Pedro Luiz Ferreira

Esse filme ganha qualquer pessoa. Confesso que, quando vi, o filme me tragou, me despertou tanto curiosidade quanto uma forma de "sentir", não racional. O universo tende ao caos, a desordem. A entropia sempre é positiva e um universo mantido "plano", em expansão, tem suas forças gravitacionais mantendo uma espécie de "equilibrio" mesmo tendo a desordem. E se alguma dessas forças perdesse seu equilibrio; o que seria do tempo se ao invés da entropia positiva, tendessemos à ordem ao inves do contrário? Nenhuma escolha é errada, todas são certas. E o que diferencia o real do imaginário? o que é real? o que é a existência? Defina existência, e diferencie do imaginário. O que escolhemos, de fato, é questionável; Tudo é questionável. Todas as possibilidades existem e são reais, ao mesmo tempo que não a são. Na vida como conhecemos, só temos um traçado, que é o que a define. Por que os demais traçados não existiriam? Esse filme tem um poder tremendo de alimentar nossa mente com tais questionamentos, ao mesmo tempo de nos fazer mergulhar em cada possibilidade, e sentir, confrontar nossa existência.

Não sei nem por onde começar.... Acho que esse filme tem uma reflexão muito importante sobre o fato de negarmos o nosso presente e considerarmos o passado uma época muito mais brilhante e prazerosa de se viver, porém sempre considerada, pelos q vivenciam sua época, pior do que outro momento. Achei fantástica a sacada temporal que Woody Allen fez, ao transpor Gil pros anos 20, e conviver com célebres escritores como Hemingway, sentar a mesa com Salvador Dali e Buñel, conhecer T.S. Eliot... Porem para a geração de cada época, sempre uma época anterior é mais célebre. É a negação do passado, a "Síndrome da Era de Ouro". O ponto do filme é justamente esse, na minha opinião,.. uma mania da humanidade é negarmos nosso presente, e criar uma certa idealização do passado ao ler as obras, ver os filmes, admirar a arte da época em que temos essa "nostalgia". Mas, como cada época tem seu contexto, os que vivem nos anos 20, por exemplo, tem esse mesmo sentimento de "negar o presente" e declarar que a Paris da "Belle Epoque" é mais iluminada do que a Paris dos anos vinte, e aqueles, que o renascimento foi uma melhor época, seguindo esse mesmo pensamento. Com tamanha reflexão, o filme nao deixa de ser leve, divertido e romântico. Com boas atuações, fotografia e trilha sonora fantásticas, mostrando tambem que Paris, independente de qualquer época, sempre continuará deslumbrante.

Tony Montana - que personagem! Que atuação fantástica de Al Pacino, que ja vale as mais de duas horas de filme. Tony entra em um mundo perigoso. Embora sem tanto conhecimento e educação, consegue realizar as coisas a sua propria mateira. Impulsivo e astuto, ainda valoriza princípios como a família, lealdade e algum grau de piedade. Porém essa impulsividade e a tentativa de manter tais princípios é o que o leva a ruína. Há muito o que se pensar e refletir em tudo o que esse personagem passa - fora a interpretação genial de Al Pacino. Filme genial!