A fórmula e temática do filme estão longe de serem inovadoras - o nazismo e os personagens marcantes da segunda guerra frequentemente são explorados no cinema. Por outro lado, é uma história de bastidores que está longe de ter grande fama como muitas outras, o que torna a obra fascinante principalmente por aqueles que sempre buscam longas bibliográficas ou baseadas em fatos reais.
Quanto à qualidade técnica da película, eu destacaria a atuação da Anna Paquin - não foi seu melhor trabalho (até por conta da concorrência ser grande), mas ela mostra mais uma vez seu talento e lembra a todos o porquê de ser a segunda mais jovem da história a ter recebido uma estatueta do Oscar. Nos demais aspectos - figurino, maquiagem e direção, por exemplo - acabamos por ver "mais do mesmo", que não necessariamente é uma coisa ruim.
Ótimo filme de Pedro Almodovar. Antônio Banderas puxa o elenco com maestria, fazendo jus a sua carreira, marcada por vários pontos altos (e alguns baixos, como quase todo a intérprete).
Sobre o enredo, a história beira o absurdo e é capaz de perturbar até mesmo os cinéfilos mais experientes. Confesso que ainda estou em estado de digestão do roteiro, mas de antemão posso elogiar, com segurança, a forma como os diálogos foram criteriosamente pensados, construindo uma carga pesada de subtexto.
Em comparação com o homônimo do mesmo ano, traz uma profundidade no roteiro e uma construção fílmica nitidamente superior: não se trata, de forma alguma, de um entretenimento gratuito para um domingo de tarde.
A atuação de Michael Shannon é simplesmente fantástica - creio que faltou pouco para ele conseguir bater de frente com os indicados ao Oscar Clooney, Prit, Oldman, Dujardin e Bichin. Uma pena ele ser, de certa forma, subestimado dentro da órbita de Hollywood. O elenco de apoio - especialmente Jessica Chastain e Tova Stewart - também eleva a qualidade da película. Certamente as atuações são um dos pontos fortes da trama.
Em relação à direção, o filme também foi muito bem conduzido na maior parte do tempo. O ritmo lento da evolução da história tornou-se benéfico para a atmosfera e aflição estimulada no telespectador. Até os momentos finais, o clima de incerteza sobre o que é o que não é real fica vivo. O pecado vai para a cena final do filme, bem forçada na minha opinião, mas isso vai de cada um - tem gente que deve ter gostado. No meu caso, considerando o fato do longa ter aproximadamente 120 minutos de duração, creio que poderia ter sido finalizado dez ou quinze minutos antes, sem a necessidade daquele desfecho.
No mais, o confronto entre a possibilidade de um eventual apocalipse e o iminente avanço de um quadro esquizofrênico é o que move a história. Tanto para quem pensa que assistirá algo clichê sobre o fim do mundo e para quem imagina a esquizofrenia sendo tratada como algo caricato, a surpresa será agradável.
[Contém Spoilers, mas nada muito diferente do que já se viu no trailer]
Como fã absoluto da franquia, dói um pouco ver a deterioração da história conforme a trama deste quinto filme vai evoluindo. São vai e vens no tempo e personagens e acontecimentos que não se encaixam com a lógica. É uma pena que esta falha pese tanto no resultado final, pois, de modo geral, a experiência é positiva.
Como não poderia ser diferente, quem puxa o entusiasmo do filme é o velho, mas nunca obsoleto (e um dos meus eternos ídolos), Arnold. Com uma atuação acima da média, misturando a característica imponente do T-800 com pitadas de humor, o ator eleva o grau de emoção do longa em muitos momentos. O duelo entre a o velho e o novo Schwazza certamente é um dos principais (e provavelmente o principal) momentos do filme, até por conta da carga nostálgica que carrega. É tudo o que um amante da franquia, como eu, desejava ver.
Quanto ao restante do elenco, o ponto forte vai para a Emily Clarke. A menina é talentosa, tem um apelo sensual e fez uma ótima atuação. Entretanto, acho que a própria maneira como a história se desenha não permite que o máximo potencial da atriz seja explorado. E, por outro lado, a Linda Hamilton, no mesmo papel, é inesquecível.
Completando o "elenco primário" do filme estão Jai Courtney e Jason Clarke. O primeiro, como Reese, não chega a fazer um papel desastroso, mas não leva brilho à nenhuma cena em que participou. Já Clarke, como Connor, creio que não tenha agradado a ninguém - durante todo o tempo foi um personagem andrógeno e desumanizado. Parece até que desde o primeiro minuto ele já é um ciborgue. Enfim, um dueto como este em papeis principais do filme acabam por puxar a qualidade do conjunto lá para baixo.
Por fim, devo também pontuar o aspecto técnico da trama. Ótimos efeitos especiais e cenas de ação, mas nada que realmente surpreenda se compararmos ao histórico recente de Hollywood. A impressão que dá é que só com o Arnold as cenas já poderiam ser tão empolgantes quanto foram, independentemente da complexidade dos efeitos computadorizados. Para mim o ponto forte neste sentido fica por conta do Endoesqueleto dos T-800: realmente, a evolução plástica deles ficou muito boa! E, para completar, uma menção a volta do T-1000: com movimentos e estética praticamente que iguais ao vivido por Robert Patrick no segundo filme da franquia. Nada de novo, mas valeu pela volta - afinal, o modelo de metal líquido sempre foi o meu exterminador favorito (claro, ao do lado do Arnold).
Há muitos anos nutro o desejo de existir um grande filme sobre a trajetória política de Margaret Thatcher. E, após assistir a película de Phyllida Lloyd, infelizmente a minha vontade continua em pé.
Não sei se para alguns funcionou a narrativa da forma como foi feita, mas uma história contada de forma linear seria um modo de explorar bem melhor a carreira de Thatcher. Do jeito que foi, lógico que a Meryl Streep foi um alívio na experiência, mas apenas alguns dos principais momentos da primeira-ministra britânica foram mostrados, e nenhum destes com o merecido detalhamento.
Ah, sou um admirador de Thatcher. Pelo que vejo aqui, grande parte das pessoas a acham um "demônio" ou uma péssima pessoa ou líder. Não os culpo, pois ela nunca foi inclinada a posturas ou medidas populistas, além de realmente não ceder a pressões internas / externas (extremamente convicta). Aliás, o comportamento populista é visto por todas as partes no Brasil, e quase nada consegue sair do lugar por aqui, isso quando não chega a "andar pra trás".
E não custa lembrar que a Thatcher não é nenhum espelho para o movimento feminista. O que ela conquistou não foi se escondendo em uma dicotomia social onde existem opressores e oprimidos. Em passagem do filme, aliás, existe um claro discurso dela que revela sua visão oposta do que a da grande parte de movimentos de minorias se apossam.
E bem, não é por menos que o "Thatcherismo" segue vivo no sangue da política britânica até hoje. É como foi dito: "Fiz coisas que farão esta geração me odiar, e várias outras futuras me agradecer". É isso aí!!!
Não foi uma experiência totalmente em vão, porém "O Abrigo" deixa muito a desejar, muito por conta da seu receio em ter uma identidade clara.
Como ponto positivo, devo destacar a tentativa de mostrar o ser humano em seu estado mais degenerativo. O que deveria ser um esforço coletivo pela sobrevivência se torna uma batalha de egos, poder e cobiça, demonstrando o lado mais sórdido da natureza da espécie no que se refere a sua racionalidade - o uso fora da lógica do individualismo. Somando este aspecto à escassez de informações sobre o contexto e a produção sombria do jogo da câmera, uma sensação interessante é transmitida. Guardadas às devidas proporções, tal cenário me fez lembrar o clássico e incrível "Noite do Mortos Vivos", da lenda do terror George Romero.
Porém, a proposta vai por terra no decorrer do filme. As circunstâncias favorecem a total imersão nos personagens, mais poucos ali realmente são desenvolvidos no peso certo. Talvez se dois ou três dos componentes simplesmente não existissem as tramas pessoais pudessem ser mais ricas.
Por fim, o que me incomodou muito e me fez notar claramente a falta de astúcia do diretor é o fato do longa ter todo um apelo ao Trash, mas nunca ter se assumido como tal. Muitas das cenas que poderiam causar horror nas pessoas são empurradas para o subtexto na relação imagem x som. Tal decisão acabou por descartar a possibilidade do filme ser lembrado por muitos que assistiram e venerado pelos amantes da carnificina cinéfila. Enfim, "estragaram legal" a metragem que, na minha humilde classificação, poderia chegar a uma ótima nota 7 ou talvez até 8.
Assistir filmes do Hitchcock, em suma, é sempre constatar uma inconveniente verdade cinéfila - os gêneros de suspense e mistério perderam seu laço de consonância com o espectador na medida em que se renderam às evoluções técnicas de filmagem. Mais uma vez, em "Os Pássaros", esta evidência fica exposta.
É impossível (ou, ao menos, quase) não sentir na própria pele a aflição dos personagens da trama. A ausência total de trilha sonora, os enquadramentos precisos e a busca por explicações criou um clima tenso e, de certa forma, fúnebre na história, coisa que só um diretor com extrema sensibilidade poderia sintetizar com afinco.
Os mais "modernos" poderão ficar com raiva com o desfecho inconclusivo da película, mas os amantes do cinema como arte - estes que sempre anseiam por um filme que vá muito além da simples cronologia de "começo, meio e fim" - degustarão a história por muito tempo após o último frame.
Com a ausência epiloga, podemos mergulhar nos aspectos semióticos e construtivos do roteiro para fazermos nossa própria interpretação dos fatos. O que abre margem para pensar que a atitude das aves pode representar a fúria da natureza contra o homem... Ou, quem sabe, uma metáfora: seja da evolução psicológica da Melanie ou da simples inversão do papel do ser humano na escala de "soberania animal". De Hitchcock, pode se esperar tudo.
Qualidade técnica dos efeitos especiais deixa muitos filmes de Hollywood com inveja, além de um roteiro que não traz nenhuma inovação, mas consegue explorar bem o lado emocional existente em catástrofes - junção de algumas histórias, algumas mais bem trabalhadas, outras como pano de fundo, e o foco na missão dos bombeiros, que mostram que para eles vale mais salvar vidas alheias do que as suas próprias.
Mas como nem tudo são flores, grande parte dos atores com destaque na trama acabam por tirar o brilho de uma película que tinha tudo para bater de frente com os grandes broadcasters tradicionais. Alguns personagem abusam do expressionismo, em um plataforma que em nenhum momento se assume com esta proposta. Realmente achei bem fraca a qualidade do elenco. Mas é natural que se minimize isso em um filme surpreendentemente com tantos pontos fortes.
Baseado em fatos reais, certamente é o mais aclamado trabalho de Roland Joffé nos cinemas, diretor cuja carreira é marcada por altos e baixos. Não por menos, as três estatuetas do Oscar que o filme levou são merecidas:
- Melhor Fotografia, onde destaco os ângulos de filmagem que dão vida a diversas cenas e os trechos capturados sob o entardecer ou em vegetações rasteiras próprias do Camboja. - Melhor Edição, devido principalmente a cena em que Nixon discursa na TV sobre a "Doutrina Nixon" enquanto imagens da guerra são apresentadas ao som de uma belíssima ópera. - Melhor Ator Coadjuvante, já que o Haing S. Ngor foi estupidamente fantástico e, pelo modo que o roteiro foi reproduzido, ele merecia inclusive também uma indicação para Melhor Ator, ao meu ver.
Quanto à aplicação do roteiro, Joffé acertou a mão e fez um filme sobre guerra diferente de grande parte dos que vemos por aí. Este tem um caráter muito mais de documentário, retratando com realismo e precisão uma história real.
Na primeira parte do filme, Roland não poupou os Estados Unidos das críticas, resgatando a memória do mandato tenebroso do Republicano Nixon, que, além dos erros geopolíticos, também ficou marcado pelo escândalo de Watergate. Paralelamente, o jornalismo em tempos de guerra também foi retratado na relação entre Phan e Sidney, pela paixão à profissão colocada acima da própria vida e, por fim, nas táticas de desinformação de notícias praticada por todas as partes envolvidas no conflito.
A segunda parte é onde Ngor assume de vez o protagonismo e dá um show de interpretação enquanto o Khmer Vermelho é dissecado na película. Os que conhecem a história de Pol Pot, sabem as tamanhas atrocidades cometidas pelo comunismo em Camboja. Entre elas: lavagem cerebral em crianças, a exclusão da religião, o genocídio em proporções catastróficas e a ideia de transformar o país numa nação movida apenas à agricultura. Um tremendo absurdo.
Geralmente, quando me envolvo com um filme, acabo por escrever milhares de parágrafos o detalhando, e poderia fazer com este aqui. Mas para não tornar a leitura impossível, farei uma observação final sobre a música que encerra o longa:
A música "Imagine" de John Lennon é comovente no reencontro entre os dois jornalistas. Porém, a letra da canção, abertamente feita em prol do comunismo / ateísmo, acabou por ganhar novos significados anos depois, com a oficialização da queda da URSS - pensar em um mundo ideal e perfeito através da ótica coletivista de Marx não passa de uma utopia, que vai de encontro com a natureza humana. Mas é inegável a emoção que a cena passa, coisa que poucas vezes fui capaz de sentir assistindo um filme sobre guerra.
Não sei o porquê, mas o Owen sempre me passa a impressão de alguém que fica imerso num filme a ponto de não assumir o papel principal que lhe é concedido. Talvez seja seu estilo pastelão e cínico de atuar, o que não é necessariamente um defeito - acho que seus personagens funcionam melhor quando dividem o protagonismo com outro.
Quanto ao rumo que Allen dá à história, genial como sempre. Nos revela de modo sutil uma Paris viva através da arte, atributo que, com o passar do tempo, perdeu o predomínio mas não abandonou a essência da cidade - talvez até seja por isso que estar como um turista na cidade francesa seja um verdadeiro exercício de nostalgia ou até mesmo de viajar no tempo.
Infelizmente não tive o prazer de assisti-lo no cinema ou em condições perfeitas para avaliar o trabalho estético do longa, mas pelas evidências o figurino e a fotografia estão de fato (próximos de estarem) impecáveis.
Incrível compilação histórica sobre a trajetória do movimento eugênico no mundo e, principalmente, na Europa. Algumas considerações pessoais sobre o material dirigido por Peter Cohen:
- Ponto positivo para a narrativa, que limitou-se a trechos sutis e interpretações nas entrelinhas para julgar o valor ético / moral da eugenia. Porém, ao contrário do que alguns criticaram por aqui, achei perfeita a harmonia entre o texto, a trilha sonora fúnebre e a divisão de períodos sob o vazio do som e tela preenchida em preta - a combinação deu a real alma e significância ao tema abordado.
- A preocupação em traçar a origem do movimento derrubou o mito proferido pelo senso comum de que a questão nasceu junto com a ascensão nazista. Aliás, fica bem claro que trata-se de uma falácia associar a utopia eugênica a grupos de extrema-direita - ambos os extremos do espectro político dão margem para a aceitação da prática. A própria Alemanha de Hitler entende que, para que o plano dê certo, o bem comum da sociedade precisa ser colocado em soberania em relação ao indivíduo, inclusive com uma ostensiva política de combate aos valores cristãos da família tradicional.
- O fato de Peter Cohen ser sueco provavelmente o motivou e também o deu maiores condições de detalhar a relação da eugenia com a Suécia progressiva do início do século XX. Mas tudo leva a crer que outras nações que compõem a Europa Setentrional eram coniventes com a ideia, já que o estereotipo nórdico era exaltado como sinônimo de supremacia racial.
- Foi bacana ver a rivalidade entre mendelianos e lamarckistas contextualizada: quase uma "guerra fria" no ambiente da eugenia. De certa forma, a bipolarização pode ser notada nas diferenças de abordagem do tema entre nazistas alemãs e bolcheviques soviéticos.
- Depois de assistir ao documentário, duas perguntas me vieram à cabeça, que não necessariamente são consequências diretas do conteúdo exposto por Cohen:
1. Até que ponto a mistura generalizada entre diferentes etnias pode ser benéfica para a raça humana? Nota-se que a identidade de um povo correlaciona-se não apenas com seu "biotipo padrão", mas também com a conservação de sua cultura, o que foge de qualquer possibilidade de controle por meio de manipulações genéticas.
2. É verdadeiro afirmar que a euforia eugênica se cessou? Por que costumamos reduzir a questão do aborto quase que apenas ao "direito da mulher" e ao "direito da vida"? Será mesmo que não existe nenhuma ideia de supremacia racial ou classista por trás deste ativismo? Pelo que tenho pesquisado, há indícios fortes que sim.
Sensacional. Ron Howard, desta vez, acertou a mão e modelou um resgate histórico do automobilismo tanto para o amante da velocidade como para aquele que procura apenas entretenimento no cinema. Irei sintetizar alguns pontos de minha opinião abaixo:
1 - Como já citado por muitos aqui, a rivalidade nas pistas divide a prioridade do filme com a própria construção das personalidades de James Hunt e Niki Lauda. De maneira precisa, os dois personagens principais conseguem exercer uma função mútua de protagonismo e antagonismo. Claro que cada espectador tenderá a ter mais simpatia por um dos pilotos, mas o próprio roteiro isenta as funções de herói e vilão, aspecto clichê das tramas de cinema.
2 - As cenas de ação são um show a parte de produção. Ao contrário de outros filmes semelhantes, as corridas fogem do aspecto de "transmissão de tv" e dão ênfase às sensações dos próprios pilotos. Mistura-se closes nas pistas e nos carros com a própria visão do velocista dentro de seu bólido.
3 - A relação morte x automobilismo é muito bem explorada no filme e, em suma, na personalidade de Lauda e Hunt. Enquanto Hunt trata a questão como um verdadeiro prazer, Lauda prefere sempre relaciona-la a riscos e probabilidades. Tais visões opoentes são explicadas, cena a cena, pela rotina dos pilotos fora do ambiente de trabalho.
4 - Fica evidente o contraste da F-1 atual com a de trinta, quarenta anos atrás. Um ponto a se destacar é a mentalidade dos pilotos - mesmo estando em extremos de pensamento, unem-se no compromisso de não se deixarem corromper pela influência da mídia e do poder que move os bastidores do esporte. Aliás, ressalta-se nas entrelinhas que a busca pela maior tecnologia e segurança dos carros acabou por minar a competitividade livre da categoria. Sintetizo exemplificando duas ocorrências notadas nas cenas de corrida - o momento dos "pits-stop", onde mecânicos conversavam com os pilotos e a troca de pneus era lenta e braçal; e a lembrança sutil e real das bandeiradas finais dadas em plena pista, lado a lado com os monopostos, pelos fiscais de prova.
5 - Devo fazer uma menção mais do que merecida à qualidade estética da produção - o figurino, a mixagem de som e a fotografia do filme estão minuciosamente próximos da perfeição. A cena do grave acidente do Lauda, por exemplo, é 100% fiel ao acontecimento de 1976, enquanto os macacões e carros dos pilotos priorizam os detalhes dos patrocinadores e do design da época. Tudo isso coroado com uma espetacular nitidez observada nas tonalidades das cores.
6 - A história, baseada em fatos reais, intrinsecamente passa uma mensagem moral para os espectadores - a relação do hedonismo com o perigo iminente. O diálogo final entre os dois, em conjunto com a narrativa de Lauda, deixou claro. Hunt nunca conseguiu enxergar o prazer além de seu caráter romântico, enquanto, para Lauda, valores como a própria vida e a construção de uma família têm peso muito grande nas escolhas. O austríaco teve uma carreira brilhante na F-1, com três títulos, enquanto Hunt se manteve no topo do esporte por um curto e meteórico período.
Nunca tive dúvidas de que existiu muita sujeira conivente entre a URSS e a Alemanha Nazista por trás do "combate contra o fascismo" pregado pelos soviéticos. Mesmo assim, o documentário me surpreendeu ao dissecar as relações documentadas de Stalin com seus amiguinhos do Schutzstaffel.
Gosto muito de temas que envolvem alienígenas, e os filmes que abordam esta questão sempre acabam despertando a minha curiosidade. Porém, a maioria das atuais produções que permeiam o assunto acabam caindo em uma fórmula comum e desgastada.
Neste caso, ainda temos boas cenas de ação, muito por conta do alto orçamento destinado ao longa. Mas, no cinema, a quantidade de cifras gastas não são, de forma alguma, um termômetro para medir inovação.
Para acabar com qualquer possibilidade de um filme minimamente razoável, construíram toda a história em cima de um roteiro superficial, recheado de alusões ao patriotismo americano, que só deve ser considerado um apelo positivo para o público estadunidense. Quem sabe, se fosse há uns 30 anos atrás, este filme pudesse ter sido mais original...
Aula de direção com George A. Romero. Trilha sonora que arrepia, zumbis realmente assustadores e uma mensagem sobre o instinto de sobrevivência do ser humano e seu comportamento em sociedade no meio de situações drásticas.
Apesar das críticas que li sobre a atuação de Judith O'Dea e da função psicodélica de Barbra, acho que a história não seria a mesma sem a personagem e suas reações. Ah, sim, assisti a versão colorida remasterizada, e o trabalho de restauração ficou excelente.
Um clássico, que mesmo já caminhando para os 50 anos de existência, segue como um dos mais arrepiantes e influentes filmes do gênero atualmente. Romero mito!
Achei excelente muito por conta da execução do trabalho visual gráfico - de fato, é uma animação 3D que vale a pena ser assistida com os óculos especiais. A história, até por ser voltada ao público infantil, não reserva nenhuma inovação, mas isto está longe de ser um problema, pois tenho certeza que as crianças vão gostar da simplicidade do enredo.
O ponto fraco fica para a dublagem. Algumas vozes não condizem tanto com os respectivos personagens, mas creio que este seja um problema exclusivo da versão brasileira.
Um filme surrealmente estranho. Neste, que o nome sugere a promessa de continuidade da série Soldado Universal, tiraram o foco do Van Damme e do Dolph Lundgren, e rechearam a história de personagens desconexos. Aliás, desconectividade é palavra de ordem aqui - o enredo matou totalmente a chance de uma sequência plausível para a história, que já se havia perdido em grande parte no terceiro.
Entretanto, o resultado final mesmo assim foi surpreendentemente bom. John Hyams fez diversas referências bem boladas ao filme Apocalypse Now, de Copolla, e trouxe homenagens sutis a O Iluminado, de Kubrick. Dolph e Van Damme, em suas aparições, não decepcionaram, as cenas de ação e porrada são excelentes e o Scott Adkins provou ser um dos principais brucutus da nova geração do cinema.
Eu acho que o filme foi valorizado em demasia, e não merecia tantas indicações e prêmios ao Oscar. Mas não deixa de ser bom.
Grande parte do público comum não gostou do filme pq ele não trás o surrealismo de outras películas de guerra clássicass, como as que se basearam na Guerra do Vietnã. Porém, tem um ótimo roteiro, atuações boas e transmite mais realismo do que as abordagens tradicionais que logo vem em minha mente quando penso em filmes deste gênero.
Nota: 7,0
Comprar Ingressos
Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.
Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.
Filhos da Guerra
4.1 168 Assista AgoraA fórmula e temática do filme estão longe de serem inovadoras - o nazismo e os personagens marcantes da segunda guerra frequentemente são explorados no cinema. Por outro lado, é uma história de bastidores que está longe de ter grande fama como muitas outras, o que torna a obra fascinante principalmente por aqueles que sempre buscam longas bibliográficas ou baseadas em fatos reais.
Quanto à qualidade técnica da película, eu destacaria a atuação da Anna Paquin - não foi seu melhor trabalho (até por conta da concorrência ser grande), mas ela mostra mais uma vez seu talento e lembra a todos o porquê de ser a segunda mais jovem da história a ter recebido uma estatueta do Oscar. Nos demais aspectos - figurino, maquiagem e direção, por exemplo - acabamos por ver "mais do mesmo", que não necessariamente é uma coisa ruim.
Enfim, no geral, um belo filme!
Nota: 6,5
A Pele que Habito
4.2 5,1K Assista AgoraÓtimo filme de Pedro Almodovar. Antônio Banderas puxa o elenco com maestria, fazendo jus a sua carreira, marcada por vários pontos altos (e alguns baixos, como quase todo a intérprete).
Sobre o enredo, a história beira o absurdo e é capaz de perturbar até mesmo os cinéfilos mais experientes. Confesso que ainda estou em estado de digestão do roteiro, mas de antemão posso elogiar, com segurança, a forma como os diálogos foram criteriosamente pensados, construindo uma carga pesada de subtexto.
Nota: 8,0
O Abrigo
3.6 720 Assista AgoraEm comparação com o homônimo do mesmo ano, traz uma profundidade no roteiro e uma construção fílmica nitidamente superior: não se trata, de forma alguma, de um entretenimento gratuito para um domingo de tarde.
A atuação de Michael Shannon é simplesmente fantástica - creio que faltou pouco para ele conseguir bater de frente com os indicados ao Oscar Clooney, Prit, Oldman, Dujardin e Bichin. Uma pena ele ser, de certa forma, subestimado dentro da órbita de Hollywood. O elenco de apoio - especialmente Jessica Chastain e Tova Stewart - também eleva a qualidade da película. Certamente as atuações são um dos pontos fortes da trama.
Em relação à direção, o filme também foi muito bem conduzido na maior parte do tempo. O ritmo lento da evolução da história tornou-se benéfico para a atmosfera e aflição estimulada no telespectador. Até os momentos finais, o clima de incerteza sobre o que é o que não é real fica vivo. O pecado vai para a cena final do filme, bem forçada na minha opinião, mas isso vai de cada um - tem gente que deve ter gostado. No meu caso, considerando o fato do longa ter aproximadamente 120 minutos de duração, creio que poderia ter sido finalizado dez ou quinze minutos antes, sem a necessidade daquele desfecho.
No mais, o confronto entre a possibilidade de um eventual apocalipse e o iminente avanço de um quadro esquizofrênico é o que move a história. Tanto para quem pensa que assistirá algo clichê sobre o fim do mundo e para quem imagina a esquizofrenia sendo tratada como algo caricato, a surpresa será agradável.
Nota: 7,0
O Exterminador do Futuro: Gênesis
3.2 1,2K Assista Agora[Contém Spoilers, mas nada muito diferente do que já se viu no trailer]
Como fã absoluto da franquia, dói um pouco ver a deterioração da história conforme a trama deste quinto filme vai evoluindo. São vai e vens no tempo e personagens e acontecimentos que não se encaixam com a lógica. É uma pena que esta falha pese tanto no resultado final, pois, de modo geral, a experiência é positiva.
Como não poderia ser diferente, quem puxa o entusiasmo do filme é o velho, mas nunca obsoleto (e um dos meus eternos ídolos), Arnold. Com uma atuação acima da média, misturando a característica imponente do T-800 com pitadas de humor, o ator eleva o grau de emoção do longa em muitos momentos. O duelo entre a o velho e o novo Schwazza certamente é um dos principais (e provavelmente o principal) momentos do filme, até por conta da carga nostálgica que carrega. É tudo o que um amante da franquia, como eu, desejava ver.
Quanto ao restante do elenco, o ponto forte vai para a Emily Clarke. A menina é talentosa, tem um apelo sensual e fez uma ótima atuação. Entretanto, acho que a própria maneira como a história se desenha não permite que o máximo potencial da atriz seja explorado. E, por outro lado, a Linda Hamilton, no mesmo papel, é inesquecível.
Completando o "elenco primário" do filme estão Jai Courtney e Jason Clarke. O primeiro, como Reese, não chega a fazer um papel desastroso, mas não leva brilho à nenhuma cena em que participou. Já Clarke, como Connor, creio que não tenha agradado a ninguém - durante todo o tempo foi um personagem andrógeno e desumanizado. Parece até que desde o primeiro minuto ele já é um ciborgue. Enfim, um dueto como este em papeis principais do filme acabam por puxar a qualidade do conjunto lá para baixo.
Por fim, devo também pontuar o aspecto técnico da trama. Ótimos efeitos especiais e cenas de ação, mas nada que realmente surpreenda se compararmos ao histórico recente de Hollywood. A impressão que dá é que só com o Arnold as cenas já poderiam ser tão empolgantes quanto foram, independentemente da complexidade dos efeitos computadorizados. Para mim o ponto forte neste sentido fica por conta do Endoesqueleto dos T-800: realmente, a evolução plástica deles ficou muito boa! E, para completar, uma menção a volta do T-1000: com movimentos e estética praticamente que iguais ao vivido por Robert Patrick no segundo filme da franquia. Nada de novo, mas valeu pela volta - afinal, o modelo de metal líquido sempre foi o meu exterminador favorito (claro, ao do lado do Arnold).
Nota Final: 6,0
A Dama de Ferro
3.6 1,7KHá muitos anos nutro o desejo de existir um grande filme sobre a trajetória política de Margaret Thatcher. E, após assistir a película de Phyllida Lloyd, infelizmente a minha vontade continua em pé.
Não sei se para alguns funcionou a narrativa da forma como foi feita, mas uma história contada de forma linear seria um modo de explorar bem melhor a carreira de Thatcher. Do jeito que foi, lógico que a Meryl Streep foi um alívio na experiência, mas apenas alguns dos principais momentos da primeira-ministra britânica foram mostrados, e nenhum destes com o merecido detalhamento.
Ah, sou um admirador de Thatcher. Pelo que vejo aqui, grande parte das pessoas a acham um "demônio" ou uma péssima pessoa ou líder. Não os culpo, pois ela nunca foi inclinada a posturas ou medidas populistas, além de realmente não ceder a pressões internas / externas (extremamente convicta). Aliás, o comportamento populista é visto por todas as partes no Brasil, e quase nada consegue sair do lugar por aqui, isso quando não chega a "andar pra trás".
E não custa lembrar que a Thatcher não é nenhum espelho para o movimento feminista. O que ela conquistou não foi se escondendo em uma dicotomia social onde existem opressores e oprimidos. Em passagem do filme, aliás, existe um claro discurso dela que revela sua visão oposta do que a da grande parte de movimentos de minorias se apossam.
E bem, não é por menos que o "Thatcherismo" segue vivo no sangue da política britânica até hoje. É como foi dito: "Fiz coisas que farão esta geração me odiar, e várias outras futuras me agradecer". É isso aí!!!
O Abrigo
3.0 414Não foi uma experiência totalmente em vão, porém "O Abrigo" deixa muito a desejar, muito por conta da seu receio em ter uma identidade clara.
Como ponto positivo, devo destacar a tentativa de mostrar o ser humano em seu estado mais degenerativo. O que deveria ser um esforço coletivo pela sobrevivência se torna uma batalha de egos, poder e cobiça, demonstrando o lado mais sórdido da natureza da espécie no que se refere a sua racionalidade - o uso fora da lógica do individualismo. Somando este aspecto à escassez de informações sobre o contexto e a produção sombria do jogo da câmera, uma sensação interessante é transmitida. Guardadas às devidas proporções, tal cenário me fez lembrar o clássico e incrível "Noite do Mortos Vivos", da lenda do terror George Romero.
Porém, a proposta vai por terra no decorrer do filme. As circunstâncias favorecem a total imersão nos personagens, mais poucos ali realmente são desenvolvidos no peso certo. Talvez se dois ou três dos componentes simplesmente não existissem as tramas pessoais pudessem ser mais ricas.
Por fim, o que me incomodou muito e me fez notar claramente a falta de astúcia do diretor é o fato do longa ter todo um apelo ao Trash, mas nunca ter se assumido como tal. Muitas das cenas que poderiam causar horror nas pessoas são empurradas para o subtexto na relação imagem x som. Tal decisão acabou por descartar a possibilidade do filme ser lembrado por muitos que assistiram e venerado pelos amantes da carnificina cinéfila. Enfim, "estragaram legal" a metragem que, na minha humilde classificação, poderia chegar a uma ótima nota 7 ou talvez até 8.
Nota: 3,0
Os Pássaros
3.9 1,1KAssistir filmes do Hitchcock, em suma, é sempre constatar uma inconveniente verdade cinéfila - os gêneros de suspense e mistério perderam seu laço de consonância com o espectador na medida em que se renderam às evoluções técnicas de filmagem. Mais uma vez, em "Os Pássaros", esta evidência fica exposta.
É impossível (ou, ao menos, quase) não sentir na própria pele a aflição dos personagens da trama. A ausência total de trilha sonora, os enquadramentos precisos e a busca por explicações criou um clima tenso e, de certa forma, fúnebre na história, coisa que só um diretor com extrema sensibilidade poderia sintetizar com afinco.
Os mais "modernos" poderão ficar com raiva com o desfecho inconclusivo da película, mas os amantes do cinema como arte - estes que sempre anseiam por um filme que vá muito além da simples cronologia de "começo, meio e fim" - degustarão a história por muito tempo após o último frame.
Com a ausência epiloga, podemos mergulhar nos aspectos semióticos e construtivos do roteiro para fazermos nossa própria interpretação dos fatos. O que abre margem para pensar que a atitude das aves pode representar a fúria da natureza contra o homem... Ou, quem sabe, uma metáfora: seja da evolução psicológica da Melanie ou da simples inversão do papel do ser humano na escala de "soberania animal". De Hitchcock, pode se esperar tudo.
Nota: 10,0
Pânico na Torre
3.5 114 Assista AgoraQualidade técnica dos efeitos especiais deixa muitos filmes de Hollywood com inveja, além de um roteiro que não traz nenhuma inovação, mas consegue explorar bem o lado emocional existente em catástrofes - junção de algumas histórias, algumas mais bem trabalhadas, outras como pano de fundo, e o foco na missão dos bombeiros, que mostram que para eles vale mais salvar vidas alheias do que as suas próprias.
Mas como nem tudo são flores, grande parte dos atores com destaque na trama acabam por tirar o brilho de uma película que tinha tudo para bater de frente com os grandes broadcasters tradicionais. Alguns personagem abusam do expressionismo, em um plataforma que em nenhum momento se assume com esta proposta. Realmente achei bem fraca a qualidade do elenco. Mas é natural que se minimize isso em um filme surpreendentemente com tantos pontos fortes.
Nota: 6,5
Os Gritos do Silêncio
4.0 127Excelente filme!
Baseado em fatos reais, certamente é o mais aclamado trabalho de Roland Joffé nos cinemas, diretor cuja carreira é marcada por altos e baixos. Não por menos, as três estatuetas do Oscar que o filme levou são merecidas:
- Melhor Fotografia, onde destaco os ângulos de filmagem que dão vida a diversas cenas e os trechos capturados sob o entardecer ou em vegetações rasteiras próprias do Camboja.
- Melhor Edição, devido principalmente a cena em que Nixon discursa na TV sobre a "Doutrina Nixon" enquanto imagens da guerra são apresentadas ao som de uma belíssima ópera.
- Melhor Ator Coadjuvante, já que o Haing S. Ngor foi estupidamente fantástico e, pelo modo que o roteiro foi reproduzido, ele merecia inclusive também uma indicação para Melhor Ator, ao meu ver.
Quanto à aplicação do roteiro, Joffé acertou a mão e fez um filme sobre guerra diferente de grande parte dos que vemos por aí. Este tem um caráter muito mais de documentário, retratando com realismo e precisão uma história real.
Na primeira parte do filme, Roland não poupou os Estados Unidos das críticas, resgatando a memória do mandato tenebroso do Republicano Nixon, que, além dos erros geopolíticos, também ficou marcado pelo escândalo de Watergate. Paralelamente, o jornalismo em tempos de guerra também foi retratado na relação entre Phan e Sidney, pela paixão à profissão colocada acima da própria vida e, por fim, nas táticas de desinformação de notícias praticada por todas as partes envolvidas no conflito.
A segunda parte é onde Ngor assume de vez o protagonismo e dá um show de interpretação enquanto o Khmer Vermelho é dissecado na película. Os que conhecem a história de Pol Pot, sabem as tamanhas atrocidades cometidas pelo comunismo em Camboja. Entre elas: lavagem cerebral em crianças, a exclusão da religião, o genocídio em proporções catastróficas e a ideia de transformar o país numa nação movida apenas à agricultura. Um tremendo absurdo.
Geralmente, quando me envolvo com um filme, acabo por escrever milhares de parágrafos o detalhando, e poderia fazer com este aqui. Mas para não tornar a leitura impossível, farei uma observação final sobre a música que encerra o longa:
A música "Imagine" de John Lennon é comovente no reencontro entre os dois jornalistas. Porém, a letra da canção, abertamente feita em prol do comunismo / ateísmo, acabou por ganhar novos significados anos depois, com a oficialização da queda da URSS - pensar em um mundo ideal e perfeito através da ótica coletivista de Marx não passa de uma utopia, que vai de encontro com a natureza humana. Mas é inegável a emoção que a cena passa, coisa que poucas vezes fui capaz de sentir assistindo um filme sobre guerra.
Nota: 8,5
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista AgoraNão sei o porquê, mas o Owen sempre me passa a impressão de alguém que fica imerso num filme a ponto de não assumir o papel principal que lhe é concedido. Talvez seja seu estilo pastelão e cínico de atuar, o que não é necessariamente um defeito - acho que seus personagens funcionam melhor quando dividem o protagonismo com outro.
Quanto ao rumo que Allen dá à história, genial como sempre. Nos revela de modo sutil uma Paris viva através da arte, atributo que, com o passar do tempo, perdeu o predomínio mas não abandonou a essência da cidade - talvez até seja por isso que estar como um turista na cidade francesa seja um verdadeiro exercício de nostalgia ou até mesmo de viajar no tempo.
Infelizmente não tive o prazer de assisti-lo no cinema ou em condições perfeitas para avaliar o trabalho estético do longa, mas pelas evidências o figurino e a fotografia estão de fato (próximos de estarem) impecáveis.
Nota: 8,5
Homo Sapiens 1900
4.1 17Incrível compilação histórica sobre a trajetória do movimento eugênico no mundo e, principalmente, na Europa. Algumas considerações pessoais sobre o material dirigido por Peter Cohen:
- Ponto positivo para a narrativa, que limitou-se a trechos sutis e interpretações nas entrelinhas para julgar o valor ético / moral da eugenia. Porém, ao contrário do que alguns criticaram por aqui, achei perfeita a harmonia entre o texto, a trilha sonora fúnebre e a divisão de períodos sob o vazio do som e tela preenchida em preta - a combinação deu a real alma e significância ao tema abordado.
- A preocupação em traçar a origem do movimento derrubou o mito proferido pelo senso comum de que a questão nasceu junto com a ascensão nazista. Aliás, fica bem claro que trata-se de uma falácia associar a utopia eugênica a grupos de extrema-direita - ambos os extremos do espectro político dão margem para a aceitação da prática. A própria Alemanha de Hitler entende que, para que o plano dê certo, o bem comum da sociedade precisa ser colocado em soberania em relação ao indivíduo, inclusive com uma ostensiva política de combate aos valores cristãos da família tradicional.
- O fato de Peter Cohen ser sueco provavelmente o motivou e também o deu maiores condições de detalhar a relação da eugenia com a Suécia progressiva do início do século XX. Mas tudo leva a crer que outras nações que compõem a Europa Setentrional eram coniventes com a ideia, já que o estereotipo nórdico era exaltado como sinônimo de supremacia racial.
- Foi bacana ver a rivalidade entre mendelianos e lamarckistas contextualizada: quase uma "guerra fria" no ambiente da eugenia. De certa forma, a bipolarização pode ser notada nas diferenças de abordagem do tema entre nazistas alemãs e bolcheviques soviéticos.
- Depois de assistir ao documentário, duas perguntas me vieram à cabeça, que não necessariamente são consequências diretas do conteúdo exposto por Cohen:
1. Até que ponto a mistura generalizada entre diferentes etnias pode ser benéfica para a raça humana? Nota-se que a identidade de um povo correlaciona-se não apenas com seu "biotipo padrão", mas também com a conservação de sua cultura, o que foge de qualquer possibilidade de controle por meio de manipulações genéticas.
2. É verdadeiro afirmar que a euforia eugênica se cessou? Por que costumamos reduzir a questão do aborto quase que apenas ao "direito da mulher" e ao "direito da vida"? Será mesmo que não existe nenhuma ideia de supremacia racial ou classista por trás deste ativismo? Pelo que tenho pesquisado, há indícios fortes que sim.
Enfim, recomendo o documentário a todos!
Nota: 9,5
Rush: No Limite da Emoção
4.2 1,3K Assista AgoraSensacional. Ron Howard, desta vez, acertou a mão e modelou um resgate histórico do automobilismo tanto para o amante da velocidade como para aquele que procura apenas entretenimento no cinema. Irei sintetizar alguns pontos de minha opinião abaixo:
1 - Como já citado por muitos aqui, a rivalidade nas pistas divide a prioridade do filme com a própria construção das personalidades de James Hunt e Niki Lauda. De maneira precisa, os dois personagens principais conseguem exercer uma função mútua de protagonismo e antagonismo. Claro que cada espectador tenderá a ter mais simpatia por um dos pilotos, mas o próprio roteiro isenta as funções de herói e vilão, aspecto clichê das tramas de cinema.
2 - As cenas de ação são um show a parte de produção. Ao contrário de outros filmes semelhantes, as corridas fogem do aspecto de "transmissão de tv" e dão ênfase às sensações dos próprios pilotos. Mistura-se closes nas pistas e nos carros com a própria visão do velocista dentro de seu bólido.
3 - A relação morte x automobilismo é muito bem explorada no filme e, em suma, na personalidade de Lauda e Hunt. Enquanto Hunt trata a questão como um verdadeiro prazer, Lauda prefere sempre relaciona-la a riscos e probabilidades. Tais visões opoentes são explicadas, cena a cena, pela rotina dos pilotos fora do ambiente de trabalho.
4 - Fica evidente o contraste da F-1 atual com a de trinta, quarenta anos atrás. Um ponto a se destacar é a mentalidade dos pilotos - mesmo estando em extremos de pensamento, unem-se no compromisso de não se deixarem corromper pela influência da mídia e do poder que move os bastidores do esporte. Aliás, ressalta-se nas entrelinhas que a busca pela maior tecnologia e segurança dos carros acabou por minar a competitividade livre da categoria. Sintetizo exemplificando duas ocorrências notadas nas cenas de corrida - o momento dos "pits-stop", onde mecânicos conversavam com os pilotos e a troca de pneus era lenta e braçal; e a lembrança sutil e real das bandeiradas finais dadas em plena pista, lado a lado com os monopostos, pelos fiscais de prova.
5 - Devo fazer uma menção mais do que merecida à qualidade estética da produção - o figurino, a mixagem de som e a fotografia do filme estão minuciosamente próximos da perfeição. A cena do grave acidente do Lauda, por exemplo, é 100% fiel ao acontecimento de 1976, enquanto os macacões e carros dos pilotos priorizam os detalhes dos patrocinadores e do design da época. Tudo isso coroado com uma espetacular nitidez observada nas tonalidades das cores.
6 - A história, baseada em fatos reais, intrinsecamente passa uma mensagem moral para os espectadores - a relação do hedonismo com o perigo iminente. O diálogo final entre os dois, em conjunto com a narrativa de Lauda, deixou claro. Hunt nunca conseguiu enxergar o prazer além de seu caráter romântico, enquanto, para Lauda, valores como a própria vida e a construção de uma família têm peso muito grande nas escolhas. O austríaco teve uma carreira brilhante na F-1, com três títulos, enquanto Hunt se manteve no topo do esporte por um curto e meteórico período.
Nota: 10,0
A História Soviética
4.2 46 Assista AgoraNunca tive dúvidas de que existiu muita sujeira conivente entre a URSS e a Alemanha Nazista por trás do "combate contra o fascismo" pregado pelos soviéticos. Mesmo assim, o documentário me surpreendeu ao dissecar as relações documentadas de Stalin com seus amiguinhos do Schutzstaffel.
Nota: 8,5
Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles
2.8 1,1K Assista AgoraGosto muito de temas que envolvem alienígenas, e os filmes que abordam esta questão sempre acabam despertando a minha curiosidade. Porém, a maioria das atuais produções que permeiam o assunto acabam caindo em uma fórmula comum e desgastada.
Neste caso, ainda temos boas cenas de ação, muito por conta do alto orçamento destinado ao longa. Mas, no cinema, a quantidade de cifras gastas não são, de forma alguma, um termômetro para medir inovação.
Para acabar com qualquer possibilidade de um filme minimamente razoável, construíram toda a história em cima de um roteiro superficial, recheado de alusões ao patriotismo americano, que só deve ser considerado um apelo positivo para o público estadunidense. Quem sabe, se fosse há uns 30 anos atrás, este filme pudesse ter sido mais original...
Nota: 4,0
A Noite dos Mortos-Vivos
4.0 549 Assista AgoraAula de direção com George A. Romero. Trilha sonora que arrepia, zumbis realmente assustadores e uma mensagem sobre o instinto de sobrevivência do ser humano e seu comportamento em sociedade no meio de situações drásticas.
Apesar das críticas que li sobre a atuação de Judith O'Dea e da função psicodélica de Barbra, acho que a história não seria a mesma sem a personagem e suas reações. Ah, sim, assisti a versão colorida remasterizada, e o trabalho de restauração ficou excelente.
Um clássico, que mesmo já caminhando para os 50 anos de existência, segue como um dos mais arrepiantes e influentes filmes do gênero atualmente. Romero mito!
Nota: 9,5
Reino Escondido
3.4 475 Assista AgoraAchei excelente muito por conta da execução do trabalho visual gráfico - de fato, é uma animação 3D que vale a pena ser assistida com os óculos especiais. A história, até por ser voltada ao público infantil, não reserva nenhuma inovação, mas isto está longe de ser um problema, pois tenho certeza que as crianças vão gostar da simplicidade do enredo.
O ponto fraco fica para a dublagem. Algumas vozes não condizem tanto com os respectivos personagens, mas creio que este seja um problema exclusivo da versão brasileira.
Nota: 7,0
Soldado Universal 4: Juízo Final
2.4 160Um filme surrealmente estranho. Neste, que o nome sugere a promessa de continuidade da série Soldado Universal, tiraram o foco do Van Damme e do Dolph Lundgren, e rechearam a história de personagens desconexos. Aliás, desconectividade é palavra de ordem aqui - o enredo matou totalmente a chance de uma sequência plausível para a história, que já se havia perdido em grande parte no terceiro.
Entretanto, o resultado final mesmo assim foi surpreendentemente bom. John Hyams fez diversas referências bem boladas ao filme Apocalypse Now, de Copolla, e trouxe homenagens sutis a O Iluminado, de Kubrick. Dolph e Van Damme, em suas aparições, não decepcionaram, as cenas de ação e porrada são excelentes e o Scott Adkins provou ser um dos principais brucutus da nova geração do cinema.
Nota: 6,0
Guerra ao Terror
3.5 1,4K Assista AgoraEu acho que o filme foi valorizado em demasia, e não merecia tantas indicações e prêmios ao Oscar. Mas não deixa de ser bom.
Grande parte do público comum não gostou do filme pq ele não trás o surrealismo de outras películas de guerra clássicass, como as que se basearam na Guerra do Vietnã. Porém, tem um ótimo roteiro, atuações boas e transmite mais realismo do que as abordagens tradicionais que logo vem em minha mente quando penso em filmes deste gênero.
Nota: 7,0