“O Reino dos Gatos” nos conta a história de Haru, uma garota preguiçosa, que vive se atrasando para a escola e sofre de uma paixão não correspondida por um jovem de sua turma. Certo dia, voltando para casa, ela salva um gato de pelugem e olhos de cores diferentes.Para a surpresa da menina, o felino levanta-se, põe-se sobre duas patas e falando sua linguagem, a agradece por ter salvo sua vida Na mesma noite, Haru é recebida por uma “passeata” de gatos, carregando um felino gordo e peludo em uma espécie de trono, que atravessa a rua (este aqui talvez seja um dos momentos mais divertidos do filme – quando os outros gatos da vizinhança tentam aproximar-se e são imediatamente dispersados por gatos com pelugem que se assemelham à ternos usados por seguranças particulares)."
"A Bela da Tarde, filme dirigido por Luis Buñuel sobre texto de Joseph Kessel, é um marco do cinema francês dos anos sessenta. Buñuel acredita que muitas pessoas estão condicionadas a eventos ocorridos em tenra idade, por isso acabam desenvolvendo padrões sexuais para o resto da vida, embora achem que estão no controle de suas ações. A idéia básica do filme não é exercer algum tipo de julgamento moral acerca dos desejos sexuais de Severine, se é doente, pervertida ou ninfomaníaca, que envolva algum tipo de valor sobre sua conduta. Essa associação de valores baseia-se na norma de aparências da burguesia condizente com o vigor dominante dos anos 60, notoriamente hipócrita e desonesta consigo mesma. Existe uma dissociação do mundo exterior para com a constituição do interior do ser humano, por isso seria de uma superficialidade gigantesca resumir o filme de Buñuel a um drama erótico."
Uma das melhores performances de Alec Guinness, abandonando seu habitual estilo contido e frio e apresentando um personagem idiossincrático e engraçado.
Um dos melhores filmes sobre um artista e o processo de criação de arte.
"Arthur é um jovem advogado com problemas financeiros, ele recebe um ultimato de seu chefe e é forçado a viajar para uma cidade no interior para verificar os documentos de uma casa que à pouco fora vaga, em virtude da morte da proprietária. Nós já vimos isso antes, certo? Como poderíamos esquecer a desventura de Hutter ao visitar a mansão de Orlok Nosferatu e suas outras refilmagens (Nosferatu – O vampiro da noite de Herzog e Dracula de Bram Stoker de Francis Ford Coppola). Não se deixe enganar, a tensão vivida pelo personagem Hutter (ou Jonathan Harker na versão original) não é compartilhada por Arthur, aqui o diretor faz a escolha de muitos outros diretores vêm fazendo ao se aventurar no gênero terror, ao trocar tensão real e suspense por incontáveis sustos"
"Fabrizio pouco a pouco vê tudo aquilo que ele acreditou e seguiu à risca desmoronar ao seu redor. Ele percebe o vazio existencial que foi toda a sua vida, casando com uma mulher a qual ele não ama, pai de filhos mimados os quais ele se envergonha, rodeado de pessoas vulgares e banais as quais ele pouco se importa. Fabrizio percebe que as tradições seculares que ele fez valer por toda a sua vida, vão desaparecer em questão de poucas décadas e agora ele já é um homem velho, ou melhor, nesta noite ele finalmente envelheceu, quando percebeu a maneira que sua vida foi dedicada a uma tradição moribunda, fadada a cair no esquecimento."
Para ler o restante do "close-up" feito sobre este grande filme -
Quem gostar, deixem um comentário na pagina da crítica.
"Na França, em 28 de Dezembro de 1895, Auguste e Louis Lumière realizaram a primeira exibição pública de sua nova invenção: o cinematógrafo. A máquina, que capturava imagens em movimento, encantou o mundo e - reza a lenda - gerou pânico ao mostrar a imagem de um trem vindo em direção à tela, no curta “A Chegada do Trem na Estação”. Coincidentemente, o mágico George Méliès encontrava-se nesta primeira exibição apaixonando-se de imediato pela invenção dos Irmãos Lumière. Vendo no cinema um novo tipo de mágica, o ilusionista francês não demorou muito para iniciar sua carreira cinematográfica, somando mais de 500 filmes em sua carreira, infelizmente queimados pelo exército para confecção de saltos de botas. Devemos a Méliès boa parte do que conhecemos como cinema hoje: os inventores do cinematógrafo não viam na hoje denominada 7ª arte um experimento que faria tanto sucesso, preocupando-se, portanto, em documentar eventos corriqueiros – uma guerra de balões; um casal alimentando um bebê; operários saindo de uma fábrica - enquanto George a enxergava como um novo tipo de ilusão. Infelizmente, após a 1ª Guerra Mundial, seu trabalho era demasiado fantasioso para pessoas que acabaram de presenciar os horrores de uma batalha bélica, perdendo sua força e levando-o à falência."
Michael Powell aqui exibe uma erudição técnica no nível mais alto possível, fora Stanley Kubrick, David Lean e Luchino Visconti, não consigo pensar em outros diretores com tamanho domínio sobre sua obra.
"Sapatinhos Vermelhos" é uma obra de extrema complexidade e competência, uma explosão de som e imagem como poucas vezes podem ser vistas.
É o pior da trilogia do apartamento, o que não diminui em nada a qualidade. O filme tem um roteiro interessante, boa atuação de Polanski e uma direção de arte incrível.
mas falta aquela técnica do Polanski, falta algo que os antecessores da trilogia tinham de sobra, tensão real.
Apesar da qualidade inegável da obra, a propaganda partidária soa exagerada e fora de lugar em alguns momentos. Especialmente no primeiro terço do filme.
O que poderia ser apenas mais uma cine-biografia repleta de exageros e hipérboles desnecessárias demonizando ou santificando a personagem. Aqui o roteirista de Taxi Driver faz diferente. Paul Schrader nos conta a história desse complicado homem através de três linhas narrativas diferentes, cada qual mostrando-nos uma parte do personagem. É interessante a maneira que cada uma dessas narrativas se difere visualmente uma da outra, a cinematografia é excepcional em todas, com destaque para a direção de arte de eiko ishioka que consegue transformar as idéias e a maneira que Mishima enxergava o universo em imagens vivas, palpáveis e intrigantes.
"Mishima" é uma obra singular, moldada com segurança por Schrader e dona de uma das melhores composições da carreira do brilhante Phillip Glass.
O épico “Jean de Florette/Manon des Sources é um dos tesouros da sétima arte, uma brisa de ar fresco para o cinema moderno repleto de maneirismos, clichês e manipulação emocional. Uma obra que transcende os eventos naturalmente como o vento das planícies da frança. Uma obra que, através de uma narrativa linear nos conta a história de três gerações e como os pecados dos pais atravessam o tempo e impregnam os filhos, o sofrimento, o esforço e a desintegração da alma e da humanidade. O final torna-se ainda mais arrasador tendo em vista as atrocidades comedidas por César e Ugolin, que aqui são humanizados por Berri ao receber de volta aquilo que fizeram à Jean. Uma obra prima, um tesouro.
Somiya e Noriko compartilham uma relação diferente, a morte da esposa e mãe, respectivamente, os obrigaram a criar laços poderosos, na tentativa remendar o ferimento em seus corações, o que tornará a separação ainda mais dolorosa. Somiya sabe que não poderá fazer sua filha feliz por muito mais tempo, ele aceita o seu destino em prol da felicidade da filha. “Pai e filha” não atinge uma nota em falso, mantendo sempre um ritmo sereno e sincero, podemos ver por trás dos sorrisos, uma dor muito grande, mas necessária. Um dos melhores e mais tocantes filmes do mestre japonês, Yasujiro Ozu.”
Os filmes de Luchino Visconti sempre evocam um poder cenográfico sem tamanho, evocam as grandes tragédias shakespearianas, as peças teatrais gregas, os contos folclóricos germânicos e etc. Aqui Visconti, mais do que nunca, fazendo uso do esplendor que é Claudia Cardinalle , nos mostra o quanto a paixão humana transcende os limites da compreensão e racionalidade. Nunca entenderemos por completo a relação de amor e ódio de Sandra e Gianni, o que os aproxima é aquilo que os afasta, eles se abraçam, beijam-se com ternura e ainda é possível ver o desdém em seus olhos. Entre esses personagens, cria-se um turbilhão de sentimentos que por muitas vezes confunde o espectador, mas nunca deixa de maravilhar-lo e instigar a descobrir mais.
Está tudo ali, quando Julien e Jean trocam olhares, pela última vez. Eles sabem que nunca mais vão se ver, mas uma faísca de esperança ainda brilha no interior de cada um. Uma esperança falsa, infantil, que logo se apagará ao mesmo tempo que Julien e os outros "enfants" tornam-se "homens" prematuramente. Vemos-os brincando, perdendo-se pela floresta, sendo o que são, jovens, crianças, vivendo intensamente sem as dores do passado ou as incertezas do futuro, apenas o presente. São esses momentos que nos marcam mais, até mesmo mais do que o doloroso desfecho.
"Eu nunca consegui esquecer, penso nele todos os dias" - Louis Malle
Será que Malle está se referindo ao terrível destino de seu companheiro, ou aos momentos insubstituíveis que viveram juntos e o moldaram como homem?
"Persona" é ao mesmo tempo, um filme que é aberto à qualquer tipo de interpretação possível (Representando a própria subjetividade do cinema)e incrivelmente simples. Por que Elizabeth cala-se? O filme nos dá pistas mas, inteligentemente, não nos dá respostas,
seria uma forma de ignorar a existência de seu filho ou de simplesmente fugir dos horrores do mundo que a rodeiam (as atrocidades cometidas no Vietnã e Alemanha, como vemos por seus olhos na tv ou em uma fotografia), um problema introspectivo ou de conhecimento geral? Ela realmente odeia o filho? A mesma foto rasgada é subsequentemente recuperada e guardada com carinho.
Alma sente-se induzida a se abrir, contanto-lhe todos os seus segredos, sonha em ser Elizab
eth, acariciar e fazer amor com o marido de sua paciente. Ela admira o força mental de Elizabeth e odeia por não conseguir resolver seus próprios problemas.
Talvez o filme mais ambicioso de Bergman, talvez o mais simples. Não há sequer uma gratificação emocional, apenas um estudo sobre muitas coisas e quase nada.
É, realmente é uma pena que, hoje em dia, o cinéfilo casual dê preferência à filmes exagerados, macromistas que tentam manipular suas emoções. Aí quando vem, uma pequena obra prima, minimalista que segue uma linha de diretores dos anos 40-60 (Yasujiro Ozu,Ettore Scola, Louis Malle etc)é recebido com esse tipo de críticas completamente sem base. Engraçado que muitos destes deram uma nota maior e alguns até mesmo favoritaram filmes como "THE HELP" que é o seu protótipo de drama hollywoodiano que faz de tudo para arrancar lagrimas, filmes como Cisne Negro que encobre um caso de esquizofrenia paranoica com surrealismos baratos e fora do tom, filmes como Melancholia (!!!).
É uma pena, talvez falte em "Os Descendentes" mundos em colisão, problemas de racismo sendo resolvidos por gente branca, explosões, longos discursos ao tom de uma trilha sonora do John Williams.
Se quiserem saber a minha opinião sobre o filme, leiam aqui:
O que está naquela caixa que o senhor asiático lhe mostra? O que são os miados de gatos ou o barulho de sinos?
Apenas Séverine sabe, pois aquilo faz parte de sua fantasia, de uma forma ou de outra, aquilo faz parte de seu mundo interno o qual somente ela pode entender. Essa é a natureza do fetiche, é isso que o fetiche é, apenas fetiche.
Um tipo de cinema diferente, evasivo, que não procura envolver o espectador de forma alguma ou de demonstrar rasões para as ações dos personagens. Indiretamente, isso nos faz querer embrenhar ainda mais na história e em seus personagens.
[...] Alexander Payne não procura manipular os sentimentos, sua forma de dirigir segue a mesma linha de mestres como Yasujiro Ozu (Era uma vez em Tóquio, Ervas Flutuantes, Pai e Filha) e Mike Leigh (Segredos e Mentiras, A Vida é doce, Um Ano a Mais). Payne contenta-se em ocupar o lugar de um expectador, permitindo que os eventos transcorreram naturalmente, criando personagens tão humanos quanto eu, você ou qualquer outro, o que torna as sensações sinceras e profundas. O filme transcorre como a própria vida, imprevisível e real. [...]
O Reino dos Gatos
3.9 403 Assista Agora“O Reino dos Gatos” nos conta a história de Haru, uma garota preguiçosa, que vive se atrasando para a escola e sofre de uma paixão não correspondida por um jovem de sua turma. Certo dia, voltando para casa, ela salva um gato de pelugem e olhos de cores diferentes.Para a surpresa da menina, o felino levanta-se, põe-se sobre duas patas e falando sua linguagem, a agradece por ter salvo sua vida Na mesma noite, Haru é recebida por uma “passeata” de gatos, carregando um felino gordo e peludo em uma espécie de trono, que atravessa a rua (este aqui talvez seja um dos momentos mais divertidos do filme – quando os outros gatos da vizinhança tentam aproximar-se e são imediatamente dispersados por gatos com pelugem que se assemelham à ternos usados por seguranças particulares)."
Para ler o restante da crítica -
A Bela da Tarde
4.1 341 Assista Agora"A Bela da Tarde, filme dirigido por Luis Buñuel sobre texto de Joseph Kessel, é um marco do cinema francês dos anos sessenta. Buñuel acredita que muitas pessoas estão condicionadas a eventos ocorridos em tenra idade, por isso acabam desenvolvendo padrões sexuais para o resto da vida, embora achem que estão no controle de suas ações. A idéia básica do filme não é exercer algum tipo de julgamento moral acerca dos desejos sexuais de Severine, se é doente, pervertida ou ninfomaníaca, que envolva algum tipo de valor sobre sua conduta. Essa associação de valores baseia-se na norma de aparências da burguesia condizente com o vigor dominante dos anos 60, notoriamente hipócrita e desonesta consigo mesma. Existe uma dissociação do mundo exterior para com a constituição do interior do ser humano, por isso seria de uma superficialidade gigantesca resumir o filme de Buñuel a um drama erótico."
Para ler o restante da crítica, acesse -
Aurora
4.4 205 Assista AgoraFilmado no ultimado ano do cinema mudo (1927) Sunrise continua como, talvez, a melhor obra e síntese dessa fantástica era. Um filme imune ao tempo.
Tio Vanya em Nova York
3.6 11Um filme sobre miséria, inveja, desapego e sobretudo união.
Excelente trabalho de Louis Malle e David Memet ao adaptar a peça de Chekhov.
Maluco Genial
3.7 2 Assista AgoraUma das melhores performances de Alec Guinness, abandonando seu habitual estilo contido e frio e apresentando um personagem idiossincrático e engraçado.
Um dos melhores filmes sobre um artista e o processo de criação de arte.
A Mulher de Preto
3.0 2,9K"Arthur é um jovem advogado com problemas financeiros, ele recebe um ultimato de seu chefe e é forçado a viajar para uma cidade no interior para verificar os documentos de uma casa que à pouco fora vaga, em virtude da morte da proprietária. Nós já vimos isso antes, certo? Como poderíamos esquecer a desventura de Hutter ao visitar a mansão de Orlok Nosferatu e suas outras refilmagens (Nosferatu – O vampiro da noite de Herzog e Dracula de Bram Stoker de Francis Ford Coppola). Não se deixe enganar, a tensão vivida pelo personagem Hutter (ou Jonathan Harker na versão original) não é compartilhada por Arthur, aqui o diretor faz a escolha de muitos outros diretores vêm fazendo ao se aventurar no gênero terror, ao trocar tensão real e suspense por incontáveis sustos"
Para ler o resto da crítica -
O Leopardo
4.2 105 Assista Agora"Fabrizio pouco a pouco vê tudo aquilo que ele acreditou e seguiu à risca desmoronar ao seu redor. Ele percebe o vazio existencial que foi toda a sua vida, casando com uma mulher a qual ele não ama, pai de filhos mimados os quais ele se envergonha, rodeado de pessoas vulgares e banais as quais ele pouco se importa. Fabrizio percebe que as tradições seculares que ele fez valer por toda a sua vida, vão desaparecer em questão de poucas décadas e agora ele já é um homem velho, ou melhor, nesta noite ele finalmente envelheceu, quando percebeu a maneira que sua vida foi dedicada a uma tradição moribunda, fadada a cair no esquecimento."
Para ler o restante do "close-up" feito sobre este grande filme -
Quem gostar, deixem um comentário na pagina da crítica.
A Invenção de Hugo Cabret
4.0 3,6K Assista Agora"Na França, em 28 de Dezembro de 1895, Auguste e Louis Lumière realizaram a primeira exibição pública de sua nova invenção: o cinematógrafo. A máquina, que capturava imagens em movimento, encantou o mundo e - reza a lenda - gerou pânico ao mostrar a imagem de um trem vindo em direção à tela, no curta “A Chegada do Trem na Estação”. Coincidentemente, o mágico George Méliès encontrava-se nesta primeira exibição apaixonando-se de imediato pela invenção dos Irmãos Lumière. Vendo no cinema um novo tipo de mágica, o ilusionista francês não demorou muito para iniciar sua carreira cinematográfica, somando mais de 500 filmes em sua carreira, infelizmente queimados pelo exército para confecção de saltos de botas. Devemos a Méliès boa parte do que conhecemos como cinema hoje: os inventores do cinematógrafo não viam na hoje denominada 7ª arte um experimento que faria tanto sucesso, preocupando-se, portanto, em documentar eventos corriqueiros – uma guerra de balões; um casal alimentando um bebê; operários saindo de uma fábrica - enquanto George a enxergava como um novo tipo de ilusão. Infelizmente, após a 1ª Guerra Mundial, seu trabalho era demasiado fantasioso para pessoas que acabaram de presenciar os horrores de uma batalha bélica, perdendo sua força e levando-o à falência."
Leia a crítica completa no Lumi7:
O Artista
4.2 2,1K Assista AgoraBerenice Bejo é tão lindinha...
Os Sapatinhos Vermelhos
4.3 171 Assista AgoraMichael Powell aqui exibe uma erudição técnica no nível mais alto possível, fora Stanley Kubrick, David Lean e Luchino Visconti, não consigo pensar em outros diretores com tamanho domínio sobre sua obra.
"Sapatinhos Vermelhos" é uma obra de extrema complexidade e competência, uma explosão de som e imagem como poucas vezes podem ser vistas.
Star Wars, Episódio I: A Ameaça Fantasma
3.6 1,2K Assista AgoraComo quase todo mundo já sabe, é o pior de toda a serie.
E de 3D não tem nada, só o preço e a dor de cabeça.
O Inquilino
4.0 292É o pior da trilogia do apartamento, o que não diminui em nada a qualidade. O filme tem um roteiro interessante, boa atuação de Polanski e uma direção de arte incrível.
mas falta aquela técnica do Polanski, falta algo que os antecessores da trilogia tinham de sobra, tensão real.
Alexander Nevsky
4.0 28 Assista AgoraApesar da qualidade inegável da obra, a propaganda partidária soa exagerada e fora de lugar em alguns momentos. Especialmente no primeiro terço do filme.
Mishima: Uma Vida em Quatro Tempos
4.0 32O que poderia ser apenas mais uma cine-biografia repleta de exageros e hipérboles desnecessárias demonizando ou santificando a personagem. Aqui o roteirista de Taxi Driver faz diferente.
Paul Schrader nos conta a história desse complicado homem através de três linhas narrativas diferentes, cada qual mostrando-nos uma parte do personagem. É interessante a maneira que cada uma dessas narrativas se difere visualmente uma da outra, a cinematografia é excepcional em todas, com destaque para a direção de arte de eiko ishioka que consegue transformar as idéias e a maneira que Mishima enxergava o universo em imagens vivas, palpáveis e intrigantes.
"Mishima" é uma obra singular, moldada com segurança por Schrader e dona de uma das melhores composições da carreira do brilhante Phillip Glass.
A Vingança de Manon
4.4 37O épico “Jean de Florette/Manon des Sources é um dos tesouros da sétima arte, uma brisa de ar fresco para o cinema moderno repleto de maneirismos, clichês e manipulação emocional. Uma obra que transcende os eventos naturalmente como o vento das planícies da frança.
Uma obra que, através de uma narrativa linear nos conta a história de três gerações e como os pecados dos pais atravessam o tempo e impregnam os filhos, o sofrimento, o esforço e a desintegração da alma e da humanidade.
O final torna-se ainda mais arrasador tendo em vista as atrocidades comedidas por César e Ugolin, que aqui são humanizados por Berri ao receber de volta aquilo que fizeram à Jean. Uma obra prima, um tesouro.
Pai e Filha
4.3 54 Assista AgoraSomiya e Noriko compartilham uma relação diferente, a morte da esposa e mãe, respectivamente, os obrigaram a criar laços poderosos, na tentativa remendar o ferimento em seus corações, o que tornará a separação ainda mais dolorosa. Somiya sabe que não poderá fazer sua filha feliz por muito mais tempo, ele aceita o seu destino em prol da felicidade da filha.
“Pai e filha” não atinge uma nota em falso, mantendo sempre um ritmo sereno e sincero, podemos ver por trás dos sorrisos, uma dor muito grande, mas necessária.
Um dos melhores e mais tocantes filmes do mestre japonês, Yasujiro Ozu.”
Delírio de Loucura
3.9 36Poucas vezes um filme mostrou tanta depreciação pela típica vida de uma família de classe média dos anos 50.
Pena que o filme perca seu poder nos dispensáveis 10-5 minutos finais.
Vagas Estrelas da Ursa
4.1 27Os filmes de Luchino Visconti sempre evocam um poder cenográfico sem tamanho, evocam as grandes tragédias shakespearianas, as peças teatrais gregas, os contos folclóricos germânicos e etc.
Aqui Visconti, mais do que nunca, fazendo uso do esplendor que é Claudia Cardinalle , nos mostra o quanto a paixão humana transcende os limites da compreensão e racionalidade.
Nunca entenderemos por completo a relação de amor e ódio de Sandra e Gianni, o que os aproxima é aquilo que os afasta, eles se abraçam, beijam-se com ternura e ainda é possível ver o desdém em seus olhos.
Entre esses personagens, cria-se um turbilhão de sentimentos que por muitas vezes confunde o espectador, mas nunca deixa de maravilhar-lo e instigar a descobrir mais.
Adeus, Meninos
4.2 257 Assista AgoraEstá tudo ali, quando Julien e Jean trocam olhares, pela última vez. Eles sabem que nunca mais vão se ver, mas uma faísca de esperança ainda brilha no interior de cada um.
Uma esperança falsa, infantil, que logo se apagará ao mesmo tempo que Julien e os outros "enfants" tornam-se "homens" prematuramente.
Vemos-os brincando, perdendo-se pela floresta, sendo o que são, jovens, crianças, vivendo intensamente sem as dores do passado ou as incertezas do futuro, apenas o presente. São esses momentos que nos marcam mais, até mesmo mais do que o doloroso desfecho.
"Eu nunca consegui esquecer, penso nele todos os dias" - Louis Malle
Será que Malle está se referindo ao terrível destino de seu companheiro, ou aos momentos insubstituíveis que viveram juntos e o moldaram como homem?
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista Agora"Persona" é ao mesmo tempo, um filme que é aberto à qualquer tipo de interpretação possível (Representando a própria subjetividade do cinema)e incrivelmente simples.
Por que Elizabeth cala-se? O filme nos dá pistas mas, inteligentemente, não nos dá respostas,
seria uma forma de ignorar a existência de seu filho ou de simplesmente fugir dos horrores do mundo que a rodeiam (as atrocidades cometidas no Vietnã e Alemanha, como vemos por seus olhos na tv ou em uma fotografia), um problema introspectivo ou de conhecimento geral? Ela realmente odeia o filho? A mesma foto rasgada é subsequentemente recuperada e guardada com carinho.
Alma sente-se induzida a se abrir, contanto-lhe todos os seus segredos, sonha em ser Elizab
eth, acariciar e fazer amor com o marido de sua paciente. Ela admira o força mental de Elizabeth e odeia por não conseguir resolver seus próprios problemas.
Talvez o filme mais ambicioso de Bergman, talvez o mais simples. Não há sequer uma gratificação emocional, apenas um estudo sobre muitas coisas e quase nada.
Os Descendentes
3.5 1,3K Assista Agora"Estava esperando algo extraordinário"
"Nada acontece"
"Chato"
"Não Prende atenção"
É, realmente é uma pena que, hoje em dia, o cinéfilo casual dê preferência à filmes exagerados, macromistas que tentam manipular suas emoções. Aí quando vem, uma pequena obra prima, minimalista que segue uma linha de diretores dos anos 40-60 (Yasujiro Ozu,Ettore Scola, Louis Malle etc)é recebido com esse tipo de críticas completamente sem base. Engraçado que muitos destes deram uma nota maior e alguns até mesmo favoritaram filmes como "THE HELP" que é o seu protótipo de drama hollywoodiano que faz de tudo para arrancar lagrimas, filmes como Cisne Negro que encobre um caso de esquizofrenia paranoica com surrealismos baratos e fora do tom, filmes como Melancholia (!!!).
É uma pena, talvez falte em "Os Descendentes" mundos em colisão, problemas de racismo sendo resolvidos por gente branca, explosões, longos discursos ao tom de uma trilha sonora do John Williams.
Se quiserem saber a minha opinião sobre o filme, leiam aqui:
A Bela da Tarde
4.1 341 Assista AgoraO que está naquela caixa que o senhor asiático lhe mostra? O que são os miados de gatos ou o barulho de sinos?
Apenas Séverine sabe, pois aquilo faz parte de sua fantasia, de uma forma ou de outra, aquilo faz parte de seu mundo interno o qual somente ela pode entender. Essa é a natureza do fetiche, é isso que o fetiche é, apenas fetiche.
O Batedor de Carteiras
3.9 117Um tipo de cinema diferente, evasivo, que não procura envolver o espectador de forma alguma ou de demonstrar rasões para as ações dos personagens. Indiretamente, isso nos faz querer embrenhar ainda mais na história e em seus personagens.
Os Descendentes
3.5 1,3K Assista Agora[...] Alexander Payne não procura manipular os sentimentos, sua forma de dirigir segue a mesma linha de mestres como Yasujiro Ozu (Era uma vez em Tóquio, Ervas Flutuantes, Pai e Filha) e Mike Leigh (Segredos e Mentiras, A Vida é doce, Um Ano a Mais). Payne contenta-se em ocupar o lugar de um expectador, permitindo que os eventos transcorreram naturalmente, criando personagens tão humanos quanto eu, você ou qualquer outro, o que torna as sensações sinceras e profundas. O filme transcorre como a própria vida, imprevisível e real. [...]
Leia o restante da crítica aqui: