Excelente filme! É curioso observar como essa liberdade - tão defendida pelos entrevistados - termina por produzir um paradoxo ao torná-los prisioneiros desse trabalho autônomo. No documentário, a maioria dos trabalhadores além de não ter acesso à direitos trabalhistas, trabalha numa lógica quase que 24|7, já que o salário é diretamente proporcional ao tempo de trabalho. Toritama parece então funcionar como uma cidade-fábrica, em que os habitantes são operários desse grande maquinario textil ao mesmo momento que se orgulham de serem "donos do seu próprio tempo".
Documentário emocionante e valioso. Durante grande parte do filme fui tomada por certas angústias e desesperos ao ver de forma tão sensível o descomprometimento histórico do governo brasileiro para com essa luta tão fundamental e cara ao país, que ainda hoje é alvo de confrontos e violência. No entanto, não pude deixar de me desmanchar com a beleza do comunitarismo do acampamento, principalmente no que tange a participação das crianças na luta enquanto sujeitos. As cenas e depoimentos dos ocupantes são vibrantes; me fizeram sentir uma instiga e vitalidade politico-existencial que há meses não sentia. Fico grata por isso e recomendo muitíssimo!
Um filme sem dúvidas emblemático. A mescla entre realidade e ficção, além de trazer uma crueza para o enredo, também dialoga com a ideia de ficção e realidade inerente ao próprio projeto de construção da rodovia. Isto é, se por um lado foi elaborado um discurso pautado na ideia de desenvolvimento e progresso do país, por outro, temos práticas de exploração que se expandem em diversos níveis, tornando pessoas e floresta em mercadorias baratas. A realidade capturada e produzida pelo filme desmente o aparente propósito do projeto, evidenciando toda a ficcionalidade e crueldade do seu discurso.
achei interessante a narrativa dual que vai sendo construída através dos pares deus~diabo, silêncio~som da multidão, violência~redenção, evidenciando as contradições e conflitos subjetivos e socias inseridos naquele contexto. O longa possui ainda uma intensa carga trágica que vai se transfigurando em poesia a cada cena, fazendo dele um filme admirável.
a proposta do filme de oferecer ao telespectador somente a perspectiva de um personagem, além de trazer o suspense necessário para um bom filme desta categoria, nos permite também adentrar no ponto de vista desse personagem de modo que acompanhamos e sentimos com ele suas ansiedades e tensões. A cada ligação o enredo é acometido por uma nova configuração, onde as certezas do início já não são possíveis no final do filme, pois somos surpreendidos a cada cena por uma parte da história que ainda não tinha vindo à tona, fragmentos de perspectivas ainda não compartilhados. Diante disso, o filme vai se desenrolando através de guinadas no ponto de vista de Asger, não somente em relação à situação que se apresenta aos seus ouvidos, mas também sobre sua própria vida. "Basta um instante para que tudo seja percebido de outro modo", já dizia o filósofo Lapoujade.
Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar
4.3 209Excelente filme! É curioso observar como essa liberdade - tão defendida pelos entrevistados - termina por produzir um paradoxo ao torná-los prisioneiros desse trabalho autônomo. No documentário, a maioria dos trabalhadores além de não ter acesso à direitos trabalhistas, trabalha numa lógica quase que 24|7, já que o salário é diretamente proporcional ao tempo de trabalho. Toritama parece então funcionar como uma cidade-fábrica, em que os habitantes são operários desse grande maquinario textil ao mesmo momento que se orgulham de serem "donos do seu próprio tempo".
Terra Para Rose
4.3 15Documentário emocionante e valioso. Durante grande parte do filme fui tomada por certas angústias e desesperos ao ver de forma tão sensível o descomprometimento histórico do governo brasileiro para com essa luta tão fundamental e cara ao país, que ainda hoje é alvo de confrontos e violência. No entanto, não pude deixar de me desmanchar com a beleza do comunitarismo do acampamento, principalmente no que tange a participação das crianças na luta enquanto sujeitos. As cenas e depoimentos dos ocupantes são vibrantes; me fizeram sentir uma instiga e vitalidade politico-existencial que há meses não sentia. Fico grata por isso e recomendo muitíssimo!
Iracema - Uma Transa Amazônica
3.9 73Um filme sem dúvidas emblemático. A mescla entre realidade e ficção, além de trazer uma crueza para o enredo, também dialoga com a ideia de ficção e realidade inerente ao próprio projeto de construção da rodovia. Isto é, se por um lado foi elaborado um discurso pautado na ideia de desenvolvimento e progresso do país, por outro, temos práticas de exploração que se expandem em diversos níveis, tornando pessoas e floresta em mercadorias baratas. A realidade capturada e produzida pelo filme desmente o aparente propósito do projeto, evidenciando toda a ficcionalidade e crueldade do seu discurso.
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 427 Assista Agoraachei interessante a narrativa dual que vai sendo construída através dos pares deus~diabo, silêncio~som da multidão, violência~redenção, evidenciando as contradições e conflitos subjetivos e socias inseridos naquele contexto. O longa possui ainda uma intensa carga trágica que vai se transfigurando em poesia a cada cena, fazendo dele um filme admirável.
Culpa
3.9 355 Assista Agoraa proposta do filme de oferecer ao telespectador somente a perspectiva de um personagem, além de trazer o suspense necessário para um bom filme desta categoria, nos permite também adentrar no ponto de vista desse personagem de modo que acompanhamos e sentimos com ele suas ansiedades e tensões. A cada ligação o enredo é acometido por uma nova configuração, onde as certezas do início já não são possíveis no final do filme, pois somos surpreendidos a cada cena por uma parte da história que ainda não tinha vindo à tona, fragmentos de perspectivas ainda não compartilhados. Diante disso, o filme vai se desenrolando através de guinadas no ponto de vista de Asger, não somente em relação à situação que se apresenta aos seus ouvidos, mas também sobre sua própria vida. "Basta um instante para que tudo seja percebido de outro modo", já dizia o filósofo Lapoujade.
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