Vou dar minha opinião. Esclareço que esse foi meu primeiro contato com o universo de Duna. E também já tive a oportunidade de ler livros densos convertidos em filmes e ficar um pouco triste pelo tanto de história e desenvolvimento de personagens que tem que ser sacrificado.
Dito isso, gostei muito do filme. Bom, eu também gostei muito do filme anterior do diretor, A Chegada, e as influências são notórias. Noto que alguns personagens, como o traidor, não tiveram tempo suficiente para seu desenvolvimento e para, portanto, criar empatia o suficiente a ponto da gente sentir penosamente sua traição, mas aí é uma impossibilidade de contar a história num tempo tão exíguo. É uma história que, de cara, a gente percebe que merecia uma série com algumas temporadas sem enrolação!
O filme é um ótimo documentário. Já de cara tem dois pontos positivos fantásticos: a história contada e seus protagonistas, de um Brasil muito pouco lembrado e desvalorizado.
Isso posto, discordo muito de uma certa glamourização que o diretor faz da "vida pacata de antigamente" de Toritama e discordo um pouco do filme ter se centrado na crítica à "uberização" do trabalho. Isso porque que não é uma região onde houve destruição do trabalho formal para criação de "empreendedorismo" de fancaria, na verdade é o processo histórico de industrialização ainda está se formando, é como a China ou Vietnã de 20 anos atrás.
O grande desafio é o salto que vem a seguir, o como subir a escada de sofisticação do processo industrial, tal como fizeram as nações do sudeste asiático, o que depende de projetamento estatal adequado e de driblar a elite perversa do país, que quer ver sua população eternamente como burros de carga.
Para quem deseja conhecer os bastidores do funcionamento de uma equipe de ciclismo na mais famosa das grandes voltas (Tour de France), essa série é perfeita.
Uma pequena joia escondida no catálogo da Netflix. Além do mérito em elaborar uma boa trama para um filme whodunit ("quem matou?" na gíria da literatura de romances policiais), há uma boa denúncia na obra pelo descaso com que é encarada a violência contra a mulher, mesmo na Europa.
E em tempos de conflito aberto Catalunha vs Governo Central espanhol é interessante notar que mesmo na pacata Galiza — talvez hoje a menos combativa das nacionalidades históricas que atualmente integram a Espanha, junto ao País Vasco à própria Catalunha — as tensões entre galegos e não galegos estão à flor da pele. Basta observar a dinâmica entre o Inspetor, galego, o agente, possivelmente de Madri ou Castela, e a população local.
Tendo lido o livro antes do filme, fiquei com a sensação que tentou ser fiel demais à obra literária, o que tornou complicado condensar no tempo da tela uma história tão vasta. Penso que teria sido melhor fazer uma escolha sobre que história(s) contar e deixar para o espectador mais curioso ir atrás do livro depois, teria resultado inclusive num filme melhor.
Um filme muito bom por revelar a crueldade da guerra. Só não dou nota 5 porque o filme ignora totalmente a origem dos conflitos na África. Fica parecendo que a guerra caiu do céu, como uma tempestade.
Um documentário muito correto e honesto, que mostra os limites da legalização de atividades sexuais profissionais, tendo como palco a indústria do cinema pornográfico, mas cujas observações também podem ser, em certa medida, extrapoladas para a prostituição. Fica evidente que legalizar essas atividades per si não rompe o ciclo de abusos e violências contra as mulheres que atuam no ramo e que se torna fundamental ir além e prover uma regulamentação do meio, tal como acontece em outras atividades. Sintomático, aliás, que o filme revele a preferência da indústria por Miami e a Flórida em detrimento da Califórnia, só porque esta decidiu criar uma leve regulamentação do setor, com a obrigatoriedade do uso de preservativos nas gravações.
O filme não tem foco. No início (e é também o que o trailer nos dá a entender) parece que vai tratar da questão do ensino de matemática, mas no segundo terço da obra volta-se para o cotidiano de trabalho dos matemáticos de destaque da atualidade, concluindo com a crise financeira de 2009, mas sem amarrar muito bem a transição e a conexão entre esses temas. Em particular, a questão do ensino de matemática é abordada de uma forma que, quando imaginamos que vai ter início seu desenlace ou uma análise crítica das informações e questionamentos levantados, o filme foge do assunto e corre pra dar destaque a outro assunto.
Eu fiquei feliz com a qualidade técnica do filme (som, imagem), ponto fundamental quando o biografado é um astro da música, como Tim Maia.
No aspecto negativo, destaco que o roteiro tem graves lacunas em relatar a formação musical de Tim. A gente fica com a impressão que sua competência se deveu a um dom divino. No trecho de sua passagem pelos EUA, por exemplo, nada se fala sobre o que ele estudou ou praticou em termos de música naquele país. O filme fica preso apenas ao anedótico ou marginal, caracterizando o cantor como um mero encrenqueiro e/ou barraqueiro que deu sorte na vida.
O filme é tecnicamente muito bom e as atuações condizentes (destaca-se Drica Moraes). Retrata o ambiente em torno de Getúlio do período que vai do atentado da Rua Tonelero ao seu suicídio. Recomendo assistir, mas - sempre tem um mas - acho que faltou contextualizar melhor para o espectador o tamanho da pressão que resultou no ato extremo. Não que não se tenha tentado (por meio dos "sonhos" de Getúlio, as vaias em BH, a reunião entre generais), mas ao final, para quem já não conhece a história, fica parecendo que foi um ato meio intempestivo e não a única saída a uma pressão esmagadora.
Sendo filho de migrantes que deixaram pequenas cidades do interior em busca de uma vida melhor na capital e tendo a mesma idade do diretor, devo dizer que me senti "representado" por seu "personagem", com a mesma curiosidade e carinho que ele mostra por sua história e sua comunidade (e também com suas desavenças, que ninguém é perfeito!).
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Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraVou dar minha opinião. Esclareço que esse foi meu primeiro contato com o universo de Duna. E também já tive a oportunidade de ler livros densos convertidos em filmes e ficar um pouco triste pelo tanto de história e desenvolvimento de personagens que tem que ser sacrificado.
Dito isso, gostei muito do filme. Bom, eu também gostei muito do filme anterior do diretor, A Chegada, e as influências são notórias. Noto que alguns personagens, como o traidor, não tiveram tempo suficiente para seu desenvolvimento e para, portanto, criar empatia o suficiente a ponto da gente sentir penosamente sua traição, mas aí é uma impossibilidade de contar a história num tempo tão exíguo. É uma história que, de cara, a gente percebe que merecia uma série com algumas temporadas sem enrolação!
Departamento Q: Guardiões das Causas Perdidas
3.8 105 Assista AgoraSó achei parte das cenas de violência apelativas e dispensáveis, no mais um ótimo filme.
Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar
4.3 209O filme é um ótimo documentário. Já de cara tem dois pontos positivos fantásticos: a história contada e seus protagonistas, de um Brasil muito pouco lembrado e desvalorizado.
Isso posto, discordo muito de uma certa glamourização que o diretor faz da "vida pacata de antigamente" de Toritama e discordo um pouco do filme ter se centrado na crítica à "uberização" do trabalho. Isso porque que não é uma região onde houve destruição do trabalho formal para criação de "empreendedorismo" de fancaria, na verdade é o processo histórico de industrialização ainda está se formando, é como a China ou Vietnã de 20 anos atrás.
O grande desafio é o salto que vem a seguir, o como subir a escada de sofisticação do processo industrial, tal como fizeram as nações do sudeste asiático, o que depende de projetamento estatal adequado e de driblar a elite perversa do país, que quer ver sua população eternamente como burros de carga.
Enfim, pra mim a nota do filme é 9 de 10.
Mortes em Batz
2.7 22Como o também francês Morte no Montblanc, tem uma quedinha pro dramalhão, mas aqui a história se segura um pouco melhor.
Comer. Competir. Vencer.
3.9 2Para quem deseja conhecer os bastidores do funcionamento de uma equipe de ciclismo na mais famosa das grandes voltas (Tour de France), essa série é perfeita.
Duas Catalunhas
3.6 9 Assista AgoraFilme fraco, uma metralhadora giratória de declarações de ambos lados em que, ao final, quem assiste sai mais confuso do que antes do início.
A Praia dos Afogados
3.1 30Uma pequena joia escondida no catálogo da Netflix. Além do mérito em elaborar uma boa trama para um filme whodunit ("quem matou?" na gíria da literatura de romances policiais), há uma boa denúncia na obra pelo descaso com que é encarada a violência contra a mulher, mesmo na Europa.
E em tempos de conflito aberto Catalunha vs Governo Central espanhol é interessante notar que mesmo na pacata Galiza — talvez hoje a menos combativa das nacionalidades históricas que atualmente integram a Espanha, junto ao País Vasco à própria Catalunha — as tensões entre galegos e não galegos estão à flor da pele. Basta observar a dinâmica entre o Inspetor, galego, o agente, possivelmente de Madri ou Castela, e a população local.
O Vento Será Tua Herança
4.4 104 Assista AgoraPra quem acha que Escola sem Partido é novidade... apenas uma embalagem nova para a velha prática de perseguir "ideologias" como o darwinismo.
A Casa dos Espíritos
3.9 449 Assista AgoraTendo lido o livro antes do filme, fiquei com a sensação que tentou ser fiel demais à obra literária, o que tornou complicado condensar no tempo da tela uma história tão vasta. Penso que teria sido melhor fazer uma escolha sobre que história(s) contar e deixar para o espectador mais curioso ir atrás do livro depois, teria resultado inclusive num filme melhor.
O Peso do Silêncio
4.2 57Não posso deixar de registrar: as duas únicas pessoas que pedem perdão são mulheres.
Beasts of No Nation
4.3 831 Assista AgoraUm filme muito bom por revelar a crueldade da guerra. Só não dou nota 5 porque o filme ignora totalmente a origem dos conflitos na África. Fica parecendo que a guerra caiu do céu, como uma tempestade.
Hot Girls Wanted
3.3 196 Assista AgoraUm documentário muito correto e honesto, que mostra os limites da legalização de atividades sexuais profissionais, tendo como palco a indústria do cinema pornográfico, mas cujas observações também podem ser, em certa medida, extrapoladas para a prostituição. Fica evidente que legalizar essas atividades per si não rompe o ciclo de abusos e violências contra as mulheres que atuam no ramo e que se torna fundamental ir além e prover uma regulamentação do meio, tal como acontece em outras atividades. Sintomático, aliás, que o filme revele a preferência da indústria por Miami e a Flórida em detrimento da Califórnia, só porque esta decidiu criar uma leve regulamentação do setor, com a obrigatoriedade do uso de preservativos nas gravações.
Como eu Odeio Matemática
3.5 3O filme não tem foco. No início (e é também o que o trailer nos dá a entender) parece que vai tratar da questão do ensino de matemática, mas no segundo terço da obra volta-se para o cotidiano de trabalho dos matemáticos de destaque da atualidade, concluindo com a crise financeira de 2009, mas sem amarrar muito bem a transição e a conexão entre esses temas. Em particular, a questão do ensino de matemática é abordada de uma forma que, quando imaginamos que vai ter início seu desenlace ou uma análise crítica das informações e questionamentos levantados, o filme foge do assunto e corre pra dar destaque a outro assunto.
Tim Maia - Não Há Nada Igual
3.6 593 Assista AgoraEu fiquei feliz com a qualidade técnica do filme (som, imagem), ponto fundamental quando o biografado é um astro da música, como Tim Maia.
No aspecto negativo, destaco que o roteiro tem graves lacunas em relatar a formação musical de Tim. A gente fica com a impressão que sua competência se deveu a um dom divino. No trecho de sua passagem pelos EUA, por exemplo, nada se fala sobre o que ele estudou ou praticou em termos de música naquele país. O filme fica preso apenas ao anedótico ou marginal, caracterizando o cantor como um mero encrenqueiro e/ou barraqueiro que deu sorte na vida.
Getúlio
3.1 383 Assista AgoraO filme é tecnicamente muito bom e as atuações condizentes (destaca-se Drica Moraes). Retrata o ambiente em torno de Getúlio do período que vai do atentado da Rua Tonelero ao seu suicídio. Recomendo assistir, mas - sempre tem um mas - acho que faltou contextualizar melhor para o espectador o tamanho da pressão que resultou no ato extremo. Não que não se tenha tentado (por meio dos "sonhos" de Getúlio, as vaias em BH, a reunião entre generais), mas ao final, para quem já não conhece a história, fica parecendo que foi um ato meio intempestivo e não a única saída a uma pressão esmagadora.
A Virgem, os Coptas e Eu
3.1 2Sendo filho de migrantes que deixaram pequenas cidades do interior em busca de uma vida melhor na capital e tendo a mesma idade do diretor, devo dizer que me senti "representado" por seu "personagem", com a mesma curiosidade e carinho que ele mostra por sua história e sua comunidade (e também com suas desavenças, que ninguém é perfeito!).