Patrícia

Constrangedor.

Que filme disparatado! Depois do espanto veio a curiosidade, eu quis saber o desfecho de toda aquela situação estapafúrdia. É isto: peitos, umas transas e alguns absurdos.

O Paul Newman está muito bem, consegue transmitir o vazio de alguém que está descolado da vida, não mais um homem, uma casca. Na peça, Brick é ainda mais apático, sua indiferença em relação a tudo e todos é exasperante. Mesmo com diálogos ambíguos é mais evidente e palpável seus conflitos sexuais, culpa, medo, dor.

Na adaptação alguns elementos foram suprimidos ou alterados para enquadrar-se à época, Brick foi o mais prejudicado dentre os personagens. O foco voltando-se à Maggie, como uma espécie de vítima das circunstâncias, "injustiçada" pelo esposo, minimizam-lhe a culpa. O desfecho acaba favorecendo-a, alterando o propósito da história: da sexualidade de Brick, à busca de Maggie pelo perdão do esposo.

Apesar das discrepâncias, a adaptação é satisfatória, diálogos ágeis e ferinos entregues por atores competentes. As cenas do Newman com o Burl Ives são excelentes, aliás, Ives com seu pavoroso personagem está bem em qualquer cena. Ele é o reflexo dos demais membros da família, egoísta e materialista.