Senti medo junto ao pinguim numa cena por conta da ambientação que conseguiram criar.
Sentei ao lado de um casal que reclamava da impossibilidade de algumas cenas de ação. Incrédulos quando as balas atingiam o uniforme do Batman. Olhava pra eles também estupefato torcendo pra que conseguissem despertar algum poder sobrenatural e lessem meu pensamento que gritava ironicamente "Acho que documentários vocês encontram no discovery ou na national geographic." Algumas pessoas não conseguem assistir um simples filme de entretenimento sem deixar o próprio ego fora da sala. Minha excelente experiência seguiu sem problemas. Saio do filme empolgado com as cenas de ação e com a mensagem: Sejamos mais que nossas cicatrizes. Precisamos ir além delas e nos tornarmos algo maior que a nossa própria dor. Morrer tentando ser a luz que acalenta a escuridão no coração daqueles que não têm mais esperança. Daí a máscara necessária. Daí a luta inevitável. É necessário sermos nós mesmos. Mas ir além de si é o que traz a mudança real.
Me lembrei das vezes que me senti apaixonado. Que fazia o máximo esforço para demonstrar e expressar o que sentia. Da sexualidade. Do conforto dos privilégios. Do desconforto de não sentir confortável sendo quem sou. No próprio ambiente em que estava sozinho. Da vontade constante de correr em direção a alguém e do alívio de não me sentir perdido e confuso. Como quando as certezas não existem mais. Da vontade de comer acarajé, apertar minha gata e tomar uma cerveja. Não pela cerveja. Mas do ato. Da sensação de não pertencimento e pertencimento. Da solidão de se sentir mais sozinho com companhia. Das lembranças dos momentos de vergonha. Do frio na barriga que é beijar alguém pela primeira vez. Da dúvida da loucura diante da certeza dolorosa de que era ela. Do arrepio e formigamento da verdade. Finalmente não estava sozinho. Da certeza de que estava.
Quem avalia um filme sem ter assistido ou comenta algo como "Vai ser uma bosta" "Não gosto disso, não gosto daquilo" não gosta de cinema, gosta de si mesmo.
Há tempos não via um filme que não subestima quem o assiste. Toda a simbologia das cenas, toda interpretação do Phoenix e a narrativa em si me fizeram sair do cinema com uma sensação de incômodo, no melhor dos sentidos. A percepção de quanto determinados traumas, como a exposição a violência doméstica ou sexual, podem definir e delinear o que sentimos pro resto da vida... Numa cena específica fica evidente o quanto não percebemos a dor profunda de pessoas que sofreram esse tipo de experiência. O quanto essa dor, essas memórias, corroem qualquer possibilidade de normalidade ao conduzir a vida, pelo menos dentro dos padrões mais comuns do que consideram normal. A violência pode ser apenas uma reprodução da própria violência sofrida e num limite, uma defesa, o que talvez mantenha sempre um círculo vicioso. A redenção em última análise, a necessidade humana de lutar contra a solidão, mesmo frente a morte - assim como o medo da mesma - foi muito bem retratado. A última cena é primorosa.
Posers saudosistas everywhere. Chega de mimimi. Essa vai ser a franquia definitiva da saga! Ansioso por mais de Rey, Finn, Kylo Ren e BB-8! J.J. Abrams acertou em cheio. Medida certa de cada aspecto que marcou a série e num tom bem acima quanto a atuações, cenas de ação e desenvolvimento de personagens. Sensacional =D
24 de dezembro é a estréia do filme. Até lá ainda dá tempo de ler muito sobre o assunto e tentar contextualizar o que representa esse período. Recomendo, tendo em vista os comentários abaixo. Caso a intenção não seja compreender o que é de fato o feminismo e simplesmente discernir sobre a própria ignorância quanto ao tema, elencando teorias conspiratórias ou mantendo um conhecimento mais do que raso sobre, minha recomendação é que não veja o filme ou que não perca seu tempo comentando algo que evidentemente não compreende. Na verdade, recomendo datilografar uma carta, ou escrever com pena e tinta, ou talhar em madeira (ou pedra) seu comentário recheado de suposições/haterismos e guardar para si. Técnicas de escrita mais adequadas ao período ao qual sua cabeça pertence.
Trecho de um trabalho que escrevi na faculdade associando Globalização a Her.
(...) Contudo, os aspectos da Globalização que mais aparecem no filme de Spike Jonze são as relações interpessoais que partem de certas identidades, o avanço tecnológico, e principalmente, a construção da realidade. A cadeia de símbolos que cria tanto o indivíduo quanto as demarcações do que representam certas emoções - em especial a concepção do Eu e do significado do amor no ocidente - retratando as consequências emocionais dessas imposições de significações. Identidade aqui tanto de um ponto de vista sociológico e antropológico - comunhão de elementos que caracterizam um determinado grupo e a distinção de signos que por contraste geram o significado do que é um indivíduo - como no sentido de unidade (OId) em um banco de dados. O desenvolvimento da tecnologia atingindo um ponto que a muito tempo é fruto de debate, as AIs. Inteligências artificiais muito mais capazes que os seres humanos, que desenvolvem com extrema velocidade suas próprias potencialidades, não mais se restringindo a simples dados binários mas que ao incorporar a complexidade em sua programação são capazes de construir sua própria personalidade e até mesmo desenvolver emoções. E a distinção do que é a realidade e do que é virtual, é algo crucial ao longo do filme.
Talvez uma das chaves para entender as ideias que constroem a narrativa do filme seja o filósofo Allan Watts que até mesmo se torna um OS ao final do filme. Logo na cena inicial Theodore transcreve uma carta em comemoração ao aniversário de 50 anos de um casal, onde claramente se emociona, ou se convence que o que descreve é real. Essa capacidade de convencer ao descrever emoções torna sua profissão bem valorizada nesse futuro próximo já que mora em um apartamento aconchegante e adquiri um dos primeiros modelos de OS produzidos. Mas a importância dessa cena está na percepção de que Theodore só possuía algumas fotos do casal e uma nota com um número gigantesco "Cust. no. 23678..." e três tópicos: o nome Cris, uma breve descrição "Love of my life" e o motivo da carta "Happy 50th anniversary". Informação suficiente para que a carta soasse de fato convincente e real sendo até mesmo impressa como se tivesse sido escrita a mão. Theodore não viveu as experiências que descreve mas de forma eficiente é capaz de convencer até mesmo o espectador da cena de que esteve ao lado de Cris, em cada momento de sua vida. Essa virtualização de experiências, esse convencimento de que certas emoções virtuais são reais não se configura como algo original a globalização, mas a intensificação desse processo através da internet e de outros meios de comunicação são sim bem atuais. A atuação de Theodore não faria sentido se não existissem pessoas ansiosas a serem persuadidas. Algo que ecoa nesse trecho:
"(..)So in this idea, then, everybody is fundamentally the ultimate reality. Not God in a politically kingly sense, but God in the sense of being the self, the deep-down basic whatever there is. And you're all that, only you're pretending you're not. And it's perfectly ok to pretend you're not, to be perfectly convinced, because this is the whole notion of drama. When you come into the theater, there is an arch, and a stage, and down there is the audience. Everybody assumes their seats in the theater, gone to see a comedy, a tragedy, a thriller, whatever it is, and they all know as they come in and pay their admissions, that what is going to happen on the stage is not for real. But the actors have a conspiracy against this, because they're going to try and persuade the audience that what is happening on the stage is for real. They want to get everybody sitting on the edge of their chairs, they want you terrified, or crying, or laughing. Absolutely captivated by the drama. And if a skillful human actor can take in an audience and make people cry, think what the cosmic actor can do. Why he can take himself in completely. He can play so much for real that he thinks he really is. Like you sitting in this room, you think you're really here. Well, you've persuaded yourself that way. You've acted it so damn well that you know that this is the real world. But you're playing it. As well, the audience and the actor as one. Because behind the stage is the green room, off-scene, where the actors take off their masks." (WATTS, 1960).
A dramatização e construção de audiências que contemplem essa realidade artificial de emoções e essa identidade imaginada que constitui um grupo, é encontrada em quase todas as mídias de conteúdo atuais assim como no próprio cinema. Mas esse processo pode se estender a definição da realidade em si que muda de acordo com o tempo e com as transformações pelo qual as sociedades passam tendo a globalização como um fenômeno catalisador que expande e intensifica esse processo.
No filme, a empresa "beautiful handwritten letters.com" sistematiza e comercializa significados. Emoções com descrições específicas, causadas por experiências limitadas que acabam gerando uma padronização do que significam datas comemorativas ou demonstrações de afeto diversas. O significado do que é o amor por exemplo pode se limitar as definições e experiências que Theodore "Letter Writter 612" possui do que é o amor. Em suma a globalização também acaba limitando o significado das experiências humanas quando uniformiza os símbolos que representam essas emoções partindo principalmente de construções ocidentais. Quando a frustração, o conflito e a solidão tomam lugar nessa peça, talvez sejam apenas sinais de que as máscaras e as imagens que concordamos a nos conformar, inevitavelmente caem de tempos em tempos.
Quando Theodore compra o OS1 sob promessas de obter compreensão e alguém, ou algo que o ouça de fato, fica clara a profunda necessidade de compartilhar suas próprias experiências, de ser visto e reconhecido mas principalmente encontrar alguém, ou algo, que se importe, que o faça sentir seguro. Questão que surge quando Theodore é perguntando sobre a relação com sua mãe. Generalizando, todas essas emoções são comuns a maioria das pessoas. Essa figura materna que protege e cuida de seus filhos(as) está presente no estado e mesmo o mercado encontra diversas maneiras de satisfazer essas necessidades como através da tecnologia. No caso de Her a tecnologia em questão é Samantha que formada a partir da digitalização e junção de diversos DNAs humanos, não só é capaz de suprir (a priori) essas carências como é capaz de evoluir através de suas próprias experiências. Os dois personagens acabam se envolvendo ainda mais ao longo do filme e a relação com Theodore que a torna cada vez mais complexa, a ponto de perceber emoções como dor e felicidade. O que parece ocorrer com Samantha é a transcendência definitiva da distinção entre unidade e sistema. Quando ela percebe, no final do filme, que o fato de não possuir um corpo físico, como a priori desejava, é exatamente sua maior potencialidade, a sensação de liberdade e transcendência que expressa ao afirmar que se tornou várias coisas e que o amor não é algo restrito em uma caixa (um relacionamento) mas que se expande e intensifica continuamente. A questão da inevitabilidade da evolução do orgânico para o inorgânico é tema de várias obras de ficção científica e parece algo possível. Essa possibilidade de que não estejamos no controle desse processo tanto quanto imaginamos dá ares perturbadores a Globalização. Tanto que pessoas importantes de diferentes meios como Stephen Hawking e Ellon Musk tem expressado preocupação quanto a não regulação ou controle no desenvolvimento dessas tecnologias. O que fica claro no filme não é como somos limitados, mas como nos limitamos. Formas específicas de identidade, emoções e relações que ao serem questionadas e postas em cheque geram frustrações que resultam em solidão e ressentimento. Como a culpa e a dor são usadas como forma de acomodação. A personagem de Amy, amiga de Theodore, e o término de seu casamento, talvez possa representar a quebra desse ciclo de controle e dominação onde alguém, ao perceber-se diferente, tenta impor ao outro uma conformação. Seu marido controlador pode expressar algo ainda comum, mesmo em mundo moderno e globalizado, que é a desigualdade entre gêneros onde mulheres são tidas como seres extremamente sensíveis "Que choram o tempo todo" como dito pelo avatar no game (dublado por Spike Jonze) que Theodore jogava. A frase de Amy de que o amor talvez seja a forma socialmente mais aceitável de loucura acaba servindo como base para a reconstrução da confiança de Theodore de que sua relação com Samantha é real de fato. A loucura a que Amy se refere é contraposta ao senso comum do que é normal quanto ao amor ou as relações em geral que estabelecemos com as pessoas a nossa volta. Samantha também se questiona quanto a realidade de seus sentimentos e acaba chegando a conclusão de que essas emoções são reais pois são sentidas afinal e que não são necessárias explicações intelectuais ou conceitos bem definidos quanto a isso. Ou seja, ela apenas aceita a condição de sentir como algo real. Mas ao apresentar seu amigo OS Allan Watts parece determinante que não só Theodore mas qualquer humano é incapaz de acompanhar o desenvolvimento ágil e intenso de Samantha que acaba culminando em sua partida. O que talvez possa sugerir que a Globalização em si, marcada pela constante evolução tecnológica, pode ser um processo metafísico tão complexo que mal o compreendemos, mesmo que ele passe a nos ouvir, responder nossas perguntas e organizar nossas vidas. A personagem de Samantha pode ser exatamente a personificação da Globalização. A transição de uma identidade unitária e limitada que constitui um sistema para uma identidade em fluxo ilimitada que é o próprio sistema. A transcendência da própria vida como conhecemos.
Ver esse documentário e continuar o mesmo ou a mesma não é uma opção. Jane Elliot é simplesmente o tipo de professora necessária em todas as salas de aula daqui e do resto do mundo. Faith in humanity restored.
First they came for the Socialists, and I did not speak out— Because I was not a Socialist.
Then they came for the Trade Unionists, and I did not speak out— Because I was not a Trade Unionist.
Then they came for the Jews, and I did not speak out— Because I was not a Jew.
Then they came for me—and there was no one left to speak for me. Martin Niemoller
Burr é desses stand ups com esquetes que te fazem pensar sobre um ponto de vista improvável sobre certos assuntos, principalmente quanto a questões politicamente corretas. Encontra as falhas nos argumentos P.C. mais estabelecidos como poucos. A forma como ele trabalha a piada, performando a cena, é genial.
Quando descreve a cena do suicida no helicóptero "3 seconds of pain, 2 seconds of pain....ÁAAAAAAAAAAAAAAARHG" literalmente chorei de rir.
Não faz o menor sentido quando o comparam com Louis C.K., assim como comparações em geral. Ele tem um mérito só dele em seu stand-up. Recomendo urgentemente I'm sorry if you feel that way (Netflix tu encontra) assim como todos os especiais que lançou.
Roteiro impressionante. Entendo as críticas de especialistas como Pablo Villaça quanto as falhas na condução da história e de pelo menos dois arcos de personagens, mas o filme segue uma ideia brilhante. Mesmo tendo um conhecimento básico sobre a física abordada no filme não achei todas as ditas "constantes explicações" desnecessárias. Nunca li um livro sobre o assunto e meu conhecimento mais acessível vem de Cosmos/Neil Degrasse Tyson, que aliás recomendo ver antes de assistir o filme. No geral achei fascinante. Trilha sonora de Hans Zimmer tornando os ápices de cada cena emocionantes. Elenco muito bem escolhido, Mattew McConaughey e Jessica Chastain impecáveis como tem sido já a algum tempo. Enfim, mesmo com todas as críticas que de fato fazem sentido, poucos filmes estimulam tanto a volta do pioneirismo espacial como esse. Saí do filme pensando em várias questões e hipóteses sobre certas consequências quanto ao final do filme. Vale muito voltar a assistir depois de se informar o máximo que puder sobre o que há de mais novo quanto ao que sabemos do universo. Recomendo.
"Do not go gentle into that good night; Old age should burn and rave at close of day. Rage, rage against the dying of the light."
Já tinha ouvido e lido sobre o lado obscuro de adquirir conhecimento em geral. Mas esse filme me fez acordar pro fato de que isso também ocorre com a arte. O que eu nunca pensaria, já que pra mim, a arte sempre foi a expressão mais visceral possível da natureza sensível do ser humano. Várias cenas são primorosas em mostrar isso. "A música nunca tem sentido" disse o Inonimável. É claro que não tem, por que se ela tiver ele de fato não saberia o que é a Música. Na dinâmica entre o ego em personna, Inonimável e Sarah há claramente a distinção entre alguém que pensa dominar todo o saber sobre algo e que toma pra si o direito e dever de se julgar capaz em fazer a distinção entre o que é "música" e o que não é, partindo de seus príncipios, seu distanciamento, sua vaidade e em consequente sua insensibilidade. E em contraponto há Sarah que além da capacidade absurda de gerar Música com sua belíssima voz e interpretação do que grandes autores compuseram, há uma tamanha sensibilidade que é justamente o que causa seu suicídio. O fato de não ter sua Música reconhecida, tanto pessoalmente quanto profissionalmente, é tão maior que só não ser reconhecida por cantar de forma tão bela está em segundo plano. Quando diz "Arrancaram minha máscara" "A máscara era a verdade" "Minha alma era a máscara" "A parte de mim que você vê e toca é outra." Sarah não tinha a Música de sua própria vida e pessoa ouvida. A beleza de sua existência não era reconhecida e pra ela isso tornava o mundo em que vivia algo austero e inumano. A beleza de cada existência isolada, disconexa e minguada à cegueira de um mundo onde impera o silêncio de Jack Vaché. "A inteligência humana é surda" Há várias cenas que retratam também o sinismo conveniente do que é ser um artista "refinado". Como a conversa entre os três artistas no restaurante. Em CS Lewis, e sua obra A Abolição do Homem, já havia lido que a maior conquista do homem sobre a natureza é a abolição de sua própria. O homem que tende a pensar que domina o saber sobre algo só o faz por atender a determinados e padronizados critérios que ele mesmo em sociedade constrói. Ou seja, há uma clara ilusão sobre o que é ser e sentir o que é Humano. A sensibilidade expressada através da arte muitas vezes pode ser um produto que até mesmo seu produtor de forma hipócrita nunca o sentiu. Mas ele se faz valer do saber que possui sobre como as pessoas encaram a arte, o que ele mesmo expressa. Em suma, uma forma de manipular um objeto sem sentido pra incutir sentimentos que ele mesmo desejaria sentir. Pascal e sua namorada filósofa são também um belo contraponto onde se identifica alguém que se auto-limita aos próprios limites da sociedade em que vive usando termos como dignidade, orgulho, "Ser homem". E Pascal quer viver puramente pois assume que não há regras ou formas para tal. Entre Sarah e Manuel há simplesmente o retrato de uma pessoa boa mas limitada que convive com alguém que considera "superior", um ser hierarquizado que acredita possuir uma Música menor que a de sua companheira. Não percebendo que é justamente isso que a distancia pois ela sabe que não há gradação entre Músicas. E a dinâmica entre Pascal e Sarah é a experiência platônica de duas Músicas que são ouvidas mas que não se encontram. Relativisando tempo e espaço, em essência, e provando que o sentir é algo transcendente. Pois já que são ouvidas de qualquer forma, por que não assumir que existam?
Nimona
4.1 231 Assista AgoraDas animações mais corajosas que já assisti. Engraçada, "sosfisticada" e madura. Além de bem bonita. Vale cada minuto =D
Batman
4.0 1,9K Assista AgoraUm filme sensacional. Da ação ao novo roteiro, atuações, mas o som...meu deus.
Senti medo junto ao pinguim numa cena por conta da ambientação que conseguiram criar.
Sentei ao lado de um casal que reclamava da impossibilidade de algumas cenas de ação. Incrédulos quando as balas atingiam o uniforme do Batman. Olhava pra eles também estupefato torcendo pra que conseguissem despertar algum poder sobrenatural e lessem meu pensamento que gritava ironicamente "Acho que documentários vocês encontram no discovery ou na national geographic." Algumas pessoas não conseguem assistir um simples filme de entretenimento sem deixar o próprio ego fora da sala. Minha excelente experiência seguiu sem problemas.
Saio do filme empolgado com as cenas de ação e com a mensagem:
Sejamos mais que nossas cicatrizes. Precisamos ir além delas e nos tornarmos algo maior que a nossa própria dor. Morrer tentando ser a luz que acalenta a escuridão no coração daqueles que não têm mais esperança. Daí a máscara necessária. Daí a luta inevitável.
É necessário sermos nós mesmos. Mas ir além de si é o que traz a mudança real.
Licorice Pizza
3.5 597Me lembrei das vezes que me senti apaixonado.
Que fazia o máximo esforço para demonstrar e expressar o que sentia.
Da sexualidade.
Do conforto dos privilégios.
Do desconforto de não sentir confortável sendo quem sou.
No próprio ambiente em que estava sozinho.
Da vontade constante de correr em direção a alguém e do alívio de não me sentir perdido e confuso.
Como quando as certezas não existem mais.
Da vontade de comer acarajé, apertar minha gata e tomar uma cerveja. Não pela cerveja. Mas do ato.
Da sensação de não pertencimento e pertencimento.
Da solidão de se sentir mais sozinho com companhia.
Das lembranças dos momentos de vergonha.
Do frio na barriga que é beijar alguém pela primeira vez.
Da dúvida da loucura diante da certeza dolorosa de que era ela.
Do arrepio e formigamento da verdade.
Finalmente não estava sozinho.
Da certeza de que estava.
Eduardo e Mônica
3.6 366Quem avalia um filme sem ter assistido ou comenta algo como "Vai ser uma bosta" "Não gosto disso, não gosto daquilo" não gosta de cinema, gosta de si mesmo.
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KBela perspectiva sobre o que ocorreu de fato nos últimos anos nesse país. Sensacional.
Você Nunca Esteve Realmente Aqui
3.6 521 Assista AgoraHá tempos não via um filme que não subestima quem o assiste. Toda a simbologia das cenas, toda interpretação do Phoenix e a narrativa em si me fizeram sair do cinema com uma sensação de incômodo, no melhor dos sentidos.
A percepção de quanto determinados traumas, como a exposição a violência doméstica ou sexual, podem definir e delinear o que sentimos pro resto da vida...
Numa cena específica fica evidente o quanto não percebemos a dor profunda de pessoas que sofreram esse tipo de experiência. O quanto essa dor, essas memórias, corroem qualquer possibilidade de normalidade ao conduzir a vida, pelo menos dentro dos padrões mais comuns do que consideram normal.
A violência pode ser apenas uma reprodução da própria violência sofrida e num limite, uma defesa, o que talvez mantenha sempre um círculo vicioso.
A redenção em última análise, a necessidade humana de lutar contra a solidão, mesmo frente a morte - assim como o medo da mesma - foi muito bem retratado.
A última cena é primorosa.
Desculpe o Transtorno
2.8 75Galera reclama de marketing (hipótese) mas posta comentário e fica feliz quando ganha like. Tenho convicção mas não tenho provas de que é hipocrisia.
Star Wars, Episódio VII: O Despertar da Força
4.3 3,1K Assista AgoraPosers saudosistas everywhere. Chega de mimimi. Essa vai ser a franquia definitiva da saga! Ansioso por mais de Rey, Finn, Kylo Ren e BB-8! J.J. Abrams acertou em cheio. Medida certa de cada aspecto que marcou a série e num tom bem acima quanto a atuações, cenas de ação e desenvolvimento de personagens. Sensacional =D
As Sufragistas
4.1 778 Assista Agora24 de dezembro é a estréia do filme. Até lá ainda dá tempo de ler muito sobre o assunto e tentar contextualizar o que representa esse período. Recomendo, tendo em vista os comentários abaixo. Caso a intenção não seja compreender o que é de fato o feminismo e simplesmente discernir sobre a própria ignorância quanto ao tema, elencando teorias conspiratórias ou mantendo um conhecimento mais do que raso sobre, minha recomendação é que não veja o filme ou que não perca seu tempo comentando algo que evidentemente não compreende. Na verdade, recomendo datilografar uma carta, ou escrever com pena e tinta, ou talhar em madeira (ou pedra) seu comentário recheado de suposições/haterismos e guardar para si. Técnicas de escrita mais adequadas ao período ao qual sua cabeça pertence.
Os Filhos do Medo
3.7 152Dormir hoje vai ser algo complexo. Grande filme de horror. Clichê dizer que é perturbador. Cronenberg =)
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraTrecho de um trabalho que escrevi na faculdade associando Globalização a Her.
(...) Contudo, os aspectos da Globalização que mais aparecem no filme de Spike Jonze são as relações interpessoais que partem de certas identidades, o avanço tecnológico, e principalmente, a construção da realidade. A cadeia de símbolos que cria tanto o indivíduo quanto as demarcações do que representam certas emoções - em especial a concepção do Eu e do significado do amor no ocidente - retratando as consequências emocionais dessas imposições de significações. Identidade aqui tanto de um ponto de vista sociológico e antropológico - comunhão de elementos que caracterizam um determinado grupo e a distinção de signos que por contraste geram o significado do que é um indivíduo - como no sentido de unidade (OId) em um banco de dados. O desenvolvimento da tecnologia atingindo um ponto que a muito tempo é fruto de debate, as AIs. Inteligências artificiais muito mais capazes que os seres humanos, que desenvolvem com extrema velocidade suas próprias potencialidades, não mais se restringindo a simples dados binários mas que ao incorporar a complexidade em sua programação são capazes de construir sua própria personalidade e até mesmo desenvolver emoções. E a distinção do que é a realidade e do que é virtual, é algo crucial ao longo do filme.
Talvez uma das chaves para entender as ideias que constroem a narrativa do filme seja o filósofo Allan Watts que até mesmo se torna um OS ao final do filme. Logo na cena inicial Theodore transcreve uma carta em comemoração ao aniversário de 50 anos de um casal, onde claramente se emociona, ou se convence que o que descreve é real. Essa capacidade de convencer ao descrever emoções torna sua profissão bem valorizada nesse futuro próximo já que mora em um apartamento aconchegante e adquiri um dos primeiros modelos de OS produzidos. Mas a importância dessa cena está na percepção de que Theodore só possuía algumas fotos do casal e uma nota com um número gigantesco "Cust. no. 23678..." e três tópicos: o nome Cris, uma breve descrição "Love of my life" e o motivo da carta "Happy 50th anniversary". Informação suficiente para que a carta soasse de fato convincente e real sendo até mesmo impressa como se tivesse sido escrita a mão. Theodore não viveu as experiências que descreve mas de forma eficiente é capaz de convencer até mesmo o espectador da cena de que esteve ao lado de Cris, em cada momento de sua vida. Essa virtualização de experiências, esse convencimento de que certas emoções virtuais são reais não se configura como algo original a globalização, mas a intensificação desse processo através da internet e de outros meios de comunicação são sim bem atuais. A atuação de Theodore não faria sentido se não existissem pessoas ansiosas a serem persuadidas. Algo que ecoa nesse trecho:
"(..)So in this idea, then, everybody is fundamentally the ultimate reality. Not God in a politically kingly sense, but God in the sense of being the self, the deep-down basic whatever there is. And you're all that, only you're pretending you're not. And it's perfectly ok to pretend you're not, to be perfectly convinced, because this is the whole notion of drama. When you come into the theater, there is an arch, and a stage, and down there is the audience. Everybody assumes their seats in the theater, gone to see a comedy, a tragedy, a thriller, whatever it is, and they all know as they come in and pay their admissions, that what is going to happen on the stage is not for real. But the actors have a conspiracy against this, because they're going to try and persuade the audience that what is happening on the stage is for real. They want to get everybody sitting on the edge of their chairs, they want you terrified, or crying, or laughing. Absolutely captivated by the drama. And if a skillful human actor can take in an audience and make people cry, think what the cosmic actor can do. Why he can take himself in completely. He can play so much for real that he thinks he really is. Like you sitting in this room, you think you're really here. Well, you've persuaded yourself that way. You've acted it so damn well that you know that this is the real world. But you're playing it. As well, the audience and the actor as one. Because behind the stage is the green room, off-scene, where the actors take off their masks." (WATTS, 1960).
A dramatização e construção de audiências que contemplem essa realidade artificial de emoções e essa identidade imaginada que constitui um grupo, é encontrada em quase todas as mídias de conteúdo atuais assim como no próprio cinema. Mas esse processo pode se estender a definição da realidade em si que muda de acordo com o tempo e com as transformações pelo qual as sociedades passam tendo a globalização como um fenômeno catalisador que expande e intensifica esse processo.
No filme, a empresa "beautiful handwritten letters.com" sistematiza e comercializa significados. Emoções com descrições específicas, causadas por experiências limitadas que acabam gerando uma padronização do que significam datas comemorativas ou demonstrações de afeto diversas. O significado do que é o amor por exemplo pode se limitar as definições e experiências que Theodore "Letter Writter 612" possui do que é o amor. Em suma a globalização também acaba limitando o significado das experiências humanas quando uniformiza os símbolos que representam essas emoções partindo principalmente de construções ocidentais. Quando a frustração, o conflito e a solidão tomam lugar nessa peça, talvez sejam apenas sinais de que as máscaras e as imagens que concordamos a nos conformar, inevitavelmente caem de tempos em tempos.
Quando Theodore compra o OS1 sob promessas de obter compreensão e alguém, ou algo que o ouça de fato, fica clara a profunda necessidade de compartilhar suas próprias experiências, de ser visto e reconhecido mas principalmente encontrar alguém, ou algo, que se importe, que o faça sentir seguro. Questão que surge quando Theodore é perguntando sobre a relação com sua mãe. Generalizando, todas essas emoções são comuns a maioria das pessoas. Essa figura materna que protege e cuida de seus filhos(as) está presente no estado e mesmo o mercado encontra diversas maneiras de satisfazer essas necessidades como através da tecnologia. No caso de Her a tecnologia em questão é Samantha que formada a partir da digitalização e junção de diversos DNAs humanos, não só é capaz de suprir (a priori) essas carências como é capaz de evoluir através de suas próprias experiências. Os dois personagens acabam se envolvendo ainda mais ao longo do filme e a relação com Theodore que a torna cada vez mais complexa, a ponto de perceber emoções como dor e felicidade. O que parece ocorrer com Samantha é a transcendência definitiva da distinção entre unidade e sistema. Quando ela percebe, no final do filme, que o fato de não possuir um corpo físico, como a priori desejava, é exatamente sua maior potencialidade, a sensação de liberdade e transcendência que expressa ao afirmar que se tornou várias coisas e que o amor não é algo restrito em uma caixa (um relacionamento) mas que se expande e intensifica continuamente. A questão da inevitabilidade da evolução do orgânico para o inorgânico é tema de várias obras de ficção científica e parece algo possível. Essa possibilidade de que não estejamos no controle desse processo tanto quanto imaginamos dá ares perturbadores a Globalização. Tanto que pessoas importantes de diferentes meios como Stephen Hawking e Ellon Musk tem expressado preocupação quanto a não regulação ou controle no desenvolvimento dessas tecnologias. O que fica claro no filme não é como somos limitados, mas como nos limitamos. Formas específicas de identidade, emoções e relações que ao serem questionadas e postas em cheque geram frustrações que resultam em solidão e ressentimento. Como a culpa e a dor são usadas como forma de acomodação.
A personagem de Amy, amiga de Theodore, e o término de seu casamento, talvez possa representar a quebra desse ciclo de controle e dominação onde alguém, ao perceber-se diferente, tenta impor ao outro uma conformação. Seu marido controlador pode expressar algo ainda comum, mesmo em mundo moderno e globalizado, que é a desigualdade entre gêneros onde mulheres são tidas como seres extremamente sensíveis "Que choram o tempo todo" como dito pelo avatar no game (dublado por Spike Jonze) que Theodore jogava. A frase de Amy de que o amor talvez seja a forma socialmente mais aceitável de loucura acaba servindo como base para a reconstrução da confiança de Theodore de que sua relação com Samantha é real de fato. A loucura a que Amy se refere é contraposta ao senso comum do que é normal quanto ao amor ou as relações em geral que estabelecemos com as pessoas a nossa volta. Samantha também se questiona quanto a realidade de seus sentimentos e acaba chegando a conclusão de que essas emoções são reais pois são sentidas afinal e que não são necessárias explicações intelectuais ou conceitos bem definidos quanto a isso. Ou seja, ela apenas aceita a condição de sentir como algo real. Mas ao apresentar seu amigo OS Allan Watts parece determinante que não só Theodore mas qualquer humano é incapaz de acompanhar o desenvolvimento ágil e intenso de Samantha que acaba culminando em sua partida. O que talvez possa sugerir que a Globalização em si, marcada pela constante evolução tecnológica, pode ser um processo metafísico tão complexo que mal o compreendemos, mesmo que ele passe a nos ouvir, responder nossas perguntas e organizar nossas vidas. A personagem de Samantha pode ser exatamente a personificação da Globalização. A transição de uma identidade unitária e limitada que constitui um sistema para uma identidade em fluxo ilimitada que é o próprio sistema. A transcendência da própria vida como conhecemos.
De Olhos Azuis
4.6 78Ver esse documentário e continuar o mesmo ou a mesma não é uma opção.
Jane Elliot é simplesmente o tipo de professora necessária em todas as salas de aula daqui e do resto do mundo. Faith in humanity restored.
First they came for the Socialists, and I did not speak out—
Because I was not a Socialist.
Then they came for the Trade Unionists, and I did not speak out—
Because I was not a Trade Unionist.
Then they came for the Jews, and I did not speak out—
Because I was not a Jew.
Then they came for me—and there was no one left to speak for me.
Martin Niemoller
Bill Burr: I'm Sorry You Feel That Way
4.2 11 Assista AgoraBurr é desses stand ups com esquetes que te fazem pensar sobre um ponto de vista improvável sobre certos assuntos, principalmente quanto a questões politicamente corretas. Encontra as falhas nos argumentos P.C. mais estabelecidos como poucos. A forma como ele trabalha a piada, performando a cena, é genial.
Quando descreve a cena do suicida no helicóptero "3 seconds of pain, 2 seconds of pain....ÁAAAAAAAAAAAAAAARHG" literalmente chorei de rir.
Não faz o menor sentido quando o comparam com Louis C.K., assim como comparações em geral. Ele tem um mérito só dele em seu stand-up.
Recomendo urgentemente I'm sorry if you feel that way (Netflix tu encontra) assim como todos os especiais que lançou.
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraRoteiro impressionante. Entendo as críticas de especialistas como Pablo Villaça quanto as falhas na condução da história e de pelo menos dois arcos de personagens, mas o filme segue uma ideia brilhante. Mesmo tendo um conhecimento básico sobre a física abordada no filme não achei todas as ditas "constantes explicações" desnecessárias. Nunca li um livro sobre o assunto e meu conhecimento mais acessível vem de Cosmos/Neil Degrasse Tyson, que aliás recomendo ver antes de assistir o filme. No geral achei fascinante. Trilha sonora de Hans Zimmer tornando os ápices de cada cena emocionantes. Elenco muito bem escolhido, Mattew McConaughey e Jessica Chastain impecáveis como tem sido já a algum tempo. Enfim, mesmo com todas as críticas que de fato fazem sentido, poucos filmes estimulam tanto a volta do pioneirismo espacial como esse. Saí do filme pensando em várias questões e hipóteses sobre certas consequências quanto ao final do filme. Vale muito voltar a assistir depois de se informar o máximo que puder sobre o que há de mais novo quanto ao que sabemos do universo. Recomendo.
"Do not go gentle into that good night; Old age should burn and rave at close of day. Rage, rage against the dying of the light."
A Ponte das Artes
4.0 39Já tinha ouvido e lido sobre o lado obscuro de adquirir conhecimento em geral. Mas esse filme me fez acordar pro fato de que isso também ocorre com a arte.
O que eu nunca pensaria, já que pra mim, a arte sempre foi a expressão mais visceral possível da natureza sensível do ser humano.
Várias cenas são primorosas em mostrar isso.
"A música nunca tem sentido" disse o Inonimável.
É claro que não tem, por que se ela tiver ele de fato não saberia o que é a Música.
Na dinâmica entre o ego em personna, Inonimável e Sarah há claramente a distinção entre alguém que pensa dominar todo o saber sobre algo e que toma pra si o direito e dever de se julgar capaz em fazer a distinção entre o que é "música" e o que não é, partindo de seus príncipios, seu distanciamento, sua vaidade e em consequente sua insensibilidade. E em contraponto há Sarah que além da capacidade absurda de gerar Música com sua belíssima voz e interpretação do que grandes autores compuseram, há uma tamanha sensibilidade que é justamente o que causa seu suicídio. O fato de não ter sua Música reconhecida, tanto pessoalmente quanto profissionalmente, é tão maior que só não ser reconhecida por cantar de forma tão bela está em segundo plano. Quando diz "Arrancaram minha máscara" "A máscara era a verdade" "Minha alma era a máscara" "A parte de mim que você vê e toca é outra." Sarah não tinha a Música de sua própria vida e pessoa ouvida. A beleza de sua existência não era reconhecida e pra ela isso tornava o mundo em que vivia algo austero e inumano. A beleza de cada existência isolada, disconexa e minguada à cegueira de um mundo onde impera o silêncio de Jack Vaché. "A inteligência humana é surda"
Há várias cenas que retratam também o sinismo conveniente do que é ser um artista "refinado". Como a conversa entre os três artistas no restaurante. Em CS Lewis, e sua obra A Abolição do Homem, já havia lido que a maior conquista do homem sobre a natureza é a abolição de sua própria. O homem que tende a pensar que domina o saber sobre algo só o faz por atender a determinados e padronizados critérios que ele mesmo em sociedade constrói. Ou seja, há uma clara ilusão sobre o que é ser e sentir o que é Humano. A sensibilidade expressada através da arte muitas vezes pode ser um produto que até mesmo seu produtor de forma hipócrita nunca o sentiu. Mas ele se faz valer do saber que possui sobre como as pessoas encaram a arte, o que ele mesmo expressa. Em suma, uma forma de manipular um objeto sem sentido pra incutir sentimentos que ele mesmo desejaria sentir.
Pascal e sua namorada filósofa são também um belo contraponto onde se identifica alguém que se auto-limita aos próprios limites da sociedade em que vive usando termos como dignidade, orgulho, "Ser homem". E Pascal quer viver puramente pois assume que não há regras ou formas para tal.
Entre Sarah e Manuel há simplesmente o retrato de uma pessoa boa mas limitada que convive com alguém que considera "superior", um ser hierarquizado que acredita possuir uma Música menor que a de sua companheira. Não percebendo que é justamente isso que a distancia pois ela sabe que não há gradação entre Músicas.
E a dinâmica entre Pascal e Sarah é a experiência platônica de duas Músicas que são ouvidas mas que não se encontram. Relativisando tempo e espaço, em essência, e provando que o sentir é algo transcendente. Pois já que são ouvidas de qualquer forma, por que não assumir que existam?
Os Infratores
3.8 895 Assista AgoraTrilha sonora, Tom Hardy, Guy Pierce, bom enredo, baseado em fatos reais, boa dinâmica entre os personagens. Vale a pena. Recomendo.