Luis Felipe

Por sorte, aparentemente, baseado num histórico recente, quando passamos no cinema brasileiro das comedias ridículas feitas apenas para um meio comercial sem nenhuma inspiração chegamos a um riquíssimo "submundo" de filmes excelentes.

Em 2013 com O Lobo Atrás Da Porta e agora com esse filme abri meus olhos para os talentos escondidos em nossos cineastas: uma direção tão primorosa junto de um roteiro amarradinho de Selton Mello e uma fotografia fora da curva fazem com que o filme seja extremamente agradável de se assistir, além de trazer um respiro para as comédias enlatadas produzidas em nossas terras.

É interessante também destacar as atuações de, surpreendentemente, todos os atores com maiores destaques para Johnny Massaro e Bruna Linzmeyer que junto dos diálogos conseguem demonstrar realismo nas personagens.

Além disso, é uma pena saber que esse tipo de filme tem muita pouca visibilidade em relação ao publico geral o que demonstra, infelizmente, para os produtores que esse tipo de material não é valorizado por aqui

Confesso que minhas expectativas eram um tanto altas depois de assistir alguns filmes dramáticos em que Adam Sandler fez um bom trabalho e ouvir dos críticos em festivais que talvez esse filme o colocaria no Oscar. Decepção é uma ótima palavra para descrever meu sentimento sobre esse filme.
Ele não ruim, antes de qualquer coisa. O diretor faz um trabalho decente, todas as atuações são decentes, o roteiro é decente. Mas esse é exatamente o problema: é tudo "decente". O filme carece de coração, de identidade. Parece não saber o que quer ser e por isso não faz nenhuma parte com destaque: quando tenta ser uma comédia com humor negro, não é engraçado e quando tenta ser um drama, não comove. Há potencial na história contada. Se talvez o filme se focasse no drama, por ter a sua disposição um grupo de bons atores, daria um melhor resultado, mas o que acabou saindo foi um filme sem graça e esquecível.

Um filme sobre perda e o consequente luto. Extremamente criativa a forma como o diretor demonstra a perspectiva do fantasma sobre a passagem do tempo. Além disso, não tem medo de fazer cenas excepcionalmente cumpridas onde muito pouco acontece, apostando em atuações muito competentes ( destaque para Rooney Mara) que demonstra com maestria o sofrimento da personagem.
Pequeno em escopo, mas através de questionamentos filosóficos o diretor não deixa cair para o tédio em momento algum.

Nota: 4,5/5