Estupendo filme, com um final propositalmente inconclusivo. Mostra o que pode acontecer a uma criança privada de cuidados, exaustivamente rejeitada, tanto pela família natural quanto por substitutas, além de instituições do poder público. Ou seja, ninguém consegue conter tamanha explosão vinda duma só menina - a qual, vale dizer, tem lá seus momentos de doçura
(abraço na assistente social desolada, pegada no colo do bebê do educador-referência para ela)
A gritaria da protagonista é muito incômoda, abrindo o berreiro constantemente no decorrer do longa-metragem, algo que só confirma a relevância da atuação desta jovem atriz, a qual traz uma característica bem andrógina e ambígua à personagem. Os demais personagens também são bem construídos, na medida em que falhos e limitados -
ah, a promessa da mãe em pega-la de volta, bem como a falta de reciprocidade no abraço do educador-referência junto à protagonista... -
- fazendo o possível para lidar com uma criança indomável, dentro de seus próprios dilemas e inquietações.
Dá para extrair muita coisa deste filme, e, assim como a vida humana, não traz respostas fáceis, mostrando a complexidade envolvida nas vãs tentativas de submeter alguém insubmissa a um sistema possível de acolhimento. Tanto que é difícil encontrar culpados, pois os comportamentos são bastante compreensíveis diante das circunstâncias. Vale a pena assistir e refletir.
Que filme magnífico, em todos os sentidos possíveis! Trilha sonora que dispensa comentários, elenco incrível, edição espetacular, apresentações fidedignas ao Queen, enfim, uma obra-prima a ser apreciada independente do interesse pelo Freddie Mercury e sua banda.
Sobre ele, o que ficou para mim foi a coragem que este cara teve, tornando-se um rockstar icônico e extravagante na contramão de sua família humilde e conservadora, e deixando um casamento com Mary Austin para explorar sua verdadeira orientação sexual -
A tradução do título estragou a sua ambiguidade. No original, "The good nurse", poderia aplicar-se tanto à enfermeira quanto ao enfermeiro, já que é um substantivo invariável quanto ao gênero, e deixa esta dúvida no tocante ao par principal; já na tradução, "O enfermeiro da noite", além de dar um destaque à figura masculina, foca no turno de trabalho dele.
Quanto ao enredo, visa mostrar a história de um serial killer que aparenta ser um bom moço, e não tem reviravolta alguma - é tudo bastante óbvio. Fiquei esperando por algo surpreendente no desfecho, e não veio. Saio com muitas perguntas deste filme, e a sensação de que faltou algo fundamental ali.
Uma aula sobre os primórdios da psicanálise - baseado numa obra do Jean Paul Sartre, vale dizer, que fez parte da direção por algum tempo - mas que dá um sono danado. Difícil chegar ao final sem dar uma cochilada, pois o enredo é muito monótono. Serve como introdução à vida e obra do Freud, principalmente no tocante a sua inovadora abordagem terapêutica da histeria, possuindo bastante apelo didático. Mas como filme mesmo - e não um aprendizado psicanalítico - não curti, a ponto de sequer cogitar revê-lo; 2 horas que demoraram a passar.
A conclusão deste filme - deixada em aberto, inclusive - na minha visão, é que nada é o que parece ser, e a verdade é encontrada nos detalhes, naquilo que passa despercebido a um olhar desatento. Achei sensacional, mas tenho que admitir que é bem lento e ambíguo, portanto, para quem gosta de roteiros mais frenéticos e com respostas prontas, melhor passar longe. Agora, para quem aprecia uma boa fotografia, gosta de histórias elaboradas, e, principalmente, interessa-se pelo universo do faroeste estadunidense, assista o quanto antes!
Minha nossa, que filme foi este? Entendi foi é N-A-D-A. Quando achei que estava entendendo, percebi que não fazia ideia do significado do enredo. Fica até difícil comentar, pois só sei que nada sei em relação a ele. Diferentemente dos demais cinéfilos, porém, vou continuar com minha ignorância, pois não me empolgou a ponto de querer revê-lo. Assim, a quem for assistir, recomendo pesquisar antes sobre a real premissa do filme - que estou até agora para descobrir.
É um filme propositalmente absurdo, portanto, quem quiser encontrar um sentido nele, vai cair fácil no desgraçamento mental. Ademais, como já colocaram abaixo, segue a premissa de longas como "O Clube da Luta", e também "Cisne Negro", que é o encontro individual com a própria sombra, isto é, o lado reprimido da personalidade.
De qualquer modo, o que mais me chamou atenção é a apresentação dos estereótipos do homem introvertido - visto como um autêntico idiota, que fracassa em tudo o que faz - e do homem extrovertido - o símbolo do sucesso e da conquista. Tanto que, enquanto o Simon Jason (tímido) é invisível em todos os locais que frequenta, passando anos na mesma função sem sequer ser notado, além de rejeitado pela garota que deseja, o Jason Simon (malandro) ascende rapidamente dentro da hierarquia corporativa, arrastando mulheres ao seu encalço. Eis o ideal da extroversão escancarado, mostrando o quanto a cultura imperante privilegia pessoas comunicativas e sociáveis.
Enquanto suspense, cumpre o que promete. A tóxica relação de dependência entre mãe e filha é muito bem trabalhada, mostrando até que ponto as pessoas podem chegar em nome do "amor". Baseado na premissa do convívio entre uma mãe hiperprotetora e uma filha cadeirante, o roteiro é surpreendente, e tem um desfecho merecido. Algumas cenas são exageradas, mas me prendeu do início ao fim, dada a narrativa sufocante e as ótimas atuações das atrizes principais (aliás, a personagem PCD é interpretada por uma pessoa PCD, o que confere maior autenticidade à história).
Documentário claramente enviesado (e qual não é?), que se propõe a narrar a ascenção e queda do PT ao poder. A diretora é abertamente petista, o que pode incomodar quem tem um ponto de vista diverso - os comentários abaixo são prova disso.
Nos termos do documentário, o impeachment da Dilma é apresentado como golpe, e a prisão do Lula como infundada, já que sem provas consistentes, e manobra para impedir a sua reeleição em 2018.
Nem por isso há uma defesa intransigente do PT, mostrando também alguns dos seus pontos fracos - coalizão precoce com o PMDB, envolvimento com empreiteiras - e até mesmo alguns discursos e mobilizações contrárias ao governo petista. Ou seja, há uma perspectiva parcial, mas consciente desta parcialidade, a ponto de buscar não radicaliza-la.
Acho importante inclusive para quem é anti-petista, pois trata dos assuntos mais relevantes da política nacional desta década, de modo a entendermos como chegamos onde estamos.
Pessoalmente, fiquei convencido de que o impeachment da Dilma se deu, principalmente, pela falta de apoio no Congresso Nacional, sendo, portanto, um julgamento político acima de tudo. Basta ver o desfecho da denúncia contra o Temer.
No mais, acho vergonhoso o cenário político atual, fruto da onda anti-PT que trouxe à tona políticos contrários à democracia, embora eleitos dentro deste regime. E então, conservadores, estão contentes com o que conseguiram? Acabou a corrupção? Aumentaram os empregos? O Brasil se tornou um país mais justo? Espero que repensem bastante suas posições, do mesmo modo que os progressistas estão tendo de rever as deles.
No final das contas, se continuarmos com a polarização imperante, inviabilizadora do diálogo e da construção de consensos, a guerra civil ideológica persistirá. Sei que é difícil, mas olhar para o outro como inimigo parece não ser o caminho - eu que o diga, mal consigo olhar para cara do Bolsonaro.
Enfim, valem a pena as duas horas de duração, não sendo à toa seu reconhecimento internacional.
Buffy S2 No mais, por que raios traduziram o filme em alguns lugares como Oscar e Wilder? Além de fazer uma alusão desnecessária ao escritor Oscar Wilde, foca no relacionamento entre o protagonista e seu colega de trabalho, que nem é o principal elemento da narrativa.
Sinceramente, achei o filme superestimado. Por ser o ganhador de melhor filme da última edição do Oscar, aguardava por uma narrativa irretocável - não foi o que vi. Achei ruim, tão absurdo que me levou às gargalhadas com as reviravoltas grotescas do roteiro. Muitos condenam os ricos (que são sim parasitas, a seu modo), mas se esquecem que os pobres se valeram de todas as mentiras e fraudes possíveis para, no final, desfrutar de tudo aquilo que os ricos detêm. Enfim, não achei que a crítica social se sobressai à confusão do enredo.
A definição de "os fins justificam os meios". Afinal, se você quer um emprego numa corretora de ações - para conquistar um conversível - você deve sacrificar casamento e aluguéis, expor seu filho a uma série de riscos e esconder contundentemente a sua condição social.
Sério, este filme é irresponsável de uma forma que me incomoda. Como se valesse tudo para conseguir o que se quer, premiando o egoísmo e a ambição sem limites. O discurso meritocrático passado para o cinema.
Na boa, achei péssimo. Nada de inspirador ou exemplar, como já vi este filme sendo retratado. A única coisa que salva é o afeto entre pai e filho - e mesmo assim, com algumas ressalvas, já que a postura paterna é, ao mesmo tempo, carinhosa e imprudente.
Um olhar atento e delicado sobre as diferenças nas relações entre pais e filhos, principalmente quando estes fogem muito das expectativas - não só paternas, como sociais.
Síndrome de Down, nanismo, homossexualidade, autismo, homicídio - todos esses temas são abordados tanto da perspectiva dos genitores quanto dos "filhos desviantes" (sempre que possível), mostrando todo o percurso sinuoso e árido até a derradeira aceitação da diversidade humana e conquista da reconciliação familiar.
Documentário com enredo muito bacana, que descontrói a noção de família perfeita e idealizada, muito embora deixe um pouco a desejar na fotografia e na composição visual. Em outras palavras, profundo, mas não arrebatador.
Visceral e alucinado longa-metragem, que constrói a trajetória dum indivíduo doente dentro de uma sociedade de igual natureza. O resultado? A ascensão de um dos mais emblemáticos vilões da história dos quadrinhos.
Mesmo para quem acha que o filme é coisa de "esquerdista ressentido", vale a pena tão somente pela atuação do camaleão Joaquin Phoenix
- estou até agora tentando processar a performance dele quando aparece pela primeira vez como Coringa no programa de televisão; o que foi aquilo? Impressionante, para dizer o mínimo.
A narrativa é muito palpável e a abordagem psicossocial do vilão nos traz um questionamento incômodo: até que ponto a sociedade contribui no desenvolvimento de personalidades antissociais? Não seriam elas, pois, uma reação extrema a contextos inóspitos e degradantes? Fica a reflexão...
Engraçado e provocativo, crítico e divertido. Sátira de alta qualidade, com um senso de humor perspicaz e retrato caricato da condição dos trabalhadores nas sociedades industriais. Ao mesmo tempo, uma aula de sociologia e cinema. Verdadeiro clássico!
Certamente vai frustrar aqueles que esperam uma adaptação fiel ao original. O enredo é praticamente novo, com algumas referências ressignificadas da versão animada. Agora, apesar de alguns acontecimentos dispensáveis, que tornam o longa-metragem mais longo do que deveria, vale a pena simplesmente pela mensagem principal, atual e bem mais emblemática e significativa do que a original: maus-tratos de animais nos circos. O tom denunciador da narrativa combinado com uma conclusão abolicionista compensa, na minha visão, os furos e inadequações do roteiro, bem como alguns personagens mal construídos. Por isso, contrariando muitos, recomendo ainda mais que a versão animada!
Que filme chato! Não consegui chegar até o final de tão arrastado que me pareceu. Deve agradar aos que curtem humor escrachado e sem sentido, mas aos demais, melhor passar longe. Quem dera alguém tivesse me dito isso, não teria perdido algumas horas da minha vida com este longa-metragem entediante.
A grande dúvida existencial após assistir a esse documentário: como é que não soube dele antes? Fica a sensação de tempo perdido, tendo em vista a grande preciosidade em forma de película que vemos diante da tela. Trilha sonora, fotografia e entrevistas impecáveis, de emocionar e fazer refletir profundamente. É tanto aprendizado que nem mesmo dez reprises dão conta da compreensão holística contida nele. Indispensável a quem - ainda - tem dúvidas a respeito da qualidade do cinema brasileiro.
"Estudar o caminho do buda é estudar a si mesmo; estudar a si mesmo é esquecer-se de si mesmo; esquecer-se de si mesmo é estar iluminado por todas as coisas; estar iluminado por todas as coisas é libertar seu próprio corpo e mente, bem como dos outros."
Magnífico, para dizer o mínimo. Uma verdadeira aula de zen-budismo, com inúmeras passagens marcantes, tanto no aspecto visual quanto narrativo. Diálogos muito bem elaborados, imagens muito bem captadas, enfim, arrisco-me a dizer: uma obra-prima do cinema oriental. Fundamental e imprescindível às listas cinematográficas com temáticas budistas!
O único porém se dá, na minha visão, a uma afirmação copiosamente repetida pelo protagonista, o qual, no afã de erigir um novo budismo em sua terra-natal, Japão, nomeia seu conjunto de ensinamentos e práticas como "o verdadeiro budismo". Achei muito pretensioso e demasiado presunçoso da parte dele - o que não sei se é uma construção ficcional ou transposição da vida real de Dogen. Ademais, figura incrível e exemplar.
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Transtorno Explosivo
4.0 158 Assista AgoraEstupendo filme, com um final propositalmente inconclusivo. Mostra o que pode acontecer a uma criança privada de cuidados, exaustivamente rejeitada, tanto pela família natural quanto por substitutas, além de instituições do poder público. Ou seja, ninguém consegue conter tamanha explosão vinda duma só menina - a qual, vale dizer, tem lá seus momentos de doçura
(abraço na assistente social desolada, pegada no colo do bebê do educador-referência para ela)
A gritaria da protagonista é muito incômoda, abrindo o berreiro constantemente no decorrer do longa-metragem, algo que só confirma a relevância da atuação desta jovem atriz, a qual traz uma característica bem andrógina e ambígua à personagem. Os demais personagens também são bem construídos, na medida em que falhos e limitados -
ah, a promessa da mãe em pega-la de volta, bem como a falta de reciprocidade no abraço do educador-referência junto à protagonista... -
Dá para extrair muita coisa deste filme, e, assim como a vida humana, não traz respostas fáceis, mostrando a complexidade envolvida nas vãs tentativas de submeter alguém insubmissa a um sistema possível de acolhimento. Tanto que é difícil encontrar culpados, pois os comportamentos são bastante compreensíveis diante das circunstâncias. Vale a pena assistir e refletir.
Bohemian Rhapsody
4.1 2,2K Assista AgoraQue filme magnífico, em todos os sentidos possíveis! Trilha sonora que dispensa comentários, elenco incrível, edição espetacular, apresentações fidedignas ao Queen, enfim, uma obra-prima a ser apreciada independente do interesse pelo Freddie Mercury e sua banda.
Sobre ele, o que ficou para mim foi a coragem que este cara teve, tornando-se um rockstar icônico e extravagante na contramão de sua família humilde e conservadora, e deixando um casamento com Mary Austin para explorar sua verdadeira orientação sexual -
mesmo que isso tenha custado sua vida, devido à infecção por AIDS.
Por isso, repito: que filme magnífico!
O Enfermeiro da Noite
3.4 401 Assista AgoraA tradução do título estragou a sua ambiguidade. No original, "The good nurse", poderia aplicar-se tanto à enfermeira quanto ao enfermeiro, já que é um substantivo invariável quanto ao gênero, e deixa esta dúvida no tocante ao par principal; já na tradução, "O enfermeiro da noite", além de dar um destaque à figura masculina, foca no turno de trabalho dele.
Quanto ao enredo, visa mostrar a história de um serial killer que aparenta ser um bom moço, e não tem reviravolta alguma - é tudo bastante óbvio. Fiquei esperando por algo surpreendente no desfecho, e não veio. Saio com muitas perguntas deste filme, e a sensação de que faltou algo fundamental ali.
Freud, Além da Alma
3.9 175 Assista AgoraUma aula sobre os primórdios da psicanálise - baseado numa obra do Jean Paul Sartre, vale dizer, que fez parte da direção por algum tempo - mas que dá um sono danado. Difícil chegar ao final sem dar uma cochilada, pois o enredo é muito monótono. Serve como introdução à vida e obra do Freud, principalmente no tocante a sua inovadora abordagem terapêutica da histeria, possuindo bastante apelo didático. Mas como filme mesmo - e não um aprendizado psicanalítico - não curti, a ponto de sequer cogitar revê-lo; 2 horas que demoraram a passar.
Ataque dos Cães
3.7 932A conclusão deste filme - deixada em aberto, inclusive - na minha visão, é que nada é o que parece ser, e a verdade é encontrada nos detalhes, naquilo que passa despercebido a um olhar desatento. Achei sensacional, mas tenho que admitir que é bem lento e ambíguo, portanto, para quem gosta de roteiros mais frenéticos e com respostas prontas, melhor passar longe. Agora, para quem aprecia uma boa fotografia, gosta de histórias elaboradas, e, principalmente, interessa-se pelo universo do faroeste estadunidense, assista o quanto antes!
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraMinha nossa, que filme foi este? Entendi foi é N-A-D-A. Quando achei que estava entendendo, percebi que não fazia ideia do significado do enredo. Fica até difícil comentar, pois só sei que nada sei em relação a ele. Diferentemente dos demais cinéfilos, porém, vou continuar com minha ignorância, pois não me empolgou a ponto de querer revê-lo. Assim, a quem for assistir, recomendo pesquisar antes sobre a real premissa do filme - que estou até agora para descobrir.
O Duplo
3.5 518 Assista AgoraÉ um filme propositalmente absurdo, portanto, quem quiser encontrar um sentido nele, vai cair fácil no desgraçamento mental. Ademais, como já colocaram abaixo, segue a premissa de longas como "O Clube da Luta", e também "Cisne Negro", que é o encontro individual com a própria sombra, isto é, o lado reprimido da personalidade.
De qualquer modo, o que mais me chamou atenção é a apresentação dos estereótipos do homem introvertido - visto como um autêntico idiota, que fracassa em tudo o que faz - e do homem extrovertido - o símbolo do sucesso e da conquista. Tanto que, enquanto o Simon Jason (tímido) é invisível em todos os locais que frequenta, passando anos na mesma função sem sequer ser notado, além de rejeitado pela garota que deseja, o Jason Simon (malandro) ascende rapidamente dentro da hierarquia corporativa, arrastando mulheres ao seu encalço. Eis o ideal da extroversão escancarado, mostrando o quanto a cultura imperante privilegia pessoas comunicativas e sociáveis.
Fuja
3.4 1,1K Assista AgoraEnquanto suspense, cumpre o que promete. A tóxica relação de dependência entre mãe e filha é muito bem trabalhada, mostrando até que ponto as pessoas podem chegar em nome do "amor". Baseado na premissa do convívio entre uma mãe hiperprotetora e uma filha cadeirante, o roteiro é surpreendente, e tem um desfecho merecido. Algumas cenas são exageradas, mas me prendeu do início ao fim, dada a narrativa sufocante e as ótimas atuações das atrizes principais (aliás, a personagem PCD é interpretada por uma pessoa PCD, o que confere maior autenticidade à história).
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KDocumentário claramente enviesado (e qual não é?), que se propõe a narrar a ascenção e queda do PT ao poder. A diretora é abertamente petista, o que pode incomodar quem tem um ponto de vista diverso - os comentários abaixo são prova disso.
Nos termos do documentário, o impeachment da Dilma é apresentado como golpe, e a prisão do Lula como infundada, já que sem provas consistentes, e manobra para impedir a sua reeleição em 2018.
Nem por isso há uma defesa intransigente do PT, mostrando também alguns dos seus pontos fracos - coalizão precoce com o PMDB, envolvimento com empreiteiras - e até mesmo alguns discursos e mobilizações contrárias ao governo petista. Ou seja, há uma perspectiva parcial, mas consciente desta parcialidade, a ponto de buscar não radicaliza-la.
Acho importante inclusive para quem é anti-petista, pois trata dos assuntos mais relevantes da política nacional desta década, de modo a entendermos como chegamos onde estamos.
Pessoalmente, fiquei convencido de que o impeachment da Dilma se deu, principalmente, pela falta de apoio no Congresso Nacional, sendo, portanto, um julgamento político acima de tudo. Basta ver o desfecho da denúncia contra o Temer.
No mais, acho vergonhoso o cenário político atual, fruto da onda anti-PT que trouxe à tona políticos contrários à democracia, embora eleitos dentro deste regime. E então, conservadores, estão contentes com o que conseguiram? Acabou a corrupção? Aumentaram os empregos? O Brasil se tornou um país mais justo? Espero que repensem bastante suas posições, do mesmo modo que os progressistas estão tendo de rever as deles.
No final das contas, se continuarmos com a polarização imperante, inviabilizadora do diálogo e da construção de consensos, a guerra civil ideológica persistirá. Sei que é difícil, mas olhar para o outro como inimigo parece não ser o caminho - eu que o diga, mal consigo olhar para cara do Bolsonaro.
Enfim, valem a pena as duas horas de duração, não sendo à toa seu reconhecimento internacional.
O Monstro no Armário
3.7 237 Assista AgoraBuffy S2 No mais, por que raios traduziram o filme em alguns lugares como Oscar e Wilder? Além de fazer uma alusão desnecessária ao escritor Oscar Wilde, foca no relacionamento entre o protagonista e seu colega de trabalho, que nem é o principal elemento da narrativa.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraSinceramente, achei o filme superestimado. Por ser o ganhador de melhor filme da última edição do Oscar, aguardava por uma narrativa irretocável - não foi o que vi. Achei ruim, tão absurdo que me levou às gargalhadas com as reviravoltas grotescas do roteiro. Muitos condenam os ricos (que são sim parasitas, a seu modo), mas se esquecem que os pobres se valeram de todas as mentiras e fraudes possíveis para, no final, desfrutar de tudo aquilo que os ricos detêm. Enfim, não achei que a crítica social se sobressai à confusão do enredo.
À Procura da Felicidade
4.2 2,8K Assista AgoraA definição de "os fins justificam os meios". Afinal, se você quer um emprego numa corretora de ações - para conquistar um conversível - você deve sacrificar casamento e aluguéis, expor seu filho a uma série de riscos e esconder contundentemente a sua condição social.
Sério, este filme é irresponsável de uma forma que me incomoda. Como se valesse tudo para conseguir o que se quer, premiando o egoísmo e a ambição sem limites. O discurso meritocrático passado para o cinema.
Na boa, achei péssimo. Nada de inspirador ou exemplar, como já vi este filme sendo retratado. A única coisa que salva é o afeto entre pai e filho - e mesmo assim, com algumas ressalvas, já que a postura paterna é, ao mesmo tempo, carinhosa e imprudente.
Longe da Árvore
4.3 15 Assista AgoraUm olhar atento e delicado sobre as diferenças nas relações entre pais e filhos, principalmente quando estes fogem muito das expectativas - não só paternas, como sociais.
Síndrome de Down, nanismo, homossexualidade, autismo, homicídio - todos esses temas são abordados tanto da perspectiva dos genitores quanto dos "filhos desviantes" (sempre que possível), mostrando todo o percurso sinuoso e árido até a derradeira aceitação da diversidade humana e conquista da reconciliação familiar.
Documentário com enredo muito bacana, que descontrói a noção de família perfeita e idealizada, muito embora deixe um pouco a desejar na fotografia e na composição visual. Em outras palavras, profundo, mas não arrebatador.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraVisceral e alucinado longa-metragem, que constrói a trajetória dum indivíduo doente dentro de uma sociedade de igual natureza. O resultado? A ascensão de um dos mais emblemáticos vilões da história dos quadrinhos.
Mesmo para quem acha que o filme é coisa de "esquerdista ressentido", vale a pena tão somente pela atuação do camaleão Joaquin Phoenix
- estou até agora tentando processar a performance dele quando aparece pela primeira vez como Coringa no programa de televisão; o que foi aquilo? Impressionante, para dizer o mínimo.
A narrativa é muito palpável e a abordagem psicossocial do vilão nos traz um questionamento incômodo: até que ponto a sociedade contribui no desenvolvimento de personalidades antissociais? Não seriam elas, pois, uma reação extrema a contextos inóspitos e degradantes? Fica a reflexão...
Tempos Modernos
4.4 1,1K Assista AgoraEngraçado e provocativo, crítico e divertido. Sátira de alta qualidade, com um senso de humor perspicaz e retrato caricato da condição dos trabalhadores nas sociedades industriais. Ao mesmo tempo, uma aula de sociologia e cinema. Verdadeiro clássico!
Dumbo
3.4 610 Assista AgoraCertamente vai frustrar aqueles que esperam uma adaptação fiel ao original. O enredo é praticamente novo, com algumas referências ressignificadas da versão animada. Agora, apesar de alguns acontecimentos dispensáveis, que tornam o longa-metragem mais longo do que deveria, vale a pena simplesmente pela mensagem principal, atual e bem mais emblemática e significativa do que a original: maus-tratos de animais nos circos. O tom denunciador da narrativa combinado com uma conclusão abolicionista compensa, na minha visão, os furos e inadequações do roteiro, bem como alguns personagens mal construídos. Por isso, contrariando muitos, recomendo ainda mais que a versão animada!
O Grande Lebowski
3.9 1,1K Assista AgoraQue filme chato! Não consegui chegar até o final de tão arrastado que me pareceu. Deve agradar aos que curtem humor escrachado e sem sentido, mas aos demais, melhor passar longe. Quem dera alguém tivesse me dito isso, não teria perdido algumas horas da minha vida com este longa-metragem entediante.
Eu Maior
4.4 138 Assista AgoraA grande dúvida existencial após assistir a esse documentário: como é que não soube dele antes? Fica a sensação de tempo perdido, tendo em vista a grande preciosidade em forma de película que vemos diante da tela. Trilha sonora, fotografia e entrevistas impecáveis, de emocionar e fazer refletir profundamente. É tanto aprendizado que nem mesmo dez reprises dão conta da compreensão holística contida nele. Indispensável a quem - ainda - tem dúvidas a respeito da qualidade do cinema brasileiro.
Zen
4.0 21"Estudar o caminho do buda é estudar a si mesmo; estudar a si mesmo é esquecer-se de si mesmo; esquecer-se de si mesmo é estar iluminado por todas as coisas; estar iluminado por todas as coisas é libertar seu próprio corpo e mente, bem como dos outros."
Magnífico, para dizer o mínimo. Uma verdadeira aula de zen-budismo, com inúmeras passagens marcantes, tanto no aspecto visual quanto narrativo. Diálogos muito bem elaborados, imagens muito bem captadas, enfim, arrisco-me a dizer: uma obra-prima do cinema oriental. Fundamental e imprescindível às listas cinematográficas com temáticas budistas!
O único porém se dá, na minha visão, a uma afirmação copiosamente repetida pelo protagonista, o qual, no afã de erigir um novo budismo em sua terra-natal, Japão, nomeia seu conjunto de ensinamentos e práticas como "o verdadeiro budismo". Achei muito pretensioso e demasiado presunçoso da parte dele - o que não sei se é uma construção ficcional ou transposição da vida real de Dogen. Ademais, figura incrível e exemplar.