Últimas opiniões enviadas
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Uma das coisas mais alucinantes que esse filme alcança ocorre na mudança de perspectiva de Casey para JLB. Existe uma vida separada por telas, é verdade. O ano de lançamento (e provável ano de produção) pode nos informar algo sobre isso. Contudo, é na transição do ponto de vista da protagonista para o seu voyeur que até o gênero do filme sofre uma metamorfose: do drama intimista para o horror. Nós nos tornamos companhia do JLB, também como voyeurs, e passamos a acompanhar a Casey pelo olhar do jogo, distanciado. Para uns o final ambíguo pode se tornar confuso por conta disso, mas uma das chaves de análise é que, uma vez com o JLB, acompanhamos o homem até o final. O final da Casey, fora do jogo, pode ser bem mais triste e previsível.
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Não podemos deixar de parabenizar a condução de Oz Perkins dessa obra. Esse híbrido entre thriller investigativo e horror sobrenatural deve muito a maneira como Perkins utiliza o enquadramento, proporção, os pontos focais, e o que há dentro e fora de quadro na construção da sua atmosfera insólita. O 4:3 para as reminiscências, destaque para a incômoda sequência inicial, vai gradualmente se aderindo a narrativa. O personagem de Nicolas Cage se beneficia do lento revelar.
Contudo, algo não bateu bem para mim, principalmente em relação ao terceiro ato. Estou fazendo uma maratona literária do Stephen King e minha mente acabou realizando o paralelo entre 1) Lee Harker/Holly Gibney e 2) desfechos. Essa relação investigação policial/sobrenatural sempre me anima - e temos variados exemplo em narrativas fantásticas. Holly Gibney (personagem do King) e Lee Harker (protagonista de Perkins) guardam algumas semelhanças como, por exemplo, o relativo grau de clarividência que ajudam em suas investigações e sua inaptidão social. Suas histórias também vão gradualmente do rotineiro para o extraordinário. As maiores críticas das obras de King são relacionadas a maneira como encerra as suas histórias, geralmente de maneira apoteótica e sem condizer com o resto da narrativa - o que, geralmente, sou obrigado a concordar. Em Longlegs, o terceiro ato é destinado a estreitar a relação mãe e filha (o vínculo mortal do subtítulo brasileiro) e a revelar quase a totalidade de qualquer ambiguidade que pudesse ter restado em relação ao sobrenatural. Me incomodou toda essa construção do fantástico para uma conclusão anticlimática (a meu ver) - quase um corte lacaniano em todo o diabólico construído até a sequência final. Fiquei esperando algo mais.(interessante demais perceber que o mesmo álbum, Electric Warrior, inspirou obras tão distintas como Longlegs e Billy Elliot)
Últimos recados
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Breno
Ta rolando a campanha para o lançamento do livro "Eles Vivem" de Ray Nelson que contem o conto que inspirou John Carpenter a fazer o filme.
Trabalho impecável da Editora Diário Macabro. Últimos dias pra ajudar na campanha
Se puder dar uma força. Eles tão tentando bater metas estendidas pra trazer o livro recheado de coisas legais. -
Humberto Catta Preta
só filme gringo nesses favoritos
você é uma vergonha -
Humberto Catta Preta
Parabéns pelas notas para all about eve e bacurau
É um filme que não permite que o espectador sinta o impacto de nada que acontece, né? Eu, que não tinha visto nenhum spoiler (nem sei se seria o termo correto nesse caso), ao menos consegui me "surpreender" com a aparição de alguns personagens (um certo caçador em específico fez eu realmente querer saber detalhes sobre os bastidores). No fim, nada importa. Nem a homenagem a fase cinematográfica da Marvel-Fox durante os créditos.
Acho uma pena, porque o Shawn Levy é um diretor de seriados muitíssimo competente, mas que não tem a mesma sorte em sua carreira cinematográfica mais recente. Todos seus filmes parecem faltar estofo, humanidade - O Projeto Adam (2022) quase conseguiu, mas ainda assim se perde em sua própria bagunça. Contudo, indico demais alguns episódios dirigidos por ele: dois episódios do seriado Sinistro, o Piloto e Sacrifice; a dobradinha The Leader - Partes 1 e 2 de Animorphs; e todos os episódios que ele dirigiu para Stranger Things (sempre os melhores ao meu ver) em especial The Pollywog e Will the Wise, os dois da segunda temporada.