Depois de Endgame, o MCU não foi mais o mesmo. E não estou falando em uma nostalgia de algo que acabou tão recentemente. Mas de fato os filmes seguintes não mostraram o mesmo vigor e carisma dos anteriores (descontando bombas como Thor 2 e Era de Ultron).
Guardiões da Galáxia 3 é um dos poucos acertos atuais da Marvel. Consegue manter o humor do primeiro filme e conta uma história de origem melhor do que no segundo, com maior impacto emocional. Aliás, as cenas do passado de Rocket tem uma pegada de terror digna de um Sam Raimi ou Clive Barker.
A saga dos heróis mais sem-noção e fofos do MCU termina de maneira bem satisfatória.
A aguardada 3a temporada de Atlanta ainda mantém o surrealismo e a crítica social afiadissima. Mas fica devendo para as temporadas anterior em termos de coesão narrativa e desenvolvimento de personagens. Mesmo assim, há episodios que são curtas-metragens brilhantes.
O primeiro Pantera Negra foi um filme icônico por mostrar a possibilidade de uma nação afrofuturista em sua plenitude na grande tela. Em Wakanda Forever, acompanhamos a evolução desse conceito, uma vez que podemos dizer que, desta vez, é Wakanda a protagonista.
No primeiro filme acompanhamos a transformação da terra de T´Challa, sua abertura para colaborar por um mundo melhor. No segundo, está em jogo sua própria existência, em meio a uma tensão geopolítica, devido a cobiça do minério vibranium por nações poderosas. Além da ameça do reino secreto e subáquatico de Talokan, liderado por Namor (aliás esse povo fodástico é uma das melhores contribuições de qualquer saga de super-heróis no cinema). O que amplia a discussão sobre colonialismo.
O diretor e co-roteirista Ryan Coogler apresenta mais maturidade técnica e ousadia criativa. Entrega um Wakanda Forever cheio de camadas, com cenas de ação de tirar o folêgo, trilha sonora mais potente, melhores efeitos especiais, design de produção riquíssimo, boas reviravoltas e o protagonismo de mulheres pretas. A proeza de fazer uma peça de resistência dentro da máquina bilionária da DIsney.
A série Small Axe (2020) é um épico sobre algo pouquíssimo mostrado nas telas: o brutal racismo estrutural na Inglaterra. No caso, temos foco aqui nos anos 1960 a 1980. Época de muita repressão policial, tirania do sistema judiciário e negligência do sistema educacional.
O estado britânico fazia de tudo para que crianças, jovens, mulheres e homens negros, nascidos no país ou oriundos das chamadas Índias Ocidentais, atualmente o Caribe, não prosperassem em nenhum aspecto de suas vidas, fossem como estudantes, universitários, trabalhadores ou donos de negócios.
Por isso, organizar-se politicamente e fortelecer os laços na comunidade se tornaram fundamentais. E assim gerava-se mais conflito simbólico e material, e mais repressão.
São cinco episódios em formato de antologia, com histórias independentes, algumas baseadas em eventos e personagens reais.
O grande nome por trás da série é Steve McQueen, diretor do oscarizado 12 Anos de Escravidão. É patente como ele conhece muito bem, seja por experIência pessoal ou por pesquisa, todo o material retratado.
Small Axe não é "apenas" uma obra de denúncia. É também um momento de celebração. Uma experiência cinematográfica madura e inventiva, rica em detalhes e cheia de nuances. Acompanhamos o encontro vibrante de culturas caribenhas, com todas as suas cores, expressões, sons, costumes, ideias, desejos e sonhos.
O que torna Slow Horses cativante é a mistura equilibradíssima entre humor sombrio e intriga política. A série mostra o mundo da espionagem como um ambiente perigoso, mas também cheio de burocracia, incompetência, arrivismo e traições. 30% James Bond e 70% Le Carré, Slow Horses nos consquista pelos diálogos afiados e boas reviravoltas.
Aftersun é uma obra-prima, sem exagero. Filme simples e contido que mostra uma sensibilidade técnica impressionante. Em seu primeiro filme, a diretora e roteirista Charlotte Wells consegue a proeza de nos transportar para dentro da mente da protagonista, a partir de decisões da diretora de como enquadrar e montar esse quebra-cabeça afetivo. Paul Mescal e Frankie Corio nos entregam uma relação de pai e filha amorosa, honesta, mas também problemática. Infelizmente, amor não é o bastante para que as pessoas estejam presentes em nossas vidas.
Primeiro grande filme que assisto em 2023, Decision to Leave mostra mais um show de direção do mestre Park Chan-Wook. Numa narrativa em que os detalhes são decisivos, seja uma fala, um gesto, um objeto ou cenário, acompanhamos uma trama policial, neonoir, à maneira do diretor, ambígua, malandra, estranha. Ao mesmo tempo delicado e intenso, o filme desenvolve uma história de amor nada convencional para chacoalhar nossas convicções sobre desejo e conexão.
Severance é a grande surpresa do ano. Série com roteiro envolvente e perturbador que impacta ainda mais pelo incrível apuro da produção, na direção de arte, fotografia, montagem, trilha sonora, efeitos visuais e sonoros. Seja como oprimidos ou opressores, os personagens nos transmitem todo o absurdo desse pesadelo corporativo.
A 1ª temporada, passada no Havaí, tinha acertado em cheio em sua sátira à gente rica, alienada e com egos frágeis, falando-se principalmente sobre decolonização. Na 2ª temporada dessa antologia afiadíssima, vamos para a Sicília. Acompanhamos um novo grupo de hóspedes da franquia de hotéis de luxo. Agora o sexo é parte fundamental nas dinâmicas de poder.
A 3ª temporada dessa antologia de curtas, baseada em contos de grandes autores de ficção científica, possivelmente é a melhor já lançada. Formam um conjunto mais sólido de histórias cativantes que utilizam técnicas de animação bastante criativas e até mesmo deslumbrantes.
The Wire foi uma série policial que marcou época por ir na raiz dos problemas que geram a criminalidade. Na nova série, o showrunner David Simon fala novamente sobre o crime na cidade de Baltimore. Desta vez, o foco é a corrupção policial. Um retrato realista e brutal da hipócrita e racista guerra às drogas.
Fiquei chocado com a qualidade dessa série. Andor tem a ambição de contar uma história acima da média com personagens ambíguos, soluções de roteiro corajosas e uma atmosfera cheia de tensão. Finalmente podemos ver todo o potencial narrativo do vasto universo de Star Wars.
O tailandês Apichatpong Weerasethakul, que dirigiu o excepcional Tio Boonmee, que Pode Recordar suas Vidas Passadas, exercita mais uma vez seu cinema da lentidão, da paciência. É uma obra que opera em outro tempo cinematográfico. Em Memória, podemos dizer que o protagonista é o som, de coisas que são e de coisas que não fazemos ideia.
Filme paciente e metalinguístico sobre a arte de narrar, de contar histórias, e como isso afeta nossas vidas. O ritmo lento nos proporciona uma total imersão nas emoções complexas dos personagens. E tudo leva ao final catártico de uma humanidade arrebatadora.
Filme que ganha o espectador pelo seu jeito mineiro de ser. Apresenta uma família negra que busca realizar seus sonhos, numa dinâmica que mistura grandes expectativas e frustações arrasadoras. O maior desafio deles é fugir de estereótipos. Destaque para as atuações de Carlos Francisco e Rejane Faria, no papel dos pais do menino Deivinho.
A versão de Guillermo del Toro para o clássico de Carlo Colodi é, ao mesmo tempo, sombria e afetuosa, povoada de monstros fantásticos e de “carne e osso”. O stop motion deslumbrante dá um peso maior ao roteiro que não busca respostas fáceis para os temas que propõe.
No centro do drama, há a crise do homi cis hétero branco. Na verdade, mostra as rachaduras emocionais e existenciais desse centro de poder. A série pega esse ponto de partida, numa mistura de clichê com uma fragilidade honesta, e transforma em algo humano, nos momentos de calmaria e de tempestade. Engaja o espectador principalmente pelos personagens tridimensionais. E que trilha sonora! O Urso é uma das melhores surpresas do ano.
Odokawa é um protagonista super carismático, mesmo sendo tão rabugento. E que episódio final! Gostei do final em aberto da série. Achei mais instigante do que o final do "filme".
Apesar das imprecisões e suavizaçôes históricas, A Mulher Rei é uma vibrante mistura de ação e melodrama. Destaques para o ritmo do filme, que não deixa o espectador entediado em nenhum momento; a trilha sonora ora épica, ora intimista; as vívidas cenas de rituais e danças; as vigorosas batalhas, e o carisma das agojie.
O alto valor de produção não sustenta um jogo de poder apenas razoável. A diversidade é de araque. O foco continua em torno de gente cis hétero branca. Os Targaryen precisam tomar umas aulas com os Roy, de Succession. Paddy Considine merece o Emmy.
Cyberpunk: Edgerunners é tipo uma orgia entre Blade Runner, Matrix, Akira e Arcane. Como anime em si, ganha pela qualidade e criatividade da animação, trilha sonora potente, desenvolvimento nada preguiçoso de personagens, quebra total de expectativas, mesmo que certas soluções de roteiro sejam um tanto apressadas. Mas, ainda assim, é uma produção de impacto, que deixa um gostinho de quero mais. O cyberpunk não morreu.
Nope é um filme que encanta o espectador ao desestabilizá-lo, ao tirá-lo da zona de conforto. Jordan Peele tem um enorme conhecimento sobre cinema, cultura pop e a indústria de Hollywood. Então ele pega suas referências mais significativas e faz homenagens à sua maneira, ou seja, do ponto de vista de um artista negro, consciente de uma excelência construída a muito custo, num passado marcado preconceitos e apagamentos.
O próprio Peele disse que Nope é, principalmente, sobre o lado sombrio do espetáculo. Mas ele também está muito ciente de que escreveu, dirigiu e produziu uma obra de várias camadas, cujas interpretações vão até além das intenções do próprio realizador.
Nope é uma máquina de gerar debates e reflexões, mas também de gerar sensações e sentimentos. E a maestria aqui está justamente em conseguir o equilíbrio entre diversão e provocação. O filme é tão envolvente quanto as aventuras de Spielberg e tão estilizado quanto os suspenses de Hitchcock. E os dois diretores são, sim, referências caras a Peele. Mas aí Peele traz sua própria assinatura ao misturar tensão e humor de um jeito único, transformando toda a experiência numa só coisa, emocionante, engraçada, bizarra e incômoda.
Crimes of the Future é a volta do mestre Cronenberg ao body horror, depois de mais de 20 anos. E ele ainda sabe muito bem desestabilizar o mainstream.
O novo filme parece ser um tipo de resumo de sua carreira. Visualmente, máquinas e instrumentos bizarros, insectoides, quase alienígenas, remetem a obras como Videodrome, Naked Lunch e Existenz. Do ponto de vista temático, a obsessão de Cronenberg em pensar a sensualidade da carne continua, não como mero coito, e sim o desafio sensorial e filosófico de explorar os limites do corpo humano.
Potente, mas incompleto, Crimes of the Future mais parece ser a primeira parte de algo maior. Faltam peças do roteiro intrigante.
Visivelmente é uma produção de baixo orçamento, filmada na Grécia por uma questão prática. Mas Cronenberg utiliza as restrições do mundo real a seu favor. Ele nos apresenta a um futuro próximo de prédios decadentes e de arquivos de papel, um híbrido entre o hi-tech e o analógico.
A trama distópica bebe da tragédia grega para se conectar aos nossos temores climáticos atuais.
É um belo e provocante retorno de Cronenberg ao subgênero que o consagrou.
X - A Marca da Morte é assustador na superfície e perturbador nas sugestões. É metalinguístico sem sufocar a trama. O diretor Ti West quis fazer um bom e velho slasher, mas as diversas referências a clássicos de terror e à própria linguagem do cinema servem como comentários irônicos sobre clichês e estereótipos. Fotografia e montagem arrojadas, trilha sonora atmosférica, roteiro paciente e a atuação explosiva de Mia Goth transformam esse filme numa visceral metáfora sobre o conflito entre desejo e repressão.
Guardiões da Galáxia: Vol. 3
4.2 811 Assista AgoraDepois de Endgame, o MCU não foi mais o mesmo. E não estou falando em uma nostalgia de algo que acabou tão recentemente. Mas de fato os filmes seguintes não mostraram o mesmo vigor e carisma dos anteriores (descontando bombas como Thor 2 e Era de Ultron).
Guardiões da Galáxia 3 é um dos poucos acertos atuais da Marvel. Consegue manter o humor do primeiro filme e conta uma história de origem melhor do que no segundo, com maior impacto emocional. Aliás, as cenas do passado de Rocket tem uma pegada de terror digna de um Sam Raimi ou Clive Barker.
A saga dos heróis mais sem-noção e fofos do MCU termina de maneira bem satisfatória.
Atlanta (3ª Temporada)
4.4 84A aguardada 3a temporada de Atlanta ainda mantém o surrealismo e a crítica social afiadissima. Mas fica devendo para as temporadas anterior em termos de coesão narrativa e desenvolvimento de personagens. Mesmo assim, há episodios que são curtas-metragens brilhantes.
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
3.5 803 Assista AgoraO primeiro Pantera Negra foi um filme icônico por mostrar a possibilidade de uma nação afrofuturista em sua plenitude na grande tela. Em Wakanda Forever, acompanhamos a evolução desse conceito, uma vez que podemos dizer que, desta vez, é Wakanda a protagonista.
No primeiro filme acompanhamos a transformação da terra de T´Challa, sua abertura para colaborar por um mundo melhor. No segundo, está em jogo sua própria existência, em meio a uma tensão geopolítica, devido a cobiça do minério vibranium por nações poderosas. Além da ameça do reino secreto e subáquatico de Talokan, liderado por Namor (aliás esse povo fodástico é uma das melhores contribuições de qualquer saga de super-heróis no cinema). O que amplia a discussão sobre colonialismo.
O diretor e co-roteirista Ryan Coogler apresenta mais maturidade técnica e ousadia criativa. Entrega um Wakanda Forever cheio de camadas, com cenas de ação de tirar o folêgo, trilha sonora mais potente, melhores efeitos especiais, design de produção riquíssimo, boas reviravoltas e o protagonismo de mulheres pretas. A proeza de fazer uma peça de resistência dentro da máquina bilionária da DIsney.
Small Axe
4.5 9A série Small Axe (2020) é um épico sobre algo pouquíssimo mostrado nas telas: o brutal racismo estrutural na Inglaterra. No caso, temos foco aqui nos anos 1960 a 1980. Época de muita repressão policial, tirania do sistema judiciário e negligência do sistema educacional.
O estado britânico fazia de tudo para que crianças, jovens, mulheres e homens negros, nascidos no país ou oriundos das chamadas Índias Ocidentais, atualmente o Caribe, não prosperassem em nenhum aspecto de suas vidas, fossem como estudantes, universitários, trabalhadores ou donos de negócios.
Por isso, organizar-se politicamente e fortelecer os laços na comunidade se tornaram fundamentais. E assim gerava-se mais conflito simbólico e material, e mais repressão.
São cinco episódios em formato de antologia, com histórias independentes, algumas baseadas em eventos e personagens reais.
O grande nome por trás da série é Steve McQueen, diretor do oscarizado 12 Anos de Escravidão. É patente como ele conhece muito bem, seja por experIência pessoal ou por pesquisa, todo o material retratado.
Small Axe não é "apenas" uma obra de denúncia. É também um momento de celebração. Uma experiência cinematográfica madura e inventiva, rica em detalhes e cheia de nuances. Acompanhamos o encontro vibrante de culturas caribenhas, com todas as suas cores, expressões, sons, costumes, ideias, desejos e sonhos.
Slow Horses (2ª Temporada)
4.0 7O que torna Slow Horses cativante é a mistura equilibradíssima entre humor sombrio e intriga política. A série mostra o mundo da espionagem como um ambiente perigoso, mas também cheio de burocracia, incompetência, arrivismo e traições. 30% James Bond e 70% Le Carré, Slow Horses nos consquista pelos diálogos afiados e boas reviravoltas.
Aftersun
4.1 714Aftersun é uma obra-prima, sem exagero. Filme simples e contido que mostra uma sensibilidade técnica impressionante. Em seu primeiro filme, a diretora e roteirista Charlotte Wells consegue a proeza de nos transportar para dentro da mente da protagonista, a partir de decisões da diretora de como enquadrar e montar esse quebra-cabeça afetivo. Paul Mescal e Frankie Corio nos entregam uma relação de pai e filha amorosa, honesta, mas também problemática. Infelizmente, amor não é o bastante para que as pessoas estejam presentes em nossas vidas.
Decisão de Partir
3.6 143Primeiro grande filme que assisto em 2023, Decision to Leave mostra mais um show de direção do mestre Park Chan-Wook. Numa narrativa em que os detalhes são decisivos, seja uma fala, um gesto, um objeto ou cenário, acompanhamos uma trama policial, neonoir, à maneira do diretor, ambígua, malandra, estranha. Ao mesmo tempo delicado e intenso, o filme desenvolve uma história de amor nada convencional para chacoalhar nossas convicções sobre desejo e conexão.
Ruptura (1ª Temporada)
4.5 754 Assista AgoraSeverance é a grande surpresa do ano. Série com roteiro envolvente e perturbador que impacta ainda mais pelo incrível apuro da produção, na direção de arte, fotografia, montagem, trilha sonora, efeitos visuais e sonoros. Seja como oprimidos ou opressores, os personagens nos transmitem todo o absurdo desse pesadelo corporativo.
The White Lotus (2ª Temporada)
4.2 346 Assista AgoraA 1ª temporada, passada no Havaí, tinha acertado em cheio em sua sátira à gente rica, alienada e com egos frágeis, falando-se principalmente sobre decolonização. Na 2ª temporada dessa antologia afiadíssima, vamos para a Sicília. Acompanhamos um novo grupo de hóspedes da franquia de hotéis de luxo. Agora o sexo é parte fundamental nas dinâmicas de poder.
Amor, Morte e Robôs (Volume 3)
4.1 344 Assista AgoraA 3ª temporada dessa antologia de curtas, baseada em contos de grandes autores de ficção científica, possivelmente é a melhor já lançada. Formam um conjunto mais sólido de histórias cativantes que utilizam técnicas de animação bastante criativas e até mesmo deslumbrantes.
A Cidade É Nossa
4.0 26 Assista AgoraThe Wire foi uma série policial que marcou época por ir na raiz dos problemas que geram a criminalidade. Na nova série, o showrunner David Simon fala novamente sobre o crime na cidade de Baltimore. Desta vez, o foco é a corrupção policial. Um retrato realista e brutal da hipócrita e racista guerra às drogas.
Andor (1ª Temporada)
4.2 176 Assista AgoraFiquei chocado com a qualidade dessa série. Andor tem a ambição de contar uma história acima da média com personagens ambíguos, soluções de roteiro corajosas e uma atmosfera cheia de tensão. Finalmente podemos ver todo o potencial narrativo do vasto universo de Star Wars.
Memória
3.5 64 Assista AgoraO tailandês Apichatpong Weerasethakul, que dirigiu o excepcional Tio Boonmee, que Pode Recordar suas Vidas Passadas, exercita mais uma vez seu cinema da lentidão, da paciência. É uma obra que opera em outro tempo cinematográfico. Em Memória, podemos dizer que o protagonista é o som, de coisas que são e de coisas que não fazemos ideia.
Drive My Car
3.8 388 Assista AgoraFilme paciente e metalinguístico sobre a arte de narrar, de contar histórias, e como isso afeta nossas vidas. O ritmo lento nos proporciona uma total imersão nas emoções complexas dos personagens. E tudo leva ao final catártico de uma humanidade arrebatadora.
Marte Um
4.1 304 Assista AgoraFilme que ganha o espectador pelo seu jeito mineiro de ser. Apresenta uma família negra que busca realizar seus sonhos, numa dinâmica que mistura grandes expectativas e frustações arrasadoras. O maior desafio deles é fugir de estereótipos. Destaque para as atuações de Carlos Francisco e Rejane Faria, no papel dos pais do menino Deivinho.
Pinóquio
4.2 543 Assista AgoraA versão de Guillermo del Toro para o clássico de Carlo Colodi é, ao mesmo tempo, sombria e afetuosa, povoada de monstros fantásticos e de “carne e osso”. O stop motion deslumbrante dá um peso maior ao roteiro que não busca respostas fáceis para os temas que propõe.
O Urso (1ª Temporada)
4.3 414 Assista AgoraNo centro do drama, há a crise do homi cis hétero branco. Na verdade, mostra as rachaduras emocionais e existenciais desse centro de poder. A série pega esse ponto de partida, numa mistura de clichê com uma fragilidade honesta, e transforma em algo humano, nos momentos de calmaria e de tempestade. Engaja o espectador principalmente pelos personagens tridimensionais. E que trilha sonora! O Urso é uma das melhores surpresas do ano.
Odd Taxi
4.4 18Odokawa é um protagonista super carismático, mesmo sendo tão rabugento. E que episódio final! Gostei do final em aberto da série. Achei mais instigante do que o final do "filme".
A Mulher Rei
4.1 490 Assista AgoraApesar das imprecisões e suavizaçôes históricas, A Mulher Rei é uma vibrante mistura de ação e melodrama. Destaques para o ritmo do filme, que não deixa o espectador entediado em nenhum momento; a trilha sonora ora épica, ora intimista; as vívidas cenas de rituais e danças; as vigorosas batalhas, e o carisma das agojie.
A Casa do Dragão (1ª Temporada)
4.1 718 Assista AgoraO alto valor de produção não sustenta um jogo de poder apenas razoável. A diversidade é de araque. O foco continua em torno de gente cis hétero branca. Os Targaryen precisam tomar umas aulas com os Roy, de Succession. Paddy Considine merece o Emmy.
Cyberpunk: Mercenários (1ª Temporada)
4.1 99 Assista AgoraCyberpunk: Edgerunners é tipo uma orgia entre Blade Runner, Matrix, Akira e Arcane. Como anime em si, ganha pela qualidade e criatividade da animação, trilha sonora potente, desenvolvimento nada preguiçoso de personagens, quebra total de expectativas, mesmo que certas soluções de roteiro sejam um tanto apressadas. Mas, ainda assim, é uma produção de impacto, que deixa um gostinho de quero mais. O cyberpunk não morreu.
Não! Não Olhe!
3.5 1,3K Assista AgoraNope é um filme que encanta o espectador ao desestabilizá-lo, ao tirá-lo da zona de conforto. Jordan Peele tem um enorme conhecimento sobre cinema, cultura pop e a indústria de Hollywood. Então ele pega suas referências mais significativas e faz homenagens à sua maneira, ou seja, do ponto de vista de um artista negro, consciente de uma excelência construída a muito custo, num passado marcado preconceitos e apagamentos.
O próprio Peele disse que Nope é, principalmente, sobre o lado sombrio do espetáculo. Mas ele também está muito ciente de que escreveu, dirigiu e produziu uma obra de várias camadas, cujas interpretações vão até além das intenções do próprio realizador.
Nope é uma máquina de gerar debates e reflexões, mas também de gerar sensações e sentimentos. E a maestria aqui está justamente em conseguir o equilíbrio entre diversão e provocação. O filme é tão envolvente quanto as aventuras de Spielberg e tão estilizado quanto os suspenses de Hitchcock. E os dois diretores são, sim, referências caras a Peele. Mas aí Peele traz sua própria assinatura ao misturar tensão e humor de um jeito único, transformando toda a experiência numa só coisa, emocionante, engraçada, bizarra e incômoda.
Crimes do Futuro
3.2 265 Assista AgoraCrimes of the Future é a volta do mestre Cronenberg ao body horror, depois de mais de 20 anos. E ele ainda sabe muito bem desestabilizar o mainstream.
O novo filme parece ser um tipo de resumo de sua carreira. Visualmente, máquinas e instrumentos bizarros, insectoides, quase alienígenas, remetem a obras como Videodrome, Naked Lunch e Existenz. Do ponto de vista temático, a obsessão de Cronenberg em pensar a sensualidade da carne continua, não como mero coito, e sim o desafio sensorial e filosófico de explorar os limites do corpo humano.
Potente, mas incompleto, Crimes of the Future mais parece ser a primeira parte de algo maior. Faltam peças do roteiro intrigante.
Visivelmente é uma produção de baixo orçamento, filmada na Grécia por uma questão prática. Mas Cronenberg utiliza as restrições do mundo real a seu favor. Ele nos apresenta a um futuro próximo de prédios decadentes e de arquivos de papel, um híbrido entre o hi-tech e o analógico.
A trama distópica bebe da tragédia grega para se conectar aos nossos temores climáticos atuais.
É um belo e provocante retorno de Cronenberg ao subgênero que o consagrou.
X: A Marca da Morte
3.4 1,2K Assista AgoraX - A Marca da Morte é assustador na superfície e perturbador nas sugestões. É metalinguístico sem sufocar a trama. O diretor Ti West quis fazer um bom e velho slasher, mas as diversas referências a clássicos de terror e à própria linguagem do cinema servem como comentários irônicos sobre clichês e estereótipos. Fotografia e montagem arrojadas, trilha sonora atmosférica, roteiro paciente e a atuação explosiva de Mia Goth transformam esse filme numa visceral metáfora sobre o conflito entre desejo e repressão.