Há filmes que são interessantes de serem assistidos sem ler a sinopse, há filmes que são interessantes de serem assistidos sem ver o trailer e há filmes que são interessantes de serem assistidos antes mesmo de se acompanhar qualquer comentário ou resenha aqui no filmow; The Woman in the Window se encaixa perfeitamente na terceira colocação. A produção é uma obra-prima da atualidade? Lógico que não, mas em contrapartida, também está longe de merecer essa chuva de massacres que vem recebendo.
Com pouco mais que 1h e meia de duração, o longa apresenta uma premissa bastante interessante, muitas vezes sendo amplamente associado ao clássico Rear Window e com várias referências ao cineasta Alfred Hitchcock. Apesar de ser extremamente aguardado desde 2019, ano previsto para o seu lançamento, o filme enfrentou diversos obstáculos (como refilmagens, reações negativas nas sessões testes, compra da Fox pela Disney, venda do filme para a Netflix, pandemia etc., etc., etc.) que adiaram a sua estreia. Mesmo diante de tantos entraves, as expectativas ainda eram enormes; e é nesse cenário de anseio que nasce, talvez, uma das maiores problemáticas desse longa.
Antes mesmo de ser concluído, The Woman in the Window já apresentava dois elementos que são cruciais para se construir a famosa imagem de "um dos filmes mais aguardados do ano": um diretor responsável por produções bem avaliadas tanto pela crítica quanto pelo público (no caso, Pride & Prejudice, Atonement e Darkest Hour) e um elenco de peso (com destaque para Amy Adams, atriz com ótimos trabalhos e ainda na saga de conquistar sua estatueta dourada, apesar de já ter algumas indicações ao Oscar em sua carreira — situação vivenciada de forma similar pelo Leonardo DiCaprio até 2016 —). Com a faca e o queijo na mão, entretanto, Joe Wright não conseguiu entregar aquilo que era esperado (o que não faz com que o longa-metragem seja totalmente ruim do ponto de vista do entretenimento).
Anna Fox, interpretada pela Amy, é uma personagem agorafóbica que vive reclusa em seu apartamento e tem como pontos de interação social, além do seu gato Punch, o seu inquilino David e o seu psiquiatra, Dr. Landy. Mesmo que de maneira apressada, o primeiro ato funciona muito bem: somos apresentados à protagonista, seu cotidiano, suas relações e o contexto em que ela está inserida. Por ser um filme que possui um arco narrativo baseado em uma figura com grande temor de multidões e locais abertos, a necessidade de uma direção um pouco mais cuidadosa e uma fotografia mais assertiva se fez presente logo nos minutos iniciais. Nesse contexto, acredito que a direção deixou a desejar, porém, em contrapartida, a fotografia do Bruno Delbonnel foi importante para transformar o apartamento da Anna em um ambiente claustrofóbico e opressivo, além de usar do jogo de cores para demonstrar o estado de espírito da personagem em cenas específicas. O problema começa a partir da instauração do segundo ato e do midpoint.
Os coadjuvantes são muito mal desenvolvidos e extremamente caricatos, fazendo com que tenhamos mais empatia e apreço pelo Punch do que pelos próprios Russell. O roteiro e a direção impedem que tenhamos o benefício da dúvida diante da cena do assassinato da suposta Jane. "Será que isso realmente aconteceu ou é apenas coisa da cabeça da Anna?". A partir do momento em que você expõe de forma tão incisiva a personagem principal sendo uma figura com uma forte fobia e dependente de medicamentos que podem causar alucinações, qualquer credibilidade inicial que possa ser oferecida à protagonista é automaticamente excluída. Eu não li o livro, mas pelo o pouco que sei, nele é mostrado que a Anna faz parte de uma rede virtual de apoio, fato que poderia ser inserido no longa para gerar uma subtrama interessante e proporcionar um pouco mais de embasamento e profundidade na personagem.
O final do segundo ato é deplorável e, aparentemente, a produção acaba caindo na péssima cultura do "raio americanizador" da maneira mais anticlimática possível: o filme se torna extremamente expositivo com a aparição dos detetives e do Ethan para explicar de forma bem mastigada o porquê de tudo aquilo estar acontecendo. Como se não bastasse, ainda há aquela cena patética de luta entre a Anna e o Ethan que dispensa comentários (no mau sentido). Pior que isso só a cena do Toretto pisando no estacionamento e fazendo o chão se abrir em Furious 7.
Apesar dos pesares, The Woman in the Window ainda é um filme divertido para ser assistido em um sábado à noite. A atuação da Amy é prejudicada pela direção do Joe, mas é notória a entrega e a força de vontade da atriz. A sonoplastia é bem trabalhada e proporciona bons momentos de aflição. Não é um filme que ficará na memória do público, mas vale como um bom passatempo.
Que delicinha de filme, nossa senhora! Não é novidade alguma que o cinema sul-coreano, assim como o espanhol, vêm ganhando destaque e apresentando ótimas produções ao longo dos últimos anos.
O último ato é realmente um divisor de águas (e, de antemão, já confesso que gostei bastante). Muito se fala sobre as cenas descritas como furos de roteiro; sobre elas — pelo menos as mais comentadas —, eu tenho as seguintes percepções:
Antes de tudo, acredito que o filme foi construído sobre duas proposições centrais:
I) Ele se passa em diversas linhas temporais e acontece baseado no efeito em cascata; ou seja, o que ocorre no passado desencadeia uma série de acontecimentos a médio ou longo prazo.
II) Mesmo que a vida da Seo-Yeon seja reescrita a cada linha temporal, suas memórias conseguem saltar de uma para outra (tanto que ela consegue se recordar dos acontecimentos passados, mesmo que esteja em linhas temporais alteradas pelas ações da Young-Sook de 1999). Creio que o mesmo fenômeno ocorre com a Young — posteriormente será possível entender o porquê —.
Dito isso, podemos analisar alguns acontecimentos que resultaram no plot twist.
1. Há um ponto de virada bastante peculiar nos 25/26 minutos finais do filme. É possível notar que, antes da Young de 99 conseguir se livrar da faca, é mostrada uma cena em que a Eun-ae caminha sozinha em direção à casa da Young-Sook, depois de desembarcar de um táxi, procurando pelo seu marido e sua filha. Porém, após a faca ser queimada lá no ferro velho, a mãe da Seo-Yeon surge na delegacia, registrando o desaparecimento de sua filha e logo em seguida chegando no local do crime acompanhada pelo policial.
2. Quando essa realidade é materializada, nos é apresentada uma linha temporal em que a Young-Sook, de fato, se torna uma serial killer (como previsto pela sua madrasta xamã).
3. A premissa de que as ligações só podem ser feitas do passado pro presente se mantém firme o tempo todo. Quando a Young-Sook de 2019 aparece pela primeira vez conversando com o seu eu de 99, dá a sensação de que o telefonema foi feito pela personagem do presente — e isso acontece pela maneira que o diálogo se inicia —. Porém, durante os créditos, quando somos apresentados à cena completa, a gente percebe que, na verdade, foi o telefone da Young do presente que recebeu a chamada.
4. A Young 2019 sabe que a Eun-ae e o policial irão a casa dela, pois ela já viveu aquela cena em 99 e se recorda disso (da mesma forma que ela se lembra da relação conturbada entre a Seo-Yeon e a sua mãe no passado quando ocorre o encontro entre a protagonista e a antagonista em 2019). Percebam só: sempre que uma linha temporal é modificada, o passado continua ocorrendo sem alterações. A mudança ocorre apenas no presente. Dessa forma, mesmo que nessa linha temporal a Young tenha sobrevivido e se tornado uma serial killer, ela precisa fazer com que a sua versão de 99 consiga escapar da morte/polícia para que essa realidade atual continue existindo. É como se o filme seguisse duas linhas temporais simultâneas (a de 99 e a de 2019).
Assim, eu acredito que nunca houve um final alternativo, pois todas as cenas acabaram acontecendo. No passado, tanto a Young quanto a Eun-ae sobrevivem à queda. O que ocorre é que a Young-Sook do presente desaparece pois, em 1999, naquele mesmo momento, a Eun-ae havia sobrevivido e conseguido escapar com a sua filha, alterando a linha temporal. Porém, quando a Young do passado desperta, ela consegue matar a Eun-ae e capturar a Seo-Yeon, alterando novamente o presente, fazendo com na linha temporal atual a protagonista tenha sido mantida aprisionada e torturada durante 20 anos, desde que foi capturada no passado.
Sou apaixonado por filmes como 콜 justamente por eles proporcionarem e fomentarem teorias e discussões acerca do arco final. O enredo não é muito diferente quando comparado com os de outros longas do mesmo gênero, mas a relação entre a protagonista e a antagonista, a fotografia e o ritmo são capazes de oferecer uma ótima experiência.
"Se armas deixassem as pessoas mais seguras, os EUA seriam um dos países mais seguros do mundo"
Baita documentário foda que mostra de forma incisiva (e com uma bela dose de sarcasmo) um pouco da podridão e da faceta sórdida de um país que se diz lar dos corajosos — mas só se estiverem portando uma arma, viu? —. Moore consegue ser cirúrgico quando o assunto é desmistificar as falácias que envolvem a disparidade do número de mortes por armas de fogo entre os norte-americanos e os demais países.
Dois pontos que achei interessantíssimos e que eu gostaria de destacar:
1. A entrevista com o Marilyn Manson é primorosa. Vê-lo falar com tanta lucidez e naturalidade fez com que eu quisesse estar ali, naquele ambiente, participando daquela conversa. Em poucos minutos ele conseguiu sintetizar perfeitamente a cultura do medo que assola os Estados Unidos e que contribui para a sua natureza bélica.
2. A visita do Michael a algumas cidades canadenses facilita demais na compreensão da diferença de mentalidade entre os dois países e como isso, obviamente, interfere diretamente na taxa de homicídios por armas em ambos os lugares.
Só não digo que a produção foi um soco no estômago pois se tratando dos EUA não é de se espantar o nível de sujeira em que essa nação está inserida. Ademais, é um documentário extremamente necessário, principalmente no contexto atual do cenário brasileiro onde o tema de posse de arma vem sendo discutido e tomando forma há alguns anos.
Putz, miraram em Shutter Island e saiu isso aí. Não é ruim, mas pra quem é acostumado com psychological thriller movies já consegue sacar o plot twist logo no primeiro ato.
Sinto que faltou um pouco de sutileza nos pontos de virada. Fica muito evidente a tentativa de mudar o rumo da narrativa sempre que o Ray respira profundamente depois de fechar e abrir os olhos e isso acaba fazendo com que a gente relute na hora de comprar a história dele.
De qualquer forma, o longa prende a atenção de quem assiste e consegue ser eficiente na construção dos momentos de tensão. Pra quem curte filmes desse gênero, indico demais a produção espanhola Contratiempo. Possui a mesma premissa e, pra mim, é bem superior a essa.
Talvez o único ponto falho desse filme tenha sido não ter trabalhado de forma mais profícua a relação de idade X fisionomia dos personagens para que condissesse melhor com as épocas dos acontecimentos.
Vejamos: Nawal Marwan nasceu em 1949 e teve seu filho por volta de 1970 (tendo como base a documentação de registro do orfanato). Logo em seguida, com a ajuda de sua avó, se mudou para Daresh. Com a guerra civil entre os nacionalistas cristãos e refugiados próxima de atingir seu ápice, a protagonista decide sair em uma jornada em busca de Nihad.
Quando Marwan atravessa a ponte que separa a cidade das aldeias, acredita-se que o enredo já tenha avançado pelo menos 3 anos (vide a cena em que ela chega em uma aldeia no sul da cidade e pergunta a uma moradora se ela só teve filhas e mulher responde que os meninos foram para o orfanato depois dos 3 anos). Nessa época, podemos supor que Nawal já tenha 24/25 anos e seu filho 3/4 anos.
Ao assassinar o líder da milícia cristã, Marwan é enviada para a prisão e condenada a passar 15 anos reclusa naquele lugar — teoricamente saindo de lá só por volta dos 40 anos —. Quando Simon encontra Wallat, o chefe da guerrilha explica que Nihad retornou para Daresh, se tornou um dissidente (atirando em todos), e logo depois foi capturado pela oposição, onde foi treinado e transformou-se em um torturador. Vale relembrar que, momentos antes, em cenas de flashback, Nihad, aparentemente com uns 15 anos, aparece atirando contra um grupo de crianças (pressupondo que o momento de sua captura pelos nacionalistas ocorreu pouco depois dessa época).
Considerando que: 1) Nawal foi condenada a 15 anos de prisão; 2) que a essa altura ela já deve ter por volta de 36/37 anos — já que se passou pelo menos uma década desde que ela foi presa até o momento em que somos apresentados à cena de seu filho atirando contra as crianças —; podemos deduzir que Nahid (agora já agindo sob o codinome de Abou Tarek) praticou os abusos sexuais com, no máximo, 18 anos (já que faltavam apenas mais 3 anos pra Marwan concluir a sua pena).
O problema é que, quando somos apresentados a Abou, já na prisão, sua fisionomia não nos permite acreditar que aquele homem possui uma idade adequada com a linha cronológica apresentada durante todo o enredo. A mesma coisa acontece com os gêmeos: partindo da premissa de que eles nasceram por volta de 1988, quando Tarek supostamente tinha 18 anos, é de se esperar que em 2009, ano em que Nawal faleceu, eles tivessem no máximo uns 22 anos (mas eles também aparentam ter um pouco mais). De qualquer forma, não é um furo que minimiza a experiência e o impacto que o longa produz sobre nós.
Incendies é um filme cru, verossímil e impactante. A narrativa é construída sob uma ótica bastante interessante que nos faz imergir em uma atmosfera totalmente subversiva. Denis Villeneuve soube trabalhar muito bem a dualidade temporal de forma que a relação entre o presente e o passado se apresentasse de maneira fluida e natural.
Nos minutos finais, a gente descobre o porquê do filme ter uma duração considerada extensa e cansativa (concepção essa que eu discordo completamente): desenvolver uma personagem que possui tantas camadas como a Nawal é uma tarefa que requer o mínimo de sensibilidade e atenção. A trama possui algumas figuras importantíssimas que são cruciais para se entender cada ação que a protagonista tomou durante a sua trajetória.
Como se já não bastasse a história intrigante e as atuações cativantes, o filme conta com uma trilha sonora maravilhosa.
(inclusive, quem gosta de Radiohead vai adorar saber que a música "You and Whose Army?" está presente aqui)
Digo com toda a certeza que Incendies foi o melhor filme que eu já assisti nesse ano e não é à toa que se tornou um dos meus favoritos. Villeneuve foi cirúrgico em sua proposta e, com esse longa, deu um passo importante para consolidar seu nome como um dos melhores diretores da atualidade.
O cinema espanhol mais uma vez mostrando que a hegemonia norte americana pode estar com os dias contados. Provavelmente não haverá momento mais propício que esse pra assistir El Hoyo.
A longa possui uma história interessantíssima, anômala e, apesar de todo o simbolismo religioso, referências literárias e uma boa dose de distopia, expõe a sórdida faceta da humanidade. É quase impossível terminar de ver o filme sem fazer uma análise profunda sobre a nossa sociedade, o capitalismo, a luta de classes, as diversas camadas sociais e como isso impacta em toda a dinâmica de relações interpessoais nas quais estamos inseridos.
O roteiro é muito bem escrito (o filme já se inicia com uma frase que oferece ao espectador uma clara abertura para reflexão, seja de forma literal ou figurativa), repleto de metáforas e analogias que precisam ser captadas nas nuances de cenas para um bom entendimento do enredo. Por se tratar de um longa em que praticamente não há ações em ambientes externos, o design de som foi extremamente importante para fazer com que entrássemos, de fato, na atmosfera do filme. Os sons diegéticos foram muito bem trabalhados e se tornaram peças-chave para o mantimento da tensão contínua. Por último, mas não menos importante, é preciso destacar o nível de atuação do elenco. Iván Massagué, Alexandra Masangkay e Emilio Buale deram um show de interpretação.
El Hoyo foi a estreia do basco Galder Gaztelu-Urrutia na direção de longas e, com certeza, fez com que o diretor entrasse nesse mundo com o pé direito. Pode não cair no gosto do público pela ausência de uma conclusão interpretativa, mas é exatamente esse fator que me cativa. A possibilidade de diversas interpretações pode abrir caminhos para inúmeras críticas negativas, mas em contrapartida, é o que mantém viva a essência da história e permite uma ampla discussão em diferentes contextos.
Diante do caos social, político e econômico que estamos vivendo atualmente, El Hoyo se torna um filme completamente necessário para entender até que ponto pode chegar a perversidade do ser humano em seus momentos de glória e declínio.
Eu sempre fico receoso de afirmar com total certeza as minhas convicções e impressões acerca de um filme, mas posso dizer, com os olhos fechados e sem sombra de dúvida, que Moonlight é, até então, uma das pouquíssimas longas que, na minha concepção, funcionou em todos os aspectos: direção, fotografia, roteiro, trilha sonora e atuações.
O filme carrega uma gama de críticas sociais que vai muito além da jornada de um personagem negro e a sua transição da vida infantil para a vida adulta. A representatividade para nós é gritante em cada minuto; desde o elenco demasiadamente negro às situações que envolvem toda uma construção de estereótipos em relação aos afrodescendentes. A masculina tóxica é retratada de maneira sutil, porém, incisiva. Cada ato nos faz entrar em um mundo de reflexões e questionamentos.
É desesperador (e real) como o molde do homem negro, forte e viril é colocado em xeque logo na infância do Chiron pelo simples fato dele não se portar de tal forma que a sociedade espera para alguém de sua raça. Como se não bastasse ter que carregar consigo todo o sentimento de não pertencimento, o garoto ainda tem que lidar com o vício e o desafeto de sua própria mãe, além de, claro, as dúvidas e incertezas sobre a sua orientação sexual.
A atuação de todo o elenco é realmente deslumbrante, mas as interpretações dos 3 atores que representaram o Chiron durante o seu crescimento são de tirar o fôlego. A ausência de palavras e o olhar intrínseco bastam para que vejamos as consequências de viver uma vida que nos é imposta à base de uma pressão social. Você acaba se perdendo na sua própria formação e se torna aquilo que as outras pessoas desejam, mas as suas ambições são deixadas de lado em prol daqueles que te rodeiam.
Moonlight não é apenas um filme; é uma lição de vida, um aprendizado constante e que é vivenciado diariamente no mundo real. Sensibilidade e perspicácia na dose certa. Nem toda longa necessita de um plot twist ou de um final conclusivo. Em alguns casos, é preciso apenas deixar acontecer.
Meo, caralho, que filme foda! Demorei muito tempo pra assistir pois levei em consideração apenas a sinopse (que cá entre nós é bem clichê), mas nossa, a vibe do filme é muito mais intensa. É incrível como o racismo foi exposto durante a longa, mascarado pelos comentários dos personagens durante certas situações. Nos primeiros 30 minutos a gente já consegue sacar mais ou menos o que se passa, mas não sabemos exatamente o quê.
Tem uma puta crítica social baseada em conceitos que nós, negros, vivenciamos diariamente. Porém, essas situações são tratadas com uma pitada de humor e um pouco de tensão durante boa parte do tempo. O roteiro é sensacional. Parece que estamos na pele do Chris tentando entender toda essa loucura que está acontecendo, mesmo que a gente já tenha percebido a estranheza que pairava na casa, principalmente em relação ao comportamento dos personagens negros.
A cena final foi a hora que eu pensei "puta que pariu, fodeu!".
A primeira coisa que eu pensei quando vi o carro da polícia foi que o protagonista seria preso por um policial branco que se deixaria levar pelo racismo ao se deparar com um cenário em que a única pessoa viva no meio de toda aquela gente morta era um cara negro. Quando a porta se abriu e eu vi que quem estava saindo do carro era o amigo do Chris, o único sentimento que eu senti foi algo do tipo SURPRISE MODAFOCA.
Ao que tudo indica, 2018 me trouxe o primeiro arrependimento do ano: o de não ter visto esse filme no cinema.
Nunca pensei que um filme que "se repete" 3 vezes dentro da mesma história, mas com variáveis sendo sutilmente alteradas, pudesse ser tão dinâmico e eletrizante como esse. Corra, Lola, Corra é uma longa bem elaborada que foge dos padrões atuais. Ao contrário dos tradicionais protagonistas tangíveis implementados na maioria dos filmes, aqui o personagem principal é o tempo. O que vinte minutos é capaz de fazer na sua vida? Como ele pode interferir? Quais rumos ele pode lhe proporcionar?
O filme transborda condições que vivenciamos dia após dia. Correria, escolhas, acasos, encontros, desencontros, consequências... O fato de Lola ter apenas mil e duzentos segundos para resolver uma situação de tamanha magnitude já é um elemento que prende a atenção do público. A partir disso, o "e se...?" surge na nossa mente. E se ela a personagem tivesse tomando um caminho diferente? E se ela tivesse chegado a tempo? E se ela tivesse evitado tal ação? O cômico é que as respostas estão justamente dentro dos acasos que acontecem na longa. A trilha sonora é basicamente composta por ritmos eletrônicos, fazendo com o telespectador compartilhe da mesma adrenalina que Lola exibe durante os 81 minutos.
O início da longa leva nossa mente a imaginar que se trata de um filme ingênuo e maçante (tive a mesma sensação quando assisti Scott Pilgrim Contra o Mundo). Entretanto, os elementos transcendem o tradicionalismo e a sacada fica por conta de cortes geniais entre uma cena e outra. Pra quem gosta de uma experiência excêntrica, que sobrepuja aquela habitual narrativa norte-americana, é um excelente filme. Não é à toa que ganhou o Independent Spirit Awards como melhor filme estrangeiro.
Nota: não imaginava encontrar, em tão pouco tempo, uma personagem que me cativasse tanto quanto a Lisbeth Salander (Män Som Hatar Kvinnor). Lola conseguiu esse feito em menos de 10 minutos.
Acho o Tarantino um mestre naquilo que faz e essa obra-prima só veio para comprovar essa teoria. É um filme que vai muito além da liberdade de um escravo; envolve questões sociais e raciais, ilustrando toda a intolerância e as atrocidades que a população negra era submetida. Jamie Foxx atuou de uma maneira tão vigorosa que eu não consigo imaginar um outro ator que pudesse ter feito o papel do Django. O relacionamento do personagem dele com a sua esposa foi transmitida de uma forma bem marcante.
Confesso que o grito que a Broomhilda deu no 33min e 40seg, quando recebeu a primeira chicotada, doeu na alma.
King Schultz é um personagem que prendeu a minha atenção e até agora eu não consigo explicar o porquê. Christoph Waltz incorporou tão bem o papel que eu passei a admirá-lo mais nesse filme do que no Bastardos Inglórios. Não adianta, o cara tem um talento ímpar pra repassar aquele ar sarcástico com uma dose de bom humor. A proposta de um caçador de recompensas ter que se submeter às condições de um escravo para que possa alcançar o seu objetivo nos remete à conclusão de que, muitas vezes, o nosso ego é totalmente irrelevante perto daquilo que a humildade pode nos proporcionar.
A trilha sonora e a fotografia dispensam comentários. O filme tem quase 3 fuckings horas de duração e isso foi fazendo com que eu desistisse de assistí-lo logo no início. Entretanto, hoje em dia eu me arrependo totalmente de ter demorado tanto pra vê-lo. Posso dizer com toda a certeza que "Django Unchained" se tornou o meu filme favorito ao lado de "Män Som Hatar Kvinnor" e "Donnie Darko".
Curiosidade: está comprovado que falar "I like the way you die, boy" faz você se sentir foda pra caralho.
Nenhuma outra cena me fez rir tanto quanto a do Brad pronunciando "Gorlami" com aquele ar de "se você me perguntar novamente, eu meto uma bala no meio da sua testa".
Filmes que envolvem roubos de grande porte sempre me atraem. A inteligência, a astúcia e a ousadia da pessoa que planeja todo o plano me cativam de uma tal maneira que nem eu mesmo consigo explicar. O elenco foi muito bem escolhido, e cada ator se encaixou perfeitamente em seu devido papel. A comunicação entre o Danny e o Rusty é um tanto quanto engraçado, o que dá um ar de humor ao longo do filme. Só senti falta da tradicional perseguição, já que, geralmente, filmes desse estilo abrangem perseguições duradouras após o roubo ocorrido. Porém, a inteligência dos personagens foram tão grandes que até isso eles conseguiram evitar. E o final é surpreende, vale pelo filme todo.
Ao contrário das opiniões de muitos, eu gostei do filme. Não é melhor do que o anterior, porém, não deixa de ser interessante. E como sempre, o sarcasmo do Stark me fez rir tanto quanto o primeiro filme.
Inicialmente, eu planejava assistir o filme apenas pelo Jason Statham, pois adoro os filmes em que ele atua. Não é um filme surpreendente, mas a simplicidade da história central sendo transformada em algo que prende a pessoa do início ao fim, obviamente, não é pouca merda. O único ponto que não me agradou foi a atuação da Charlize Theron. Ela parecia não ter emoção nem na hora em que sua personagem referia-se ao seu pai, seja diretamente ou indiretamente. Porém, fora isso, o filme é bem bacana, típico pra assistir após um dia cansativo (nem que seja pra rir um pouco com o Lyle).
É o mais fraco da franquia. Senti que tentaram forçar a comédia. Pra falar a verdade, só teve uma ou duas cenas em que eu dei ~aquela~ risada. Fora isso, não valeu nem a terça metade do tempo e do dinheiro que eu perdi.
O filme é excepcional. Os diálogos, as atuações, o enredo... O fato de David Fincher ter conseguido transformar uma história clichê em algo notório realmente me impressionou. A atuação do Morgan não deixou a desejar. Sempre com aquele ar de mistério e praticidade. Ainda estou perplexo de como os últimos 15 minutos finais fizeram o filme tomar um rumo totalmente contrário ao que eu imaginava. Porém, um final feliz estragaria totalmente a beleza que há nesse filme.
Que filme maravilhoso! Os personagens, as atuações, a tensão... Tudo lhe prende do começo ao fim. O visual fora do padrão da Lisbeth me encantou desde o início do filme. Apesar de ser um filme longo, com quase duas horas e meia de duração, a história lhe faz esquecer totalmente do tempo, fazendo com que fiquemos com gostinho de "quero mais" quando o filme acaba.
Ainda não estou acreditando o quanto demorei para assistir esse filme. Apesar do filme ser um pouco longo e cansativo, a história te prende do começo ao fim. Só gostaria de ter visto o bebê. E a Rosemary fica muito gata com aquele corte de cabelo. rs
Nunca imaginei que era tão bom. Aborda a pré-história de maneira simples, direta e objetiva. Um filme que utiliza apenas grunhidos, músicas e imagens e, que mesmo assim, prende a sua atenção do começo ao fim. Porém, como disseram logo abaixo, eu também não acredito que naquela época já havia esse moralismo de cuspir o seu alimento ao descobrir que ali havia o crânio parecido com o deles. Mas fora isso, o filme é ótimo. Retrata o surgimento da sensibilidade, dos sentimentos, do companheirismo e do respeito. Acho que eu fui a única pessoa que não assistiu este filme em uma aula de história, mas sim na de filosofia.
A Mulher na Janela
3.0 1,1K Assista AgoraHá filmes que são interessantes de serem assistidos sem ler a sinopse, há filmes que são interessantes de serem assistidos sem ver o trailer e há filmes que são interessantes de serem assistidos antes mesmo de se acompanhar qualquer comentário ou resenha aqui no filmow; The Woman in the Window se encaixa perfeitamente na terceira colocação. A produção é uma obra-prima da atualidade? Lógico que não, mas em contrapartida, também está longe de merecer essa chuva de massacres que vem recebendo.
Com pouco mais que 1h e meia de duração, o longa apresenta uma premissa bastante interessante, muitas vezes sendo amplamente associado ao clássico Rear Window e com várias referências ao cineasta Alfred Hitchcock. Apesar de ser extremamente aguardado desde 2019, ano previsto para o seu lançamento, o filme enfrentou diversos obstáculos (como refilmagens, reações negativas nas sessões testes, compra da Fox pela Disney, venda do filme para a Netflix, pandemia etc., etc., etc.) que adiaram a sua estreia. Mesmo diante de tantos entraves, as expectativas ainda eram enormes; e é nesse cenário de anseio que nasce, talvez, uma das maiores problemáticas desse longa.
Antes mesmo de ser concluído, The Woman in the Window já apresentava dois elementos que são cruciais para se construir a famosa imagem de "um dos filmes mais aguardados do ano": um diretor responsável por produções bem avaliadas tanto pela crítica quanto pelo público (no caso, Pride & Prejudice, Atonement e Darkest Hour) e um elenco de peso (com destaque para Amy Adams, atriz com ótimos trabalhos e ainda na saga de conquistar sua estatueta dourada, apesar de já ter algumas indicações ao Oscar em sua carreira — situação vivenciada de forma similar pelo Leonardo DiCaprio até 2016 —). Com a faca e o queijo na mão, entretanto, Joe Wright não conseguiu entregar aquilo que era esperado (o que não faz com que o longa-metragem seja totalmente ruim do ponto de vista do entretenimento).
Anna Fox, interpretada pela Amy, é uma personagem agorafóbica que vive reclusa em seu apartamento e tem como pontos de interação social, além do seu gato Punch, o seu inquilino David e o seu psiquiatra, Dr. Landy. Mesmo que de maneira apressada, o primeiro ato funciona muito bem: somos apresentados à protagonista, seu cotidiano, suas relações e o contexto em que ela está inserida. Por ser um filme que possui um arco narrativo baseado em uma figura com grande temor de multidões e locais abertos, a necessidade de uma direção um pouco mais cuidadosa e uma fotografia mais assertiva se fez presente logo nos minutos iniciais. Nesse contexto, acredito que a direção deixou a desejar, porém, em contrapartida, a fotografia do Bruno Delbonnel foi importante para transformar o apartamento da Anna em um ambiente claustrofóbico e opressivo, além de usar do jogo de cores para demonstrar o estado de espírito da personagem em cenas específicas. O problema começa a partir da instauração do segundo ato e do midpoint.
Os coadjuvantes são muito mal desenvolvidos e extremamente caricatos, fazendo com que tenhamos mais empatia e apreço pelo Punch do que pelos próprios Russell. O roteiro e a direção impedem que tenhamos o benefício da dúvida diante da cena do assassinato da suposta Jane. "Será que isso realmente aconteceu ou é apenas coisa da cabeça da Anna?". A partir do momento em que você expõe de forma tão incisiva a personagem principal sendo uma figura com uma forte fobia e dependente de medicamentos que podem causar alucinações, qualquer credibilidade inicial que possa ser oferecida à protagonista é automaticamente excluída. Eu não li o livro, mas pelo o pouco que sei, nele é mostrado que a Anna faz parte de uma rede virtual de apoio, fato que poderia ser inserido no longa para gerar uma subtrama interessante e proporcionar um pouco mais de embasamento e profundidade na personagem.
O final do segundo ato é deplorável e, aparentemente, a produção acaba caindo na péssima cultura do "raio americanizador" da maneira mais anticlimática possível: o filme se torna extremamente expositivo com a aparição dos detetives e do Ethan para explicar de forma bem mastigada o porquê de tudo aquilo estar acontecendo. Como se não bastasse, ainda há aquela cena patética de luta entre a Anna e o Ethan que dispensa comentários (no mau sentido). Pior que isso só a cena do Toretto pisando no estacionamento e fazendo o chão se abrir em Furious 7.
Apesar dos pesares, The Woman in the Window ainda é um filme divertido para ser assistido em um sábado à noite. A atuação da Amy é prejudicada pela direção do Joe, mas é notória a entrega e a força de vontade da atriz. A sonoplastia é bem trabalhada e proporciona bons momentos de aflição. Não é um filme que ficará na memória do público, mas vale como um bom passatempo.
A Ligação
3.6 511 Assista AgoraQue delicinha de filme, nossa senhora! Não é novidade alguma que o cinema sul-coreano, assim como o espanhol, vêm ganhando destaque e apresentando ótimas produções ao longo dos últimos anos.
O último ato é realmente um divisor de águas (e, de antemão, já confesso que gostei bastante). Muito se fala sobre as cenas descritas como furos de roteiro; sobre elas — pelo menos as mais comentadas —, eu tenho as seguintes percepções:
Antes de tudo, acredito que o filme foi construído sobre duas proposições centrais:
I) Ele se passa em diversas linhas temporais e acontece baseado no efeito em cascata; ou seja, o que ocorre no passado desencadeia uma série de acontecimentos a médio ou longo prazo.
II) Mesmo que a vida da Seo-Yeon seja reescrita a cada linha temporal, suas memórias conseguem saltar de uma para outra (tanto que ela consegue se recordar dos acontecimentos passados, mesmo que esteja em linhas temporais alteradas pelas ações da Young-Sook de 1999). Creio que o mesmo fenômeno ocorre com a Young — posteriormente será possível entender o porquê —.
Dito isso, podemos analisar alguns acontecimentos que resultaram no plot twist.
1. Há um ponto de virada bastante peculiar nos 25/26 minutos finais do filme. É possível notar que, antes da Young de 99 conseguir se livrar da faca, é mostrada uma cena em que a Eun-ae caminha sozinha em direção à casa da Young-Sook, depois de desembarcar de um táxi, procurando pelo seu marido e sua filha. Porém, após a faca ser queimada lá no ferro velho, a mãe da Seo-Yeon surge na delegacia, registrando o desaparecimento de sua filha e logo em seguida chegando no local do crime acompanhada pelo policial.
2. Quando essa realidade é materializada, nos é apresentada uma linha temporal em que a Young-Sook, de fato, se torna uma serial killer (como previsto pela sua madrasta xamã).
3. A premissa de que as ligações só podem ser feitas do passado pro presente se mantém firme o tempo todo. Quando a Young-Sook de 2019 aparece pela primeira vez conversando com o seu eu de 99, dá a sensação de que o telefonema foi feito pela personagem do presente — e isso acontece pela maneira que o diálogo se inicia —. Porém, durante os créditos, quando somos apresentados à cena completa, a gente percebe que, na verdade, foi o telefone da Young do presente que recebeu a chamada.
4. A Young 2019 sabe que a Eun-ae e o policial irão a casa dela, pois ela já viveu aquela cena em 99 e se recorda disso (da mesma forma que ela se lembra da relação conturbada entre a Seo-Yeon e a sua mãe no passado quando ocorre o encontro entre a protagonista e a antagonista em 2019). Percebam só: sempre que uma linha temporal é modificada, o passado continua ocorrendo sem alterações. A mudança ocorre apenas no presente. Dessa forma, mesmo que nessa linha temporal a Young tenha sobrevivido e se tornado uma serial killer, ela precisa fazer com que a sua versão de 99 consiga escapar da morte/polícia para que essa realidade atual continue existindo. É como se o filme seguisse duas linhas temporais simultâneas (a de 99 e a de 2019).
Assim, eu acredito que nunca houve um final alternativo, pois todas as cenas acabaram acontecendo. No passado, tanto a Young quanto a Eun-ae sobrevivem à queda. O que ocorre é que a Young-Sook do presente desaparece pois, em 1999, naquele mesmo momento, a Eun-ae havia sobrevivido e conseguido escapar com a sua filha, alterando a linha temporal. Porém, quando a Young do passado desperta, ela consegue matar a Eun-ae e capturar a Seo-Yeon, alterando novamente o presente, fazendo com na linha temporal atual a protagonista tenha sido mantida aprisionada e torturada durante 20 anos, desde que foi capturada no passado.
Sou apaixonado por filmes como 콜 justamente por eles proporcionarem e fomentarem teorias e discussões acerca do arco final. O enredo não é muito diferente quando comparado com os de outros longas do mesmo gênero, mas a relação entre a protagonista e a antagonista, a fotografia e o ritmo são capazes de oferecer uma ótima experiência.
Sobre a Young Sook eu só consigo dizer: <3
(principalmente na versão de 2019; foi um misto de paixão e medo por aquelas expressões faciais!)
Tiros em Columbine
4.2 350"Se armas deixassem as pessoas mais seguras, os EUA seriam um dos países mais seguros do mundo"
Baita documentário foda que mostra de forma incisiva (e com uma bela dose de sarcasmo) um pouco da podridão e da faceta sórdida de um país que se diz lar dos corajosos — mas só se estiverem portando uma arma, viu? —. Moore consegue ser cirúrgico quando o assunto é desmistificar as falácias que envolvem a disparidade do número de mortes por armas de fogo entre os norte-americanos e os demais países.
Dois pontos que achei interessantíssimos e que eu gostaria de destacar:
1. A entrevista com o Marilyn Manson é primorosa. Vê-lo falar com tanta lucidez e naturalidade fez com que eu quisesse estar ali, naquele ambiente, participando daquela conversa. Em poucos minutos ele conseguiu sintetizar perfeitamente a cultura do medo que assola os Estados Unidos e que contribui para a sua natureza bélica.
2. A visita do Michael a algumas cidades canadenses facilita demais na compreensão da diferença de mentalidade entre os dois países e como isso, obviamente, interfere diretamente na taxa de homicídios por armas em ambos os lugares.
Só não digo que a produção foi um soco no estômago pois se tratando dos EUA não é de se espantar o nível de sujeira em que essa nação está inserida. Ademais, é um documentário extremamente necessário, principalmente no contexto atual do cenário brasileiro onde o tema de posse de arma vem sendo discutido e tomando forma há alguns anos.
Fratura
3.3 917Putz, miraram em Shutter Island e saiu isso aí. Não é ruim, mas pra quem é acostumado com psychological thriller movies já consegue sacar o plot twist logo no primeiro ato.
Sinto que faltou um pouco de sutileza nos pontos de virada. Fica muito evidente a tentativa de mudar o rumo da narrativa sempre que o Ray respira profundamente depois de fechar e abrir os olhos e isso acaba fazendo com que a gente relute na hora de comprar a história dele.
De qualquer forma, o longa prende a atenção de quem assiste e consegue ser eficiente na construção dos momentos de tensão. Pra quem curte filmes desse gênero, indico demais a produção espanhola Contratiempo. Possui a mesma premissa e, pra mim, é bem superior a essa.
Incêndios
4.5 1,9K Assista AgoraTalvez o único ponto falho desse filme tenha sido não ter trabalhado de forma mais profícua a relação de idade X fisionomia dos personagens para que condissesse melhor com as épocas dos acontecimentos.
Vejamos: Nawal Marwan nasceu em 1949 e teve seu filho por volta de 1970 (tendo como base a documentação de registro do orfanato). Logo em seguida, com a ajuda de sua avó, se mudou para Daresh. Com a guerra civil entre os nacionalistas cristãos e refugiados próxima de atingir seu ápice, a protagonista decide sair em uma jornada em busca de Nihad.
Quando Marwan atravessa a ponte que separa a cidade das aldeias, acredita-se que o enredo já tenha avançado pelo menos 3 anos (vide a cena em que ela chega em uma aldeia no sul da cidade e pergunta a uma moradora se ela só teve filhas e mulher responde que os meninos foram para o orfanato depois dos 3 anos). Nessa época, podemos supor que Nawal já tenha 24/25 anos e seu filho 3/4 anos.
Ao assassinar o líder da milícia cristã, Marwan é enviada para a prisão e condenada a passar 15 anos reclusa naquele lugar — teoricamente saindo de lá só por volta dos 40 anos —. Quando Simon encontra Wallat, o chefe da guerrilha explica que Nihad retornou para Daresh, se tornou um dissidente (atirando em todos), e logo depois foi capturado pela oposição, onde foi treinado e transformou-se em um torturador. Vale relembrar que, momentos antes, em cenas de flashback, Nihad, aparentemente com uns 15 anos, aparece atirando contra um grupo de crianças (pressupondo que o momento de sua captura pelos nacionalistas ocorreu pouco depois dessa época).
Considerando que: 1) Nawal foi condenada a 15 anos de prisão; 2) que a essa altura ela já deve ter por volta de 36/37 anos — já que se passou pelo menos uma década desde que ela foi presa até o momento em que somos apresentados à cena de seu filho atirando contra as crianças —; podemos deduzir que Nahid (agora já agindo sob o codinome de Abou Tarek) praticou os abusos sexuais com, no máximo, 18 anos (já que faltavam apenas mais 3 anos pra Marwan concluir a sua pena).
O problema é que, quando somos apresentados a Abou, já na prisão, sua fisionomia não nos permite acreditar que aquele homem possui uma idade adequada com a linha cronológica apresentada durante todo o enredo. A mesma coisa acontece com os gêmeos: partindo da premissa de que eles nasceram por volta de 1988, quando Tarek supostamente tinha 18 anos, é de se esperar que em 2009, ano em que Nawal faleceu, eles tivessem no máximo uns 22 anos (mas eles também aparentam ter um pouco mais). De qualquer forma, não é um furo que minimiza a experiência e o impacto que o longa produz sobre nós.
Incendies é um filme cru, verossímil e impactante. A narrativa é construída sob uma ótica bastante interessante que nos faz imergir em uma atmosfera totalmente subversiva. Denis Villeneuve soube trabalhar muito bem a dualidade temporal de forma que a relação entre o presente e o passado se apresentasse de maneira fluida e natural.
Nos minutos finais, a gente descobre o porquê do filme ter uma duração considerada extensa e cansativa (concepção essa que eu discordo completamente): desenvolver uma personagem que possui tantas camadas como a Nawal é uma tarefa que requer o mínimo de sensibilidade e atenção. A trama possui algumas figuras importantíssimas que são cruciais para se entender cada ação que a protagonista tomou durante a sua trajetória.
Como se já não bastasse a história intrigante e as atuações cativantes, o filme conta com uma trilha sonora maravilhosa.
(inclusive, quem gosta de Radiohead vai adorar saber que a música "You and Whose Army?" está presente aqui)
Digo com toda a certeza que Incendies foi o melhor filme que eu já assisti nesse ano e não é à toa que se tornou um dos meus favoritos. Villeneuve foi cirúrgico em sua proposta e, com esse longa, deu um passo importante para consolidar seu nome como um dos melhores diretores da atualidade.
O Poço
3.7 2,1K Assista AgoraO cinema espanhol mais uma vez mostrando que a hegemonia norte americana pode estar com os dias contados. Provavelmente não haverá momento mais propício que esse pra assistir El Hoyo.
A longa possui uma história interessantíssima, anômala e, apesar de todo o simbolismo religioso, referências literárias e uma boa dose de distopia, expõe a sórdida faceta da humanidade. É quase impossível terminar de ver o filme sem fazer uma análise profunda sobre a nossa sociedade, o capitalismo, a luta de classes, as diversas camadas sociais e como isso impacta em toda a dinâmica de relações interpessoais nas quais estamos inseridos.
O roteiro é muito bem escrito (o filme já se inicia com uma frase que oferece ao espectador uma clara abertura para reflexão, seja de forma literal ou figurativa), repleto de metáforas e analogias que precisam ser captadas nas nuances de cenas para um bom entendimento do enredo. Por se tratar de um longa em que praticamente não há ações em ambientes externos, o design de som foi extremamente importante para fazer com que entrássemos, de fato, na atmosfera do filme. Os sons diegéticos foram muito bem trabalhados e se tornaram peças-chave para o mantimento da tensão contínua. Por último, mas não menos importante, é preciso destacar o nível de atuação do elenco. Iván Massagué, Alexandra Masangkay e Emilio Buale deram um show de interpretação.
El Hoyo foi a estreia do basco Galder Gaztelu-Urrutia na direção de longas e, com certeza, fez com que o diretor entrasse nesse mundo com o pé direito. Pode não cair no gosto do público pela ausência de uma conclusão interpretativa, mas é exatamente esse fator que me cativa. A possibilidade de diversas interpretações pode abrir caminhos para inúmeras críticas negativas, mas em contrapartida, é o que mantém viva a essência da história e permite uma ampla discussão em diferentes contextos.
Diante do caos social, político e econômico que estamos vivendo atualmente, El Hoyo se torna um filme completamente necessário para entender até que ponto pode chegar a perversidade do ser humano em seus momentos de glória e declínio.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraEu sempre fico receoso de afirmar com total certeza as minhas convicções e impressões acerca de um filme, mas posso dizer, com os olhos fechados e sem sombra de dúvida, que Moonlight é, até então, uma das pouquíssimas longas que, na minha concepção, funcionou em todos os aspectos: direção, fotografia, roteiro, trilha sonora e atuações.
O filme carrega uma gama de críticas sociais que vai muito além da jornada de um personagem negro e a sua transição da vida infantil para a vida adulta. A representatividade para nós é gritante em cada minuto; desde o elenco demasiadamente negro às situações que envolvem toda uma construção de estereótipos em relação aos afrodescendentes. A masculina tóxica é retratada de maneira sutil, porém, incisiva. Cada ato nos faz entrar em um mundo de reflexões e questionamentos.
É desesperador (e real) como o molde do homem negro, forte e viril é colocado em xeque logo na infância do Chiron pelo simples fato dele não se portar de tal forma que a sociedade espera para alguém de sua raça. Como se não bastasse ter que carregar consigo todo o sentimento de não pertencimento, o garoto ainda tem que lidar com o vício e o desafeto de sua própria mãe, além de, claro, as dúvidas e incertezas sobre a sua orientação sexual.
A atuação de todo o elenco é realmente deslumbrante, mas as interpretações dos 3 atores que representaram o Chiron durante o seu crescimento são de tirar o fôlego. A ausência de palavras e o olhar intrínseco bastam para que vejamos as consequências de viver uma vida que nos é imposta à base de uma pressão social. Você acaba se perdendo na sua própria formação e se torna aquilo que as outras pessoas desejam, mas as suas ambições são deixadas de lado em prol daqueles que te rodeiam.
Moonlight não é apenas um filme; é uma lição de vida, um aprendizado constante e que é vivenciado diariamente no mundo real. Sensibilidade e perspicácia na dose certa. Nem toda longa necessita de um plot twist ou de um final conclusivo. Em alguns casos, é preciso apenas deixar acontecer.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraMeo, caralho, que filme foda! Demorei muito tempo pra assistir pois levei em consideração apenas a sinopse (que cá entre nós é bem clichê), mas nossa, a vibe do filme é muito mais intensa. É incrível como o racismo foi exposto durante a longa, mascarado pelos comentários dos personagens durante certas situações. Nos primeiros 30 minutos a gente já consegue sacar mais ou menos o que se passa, mas não sabemos exatamente o quê.
Tem uma puta crítica social baseada em conceitos que nós, negros, vivenciamos diariamente. Porém, essas situações são tratadas com uma pitada de humor e um pouco de tensão durante boa parte do tempo. O roteiro é sensacional. Parece que estamos na pele do Chris tentando entender toda essa loucura que está acontecendo, mesmo que a gente já tenha percebido a estranheza que pairava na casa, principalmente em relação ao comportamento dos personagens negros.
A cena final foi a hora que eu pensei "puta que pariu, fodeu!".
A primeira coisa que eu pensei quando vi o carro da polícia foi que o protagonista seria preso por um policial branco que se deixaria levar pelo racismo ao se deparar com um cenário em que a única pessoa viva no meio de toda aquela gente morta era um cara negro. Quando a porta se abriu e eu vi que quem estava saindo do carro era o amigo do Chris, o único sentimento que eu senti foi algo do tipo SURPRISE MODAFOCA.
Corra, Lola, Corra
3.8 1,1K Assista AgoraNunca pensei que um filme que "se repete" 3 vezes dentro da mesma história, mas com variáveis sendo sutilmente alteradas, pudesse ser tão dinâmico e eletrizante como esse. Corra, Lola, Corra é uma longa bem elaborada que foge dos padrões atuais. Ao contrário dos tradicionais protagonistas tangíveis implementados na maioria dos filmes, aqui o personagem principal é o tempo. O que vinte minutos é capaz de fazer na sua vida? Como ele pode interferir? Quais rumos ele pode lhe proporcionar?
O filme transborda condições que vivenciamos dia após dia. Correria, escolhas, acasos, encontros, desencontros, consequências... O fato de Lola ter apenas mil e duzentos segundos para resolver uma situação de tamanha magnitude já é um elemento que prende a atenção do público. A partir disso, o "e se...?" surge na nossa mente. E se ela a personagem tivesse tomando um caminho diferente? E se ela tivesse chegado a tempo? E se ela tivesse evitado tal ação? O cômico é que as respostas estão justamente dentro dos acasos que acontecem na longa. A trilha sonora é basicamente composta por ritmos eletrônicos, fazendo com o telespectador compartilhe da mesma adrenalina que Lola exibe durante os 81 minutos.
O início da longa leva nossa mente a imaginar que se trata de um filme ingênuo e maçante (tive a mesma sensação quando assisti Scott Pilgrim Contra o Mundo). Entretanto, os elementos transcendem o tradicionalismo e a sacada fica por conta de cortes geniais entre uma cena e outra. Pra quem gosta de uma experiência excêntrica, que sobrepuja aquela habitual narrativa norte-americana, é um excelente filme. Não é à toa que ganhou o Independent Spirit Awards como melhor filme estrangeiro.
Nota: não imaginava encontrar, em tão pouco tempo, uma personagem que me cativasse tanto quanto a Lisbeth Salander (Män Som Hatar Kvinnor). Lola conseguiu esse feito em menos de 10 minutos.
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraAcho o Tarantino um mestre naquilo que faz e essa obra-prima só veio para comprovar essa teoria. É um filme que vai muito além da liberdade de um escravo; envolve questões sociais e raciais, ilustrando toda a intolerância e as atrocidades que a população negra era submetida. Jamie Foxx atuou de uma maneira tão vigorosa que eu não consigo imaginar um outro ator que pudesse ter feito o papel do Django. O relacionamento do personagem dele com a sua esposa foi transmitida de uma forma bem marcante.
Confesso que o grito que a Broomhilda deu no 33min e 40seg, quando recebeu a primeira chicotada, doeu na alma.
King Schultz é um personagem que prendeu a minha atenção e até agora eu não consigo explicar o porquê. Christoph Waltz incorporou tão bem o papel que eu passei a admirá-lo mais nesse filme do que no Bastardos Inglórios. Não adianta, o cara tem um talento ímpar pra repassar aquele ar sarcástico com uma dose de bom humor. A proposta de um caçador de recompensas ter que se submeter às condições de um escravo para que possa alcançar o seu objetivo nos remete à conclusão de que, muitas vezes, o nosso ego é totalmente irrelevante perto daquilo que a humildade pode nos proporcionar.
A trilha sonora e a fotografia dispensam comentários. O filme tem quase 3 fuckings horas de duração e isso foi fazendo com que eu desistisse de assistí-lo logo no início. Entretanto, hoje em dia eu me arrependo totalmente de ter demorado tanto pra vê-lo. Posso dizer com toda a certeza que "Django Unchained" se tornou o meu filme favorito ao lado de "Män Som Hatar Kvinnor" e "Donnie Darko".
Curiosidade: está comprovado que falar "I like the way you die, boy" faz você se sentir foda pra caralho.
Bastardos Inglórios
4.4 4,9K Assista AgoraNenhuma outra cena me fez rir tanto quanto a do Brad pronunciando "Gorlami" com aquele ar de "se você me perguntar novamente, eu meto uma bala no meio da sua testa".
Onze Homens e um Segredo
3.8 645 Assista AgoraFilmes que envolvem roubos de grande porte sempre me atraem. A inteligência, a astúcia e a ousadia da pessoa que planeja todo o plano me cativam de uma tal maneira que nem eu mesmo consigo explicar. O elenco foi muito bem escolhido, e cada ator se encaixou perfeitamente em seu devido papel. A comunicação entre o Danny e o Rusty é um tanto quanto engraçado, o que dá um ar de humor ao longo do filme. Só senti falta da tradicional perseguição, já que, geralmente, filmes desse estilo abrangem perseguições duradouras após o roubo ocorrido. Porém, a inteligência dos personagens foram tão grandes que até isso eles conseguiram evitar. E o final é surpreende, vale pelo filme todo.
Homem de Ferro 2
3.6 1,9K Assista AgoraAo contrário das opiniões de muitos, eu gostei do filme. Não é melhor do que o anterior, porém, não deixa de ser interessante. E como sempre, o sarcasmo do Stark me fez rir tanto quanto o primeiro filme.
Uma Saída de Mestre
3.6 457 Assista AgoraInicialmente, eu planejava assistir o filme apenas pelo Jason Statham, pois adoro os filmes em que ele atua. Não é um filme surpreendente, mas a simplicidade da história central sendo transformada em algo que prende a pessoa do início ao fim, obviamente, não é pouca merda. O único ponto que não me agradou foi a atuação da Charlize Theron. Ela parecia não ter emoção nem na hora em que sua personagem referia-se ao seu pai, seja diretamente ou indiretamente. Porém, fora isso, o filme é bem bacana, típico pra assistir após um dia cansativo (nem que seja pra rir um pouco com o Lyle).
Todo Mundo Quase Morto
3.7 979 Assista AgoraConfesso que ri com algumas cenas, mas pensei que seria mais engraçado.
Todo Mundo em Pânico 5
1.9 1,6KÉ o mais fraco da franquia. Senti que tentaram forçar a comédia. Pra falar a verdade, só teve uma ou duas cenas em que eu dei ~aquela~ risada. Fora isso, não valeu nem a terça metade do tempo e do dinheiro que eu perdi.
Seven: Os Sete Crimes Capitais
4.3 2,7K Assista AgoraO filme é excepcional. Os diálogos, as atuações, o enredo... O fato de David Fincher ter conseguido transformar uma história clichê em algo notório realmente me impressionou. A atuação do Morgan não deixou a desejar. Sempre com aquele ar de mistério e praticidade. Ainda estou perplexo de como os últimos 15 minutos finais fizeram o filme tomar um rumo totalmente contrário ao que eu imaginava. Porém, um final feliz estragaria totalmente a beleza que há nesse filme.
A Lenda dos Guardiões
3.6 1,2K Assista AgoraUma das melhores animações que eu já assisti.
Os Homens que não Amavam as Mulheres
4.1 1,5K Assista AgoraQue filme maravilhoso! Os personagens, as atuações, a tensão... Tudo lhe prende do começo ao fim. O visual fora do padrão da Lisbeth me encantou desde o início do filme. Apesar de ser um filme longo, com quase duas horas e meia de duração, a história lhe faz esquecer totalmente do tempo, fazendo com que fiquemos com gostinho de "quero mais" quando o filme acaba.
O Bebê de Rosemary
3.9 1,9K Assista AgoraAinda não estou acreditando o quanto demorei para assistir esse filme. Apesar do filme ser um pouco longo e cansativo, a história te prende do começo ao fim. Só gostaria de ter visto o bebê. E a Rosemary fica muito gata com aquele corte de cabelo. rs
A Última Casa
3.5 1,2K Assista AgoraQue filme chato. Duas estrelas apenas pela cena do microondas.
O Colecionador de Corpos
3.3 765 Assista AgoraAcho que acabei de ser esfaqueado.
May: Obsessão Assassina
3.2 268 Assista AgoraAlguém tem o link? Estou louco para assistir, mas não encontro em lugar nenhum.
A Guerra do Fogo
3.6 352Nunca imaginei que era tão bom. Aborda a pré-história de maneira simples, direta e objetiva. Um filme que utiliza apenas grunhidos, músicas e imagens e, que mesmo assim, prende a sua atenção do começo ao fim. Porém, como disseram logo abaixo, eu também não acredito que naquela época já havia esse moralismo de cuspir o seu alimento ao descobrir que ali havia o crânio parecido com o deles. Mas fora isso, o filme é ótimo. Retrata o surgimento da sensibilidade, dos sentimentos, do companheirismo e do respeito. Acho que eu fui a única pessoa que não assistiu este filme em uma aula de história, mas sim na de filosofia.