Sou um leaozinho VII

Ironia do destino ou não, o helicóptero só viria a ser reconhecidamente um invento sustentável na Berlin do final dos anos 30. Metropolis é do final dos anos 20 e vemos que há espécies aeronaves com a aparência de monomotores, mas com a velocidade baixa como a de um helicóptero circulando entre arranha-céus do alto centro econômico da grande cidade. Exatamente como nos tempos atuais, com figura apropriada, o helicóptero. E ele vai ainda mais longe com o que quase 100 anos depois é visto como solução para o trafego nas cidades de grande porte. A elevação total de vias para carros formando uma encruzilhada de viadutos ligando conjuntos de prédios, áreas, entre outras coisas deixando as ruas para pedestres apenas. Toda honra para preciosa visão de Lang na formação da metrópole moderna.
Já na vibração econômica sobre as costas de classes inferiores e o descaso da alta sociedade Fritz Lang mostrou não o futuro, mas a essência do que acontece no mundo desde que passamos a andar com moedas nos bolsos. O cativante Freder com sua sensibilidade pelo povo e zelo por Maria deixa o romance bonito, mesmo com a atuação introvertida de Brigitte Helm. E os dentes e garras amargos de Rotwang erguem sozinhos a angustia na trama.

Gostei da direção de Sean Penn. O cuidado que ele demonstra na sequencia da historia mesmo com esse excesso de personagens envolvidas é ótimo. Sou fã incondicional de Vedder, na fusão das músicas escritas por ele somadas a sua interpretação de Hard Sun com as passagens pela trama foi o ponto ainda maior para Sean Penn.
Além do trabalho na tela ser digno dos elogios, fora dela há o caminho pela critica social. O cansaço de Chris não é com a natureza humana, nem mesmo sinto em suas colocações um olhar rude com a população dada a vontade de se distanciar desse meio urbano.
O que ele não aguentava mais é a relação de prioridades que vivemos em colônia. Como se felicidade fosse estatelaria pelas ações que pudessem atingir o antônimo de simplicidade ou ainda regentes pela comodidade econômica. A prova disso é mostrada na forma delicada em que ele vai mantendo ativa sua amizade com Wayne. E não apenas custeando seus objetivos pessoais e descartando a intima relação humana para desrespeitar quem está a sua volta. Eu me emocionei bastante com a cena final, Chris recebe seu presente ao perceber um conceito de felicidade amável por suas ações em vida. É um filme bonito!

Ótimo suspense, feito pelas mãos de um gênio que não escondeu sua genialidade. A história é afunilante nos cruzamentos entre as duas personagens centrais até a grande revelação. Hitchcock alimenta, conduz para um desfecho e em seguida foge da perspectiva de final criada pelo espectador, até daqueles que apostam tudo em suas previsões. O filme é da década de 40, e ao assisti-lo você percebe que ele não está apenas a frente daquele tempo como do atual. Judith Anderson é a outra ponta de destaque. Em sua Mrs. Danvers vi sentimentos maternos por Rebecca. Da para temê-la bastante, mas não da para odiá-la.