Uma série que agrada os emocionados, mas que desagrada quem não gosta de promessas não cumpridas. O maior pecado fica no roteiro e no ritmo irregulares. A série desperdiça em vários momentos os bons desempenhos dos atores (o bom elenco é um dos pontos positivos) e decepciona ao deixar sempre a sensação de que a promessa é muito mais do que a entrega. Com uma boa premissa, acaba deixando de lado linhas narrativas mais interessantes pra focar em personagens chatos ou em detalhes que não acrescentam tanto à trama principal. A série se torna verborrágica e lenta a título de "construção de personagens" sendo que é muito possível fazer a mesma construção sem perder tanto tempo e sem precisar tanto bla bla bla. No fim, fica mesmo só aquele bolo sabor desgosto com cobertura de "poderia ter sido tão melhor".
Uma boa série. Consegue contar a história do "Silvio Santos da França" com um ritmo de história de ficção. Diferente de outras produções biográficas que acabam se aproximando de um tom mais documental, nesse caso a figura controversa e presonalidade polêmica do retratado acabam contribuindo para aumentar o valor de entretenimento da produção. As trapalhadas no início de carreira, a personalidade "maior que a vida", a obsessão pelo sucesso empresarial e midiático, o relacionamento amoroso com Dominique e a sedução do poder político, tudo muito bem pintado num quadro tecnicamente bem produzido. Uma boa descoberta foi o charme magnético da belíssima atriz Joséphine Japy.
A premissa da série seria até interessante, mas o desenvolvimento é ruim, os personagens são impossíveis de se gostar, e as piadas são forçadas demais, deixando a maioria dos personagens parecendo crianças imbecis e não adultos, mesmo em uma série de comédia.
Como se isso não bastasse, o tom exageradamente panfletário fica óbvio no subtexto, algo que não combina em nada com o tom de comédia escolhido pra série. Por fim, a "detetive que veio de fora" é talvez o personagem mais espantosamente chato que vi em muito tempo.
Embora Kaley Cuoco tenha o carisma pra ser nos dias de hoje o que a Goldie Hawn foi nos anos 70/80, não será com materiais como essa série (nem mesmo com TBBT) que ela vai conseguir. Esse é o tipo de veículo que só agrada ao fã apaixonado (e naturalmente irracional), que irá gostar de qualquer porcaria produzida, desde que tenha seu ídolo presente.
Apesar da série começar cheia de boas intenções aparentes, infelizmente basta um olhar milímetros além da superfície dessa tentativa de mistura de comédia com drama criminal inspirado em filmes dos anos 60 pra ver que a história não decola. Os personagens, material fundamental pra esse tipo de história dar certo, não conseguem sustentar o peso da trama. A maioria não capta a simpatia e a torcida do espectador. São pessoas desagradáveis, impossíveis de se gostar. Mesmo a protagonista, a despeito do carisma da atriz, revela-se uma pessoa absolutamente egoísta, auto-obsessiva, incapaz de evoluir e com uma história de fundo que tenta "explicar" porque ela é como é feita de maneira absurdamente preguiçosa e tendenciosa.
A maneira como a série retrata os trabalhadores na aviação civil também é um tanto ridícula, como se a vida dessas pessoas se resumisse a encher a cara de álcool e drogas, pular de festinha em festinha (nas boates mais badaladas das maiores metrópoles do mundo) todas as noites e ainda sobrar dinheiro pra andarem vestidos em roupas de griffe, isso tudo ganhando salário de comissários de bordo. Parece que alguém no departamento de roteiro da série assistiu Sex and The City demais e confundiu com a realidade. Por essas e mais algumas, essa série não saiu do chão pra mim.
A adaptação da HQ para a série animada funcionou muito bem, várias situações foram traduzidas de maneira bastante competente da mídia estática para a dinâmica. Apenas duas coisas foram decepcionantes, baixando o potencial do desenho de ser algo realmente grande e revolucionário (como a série foi no ambiente dos quadrinhos).
A primeira é o desnecessário "blackwashing" da personagem da Amber, já que existem vários personagens negros no quadrinho original que poderiam ser melhor utilizados. Esse tipo de atitude demonstra o quão descerebrada é a tendência atual da mídia, que adota um conceito de "representatividade" baseado em quantidade forçada e revanchismo racial em detrimento da qualidade dos personagens. Creio ser isso um desserviço, pois há personagens negros nos quadrinhos em que a animação se baseia que poderiam representar melhor na série do que simplesmente "trocar" a cor de uma personagem (e ainda torná-la mais feminazi e consequentemente muito mais chata do que a versão da Amber nas HQs do personagem).
A segunda decepção é com a qualidade baixa da animação em si. Enquanto o roteiro é esperto, fiel à trama, e capaz de encadear de maneira mais paralela vários acontecimentos que demoraram bastante a se desenrolar nos quadrinhos, a animação é bem abaixo da qualidade que o material original nos quadrinhos exibia. Mesmo tendo Corey Walker, o co-criador do personagem como character designer da série, a equipe responsável por transpor os designs para a animação entrega um traço apressado, sem personalidade, muito pouco condizente com o grau de qualidade e dinamismo do roteiro. Infelizmente é algo que se tivesse um trabalho mais dramático, detalhado e menos "chapado", traria um grande auxílio ao peso e dramaticidade que o roteiro tem em si.
Às vezes a gente se pega gostando de uma obra de audiovisual por motivos misteriosos, que driblam habilmente uma explicação fácil. Você pensa bem e vê que a série não mostra absolutamente nada de novo, nada que já não tenha sido tratado tantas e tantas vezes pelo cinema e pela TV... e ainda assim se pega encantado pelo resultado daquele trabalho.
Talvez seja por uma sensibilidade única na forma de tratar o roteiro e a história; talvez seja pelo charme meio familiar meio alienígena do idioma catalão; talvez seja a delicadeza da direção que consegue dar um tom de nostalgia até do que não se viveu, ajudado por uma hábil ambientação e uma caprichada fotografia; talvez seja o trabalho sensível do elenco, que compartilha um carisma que compensa até alguns momentos mais irregulares; talvez seja minha descoberta da Amanda Ros; talvez seja por tratar de temas tão universais como culpa, família, amores, arrependimentos, segundas chances, que fica muito difícil não se conectar emocionalmente em algum (vários) momento(s).
No fim, você pensa que não há nada de muito novo sob o sol em termos dessa nossa experiência de viver aos trancos e barrancos nesse planetinha mesmo... E o que faz a série ser tão gostável é justamente o fato dela ser tão familiar aos nossos próprios amores e sofrimentos, aos trancos e barrancos de cada um de nós, que fica difícil não se conectar. Um pequeno grande achado, parabéns aos envolvidos.
A primeira temporada de uma série que tem tudo para ser lembrada, principalmente se a produção seguir fiel à autenticidade e à 'cachorrolouquice' de seu roteiro. O tom de sarcasmo, ironia e autocrítica elevado ao extremo consegue fazer com que mesmo a hollywood lacradora seja uma das "vitimas" das críticas. E muitas vezes de maneira tão sutil que a própria lacrolândia sequer pesque a piada. Só por isso, já merece um destaque. Não fosse a obrigatoriedade cada vez mais atual de pagar pedágio para certas tendências ideológicas e unilaterais, o que faz com que o roteiro perca certo tempo tendo que equilibrar panfleto e crítica, seria uma obra-prima definitiva da TV. Só que mesmo com esses poréns, The Boys já está um degrau acima de muitas séries.
Uma salada péssima. Não é boa a ideia de misturar o material original de um autor tão cultuado (e específico) com um pano de fundo que nunca fez parte da obra de Lovecraft instrumentalizada de maneira panfletária. Demonstra ao mesmo tempo uma necessidade mórbida de destruir obras consagradas, e uma dificuldade monstruosa, incompetência mesmo, para construir narrativas, heróis e heroínas originais e carismáticos, mesmo que seja para defender as propostas ideológicas em que acreditam.
Depois de obras como Green Book, que tratou com delicadeza, competência (e de forma original) de assuntos semelhantes aos que esta série tenta tratar de maneira tão mão-pesada e folhetinesca, não há desculpas.
Um engodo, de certa forma. Sabendo que se trata de uma série de antologia, a cada temporada é razoável esperar que seja apresentada uma experiência diferente da temporada anterior. Só que em se tratando do gênero do terror, algumas "leis não escritas" parecem fazer com que seja um pouco mais difícil extrapolar certos padrões e ainda assim o resultado ficar realmente bom. Na primeira temporada esse respeito às tradições do terror foi bastante presente, o que resultou em uma experiência de terror muito bem-sucedida.
Já nessa Mansão Bly, à medida que os episódios vão passando, parece que a sensação de desencanto com a série vai aumentando junto também. A impressão é de que te enganaram, que te deram a impressão de que te contariam uma história, e a cada episódio você vai vendo que a história é totalmente outra.
E vale pontuar aqui que não vejo problema em produções que tentam subverter certas convenções do gênero ao qual pertencem. Existem várias que fazem isso com graça e maestria.
O problema é quando a história que eles realmente querem contar é PIOR do que a história que eles pareciam querer te contar antes. É algo muito parecido com te contarem uma mentira, ou uma propaganda enganosa. Nesse sentido, essa temporada foi bem inferior à primeira. Uma pena, porque o destaque dessa temporada, a excelente atriz mirim Amelie Bea Smith, com sua performance perfeitamente esplêndida ;) merecia um cenário melhor pra brilhar.
Conseguiu realizar com habilidade algumas tarefas difíceis.
A primeira é contar uma história de terror consistente e poderosa sem que seu impacto enfraquecesse muito na divisão em vários capítulos. Também conseguiu uma excelente de direção de elenco, onde a sinergia dos atores acabou gerando um resultado maior que a fama ou talento individual de cada um. Desde os mais famosos até os menos famosos, todo mundo trabalhou bem no geral, criando um suporte fantástico de credibilidade na hora de contar a história. E por fim, o roteiro conseguiu trabalhar bem com vários clichês do gênero, dando ao mesmo tempo um ar de frescor a uma história de terror sem mudar demais os padrões a ponto de ficar parecendo algo muito destoante desse estilo de obra.
Não é uma série perfeita, tem um escorregão aqui ou ali, mas os pontos positivos ultrapassam e muito. Uma ótima primeira temporada.
Uma série e tanto, do tipo faz pouco barulho, não se propagandeia muito, promete pouco mas entrega muito. Acima da média do que se tem feito ultimamente. Bota no chinelo a absoluta maioria das séries paparicadas pela lacrolândia juvenil.
E que vai crescendo á medida que a história avança. Excelentes atuações. Kevin Costner ultra-hiper-à vontade na pele do patriarca do rancho, enquanto os intérpretes de seus filhos fazem um excelente trabalho, criando um núcleo familiar complexo, tridimensional e com dramas pessoais de fazer inveja a muito novelão por aí. Parte técnica, direção, fotografia, tudo de primeira linha. A fotografia especialmente, ajuda e muito a reforçar aquela linguagem "western" onde os planos, o enquadramento das paisagens, e o uso do ambiente e do cenário como um personagem à parte acaba sendo algo imprescindível para compor uma melhor experiência.
E, justiça seja feita... Rip é disparado o melhor papel da carreira do Cole Hauser. O cara sempre foi c-list total mas nessa série ele pegou um puta personagem e combinou com uma puta interpretação. Consegue bater uma bola de altíssimo nível com a Kelly Reilly, que é especialista em fazer papéis de "mulher fodona". Se fosse um ator ruim essa parceria seria uma catástrofe, mas Rip e Beth são um dos pares mais interessantes de personagens da série.
Série slow burner, com um trabalho artístico e estilístico primoroso por trás. Pra quem já conhecia (e apreciava) o trabalho do Alex Garland, não é uma grande novidade no sentido estético. Mas a proposta da série é audaciosa, e fornece um excelente nível de food for thought. A pegada filosófica é a grande jogada. Com um tom intimista, quase meditativo, Devs consegue alcançar um grau de reflexão e de explodição de cabeça que produções hypadas (muitas vezes exageradamente) como Westworld (pra citar uma) muitas vezes tentaram e nem sempre conseguiram.
Não é uma série para todos, mas definitivamente é um negócio muito especial. Quem tiver olhos pra ver, vai saber do que estou falando.
Dentre muitas, destaco aqui de memória a cena da conversa do Kenton com o Jamie no E05. É de um primor de texto e direção, de construção de atmosfera, de tensão, coisa de primeira categoria.
Ficou marcada como a temporada em que a vida sentimental das "véia" (Isobel e Violet) foi mais movimentada (e até mais interessante) que a das "novinhas" (Mary e seu insuportável mini-harém de pretendentes chatíssimos e Edith com seu drama maternal 100% baseado em péssimas escolhas).
• Violet segue insuperável no papel de ser humano mais sagaz do Reino Unido; • Alguém fez uma macumba bravíssima pra Anna e pro Bates, só pode ser (acho que pode ter sido a O'Brien que foi pra Índia e deve ter dado uma passada no templo de Kali-ma); • Barrow vencedor do troféu "inteligência emocional zero", seguido de perto por Lady Edith Não-sei-o-que-fazer-com-essa-criança; • Que desgraça de criatura chata a tal da Miss Bunting. Inconveninente, sem-noção, mal- educada, arrogante, escrota, insuportável e 100% merecedora de todos os pés na bunda que o universo tiver pra oferecer; • Branson vencedor do prêmio "Maior Evolução como Ser Humano". De um começo como choferzinho soças, inconsequente, atrevido e metido a revolucionário a homem de família responsável, moderado, consciente, pai amoroso e "irmão e filho emprestado" pronto pra ajudar em todas as horas a família que o acolheu. Herói.
Uma série que gera um certo conflito de sentimentos. Se por um lado tem momentos de pura beleza visual, requinte artístico, cenas muito bem dirigidas, e uma atmosfera que consegue tirar o espectador da inércia, por outro lado abusa do direito de provocar sem entregar algo que corresponda à provocação.
Essa temporada acabou estabelecendo uma daquelas famosas situações arriscadas em séries: ao invés de ser boa por si só (mesmo tendo coisas positivas a seu favor) a primeira temporada joga muito a responsa para uma possível segunda temporada de conseguir amarrar bem as ideias apresentadas na primeira. Se conseguir, melhora a nota. Se não conseguir, derruba as duas ao mesmo tempo. E se não tiver segunda temporada, foi praticamente tudo em vão.
Não só manteve o nível das temporadas anteriores como fez o povo sofrer o triplo com os desdobramentos do novelão.
Os acontecimentos mais marcantes da temporada foram tão duros, que conseguiram ser ainda mais impressionantes que a guerra passada na temporada anterior. O roteiro dessa vez foi capaz de esmigalhar o coração dos fãs mais apaixonados. Com requintes de crueldade, justamente nos momentos onde a felicidade parecia mais próxima. O mais impressionante é que mesmo quando desceu nas maiores profundezas do drama, a série ainda continuou sendo escorada por um roteiro muito bem dosado. Conseguiram fazer com que mesmo os aspectos mais novelescos e melodramáticos do roteiro acabassem não caindo num exagero de piegas, sempre contrapondo os momentos mais sentimentais com uma elegância, uma agilidade e leveza ímpares.
No mais, Lady Violet segue na liderança absoluta e incontestável no posto de meu personagem favorito. Ô véia sagaz.
Embora seja um produto com uma embalagem conceitual bem atrativa, com aquele cheiro de novidade, à medida que se avança na trama o interesse inicial vai se perdendo. As histórias começam a ser contadas e um certo convencionalismo aparece, fazendo com que a forma inicial que parecia tão genial mostre um pouco de cansaço.
Agrada bastante a um tipo específico de público, com um tipo específico de mindset, mas em vários momentos, principalmente ali pelo miolo da série, fica claro que toda a "badassery" vendida pela idéia inicial não consegue se sustentar por si só. Do meio para o final, uma série de piadas ruins (sensivelmente piores que nos primeiros episódios) e uma sequência de momentos onde algo que se esperava muito não acontece, ou acontece de maneira decepcionante, geram um anticlímax que fazem com que uma série bastante promissora fique pelo meio do caminho.
Manteve o nível da primeira. Apesar de ter chutado mais o balde no esquema "novelão", com situações dignas de novela mexicana (enfermidades trágicas que se curam de um episódio para o outro, mortes inesperadas e trágicas e gente desenganada pelos médicos se curando de repente), ainda assim não cai a nota. A trama é construída para funcionar (e suportar) uma carga de dramalhão que faria outras séries e outros roteiros parecerem ridículos. Ponto a favor da série, que embora tenha alguns elementos que não funcionariam bem se fosse feita de outra forma, aqui funciona perfeitamente.
Pontos a destacar: - Lord Crawley safadão nessa S02; - Ethel prêmio de maior analfabeta emocional e otária que se acha malandra; - Dr. Clarkson (e todo mundo também) estressadaço com a mãe do Matthew; - Sor Jorah Mormont não se dá bem no amor mesmo; - Thomas e Sarah detestáveis, dá vontade de matar; - Bates com a vida mais enrolada que carretel de linha, impressionante não se sabe como a Anna aguenta; - Matthew passava mais tempo de roupa civil do que de uniforme, estando alistado na guerra. Lord Crawley passava mais tempo de uniforme do que de roupa civil mesmo não estando alistado na guerra;
Depois de uma primeira temporada promissora, capaz de empolgar justamente por romper com o clima de "Malhação/Novelinha adolescente", das outras séries da DC, a expectativa era de que a tendência se mantivesse na segunda.
Era esperado que o roteiro se mantivesse focado na construção dos personagens e na incorporação do seu legado nos quadrinhos em um universo live action, mas nessa segunda temporada todas as esperanças são frustradas.
Embora tentem seguir trazendo uma trama inspirada com certo grau de fidelidade nos elementos das HQs, as toneladas de sacarose, discussão de relação e foco no aspecto folhetinesco que amaldiçoa as séries da DC acabou condenando essa segunda temporada. Um nojo. Comparada com a primeira, essa segunda temporada é capaz de dar crise em diabético.
Uma primeira temporada promissora. Conseguiu fugir de um padrão muito repetido, principalmente nas séries da DC, de deixar o lado ficção de super-herói de lado e focar demais no lado "novela da Globo-discussão de relação interminável". Ok, que seria esperar demais que as questões emocionais fossem zeradas, mas os roteiristas conseguiram com habilidade jogar o foco na história, e trazer com muita honestidade para o live action a estrutura e as referências dos quadrinhos de forma muito correta e bem adaptada. De uma forma que muitas vezes, nem os roteiristas de cinema conseguem fazer com tamanha eficiência.
Uma boa notícia. Se a próxima temporada conseguir manter essa levada, teremos aí uma série capaz de fazer os Arrows, Flashes e Birds of Prey da vida caírem no esquecimento.
A série é bem feita e se escora numa premissa poderosa. Mas em certos momentos, parece que o roteiro se acovarda diante de tomar uma posição mais definitiva, sempre dando um passo atrás antes de colocar um momento decisivo às claras ou não. Ainda assim, é o tipo de situação que pode evoluir (ou descer pelo ralo) em uma próxima (ou próximas) temporada(s).
O maior desconforto que fica ao assistir a série é o fato de
na maior parte do tempo, tudo que Al Masih, o suposto messias faz é responder perguntas com outras perguntas, o que acaba se tornando um recurso cansativo, uma muleta do roteiro que tira bastante do que poderia ser o "encanto" do personagem.
Um novelão adorável. Produção impecável, assim como a reconstituição de época, um recorte cuidadoso do período histórico em que a série se desenrola. Personagens muito bem desenvolvidos, e uma sábia construção de caráteres que foge ao maniqueísmo imbecil e rastaqüera do "burguês malvado/proletário bonzinho". Os atores, na grande maioria dando show de desempenho, contribuindo para criar personagens inesquecíveis. Um primor de série.
A temporada de estreia da série representou um sopro de qualidade e respeito ao material original. E olha que qualidade e respeito, nem sempre são tão fáceis de encontrar na franquia Star Wars, como seria de se esperar. Sendo talvez o produto mais lucrativo e universal da cultura pop atual, algo que há muito, comprovadamente 'se vende sozinho", às vezes as equipes criativas por trás da série acabam não conseguindo impor em suas obras (ou a aspectos delas) uma qualidade que fique à altura do legado que todo esse universo representa. Filmes recentes foram vítimas disso.
O publico esperava que com o choque de realidade entre os episódios 7, 8 e 9, essa fase atribulada e com interpretações equivocadas do legado da franquia terminasse, e o público poudesse finalmente ter o que desejava desde o princípio - boas histórias no universo de Star Wars, nada além disso.
Daí chegaram até o público os capítulos dessa série, que capturam a atenção e fazem o espectador desejar mais. Que fazem com que você se relacione com os personagens na tela ao ver suas fraquezas juntamente com suas forças. O Mandaloriano enfrentou mais desafios e adversidades em dois ou três episódios dessa temporada que a Rey em três filmes de duas ou três horas. Como é possível um personagem carregar tanto conteúdo e representar tanta complexidade e diversidade de questões, mesmo falando apenas algumas linhas de texto? Como se consegue traduzir clássicos do western para um universo de ficção científica de maneira convincente, interessante e ainda assim fazer algo que já foi feito antes parecer algo bastante novo?
A resposta é com uma produção brilhante, episódios com direções brilhantes, roteiro brilhante e execução brilhante, no geral. Do tipo que deixa qualquer um ansioso para saber o que vem pela frente. Ao showrunner Jon Favreau, a gratidão e o respeito que são merecidos.
A despeito da louvável e esforçada performance de Claes Bang no papel do pai de todos os chupadores de sangue, a série (em três capítulos, que espero serem os últimos, que fique só nesses aí mesmo e tá muito bom) é uma espiral descendente para o fracasso.
O primeiro episódio, apesar de tomar algumas liberdades estranhas (não que tomar liberdade seja algo ruim, mas tem que ser feito direito) com a história original, consegue através de sua direção de arte competente, de seu clima muito bem construído e de um humor inglês deliciosamente sarcástico, divertir e criar interesse em continuar assistindo a série, mesmo sendo naquele esquema de série inglesa com poucos e loooongos capítulos por temporada.
O segundo episódio é muito meio-a-meio. Enquanto a ambientação, a direção de arte, o trabalho dos atores e os momentos de humor continuam sendo o ponto alto, a trama começa a degringolar, criando situações um tanto ridículas e/ou desnecessárias que não ajudam o roteiro, pelo contrário. Nesse episódio, começa-se a sentir aquela sensação de "esse episódio está longo demais".
O terceiro episódio é uma tristeza. Começa com alguns momentos de bom humor, com sacadas inteligentes mas à medida que avança e novos personagens são introduzidos, fica claro porque um Drácula "nos dias de hoje" não faria sentido. O cara iria olhar em volta e veria tanta gente IDIOTA (como os personagens Lucy e o garoto beta imbecil que é apaixonado por ela) que iria querer voltar correndo para o século XIX, pelo menos. Drácula não iria aguentar conviver com essa gente besta retratada ali de jeito nenhum.
Nessa temporada, tudo se intensifica, mas ao mesmo tempo alguns caminhos narrativos abertos pela primeira temporada acabam por conduzir a certos becos sem saída nessa S02.
A protagonista Lauréne se consolida como um ser humano insuportável. Emocionalmente burra, problemática, teimosa, imatura e que não é capaz de ajudar a si mesma e com isso acaba se tornando alguém incompetente para ajudar os outros. Levando-se em conta que alguém assim é a fucking chefe de polícia da cidade e que precisa zelar pela segurança de toda uma comunidade, a antipatia pela personagem só faz se intensificar.
A sorte da série são a qualidade técnica do elenco, que nos brinda com personagens excelentes como o Nounours de Hubert Delattre e o impagável Siriani de Laurent Capelluto. E mesmo Suliane Ibrahim que é uma baita atriz, por mais que sua personagem seja uma pessoa quase impossível de se torcer a favo.
No quesito de produção, direção, visuais, a série mantém o excelente nível da temporada anterior, não deixando a desejar nesses quesitos mesmo em comparação a badaladas séries norte-americanas.
Missa da Meia-Noite
3.9 730Uma série que agrada os emocionados, mas que desagrada quem não gosta de promessas não cumpridas. O maior pecado fica no roteiro e no ritmo irregulares. A série desperdiça em vários momentos os bons desempenhos dos atores (o bom elenco é um dos pontos positivos) e decepciona ao deixar sempre a sensação de que a promessa é muito mais do que a entrega. Com uma boa premissa, acaba deixando de lado linhas narrativas mais interessantes pra focar em personagens chatos ou em detalhes que não acrescentam tanto à trama principal. A série se torna verborrágica e lenta a título de "construção de personagens" sendo que é muito possível fazer a mesma construção sem perder tanto tempo e sem precisar tanto bla bla bla. No fim, fica mesmo só aquele bolo sabor desgosto com cobertura de "poderia ter sido tão melhor".
As Mil Vidas de Bernard Tapie
3.7 3 Assista AgoraUma boa série. Consegue contar a história do "Silvio Santos da França" com um ritmo de história de ficção. Diferente de outras produções biográficas que acabam se aproximando de um tom mais documental, nesse caso a figura controversa e presonalidade polêmica do retratado acabam contribuindo para aumentar o valor de entretenimento da produção. As trapalhadas no início de carreira, a personalidade "maior que a vida", a obsessão pelo sucesso empresarial e midiático, o relacionamento amoroso com Dominique e a sedução do poder político, tudo muito bem pintado num quadro tecnicamente bem produzido. Uma boa descoberta foi o charme magnético da belíssima atriz Joséphine Japy.
Deadloch (1ª Temporada)
3.1 12 Assista AgoraA premissa da série seria até interessante, mas o desenvolvimento é ruim, os personagens são impossíveis de se gostar, e as piadas são forçadas demais, deixando a maioria dos personagens parecendo crianças imbecis e não adultos, mesmo em uma série de comédia.
Como se isso não bastasse, o tom exageradamente panfletário fica óbvio no subtexto, algo que não combina em nada com o tom de comédia escolhido pra série. Por fim, a "detetive que veio de fora" é talvez o personagem mais espantosamente chato que vi em muito tempo.
A Comissária de Bordo (1ª Temporada)
3.5 97 Assista AgoraEmbora Kaley Cuoco tenha o carisma pra ser nos dias de hoje o que a Goldie Hawn foi nos anos 70/80, não será com materiais como essa série (nem mesmo com TBBT) que ela vai conseguir. Esse é o tipo de veículo que só agrada ao fã apaixonado (e naturalmente irracional), que irá gostar de qualquer porcaria produzida, desde que tenha seu ídolo presente.
Apesar da série começar cheia de boas intenções aparentes, infelizmente basta um olhar milímetros além da superfície dessa tentativa de mistura de comédia com drama criminal inspirado em filmes dos anos 60 pra ver que a história não decola. Os personagens, material fundamental pra esse tipo de história dar certo, não conseguem sustentar o peso da trama. A maioria não capta a simpatia e a torcida do espectador. São pessoas desagradáveis, impossíveis de se gostar. Mesmo a protagonista, a despeito do carisma da atriz, revela-se uma pessoa absolutamente egoísta, auto-obsessiva, incapaz de evoluir e com uma história de fundo que tenta "explicar" porque ela é como é feita de maneira absurdamente preguiçosa e tendenciosa.
A maneira como a série retrata os trabalhadores na aviação civil também é um tanto ridícula, como se a vida dessas pessoas se resumisse a encher a cara de álcool e drogas, pular de festinha em festinha (nas boates mais badaladas das maiores metrópoles do mundo) todas as noites e ainda sobrar dinheiro pra andarem vestidos em roupas de griffe, isso tudo ganhando salário de comissários de bordo. Parece que alguém no departamento de roteiro da série assistiu Sex and The City demais e confundiu com a realidade. Por essas e mais algumas, essa série não saiu do chão pra mim.
Invencível (1ª Temporada)
4.3 397 Assista AgoraA adaptação da HQ para a série animada funcionou muito bem, várias situações foram traduzidas de maneira bastante competente da mídia estática para a dinâmica. Apenas duas coisas foram decepcionantes, baixando o potencial do desenho de ser algo realmente grande e revolucionário (como a série foi no ambiente dos quadrinhos).
A primeira é o desnecessário "blackwashing" da personagem da Amber, já que existem vários personagens negros no quadrinho original que poderiam ser melhor utilizados. Esse tipo de atitude demonstra o quão descerebrada é a tendência atual da mídia, que adota um conceito de "representatividade" baseado em quantidade forçada e revanchismo racial em detrimento da qualidade dos personagens. Creio ser isso um desserviço, pois há personagens negros nos quadrinhos em que a animação se baseia que poderiam representar melhor na série do que simplesmente "trocar" a cor de uma personagem (e ainda torná-la mais feminazi e consequentemente muito mais chata do que a versão da Amber nas HQs do personagem).
A segunda decepção é com a qualidade baixa da animação em si. Enquanto o roteiro é esperto, fiel à trama, e capaz de encadear de maneira mais paralela vários acontecimentos que demoraram bastante a se desenrolar nos quadrinhos, a animação é bem abaixo da qualidade que o material original nos quadrinhos exibia. Mesmo tendo Corey Walker, o co-criador do personagem como character designer da série, a equipe responsável por transpor os designs para a animação entrega um traço apressado, sem personalidade, muito pouco condizente com o grau de qualidade e dinamismo do roteiro. Infelizmente é algo que se tivesse um trabalho mais dramático, detalhado e menos "chapado", traria um grande auxílio ao peso e dramaticidade que o roteiro tem em si.
Se Eu Não Tivesse te Conhecido
3.8 82 Assista AgoraÀs vezes a gente se pega gostando de uma obra de audiovisual por motivos misteriosos, que driblam habilmente uma explicação fácil. Você pensa bem e vê que a série não mostra absolutamente nada de novo, nada que já não tenha sido tratado tantas e tantas vezes pelo cinema e pela TV... e ainda assim se pega encantado pelo resultado daquele trabalho.
Talvez seja por uma sensibilidade única na forma de tratar o roteiro e a história; talvez seja pelo charme meio familiar meio alienígena do idioma catalão; talvez seja a delicadeza da direção que consegue dar um tom de nostalgia até do que não se viveu, ajudado por uma hábil ambientação e uma caprichada fotografia; talvez seja o trabalho sensível do elenco, que compartilha um carisma que compensa até alguns momentos mais irregulares; talvez seja minha descoberta da Amanda Ros; talvez seja por tratar de temas tão universais como culpa, família, amores, arrependimentos, segundas chances, que fica muito difícil não se conectar emocionalmente em algum (vários) momento(s).
No fim, você pensa que não há nada de muito novo sob o sol em termos dessa nossa experiência de viver aos trancos e barrancos nesse planetinha mesmo... E o que faz a série ser tão gostável é justamente o fato dela ser tão familiar aos nossos próprios amores e sofrimentos, aos trancos e barrancos de cada um de nós, que fica difícil não se conectar. Um pequeno grande achado, parabéns aos envolvidos.
The Boys (1ª Temporada)
4.3 820 Assista AgoraA primeira temporada de uma série que tem tudo para ser lembrada, principalmente se a produção seguir fiel à autenticidade e à 'cachorrolouquice' de seu roteiro. O tom de sarcasmo, ironia e autocrítica elevado ao extremo consegue fazer com que mesmo a hollywood lacradora seja uma das "vitimas" das críticas. E muitas vezes de maneira tão sutil que a própria lacrolândia sequer pesque a piada. Só por isso, já merece um destaque. Não fosse a obrigatoriedade cada vez mais atual de pagar pedágio para certas tendências ideológicas e unilaterais, o que faz com que o roteiro perca certo tempo tendo que equilibrar panfleto e crítica, seria uma obra-prima definitiva da TV. Só que mesmo com esses poréns, The Boys já está um degrau acima de muitas séries.
Lovecraft Country (1ª Temporada)
4.1 403Uma salada péssima. Não é boa a ideia de misturar o material original de um autor tão cultuado (e específico) com um pano de fundo que nunca fez parte da obra de Lovecraft instrumentalizada de maneira panfletária. Demonstra ao mesmo tempo uma necessidade mórbida de destruir obras consagradas, e uma dificuldade monstruosa, incompetência mesmo, para construir narrativas, heróis e heroínas originais e carismáticos, mesmo que seja para defender as propostas ideológicas em que acreditam.
Depois de obras como Green Book, que tratou com delicadeza, competência (e de forma original) de assuntos semelhantes aos que esta série tenta tratar de maneira tão mão-pesada e folhetinesca, não há desculpas.
A Maldição da Mansão Bly
3.9 922 Assista AgoraUm engodo, de certa forma. Sabendo que se trata de uma série de antologia, a cada temporada é razoável esperar que seja apresentada uma experiência diferente da temporada anterior. Só que em se tratando do gênero do terror, algumas "leis não escritas" parecem fazer com que seja um pouco mais difícil extrapolar certos padrões e ainda assim o resultado ficar realmente bom. Na primeira temporada esse respeito às tradições do terror foi bastante presente, o que resultou em uma experiência de terror muito bem-sucedida.
Já nessa Mansão Bly, à medida que os episódios vão passando, parece que a sensação de desencanto com a série vai aumentando junto também. A impressão é de que te enganaram, que te deram a impressão de que te contariam uma história, e a cada episódio você vai vendo que a história é totalmente outra.
E vale pontuar aqui que não vejo problema em produções que tentam subverter certas convenções do gênero ao qual pertencem. Existem várias que fazem isso com graça e maestria.
O problema é quando a história que eles realmente querem contar é PIOR do que a história que eles pareciam querer te contar antes. É algo muito parecido com te contarem uma mentira, ou uma propaganda enganosa. Nesse sentido, essa temporada foi bem inferior à primeira. Uma pena, porque o destaque dessa temporada, a excelente atriz mirim Amelie Bea Smith, com sua performance perfeitamente esplêndida ;) merecia um cenário melhor pra brilhar.
A Maldição da Residência Hill
4.4 1,4K Assista AgoraConseguiu realizar com habilidade algumas tarefas difíceis.
A primeira é contar uma história de terror consistente e poderosa sem que seu impacto enfraquecesse muito na divisão em vários capítulos. Também conseguiu uma excelente de direção de elenco, onde a sinergia dos atores acabou gerando um resultado maior que a fama ou talento individual de cada um. Desde os mais famosos até os menos famosos, todo mundo trabalhou bem no geral, criando um suporte fantástico de credibilidade na hora de contar a história. E por fim, o roteiro conseguiu trabalhar bem com vários clichês do gênero, dando ao mesmo tempo um ar de frescor a uma história de terror sem mudar demais os padrões a ponto de ficar parecendo algo muito destoante desse estilo de obra.
Não é uma série perfeita, tem um escorregão aqui ou ali, mas os pontos positivos ultrapassam e muito. Uma ótima primeira temporada.
Yellowstone (1ª Temporada)
4.1 74 Assista AgoraUma série e tanto, do tipo faz pouco barulho, não se propagandeia muito, promete pouco mas entrega muito. Acima da média do que se tem feito ultimamente. Bota no chinelo a absoluta maioria das séries paparicadas pela lacrolândia juvenil.
E que vai crescendo á medida que a história avança. Excelentes atuações. Kevin Costner ultra-hiper-à vontade na pele do patriarca do rancho, enquanto os intérpretes de seus filhos fazem um excelente trabalho, criando um núcleo familiar complexo, tridimensional e com dramas pessoais de fazer inveja a muito novelão por aí. Parte técnica, direção, fotografia, tudo de primeira linha. A fotografia especialmente, ajuda e muito a reforçar aquela linguagem "western" onde os planos, o enquadramento das paisagens, e o uso do ambiente e do cenário como um personagem à parte acaba sendo algo imprescindível para compor uma melhor experiência.
E, justiça seja feita... Rip é disparado o melhor papel da carreira do Cole Hauser. O cara sempre foi c-list total mas nessa série ele pegou um puta personagem e combinou com uma puta interpretação. Consegue bater uma bola de altíssimo nível com a Kelly Reilly, que é especialista em fazer papéis de "mulher fodona". Se fosse um ator ruim essa parceria seria uma catástrofe, mas Rip e Beth são um dos pares mais interessantes de personagens da série.
Devs
4.0 58 Assista AgoraSérie slow burner, com um trabalho artístico e estilístico primoroso por trás. Pra quem já conhecia (e apreciava) o trabalho do Alex Garland, não é uma grande novidade no sentido estético. Mas a proposta da série é audaciosa, e fornece um excelente nível de food for thought. A pegada filosófica é a grande jogada. Com um tom intimista, quase meditativo, Devs consegue alcançar um grau de reflexão e de explodição de cabeça que produções hypadas (muitas vezes exageradamente) como Westworld (pra citar uma) muitas vezes tentaram e nem sempre conseguiram.
Não é uma série para todos, mas definitivamente é um negócio muito especial. Quem tiver olhos pra ver, vai saber do que estou falando.
Dentre muitas, destaco aqui de memória a cena da conversa do Kenton com o Jamie no E05. É de um primor de texto e direção, de construção de atmosfera, de tensão, coisa de primeira categoria.
Downton Abbey (4ª Temporada)
4.4 161 Assista AgoraFicou marcada como a temporada em que a vida sentimental das "véia" (Isobel e Violet) foi mais movimentada (e até mais interessante) que a das "novinhas" (Mary e seu insuportável mini-harém de pretendentes chatíssimos e Edith com seu drama maternal 100% baseado em péssimas escolhas).
Observações soltas sobre a temporada:
• Violet segue insuperável no papel de ser humano mais sagaz do Reino Unido;
• Alguém fez uma macumba bravíssima pra Anna e pro Bates, só pode ser (acho que pode ter sido a O'Brien que foi pra Índia e deve ter dado uma passada no templo de Kali-ma);
• Barrow vencedor do troféu "inteligência emocional zero", seguido de perto por Lady Edith Não-sei-o-que-fazer-com-essa-criança;
• Que desgraça de criatura chata a tal da Miss Bunting. Inconveninente, sem-noção, mal- educada, arrogante, escrota, insuportável e 100% merecedora de todos os pés na bunda que o universo tiver pra oferecer;
• Branson vencedor do prêmio "Maior Evolução como Ser Humano". De um começo como choferzinho soças, inconsequente, atrevido e metido a revolucionário a homem de família responsável, moderado, consciente, pai amoroso e "irmão e filho emprestado" pronto pra ajudar em todas as horas a família que o acolheu. Herói.
Servant (1ª Temporada)
3.9 199 Assista AgoraUma série que gera um certo conflito de sentimentos. Se por um lado tem momentos de pura beleza visual, requinte artístico, cenas muito bem dirigidas, e uma atmosfera que consegue tirar o espectador da inércia, por outro lado abusa do direito de provocar sem entregar algo que corresponda à provocação.
Essa temporada acabou estabelecendo uma daquelas famosas situações arriscadas em séries: ao invés de ser boa por si só (mesmo tendo coisas positivas a seu favor) a primeira temporada joga muito a responsa para uma possível segunda temporada de conseguir amarrar bem as ideias apresentadas na primeira. Se conseguir, melhora a nota. Se não conseguir, derruba as duas ao mesmo tempo. E se não tiver segunda temporada, foi praticamente tudo em vão.
Downton Abbey (3ª Temporada)
4.5 313 Assista AgoraNão só manteve o nível das temporadas anteriores como fez o povo sofrer o triplo com os desdobramentos do novelão.
Os acontecimentos mais marcantes da temporada foram tão duros, que conseguiram ser ainda mais impressionantes que a guerra passada na temporada anterior. O roteiro dessa vez foi capaz de esmigalhar o coração dos fãs mais apaixonados. Com requintes de crueldade, justamente nos momentos onde a felicidade parecia mais próxima. O mais impressionante é que mesmo quando desceu nas maiores profundezas do drama, a série ainda continuou sendo escorada por um roteiro muito bem dosado. Conseguiram fazer com que mesmo os aspectos mais novelescos e melodramáticos do roteiro acabassem não caindo num exagero de piegas, sempre contrapondo os momentos mais sentimentais com uma elegância, uma agilidade e leveza ímpares.
No mais, Lady Violet segue na liderança absoluta e incontestável no posto de meu personagem favorito. Ô véia sagaz.
Wayne (1ª Temporada)
4.2 35 Assista AgoraEmbora seja um produto com uma embalagem conceitual bem atrativa, com aquele cheiro de novidade, à medida que se avança na trama o interesse inicial vai se perdendo. As histórias começam a ser contadas e um certo convencionalismo aparece, fazendo com que a forma inicial que parecia tão genial mostre um pouco de cansaço.
Agrada bastante a um tipo específico de público, com um tipo específico de mindset, mas em vários momentos, principalmente ali pelo miolo da série, fica claro que toda a "badassery" vendida pela idéia inicial não consegue se sustentar por si só. Do meio para o final, uma série de piadas ruins (sensivelmente piores que nos primeiros episódios) e uma sequência de momentos onde algo que se esperava muito não acontece, ou acontece de maneira decepcionante, geram um anticlímax que fazem com que uma série bastante promissora fique pelo meio do caminho.
Downton Abbey (2ª Temporada)
4.6 186 Assista AgoraManteve o nível da primeira. Apesar de ter chutado mais o balde no esquema "novelão", com situações dignas de novela mexicana (enfermidades trágicas que se curam de um episódio para o outro, mortes inesperadas e trágicas e gente desenganada pelos médicos se curando de repente), ainda assim não cai a nota. A trama é construída para funcionar (e suportar) uma carga de dramalhão que faria outras séries e outros roteiros parecerem ridículos. Ponto a favor da série, que embora tenha alguns elementos que não funcionariam bem se fosse feita de outra forma, aqui funciona perfeitamente.
Pontos a destacar:
- Lord Crawley safadão nessa S02;
- Ethel prêmio de maior analfabeta emocional e otária que se acha malandra;
- Dr. Clarkson (e todo mundo também) estressadaço com a mãe do Matthew;
- Sor Jorah Mormont não se dá bem no amor mesmo;
- Thomas e Sarah detestáveis, dá vontade de matar;
- Bates com a vida mais enrolada que carretel de linha, impressionante não se sabe como a Anna aguenta;
- Matthew passava mais tempo de roupa civil do que de uniforme, estando alistado na guerra. Lord Crawley passava mais tempo de uniforme do que de roupa civil mesmo não estando alistado na guerra;
Boa temporada, anyway. Vamos ver a próxima.
Titãs (2ª Temporada)
3.3 214 Assista AgoraUma decepção completa.
Depois de uma primeira temporada promissora, capaz de empolgar justamente por romper com o clima de "Malhação/Novelinha adolescente", das outras séries da DC, a expectativa era de que a tendência se mantivesse na segunda.
Era esperado que o roteiro se mantivesse focado na construção dos personagens e na incorporação do seu legado nos quadrinhos em um universo live action, mas nessa segunda temporada todas as esperanças são frustradas.
Embora tentem seguir trazendo uma trama inspirada com certo grau de fidelidade nos elementos das HQs, as toneladas de sacarose, discussão de relação e foco no aspecto folhetinesco que amaldiçoa as séries da DC acabou condenando essa segunda temporada. Um nojo. Comparada com a primeira, essa segunda temporada é capaz de dar crise em diabético.
Titãs (1ª Temporada)
3.8 442 Assista AgoraUma primeira temporada promissora. Conseguiu fugir de um padrão muito repetido, principalmente nas séries da DC, de deixar o lado ficção de super-herói de lado e focar demais no lado "novela da Globo-discussão de relação interminável". Ok, que seria esperar demais que as questões emocionais fossem zeradas, mas os roteiristas conseguiram com habilidade jogar o foco na história, e trazer com muita honestidade para o live action a estrutura e as referências dos quadrinhos de forma muito correta e bem adaptada. De uma forma que muitas vezes, nem os roteiristas de cinema conseguem fazer com tamanha eficiência.
Uma boa notícia. Se a próxima temporada conseguir manter essa levada, teremos aí uma série capaz de fazer os Arrows, Flashes e Birds of Prey da vida caírem no esquecimento.
Messiah (1ª Temporada)
3.8 165 Assista AgoraA série é bem feita e se escora numa premissa poderosa. Mas em certos momentos, parece que o roteiro se acovarda diante de tomar uma posição mais definitiva, sempre dando um passo atrás antes de colocar um momento decisivo às claras ou não. Ainda assim, é o tipo de situação que pode evoluir (ou descer pelo ralo) em uma próxima (ou próximas) temporada(s).
O maior desconforto que fica ao assistir a série é o fato de
na maior parte do tempo, tudo que Al Masih, o suposto messias faz é responder perguntas com outras perguntas, o que acaba se tornando um recurso cansativo, uma muleta do roteiro que tira bastante do que poderia ser o "encanto" do personagem.
Downton Abbey (1ª Temporada)
4.6 371 Assista AgoraUm novelão adorável. Produção impecável, assim como a reconstituição de época, um recorte cuidadoso do período histórico em que a série se desenrola. Personagens muito bem desenvolvidos, e uma sábia construção de caráteres que foge ao maniqueísmo imbecil e rastaqüera do "burguês malvado/proletário bonzinho". Os atores, na grande maioria dando show de desempenho, contribuindo para criar personagens inesquecíveis. Um primor de série.
O Mandaloriano: Star Wars (1ª Temporada)
4.4 532 Assista AgoraA temporada de estreia da série representou um sopro de qualidade e respeito ao material original. E olha que qualidade e respeito, nem sempre são tão fáceis de encontrar na franquia Star Wars, como seria de se esperar. Sendo talvez o produto mais lucrativo e universal da cultura pop atual, algo que há muito, comprovadamente 'se vende sozinho", às vezes as equipes criativas por trás da série acabam não conseguindo impor em suas obras (ou a aspectos delas) uma qualidade que fique à altura do legado que todo esse universo representa. Filmes recentes foram vítimas disso.
O publico esperava que com o choque de realidade entre os episódios 7, 8 e 9, essa fase atribulada e com interpretações equivocadas do legado da franquia terminasse, e o público poudesse finalmente ter o que desejava desde o princípio - boas histórias no universo de Star Wars, nada além disso.
Daí chegaram até o público os capítulos dessa série, que capturam a atenção e fazem o espectador desejar mais. Que fazem com que você se relacione com os personagens na tela ao ver suas fraquezas juntamente com suas forças. O Mandaloriano enfrentou mais desafios e adversidades em dois ou três episódios dessa temporada que a Rey em três filmes de duas ou três horas. Como é possível um personagem carregar tanto conteúdo e representar tanta complexidade e diversidade de questões, mesmo falando apenas algumas linhas de texto? Como se consegue traduzir clássicos do western para um universo de ficção científica de maneira convincente, interessante e ainda assim fazer algo que já foi feito antes parecer algo bastante novo?
A resposta é com uma produção brilhante, episódios com direções brilhantes, roteiro brilhante e execução brilhante, no geral. Do tipo que deixa qualquer um ansioso para saber o que vem pela frente. Ao showrunner Jon Favreau, a gratidão e o respeito que são merecidos.
Drácula (1ª Temporada)
3.1 417A despeito da louvável e esforçada performance de Claes Bang no papel do pai de todos os chupadores de sangue, a série (em três capítulos, que espero serem os últimos, que fique só nesses aí mesmo e tá muito bom) é uma espiral descendente para o fracasso.
O primeiro episódio, apesar de tomar algumas liberdades estranhas (não que tomar liberdade seja algo ruim, mas tem que ser feito direito) com a história original, consegue através de sua direção de arte competente, de seu clima muito bem construído e de um humor inglês deliciosamente sarcástico, divertir e criar interesse em continuar assistindo a série, mesmo sendo naquele esquema de série inglesa com poucos e loooongos capítulos por temporada.
O segundo episódio é muito meio-a-meio. Enquanto a ambientação, a direção de arte, o trabalho dos atores e os momentos de humor continuam sendo o ponto alto, a trama começa a degringolar, criando situações um tanto ridículas e/ou desnecessárias que não ajudam o roteiro, pelo contrário. Nesse episódio, começa-se a sentir aquela sensação de "esse episódio está longo demais".
O terceiro episódio é uma tristeza. Começa com alguns momentos de bom humor, com sacadas inteligentes mas à medida que avança e novos personagens são introduzidos, fica claro porque um Drácula "nos dias de hoje" não faria sentido. O cara iria olhar em volta e veria tanta gente IDIOTA (como os personagens Lucy e o garoto beta imbecil que é apaixonado por ela) que iria querer voltar correndo para o século XIX, pelo menos. Drácula não iria aguentar conviver com essa gente besta retratada ali de jeito nenhum.
Labirinto Verde (2ª Temporada)
3.8 34 Assista AgoraNessa temporada, tudo se intensifica, mas ao mesmo tempo alguns caminhos narrativos abertos pela primeira temporada acabam por conduzir a certos becos sem saída nessa S02.
A protagonista Lauréne se consolida como um ser humano insuportável. Emocionalmente burra, problemática, teimosa, imatura e que não é capaz de ajudar a si mesma e com isso acaba se tornando alguém incompetente para ajudar os outros. Levando-se em conta que alguém assim é a fucking chefe de polícia da cidade e que precisa zelar pela segurança de toda uma comunidade, a antipatia pela personagem só faz se intensificar.
A sorte da série são a qualidade técnica do elenco, que nos brinda com personagens excelentes como o Nounours de Hubert Delattre e o impagável Siriani de Laurent Capelluto. E mesmo Suliane Ibrahim que é uma baita atriz, por mais que sua personagem seja uma pessoa quase impossível de se torcer a favo.
No quesito de produção, direção, visuais, a série mantém o excelente nível da temporada anterior, não deixando a desejar nesses quesitos mesmo em comparação a badaladas séries norte-americanas.