traumas da protagonista. Com grande profundidade psicológica, este é um road movie acima da média. Destaques ainda para as atuações, surpreendente de Reese Whiterspoon e adorável de Laura Dern.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraExistem dois tipos de pessoas, as que se motivam e as que se intimidam por desafios. Elogie a primeira e ela se acomoda, instigue essa mesma pessoa e ela se supera. A segunda funciona exatamente do mesmo jeito, só que ao contrário: se acomoda com o desafio e se supera para receber elogios.
O filme Whiplash conta a história de Andrew Neyman (Miles Teller), um estudante de música com uma grande ambição, se tornar um dos maiores bateristas de Jazz da história. Para isso ele conta com uma bolsa de estudos numa das mais conceituadas escolas de música do país e uma rotina árdua de estudo e prática em seu instrumento.
O filme é repleto de referências a história do Jazz, desde histórias de Charlie Parker e Buddy Rich até referências atuais como a Wynton Marsalis, atual Diretor de Jazz do Lincoln Center e ao Blue Note, conceituada casa de Jazz de Manhattan.
O primeiro elemento técnico que pode ser analisado é o nome do filme, Whiplash. Que além de uma música da Don Ellis Band, é uma a palavra que remete a diversas traduções e significados. Eu confesso que minha primeira impressão foi que ela remeteria a torcicolo, efeito colateral comum após horas de treino na bateria. Mas assim que Andrew entra para banda de Terence Fletcher (J. K. Simmons) outro significado da palavra se revela: chicotada, pois o regente da Jazz Band maltrata seus músicos freqüente e constantemente com o intuito de estimulá-los a buscar sempre e cada vez mais a perfeição.
Vi algumas pessoas comparando Terence Fletcher com o Sargento Hartman (R. Lee Ermey) de Nascido para Matar, muito por conta das agressões verbais e por conta da rigidez disciplinar que Fletcher conduz sua banda, mas sou forçado a descordar desta visão. No filme de Stanley Kubrick, o militar é um sádico que através de seus métodos transforma crianças em assassinos. Ele não se desarma de sua persona cruel sequer um segundo durante o filme, enquanto que o regente em Whiplash é um personagem com personalidade muito mais ambígua, complexa e bipolar. Apesar das seqüências em que encarna um carrasco serem mais marcantes ao público, considero que as indicações e prêmios de melhor atuação que J. K. Simmons ganhou (e ainda vencerá mais alguns) se devem a grande sensibilidade mostrada enquanto toca o piano, ou se emociona com a beleza da música. A dualidade do personagem criada por Damien Chazelle foi quem permitiu que o ator mostrasse todo o seu talento, e não é a toa que seu nome transmite essa dualidade, pois “Terence” significa gentil em latim e o nome Fletcher está associado a flechas. J. K. Simmons está interpretando um gentil opressor.
Andrew por sua vez, é um jovem talentoso e sonhador. Seu objetivo é claro e ele demonstra o filme inteiro que está disposta a fazer o que for necessário para alcançá-lo. E uma das coisas é chamar a atenção de Fletcher e é por isso que no início do filme, a sala e a banda onde ele ensaia são desinteressantes, lá as cores são opacas. Já na sala da banda de Fletcher tudo muda, as cores ficam mais vibrantes, a sala e a música possuem um brilho dourado reluzente remetendo ao tesouro que Andrew vivia a procura.
O filme ainda tem pontos de destaque como a edição de som e a montagem. Diversos plano detalhe durante a execução das músicas ajudam a dar um ritmo sincopado ao andamento do filme intercalados com closes nos personagens, nos mostrando de forma visual como eles sentem e vivem a música.
Além da pressão psicológica empregada pelo tutor, é possível ainda enxergar na tela o resultado da exaustão física fruto dos intermináveis exercícios ao instrumento em busca da perfeição. E o diretor aproveita este fato para mostrar que Andrew literalmente estava dando seu sangue suor para alcançar seu objetivo. Mais um destaque deve ser feito para a cena com o balde de gelo.
Apesar da fama de descontraído por conta das improvisações, o Jazz é marcado pela busca incessante da perfeição por parte dos músicos. O Jazz tem swing e é perigoso, dado que grande arte sempre surge nas adversidades, no rompimento com o comum e de onde se menos espera. Acredito que o diretor foi extremamente feliz na decisão da forma como filmar este tema.
Fletcher praticamente tortura seus alunos com o intuito de na adversidade fazer aflorar um gênio da música. Ele justifica seu método fazendo referência a uma das lendas do Jazz, Charlie Parker. The Bird, como era conhecido, estava tocando um solo em uma jam session com a Count Basie Orchestra. No relato de Fletcher, Parker tocou tão mal que Jo Jones, o baterista, jogou um prato em sua cabeça, quase decapitando-o. Depois da humilhação e intimidação, Parker foi para casa e praticou tanto que ele voltou um ano depois e fez história com seu solo, inventando o Bebop, uma das vertentes mais virtuosísticas do Jazz.
Segundo crítica do filme publicada no The New Yorker, a história real não foi bem assim, e o crítico cita diversas biografias que comprovam isso apontando este fato como um grande furo no filme. Eu não sou tão radical. Se a história do prato arremessado contra Charlie Parker foi alterada para reforçar a narrativa, eu só vejo elogios ao filme. Um filme é uma obra de ficção e não tem compromisso integral com a verdade. Se quisermos tal fidedignidade dos fatos recomendo o excelente documentário Jazz de Ken Burns.
Fletcher enxerga em Andrew determinação e resiliência que se encaixavam perfeitamente em sua filosofia como regente. E apesar de no começo do filme, nós expectadores ainda nutrimos alguma identificação com o protagonista, ela vai se perdendo com o passar do filme. Andrew demonstra uma tremenda ganância, passando por cima de tudo e de todos, terminando seu namoro de forma extremamente antipática ou ainda menosprezando seus parentes em nome do seu objetivo e de seu grande ego.
Andrew Neyman e Terence Fletcher entendem-se muito bem, praticamente foram feitos um para o outro. E o resultado desta parceria é a seqüência final do filme, onde vemos Andrew extravasando toda sua raiva na forma de um solo de bateria que inicialmente iria apenas irritar seu mestre, mas que acabou se tornando, guardada as devidas proporções, o solo genial que Fletcher tanto queria. Finalmente ele ajudou a desaflorar um músico comparável ao Charlie Parker de suas histórias. E quando ele percebe o que está acontecendo sua fúria se transforma em orgulho e ele praticamente acolhe Andrew com um olhar paternal enquanto prepara a orquestra para a entrada da próxima música numa cena de tirar o fôlego!
Extraordinário, Triunfal, Inspirador, Visceral, Perigoso, Febril, Arrebatador, Inebriante, Espetacular, Explosivo, Deslumbrante, Petrificante, Excitante, Assombroso, Glorioso, Estelar, Incrível, Louco, Fascinante e Ousado. Estes são os adjetivos que o trailer promete e o filme cumpre. Um filme sobre jazz, sobre superação, sobre fazer sacrifícios e sobre a relação de um mestre e um aprendiz dispostos as últimas conseqüências pelo amor a música.
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Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba
3.2 359 Assista AgoraAs vantagens de uma continuação são a criação de mais tempo em tela de personagens queridos assim como um maior desenvolvimento do universo criado pelos filmes inaugurais, porém há sempre o risco da criação de mais material naquele universo não cumprir as expectativas e o encanto de uma série inteira se quebrar.
O grande trunfo da série Uma Noite no Museu foi trazer vida não só aos bonecos de cera do Museu de História Natural de Nova York, mas entreter pessoas de diversas idades através de um humor leve, e tudo isso repleto de referências a arte e a história.
Muito do humor da série se dá pela desconstrução de personagens históricos como o Theodore Roosevelt, o presidente dos Estados Unidos da América, protagonizado por Robin Williams, que entre discursos motivacionais a Larry, guarda noturno do museu (Ben Stiller), mostra sua fragilidade ao estar apaixonado e ao ter que lidar com o fato de ser um boneco de cera que só vive a noite. O personagem introduzido na trama é o bravo cavaleio Lancelot que além da busca pelo Santo Graal, ajuda o grupo na dupla jornada de Larry que precisa resolver o problema de corrosão na placa de Akmenrah e precisa aprender a lidar com seu filho adolescente que não quer ir para a faculdade.
Shaw Levy conseguiu neste terceiro filme manter o ritmo e clima dos filmes anteriores. Com uma viagem inusitada para o Museu Britânico, Uma Noite no Museu 3, o Segredo da Tumba é diversão garantida neste começo de ano, porém é inegável que a série desgastou-se e perdeu força nas continuações.
Os pontos altos do filme são a chegada de um novo homem das cavernas (Neandertal) protagonizado pelo próprio Ben Stiller, e a cena de ação dentro da pintura surrealsita de Escher. “House of Stairs” que por sinal foi a inspiração para o cartaz do filme.
O filme marca ainda uma despedida de Mickey Rooney e Robin Williams, ambos não viveram para ver o lançamento do filme por terem falecido após o término das filmagens, mas o cinema tem um poder parecido com a placa de Akmenrah, ele estes atores sempre retornarão a vida quando assistirmos seus filmes.
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