filmow.com/usuario/mariameow
    Você está em
  1. > Home
  2. > Usuários
  3. > mariameow

Usuário desde Outubro de 2017
Grau de compatibilidade cinéfila
Baseado em 0 avaliações em comum

Últimas opiniões enviadas

  • Maria

    Documentário para os que foram expostos e humilhados por ela publicamente ninguém quer, né? Ela deveria ganhar um processo, isso sim, depois dizer que faria tortura psicológica com um dos participantes.

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Maria

    Há dois pontos sobre a recepção do filme que eu gostaria de comentar:

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    1. Caricaturização dos personagens. Se há mesmo essa caricaturização (ou mero acentuamento de determinadas características), ela não é menor. A caricaturização não é defeito, tem sido desde sempre usada como instrumento de crítica como qualquer outro recurso narrativo. Oscar Wilde já fazia em The Importance of being Ernest, em 1800 e bolinhas (e tantos outros, milhares de anos antes até, como Aristófanes fez com Sócrates). A caricaturização é proposital. Bacurau é como a poesia de Sophia de Mello Breyner, quer ser concreto. É como os haicais, não é pra ser altamente intelectualizado. É pra ser direto, real, sentido. É o "quero que esse canto torto feito faca corte a carne de vocês" que Belchior cantava. O diálogo de que quem nasce em Bacarau é gente e que não é passarinho -mas sim pássaro (gentinha não, gente)- não pode ser mais direto.
    Os 'sulistas' estão com roupas espalhafatosas, um rosa neon, um azul forte, parecem uns power rangers. Crente que estão abafando, mas estão literalmente ali pintados de palhaço. É ridicularização, ou revelação do papel de ridículo que eles estão de sujeitando. O maluco beleza lá da guitarra canta zombando deles. O que é rir de alguém? Que tipo de riso é esse que Bacarau oferece?
    Bacurau não esconde o que tem a dizer. Bacurau quer muito dizer. E não economiza. Não me doeu, mas eu tenho certeza que incomodou muita gente. É por isso que o filme não poupa. Não é pra ser abstrato ou etéreo, mas pra ser afiado. Incomodar, alfinetar, abrir e cutucar ferida.
    Os gringos como caricatura também foram alvo de reclamação. Mas cara, aquela cena de eles brigando porque um deles matou uma criança, um ofendendo o outro de nazi, não é a coisa mais hilária? Eu achei uma delícia. É um povo todinho no Brasil reproduzindo diversos discursos de ódio e jurando de pé junto que não é preconceituoso. E quando o cara diz que Deus deu oportunidade para ele? Rachei o bico jaajajjaj Tem ainda aquele dialógo de que a criançã poderia ter "16 anos" e supostamente com arma, que não é aleatório, idade para poder ser punida. Vemos novamente como Bacurau não faz rodeios.
    Enfim, sinto falta da comicidade dos filósofos e intelectuais atuais (ainda mais nas artes), parece que foi se perdendo com o tempo. A Utopia do More é maravilhosa nesse sentido. E as utopias têm muito disso também. Por que não na distopia (ainda que esse filme não seja purista)? Por que ela teria que ser séria, verossímil?

    2. Violência. A violência em Bacurau é Tarantinesca? Acho difícil. Como eu disse, o filme não é purista. Há um flerte o tempo todo com os mais diversos gêneros, estilos, referências. Eu não conheço Tarantino a fundo, mas a violência nele me parece significar muitas coisas diferentes. Há beleza e certa comicidade; o que eu não vejo em Bacurau. A violência em Bacurau não parece ser de entretenimento, apesar de o filme ter essa pegada mais "pop", "industrial", mal falando. E isso é delicioso porque me gerou um estranhamento danado. Eu achei que seria divertido, mas só sabia doer. Eu sentia. Como eu disse, Bacurau quer ser sentido. Quando a gringa lá está entre a vida e a morte, eu me perguntei se apagariam ela ali. Não. Tentaram salvá-la. Isso pesa. Eu que no momento de fervor achei que eliminariam ela ali, fiquei preocupada se ela sobreviveria ou não. É um movimento interessante que o filme nos põe a fazer. É por isso que essas e tantas outras que o mais interessante para mim sobre esse filme sempre vai ser querer saber da recepção dos outros. Da maneira que o filme é feito, com um contexto muito real, próximo e marcado, pra mim é muito importante.
    A morte e o luto vem na primeira cena do filme com os caixões, na apresentação dos personagens principais e perpassa todo o filme. Quando o caminhão pipa vem trazendo água, manutenção da vida e se choca contra caixões que simboliza a morte, é a resistência. É a matar a sede que te mata. Os personagens em Bacurau, com ameaça gringa ou não, já lutam para sobreviver: vivem na insegurança alimentar, com vulnerabilidade social, entre a vida e a morte. Há uma espécie de luta deles para captar recursos, não é fácil, é preciso recursos, jeitos. Viver nessa situação também é violência. Acho que a violência em Bacurau é mais por aí...

    E Bacurau é (a) gente!

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Maria

    Per-fei-to! (E a nota aqui tá baixa pra ele)
    Há tantas camadas nesse longa e elas estão tão bem interligadas que eu mal posso acreditar. Não há um único plano que não seja extramente significativo nesse filme.
    Além da diversidade de temas muito bem trabalhados e tocados ao longo do filme, é especial, pelo menos pra mim, quais são os termas abordados:

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    sabedoria e ancestralidade; transmissão do conhecimento ancestral (Anna aprendeu a preparar comida, Marnie aprendeu a selecionar cogumelos); a comida; ancestralidade e origem; o conhecer-se, a descoberta; o outro, o estrangeiro (Anna sempre deslocada); aceitação e reconciliação (presilha de Anna); a natureza e a saberia; a beleza e poesia da natureza; a sabedoria através da natureza (Anna se sujando na grama, na água, pelo contato); simplicidade; ancestralidade e seus ritos (como, por exemplo, como preparar a comida); memória e verdade; relações e conexões humanas; família; amor de todas as formas; a arte, criação, reflexão e expressão (a pintora e o exercício de Anna de desenhar); relação maternal/entre mulheres; o feminino; o ser mãe e criação de filhos; universo infantil; amadurecimento (Anna deixando de ser criança, virando adolescente, iniciando a transição para a maioridade; independência identitária; identidade; As memórias de Marnie e, também, as memórias de Anna; conexão por identificação (familiar ou não); saúde do corpo como saúde da mente (?); noção de tempo superada; diferença de épocas, costumes, comportamentos;

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    É interessante notar como as pessoas relacionaram muito o amor romântico ao amor entre Marnie e Anna e isso se dá, muito provavelmente, pelo comportamento. É como se maneira que elas se olham, por exemplo, pausada e admiradamente (entre outras coisas) nos dá a entender que o único amor possível acontecendo ali é o romântico e o filme põe isso em discussão.


    O modo de Anna de se vestir também me interessa muito, mas ainda não sei como processar muito sistematicamente isso
    É incrível como a gente sente o tomate sendo cortado, a pisada na areia e na água, etc. O sentir, nesse filme e mais que em muitos outros, é substancial

    Eu poderia falar desse filme o dia inteiro... nota 5, claro

    Cenas de destaque: O tomate maduro

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    (o momento "frutificar" do filme)

    e o tomate sendo cortado
    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    (o som, a cor, o brilho e a questão transmissão de conhecimento ancestral envolvida)

    ; o lápis de Anna se quebrado em pedacinhos
    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    (como ela, ansiosa, sob pressão, fragmentada)

    Obs: Parabenizando a tradução do título que, mesmo sendo praticamente uma tradução literal do original, não deixa de ser lindo e muito significativo em relação à narrativa.

    Merece ser assistido repetidas vezes!

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Nenhum recado para Maria.

Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.

Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.