Vi numa sala de cinema de shoping e tive a impressão de que muita muita muita gente na sala estava incomodada. Alguns saíram. Logo que termina o filme alguém do meu lado diz (para todo mundo ouvir): "Graças a Deus". Parte do público chega no cinema no hype do Oscar. Esse incômodo provocado em parte do público já mostra o quanto o filme é bom/instigante/terrível. O terror é que nada acontece. O terror é que não se vê nada. O terror é um jardim florido e bem cuidado. O terror é uma família em harmonia.
Ao mesmo tempo, há algo de contemporâneo no filme e, creio, daí vem também o incômodo de parte do público. O filme poderia se passar em qualquer lugar em que se avizinha o terror no muro ao lado. Em bairros de classe média alta. Em condomínios. Em países em guerra. Ou talvez nos faça pensar que o terror está em todo lugar.
Achei os enquadramentos nos rostos dos personagens algo extremamente inteligente. Uma série de interpretações que vem do foco no rosto. O rosto, tema de filósofos como Levinas, de cineastas como Alain Resnais e de romances como o Retrato de Dorian Gray, aqui é trabalhado como expressão narrativa de comédia e drama. É no rosto que tudo se desenvolve nesse filme.
O diretor Nicolas Maury é impregnado/atravessado pelo personagem que ele interpreta na série Dix per cent. Há um pouco de Hervé em todo momento. Há algo também de inconsciente edipiano na busca de compreender as inseguranças, os erros e o ciúme doentio na volta à cabana do pai onde se escondem segredos que podem revelar uma espécie de ponto originário de onde tudo em nós emergiu.
O filme é identificado como uma comédia, mas eu não consegui rir. Achei leve e achei denso. Não sei se isso é um elogio.
Mesmo nas condições mais absurdas de repressão e violência, os corpos conseguem resistir. Mesmo nas condições mais absurdas de repressão e violência, um corpo feminino sempre será mais violentado que um corpo masculino. O corpo que resiste no filme é o corpo feminino.
Por qual razão sempre é a personagem gay que deve lutar pelo reconhecimento da família? Por qual razão sempre é a personagem gay que deve ser compreensiva sobre as dificuldades de ter um pai incompreensível e uma família violenta? Por qual razão cabe a essa personagem "revelar" à família o que se é? Achei a abordagem do filme bem convencional, com muita culpa sendo carregada até o desfecho fofinho-familiar. Mas a Sophia Lillis, personagem da sobrinha do Frank, a narradora, está bem construída e faz o filme, de alguma forma, valer muito a pena.
Curiosamente cheguei no filme pelo livro do Julian Fuks, "A Ocupação". O livro não é uma adaptação do filme nem foi por ele inspirado, mas as narrativas sobre o Hotel Cambridge de duas linguagens artísticas diferentes (cinema e literatura) ajudam a complexificar mais as personagens, os espaços e os dramas. Eliane Caffé consegue enquadrar os espaços do Hotel em tomadas que nos remetem a um modernismo arquitetônico logo contraposto por cenas de dramas humanos, alguns mediados pelos meios digitais (relacionados a guerras pelo coltar no Congo). Talvez seja o que melhor o filme consegue realizar com doses de humor e meta-narrativas que nos remetem a Narradores de Javé: a racionalidade moderna (arquitetônica e digital) não necessariamente nos salvou do drama humano do abandono e da exclusão.
O filme dialoga com uma cinematografia alemã do começo do século XX de personagens que tomados por uma força inexplicável cometem crimes violentos como o Dr. Mabuse (Fritz Lang) e O Gabinete do Dr. Caligari. Achei que a interpretação do ator Jonas Dassler aproximou ainda mais o filme dessa cinematografia "monstruosa" do cinema alemão. Curiosamente o filme foi lançado quase no mesmo ano de um filme argentino que também trata de um psicopata dos anos 1970: O Anjo (dir: Luis Ortega). Enquanto no filme argentino, há uma tentativa de construção de um "enfant terrible" jovem, ousado e bonito, nesse filme alemão o diretor Fatih Akin aborda com muita crueza e de forma a causar nojo no público a forma como lidar com história/memória na Alemanha. Achei um filme densamente político pela denúncia de invisibilidade dos corpos velhos, pela xenofobia latente (sobretudo aos gregos), misoginia como traço cultural e pela representação sem glamour do bairro de St. Pauli em Hamburgo.
Mais um roteiro de filme em que a África é representada por jovens com metralhadora, bandidos traficando minerais e rituais macabros. Os europeus brancos são sempre os bonzinhos em filmes assim e não fugiu a regra. Um filme bem limitado e ruim de verdade.
Michel Gondry e Wes Anderson, de "Grande Hotel Budapeste", são diretores que nos despertam a vontade de entrar no filme deles mesmo com uma certa melancolia nas imagens. Aquela sensação barroca de bonito e triste juntos. Gosto da direção do Gondry nos clipes da Bjork e do Radiohead. Há sempre um peso maior nas imagens do que nos diálogos. Uma certa ressignificação do significado original dos objetos e uma fusão de memória do passado, sonhos e realidade do presente que marca a obra dele. Achei muito parecido com outro filme dele "La Science des reves" com uma Charlotte Gainsbourg entediadíssima com a paixão boba do Gael García Bernal. Achei o Romain Duris a nota dissonante do filme. Desde os filmes "Paris" que ele não emplaca uma interpretação dramática. Funciona na comédia, mas cai muito na parte "triste" do filme. Não achei o filme entediante não como a maioria dos críticos reclamou. Acho que a maioria do público tende a estranhar (e se cansar) em filmes que prevalecem imagem demais e roteiro de menos. Ainda mais agora que entrou no catálogo do Netflix brasileiro tão cheio dos "Velozes e Furiosos" da vida.
Desde que num momento perdido nos anos 1980, ainda criança, acordei e o Corujão passava "Inferno na Torre" criei uma simpatia pelos filmes-catástrofe. Um gênero repetitivo em que alguém alerta a todos do perigo iminente, mas ninguém acredita até o momento em que as coisas acontecem, o cara vira herói e os arrogantes viram humildes reavaliando a vida. Eis que numa madrugada de insônia, em pleno Netflix (muita coisa mudou desde os anos 1980) vejo "Tornado". Até pensei que tendo Berlim como cenário o filme poderia se transformar naqueles trash-cult em que é possível enxergar metáforas de uma Berlim historicamente destruída e reconstruída n vezes. Mas o filme explora pouco a cidade. Sequer há lógica no caminho que o tornado traça (liberdade poética?). Não há diálogo. Não há tensão. Não há conflito. As personagens não carregam nenhuma complexidade. Ainda que como filme catástrofe, um verdadeiro desastre! Serve pra "dessacralizar" o cinema alemão que, por aqui, sempre é visto como um cinema difícil e inteligente.
Denzel Washington de "O Voo" parece o Denzel Washington de "Dia de Treinamento" que parece com o Denzel Washington de "O Gângster" que parece com o Denzel Washington de.... pena que o Robert Zemeckis não pareça mais o mesmo diretor criativo que foi nos anos 1980/1990. O filme estava fadado ao esquecimento e a palestras de auto-ajuda do AA. Ninguém comentava mais. Até o Netflix colocar no catálogo...
Eu não sei se o filme merece ser analisado/comentado como cinema ou como propaganda. Em qualquer dos dois casos, muito frágil como proposta. Como cinema, escolha o item que quiser e constatará um desastre: fotografia, roteiro, elenco, trilha sonora (!!!). Como propaganda, longe de ser sofisticado, prega uma ortodoxia perigosa e intolerante (o muçulmano malvado e o chinês submisso). Lembrei de uma musiquinha cantada pelo Gorpo, personagem do He-Man: "O bem vence o mal, espanta o temporal" com o professor malvado e o aluno bonzinho. Alguém ainda cai nessa dicotomia bem x mal? Por que é tão difícil construir personagens cheios de complexidades e contradições? Mas me rendeu alguns bons risos e que sirva de lição: quando o carro de vocês pifar, tenham fé que ele vai funcionar. Um teatrinho de adolescente de igreja. Ruim demais esse filme!
A proliferação de documentários sobre dieta, estilo de vida e "bem-estar" já merece ser destacada como subgênero. Algo como "healthy movies" que desde Super Size Me seguem o mesmo modelo: personagens que experimentam determinada dieta e vêem a reação dela no seu organismo, documentando e selecionando imagens daquilo que quer que o público veja/acredita. Gostei bastante do primeiro filme dessa série. Achei equilibrado por construir uma narrativa que mostrava ângulos diferentes da questão e por deixar claro que a "reboot diet" deve ser feita com acompanhamento. O segundo filme tem momentos legais como a fala do psicólogo comportamental explicando porque algumas pessoas voltam a ganhar peso depois do sacrifício de uma dieta, mas termina como sendo um grande filme propaganda da empresa do diretor Joe Cross que passou a viver de palestras e de uma comunidade virtual de apoio mútuo para quem faz a dieta do suco detox. Falta ainda uma comprovação científica para as teses defendidas pelos dois filmes, portanto o que havia de experimental e ousado no primeiro filme termina numa coletânea de depoimentos de sucesso no segundo filme, sem investigar os fracassos e frustrações de quem não conseguiu acompanhar a proposta de se beber suco verde por alguns dias e meses. Só há histórias de sucesso. De superação. De pessoas felizes. Vale a pena ver os dois filmes, mas com um certo distanciamento crítico faria bem.
Greta Gerwig é uma ótima atriz. O filme tem a qualidade de um roteiro que não constrói vítimas em relações entre amigos (algo mais natural do que se imagina) e tem um desenlace interessante. Só por isso eu não o colocaria como um péssimo filme. É apenas um filme ruim e ponto. Fará a alegria do público indie mesmo faltando música do Arcade Fire.
A vida é cheia de equívocos e se tem um equívoco na vida do Romain Duris, esse equívoco está na participação dele nesse filme. Um lixo. Roteiro batido que me fez lembrar outro filme cretino - acho que com o Will Smith - que nem lembro o nome (ainda bem!). Que volte logo a filmes como "Em Paris"...
Péssimo filme se comparado ao livro. Toda a força da literatura do Hunther Thompson - um clássico da contracultura - se reduz a uma comédia pastelão de usuários de drogas "engraçadinhos". Terminou no Netflix como uma comédia ao lado de outras tantas...
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Zona de Interesse
3.6 585 Assista AgoraVi numa sala de cinema de shoping e tive a impressão de que muita muita muita gente na sala estava incomodada. Alguns saíram. Logo que termina o filme alguém do meu lado diz (para todo mundo ouvir): "Graças a Deus". Parte do público chega no cinema no hype do Oscar. Esse incômodo provocado em parte do público já mostra o quanto o filme é bom/instigante/terrível. O terror é que nada acontece. O terror é que não se vê nada. O terror é um jardim florido e bem cuidado. O terror é uma família em harmonia.
Ao mesmo tempo, há algo de contemporâneo no filme e, creio, daí vem também o incômodo de parte do público. O filme poderia se passar em qualquer lugar em que se avizinha o terror no muro ao lado. Em bairros de classe média alta. Em condomínios. Em países em guerra. Ou talvez nos faça pensar que o terror está em todo lugar.
Garoto Chiffon
3.5 5Achei os enquadramentos nos rostos dos personagens algo extremamente inteligente. Uma série de interpretações que vem do foco no rosto. O rosto, tema de filósofos como Levinas, de cineastas como Alain Resnais e de romances como o Retrato de Dorian Gray, aqui é trabalhado como expressão narrativa de comédia e drama. É no rosto que tudo se desenvolve nesse filme.
O diretor Nicolas Maury é impregnado/atravessado pelo personagem que ele interpreta na série Dix per cent. Há um pouco de Hervé em todo momento. Há algo também de inconsciente edipiano na busca de compreender as inseguranças, os erros e o ciúme doentio na volta à cabana do pai onde se escondem segredos que podem revelar uma espécie de ponto originário de onde tudo em nós emergiu.
O filme é identificado como uma comédia, mas eu não consegui rir. Achei leve e achei denso. Não sei se isso é um elogio.
Beckett
3.1 166 Assista AgoraMirou no cinema político do Costa Gravas e acertou num misto de McGyver de Profissão Perigo com Velozes e Furiosos.
Dente Canino
3.8 1,2KMesmo nas condições mais absurdas de repressão e violência, os corpos conseguem resistir. Mesmo nas condições mais absurdas de repressão e violência, um corpo feminino sempre será mais violentado que um corpo masculino. O corpo que resiste no filme é o corpo feminino.
Tio Frank
3.9 240 Assista AgoraPor qual razão sempre é a personagem gay que deve lutar pelo reconhecimento da família? Por qual razão sempre é a personagem gay que deve ser compreensiva sobre as dificuldades de ter um pai incompreensível e uma família violenta? Por qual razão cabe a essa personagem "revelar" à família o que se é? Achei a abordagem do filme bem convencional, com muita culpa sendo carregada até o desfecho fofinho-familiar. Mas a Sophia Lillis, personagem da sobrinha do Frank, a narradora, está bem construída e faz o filme, de alguma forma, valer muito a pena.
Era o Hotel Cambridge
4.2 99Curiosamente cheguei no filme pelo livro do Julian Fuks, "A Ocupação". O livro não é uma adaptação do filme nem foi por ele inspirado, mas as narrativas sobre o Hotel Cambridge de duas linguagens artísticas diferentes (cinema e literatura) ajudam a complexificar mais as personagens, os espaços e os dramas. Eliane Caffé consegue enquadrar os espaços do Hotel em tomadas que nos remetem a um modernismo arquitetônico logo contraposto por cenas de dramas humanos, alguns mediados pelos meios digitais (relacionados a guerras pelo coltar no Congo). Talvez seja o que melhor o filme consegue realizar com doses de humor e meta-narrativas que nos remetem a Narradores de Javé: a racionalidade moderna (arquitetônica e digital) não necessariamente nos salvou do drama humano do abandono e da exclusão.
O Anjo
3.6 189A releitura do "Seja Marginal. Seja Herói" numa versão argentina. Intenso, queer, poético e trágico.
O Bar Luva Dourada
3.6 340O filme dialoga com uma cinematografia alemã do começo do século XX de personagens que tomados por uma força inexplicável cometem crimes violentos como o Dr. Mabuse (Fritz Lang) e O Gabinete do Dr. Caligari. Achei que a interpretação do ator Jonas Dassler aproximou ainda mais o filme dessa cinematografia "monstruosa" do cinema alemão. Curiosamente o filme foi lançado quase no mesmo ano de um filme argentino que também trata de um psicopata dos anos 1970: O Anjo (dir: Luis Ortega). Enquanto no filme argentino, há uma tentativa de construção de um "enfant terrible" jovem, ousado e bonito, nesse filme alemão o diretor Fatih Akin aborda com muita crueza e de forma a causar nojo no público a forma como lidar com história/memória na Alemanha. Achei um filme densamente político pela denúncia de invisibilidade dos corpos velhos, pela xenofobia latente (sobretudo aos gregos), misoginia como traço cultural e pela representação sem glamour do bairro de St. Pauli em Hamburgo.
O Caderno de Sara
2.9 53Mais um roteiro de filme em que a África é representada por jovens com metralhadora, bandidos traficando minerais e rituais macabros. Os europeus brancos são sempre os bonzinhos em filmes assim e não fugiu a regra. Um filme bem limitado e ruim de verdade.
A Espuma dos Dias
3.7 479 Assista AgoraMichel Gondry e Wes Anderson, de "Grande Hotel Budapeste", são diretores que nos despertam a vontade de entrar no filme deles mesmo com uma certa melancolia nas imagens. Aquela sensação barroca de bonito e triste juntos. Gosto da direção do Gondry nos clipes da Bjork e do Radiohead. Há sempre um peso maior nas imagens do que nos diálogos. Uma certa ressignificação do significado original dos objetos e uma fusão de memória do passado, sonhos e realidade do presente que marca a obra dele. Achei muito parecido com outro filme dele "La Science des reves" com uma Charlotte Gainsbourg entediadíssima com a paixão boba do Gael García Bernal. Achei o Romain Duris a nota dissonante do filme. Desde os filmes "Paris" que ele não emplaca uma interpretação dramática. Funciona na comédia, mas cai muito na parte "triste" do filme. Não achei o filme entediante não como a maioria dos críticos reclamou. Acho que a maioria do público tende a estranhar (e se cansar) em filmes que prevalecem imagem demais e roteiro de menos. Ainda mais agora que entrou no catálogo do Netflix brasileiro tão cheio dos "Velozes e Furiosos" da vida.
Tornado - Alerta Vermelho
1.9 21 Assista AgoraDesde que num momento perdido nos anos 1980, ainda criança, acordei e o Corujão passava "Inferno na Torre" criei uma simpatia pelos filmes-catástrofe. Um gênero repetitivo em que alguém alerta a todos do perigo iminente, mas ninguém acredita até o momento em que as coisas acontecem, o cara vira herói e os arrogantes viram humildes reavaliando a vida. Eis que numa madrugada de insônia, em pleno Netflix (muita coisa mudou desde os anos 1980) vejo "Tornado". Até pensei que tendo Berlim como cenário o filme poderia se transformar naqueles trash-cult em que é possível enxergar metáforas de uma Berlim historicamente destruída e reconstruída n vezes. Mas o filme explora pouco a cidade. Sequer há lógica no caminho que o tornado traça (liberdade poética?). Não há diálogo. Não há tensão. Não há conflito. As personagens não carregam nenhuma complexidade. Ainda que como filme catástrofe, um verdadeiro desastre! Serve pra "dessacralizar" o cinema alemão que, por aqui, sempre é visto como um cinema difícil e inteligente.
O Voo
3.6 1,4K Assista AgoraDenzel Washington de "O Voo" parece o Denzel Washington de "Dia de Treinamento" que parece com o Denzel Washington de "O Gângster" que parece com o Denzel Washington de.... pena que o Robert Zemeckis não pareça mais o mesmo diretor criativo que foi nos anos 1980/1990. O filme estava fadado ao esquecimento e a palestras de auto-ajuda do AA. Ninguém comentava mais. Até o Netflix colocar no catálogo...
Deus Não Está Morto
2.8 1,4K Assista AgoraEu não sei se o filme merece ser analisado/comentado como cinema ou como propaganda. Em qualquer dos dois casos, muito frágil como proposta. Como cinema, escolha o item que quiser e constatará um desastre: fotografia, roteiro, elenco, trilha sonora (!!!). Como propaganda, longe de ser sofisticado, prega uma ortodoxia perigosa e intolerante (o muçulmano malvado e o chinês submisso). Lembrei de uma musiquinha cantada pelo Gorpo, personagem do He-Man: "O bem vence o mal, espanta o temporal" com o professor malvado e o aluno bonzinho. Alguém ainda cai nessa dicotomia bem x mal? Por que é tão difícil construir personagens cheios de complexidades e contradições? Mas me rendeu alguns bons risos e que sirva de lição: quando o carro de vocês pifar, tenham fé que ele vai funcionar. Um teatrinho de adolescente de igreja. Ruim demais esse filme!
Gordo, Doente e Quase Morto 2
3.5 9 Assista AgoraA proliferação de documentários sobre dieta, estilo de vida e "bem-estar" já merece ser destacada como subgênero. Algo como "healthy movies" que desde Super Size Me seguem o mesmo modelo: personagens que experimentam determinada dieta e vêem a reação dela no seu organismo, documentando e selecionando imagens daquilo que quer que o público veja/acredita. Gostei bastante do primeiro filme dessa série. Achei equilibrado por construir uma narrativa que mostrava ângulos diferentes da questão e por deixar claro que a "reboot diet" deve ser feita com acompanhamento. O segundo filme tem momentos legais como a fala do psicólogo comportamental explicando porque algumas pessoas voltam a ganhar peso depois do sacrifício de uma dieta, mas termina como sendo um grande filme propaganda da empresa do diretor Joe Cross que passou a viver de palestras e de uma comunidade virtual de apoio mútuo para quem faz a dieta do suco detox. Falta ainda uma comprovação científica para as teses defendidas pelos dois filmes, portanto o que havia de experimental e ousado no primeiro filme termina numa coletânea de depoimentos de sucesso no segundo filme, sem investigar os fracassos e frustrações de quem não conseguiu acompanhar a proposta de se beber suco verde por alguns dias e meses. Só há histórias de sucesso. De superação. De pessoas felizes. Vale a pena ver os dois filmes, mas com um certo distanciamento crítico faria bem.
Lola Contra o Mundo
3.3 174Greta Gerwig é uma ótima atriz. O filme tem a qualidade de um roteiro que não constrói vítimas em relações entre amigos (algo mais natural do que se imagina) e tem um desenlace interessante. Só por isso eu não o colocaria como um péssimo filme. É apenas um filme ruim e ponto. Fará a alegria do público indie mesmo faltando música do Arcade Fire.
Como Arrasar um Coração
3.4 228 Assista AgoraA vida é cheia de equívocos e se tem um equívoco na vida do Romain Duris, esse equívoco está na participação dele nesse filme. Um lixo. Roteiro batido que me fez lembrar outro filme cretino - acho que com o Will Smith - que nem lembro o nome (ainda bem!). Que volte logo a filmes como "Em Paris"...
Medo e Delírio
3.7 552 Assista AgoraPéssimo filme se comparado ao livro. Toda a força da literatura do Hunther Thompson - um clássico da contracultura - se reduz a uma comédia pastelão de usuários de drogas "engraçadinhos". Terminou no Netflix como uma comédia ao lado de outras tantas...