Eu só fui assistir esse filme nesta noite, porque não deu certo de ver o outro que eu planejava. E tenho que dizer... Valeu a pena! Assisti La Belle Personne sem esperar muito e me surpreendi a cada cena. Os personagens são tão humanos, fazem coisas tão humanas... Não pude deixar de me envolver com quase todos os personagens.
Eu poderia gostar desse filme, mas a maior parte das cenas não me interessam realmente. Vale pela cena inicial (o começo em geral não é ruim), as cenas em que ele busca os locais de Vertigo e algumas frases e imagens soltas.
A primeira parte deste filme passa o ex-promotor de James Stewart, que está voltando para os tribunais como advogado de defesa, se inteirando de um caso em que uma mulher foi estuprada e seu marido assassinou o estuprador. Mas é na segunda parte, já no tribunal, que o filme pega fogo. Stewart enfrenta o homem que o substituiu no seu antigo cargo, fazendo do caso uma questão de honra. Preminger torna tudo tão real e ainda divertido, enquanto Stewart tem uma das melhores atuaões de sua carreira. Eu poderia dizer que de todos os filmes de tribunal, este é o meu favorito.
Piquenique Na Montanha Misteriosa, obra-prima da angustia, é um algo que particularmente me encanta e intriga. Isso porque é um filme de fantasmas sem fantasmas, uma história de repressão sexual sem sexo, um quebra-cabeça sem solução. Tudo isso dentro de sentimentos desesperados em personagens calmos.
O filme já começa de maneira angustiante, com imagens da natureza e uma trilha sonora feita com flautas de pã. A história em si é bem simples: um grupo de alunas de uma escola faz um piquenique e três garotas e uma professora desaparecem. A dúvida permanece e a angustia aumenta. A possibilidade de algo além de um simples acidente ter acontecido cresce. A história se torna mais e mais complexa,
e tudo muda quando uma das garotas é achada. Um silêncio angustiante sentimental. As outras garotas nunca mais são vistas...
Piquenique Na Montanha Misteriosa só pode ser visto como um grito de angustia daquelas que desapareceram. Ou um sonho febril-doentio-insano-surreal. Apesar de sua complexidade e contraditóriedade, este filme pode ser resumido apenas na primeira frase sussurrada por Miranda. “Aquilo que vemos e aquilo que parecemos é só um sonho, um sonho dentro de outro sonho”.
“A pessoa mais grotesca do mundo”. Um hippie retardado e pervertido sexualmente. Uma obesa que ama ovos, ovos e ovos que vive em um berço. Um casal que sequestra mulheres para serem estupradas e terem filhos que serão vendidos para casais de mulheres lesbicas. Este filme é palco para essas e outras ”pessoas” igualmente exêntricas. Roteiro estúpido, fotografia propositalmente ruim e as cenas mais nojentas da história do cinema. Conhecido como o “melhor pior filme” de todos os tempos, Pink Flamingos é ruim demais para não ser bom.
O excêntrico David Lynch é um agente do desconforto. Todos os seus filmes, de Eraserhead a Império Dos Sonhos, mostram situações insanas e, por vezes, até surreais que tendem a perturbar e incomodar quem assiste. Veludo Azul, um dos seus trabalhos mais bem sucedidos – em todos os sentidos, mostra a violência insana atrás das cortinas de casas tranquilas com portas vermelhas e cercas brancas. Veludo Azul mostra a colisão da “normalidade” do sonho americano e da violência do submundo, dois mundos que vivem um ao lado do outro. Tudo começa quando um jovem (Kyle MacLachlan) encontra uma orelha no jardim de sua casa e resolve investigar esse caso com a ajuda da filha do delegado local (Laura Dern). Eles se envolvem com uma cantora de boate perturbada (Isabella Rossellini) e um homem sadico (Dennis Hopper) que é viciado em seu tanque de oxigênio.
sobretudo a sequência em que o jovem interpretado por MacLachlan é descoberto dentro do guarda roupa da louca cantora e ela faz sexo oral nele segurando uma faca enquanto diz “Don’t move! Don’t look at me! (…) Don’t touch me! Or I’ll kill you!” – fala memorável, que inclusive inspirou uma amiga que assistiu o filme comigo a imitar tal cena enquanto faz sexo oral com seu namorado, KKKK. Logo depois o personagem de Hopper chega e o jovem é obrigado a assistí-lo do guarda-roupa estuprando a cantora vestida em um veludo azul. Sem falar em todas as cenas em que a música In Dreams é tocada ou cantada.
É impossível difinir qual personagem deste filme é o mais sexualmente perturbado, suas cenas chocam muito, mas podem ser um pouco engraçadas (MUTO ENGRAÇADAS, na verdade – se seu humor for como o meu).
Tão estranho quanto Eraserhead, tão violento quanto Coração Selvagem e tão (quase)brilhante quanto Cidade Dos Sonhos, Veludo Azul fica melhor cada vez que eu assisto.
Uma das coisas mais incríveis em um filme é quando ele consegue convencer aquele que está assistindo que o que se passa é real. Com exceção daqueles que eu assistia no início da minha infância, acho que nunca assisti um filme de ficção que tenha me convencido tanto que o que se passava era real quanto Aconteceu Perto Da Sua Casa. Do primeiro ao último minuto estive realmente convencido que aquilo era real.
Ben era um assassino sádico e extremamente divertido. Os documentaristas eram pessoas quase inocentes que passaram aos poucos para o lado do prazer e da violência. Aquelas pessoas que morriam estavam mortas. Aquela mulher que foi estuprada, realmente foi estuprada. Quando o filme terminou e todos estavam mortos, eu estava certo que o aquelas filmagens foram achadas de alguma maneira por alguém que resolveu lançá-las. Era tudo muito real. Era tudo real. Mas não era.
Quando eu descobri que Aconteceu Perto Da Sua Casa era na verdade um falso documentário, que eram apenas atuações seguindo um roteiro, fiquei, de outra maneira mas, mais impressionado do que antes.
A covardia se tornou coragem. A coragem se tornou criatividade. A criatividade se tornou documentário. O documentário era ficção. A ficção era Aconteceu Perto De Sua Casa. Aconteceu perto de sua casa é uma obra-prima.
Durante toda a sessão tive uma sensação horrível de que tudo aquilo era artificial e falso, aquela beleza... E era. O que me faz pensar que o mérito desse filme é todo da produção e não de Baz Luhrmann. Assisti para falar mal, é a verdade. O romance de Fitzgerald é um dos meus livros favoritos e eu sou desses que não gostam de adaptações de certas obras que já são completas. Mas gostei do filme! Foi uma boa adaptação, mas jamais uma obra prima. Poderia ser uma outra história, mas por que eu vou ficar criticando uma tradição de 100 anos? Enfim, esse comentário certamente ficou confuso, mas foi muito mais algo meu do que para ser compartilhado. O filme é bom - não por causa do diretor, mas desnecessário. E nem se compara ao livro.
No final da Segunda Guerra Mundial, escritor de 5ª categoria (Joseph Cotten) vai à Viena para encontrar-se com um velho amigo. Este, porém, já estava morto, sem que o pobre escritou soubesse.
Dá uma palestra sobre literatura para uma platéia que nem sequer conhece seus livros, conhece policiais e bandidos, se envolve com a ex-namorada do falecido amigo, procura o “terceiro homem” que foi visto levando o corpo deste embora, e acaba descobrindo que ele havia forjado a própria morte. Após mais algumas complicações e vem o clímax e um desfecho em aberto.
Tipico noir americano. Só que é ingles. E se passa na Alemanha.
O melhor de O Terceiro Homem tão bom, na verdade, é sua fotografia. Enquadramentos perfeito e extremamento ousados nunca vistos de tal maneira antes ou depois. Tem também Orson Welles, como o vilão, que, apesar de só aparecer na segunda parte do filme, praticamente rouba a cena. E a piada do “relógio cuco”.
Week-End foi um filme simbólico de várias maneiras. Provavelmente é o mais selvagem e obscuro da carreira de Godard. Outro filme do mestre, Pierrot Le Fou (que é meu preferido), também mostra um casal em uma viagem sem rumo. Mas, ao contrário de Pierrot Le Fou, Week-End não é um filme belo, ele é feio.
É uma experiência surreal. Logo nas primeiras cenas vemos confissões sexuais extremamente bizarras, mas tudo fica pior quando eles saem para a viagem. Personagens de contos de fada no bosque, outros ainda mais insanos, guerrilheiros, acidentes automobilísticos. Mas tudo é uma reflexão sobre a vida burguesa e a sociedade.
A cena mais memorável de Week-End é a do engarrafamento gigantesco onde se encontra tudo: não só carros de todos os tipos em todos os estados possíveis, animais de zoológico, muito sangue, um piquenique e até mesmo barcos. Esse plano-sequência panorâmico é constantemente interrompido pelos subtítulos amados por Godard. Mesmo assim, permanece como uma das cenas mais impressionantes já feitas.
Porém, Week-End é um filme triste. Um adeus ao Godard jovem e divertido. Não há mais Anna Karina, Belmondo, Nouvelle Vague. O que vem a seguir é um cinema político; então, vejo isso como um adeus.
Stalker nos mostra um lugar desconhecido, onde surgiu uma Zona, possivelmente resultado de um meteorito ou de forças alienígenas. Na Zona as regras da geografia e da física não se aplicam, ou seja, não é possivel definir espaço e tempo, mover-se para a frente pode significar voltar para trás. A Zona é um local proibido pelas autoridades e é também onde ninguém consegue se locomover. Ninguém, exceto pessoas que são chamadas de stalkers. Uma dessas pessoas está levando outros dois homens até um lugar da Zona chamado “Quarto”, onde supostamente o desejo mais íntimo das pessoas se realiza.
Esses homens, o “professor” e o “escritor”, em muitas cenas têm desentendimentos e conseversas aparentemente banais com o stalker. A obra, porém, é centrada na própria Zona, local estranho, mas belo, e nos sentimentos dos personagens que eles mesmo desconhecem. O filme oferece diálogos, trilha sonora e fotografia febris, além de ser narrado com os maravilhosos poemas do pai de Tarkovsky.
O stalker que protagoniza o filme ainda tem uma vida mais triste do que parece: sua esposa é contra suas viagens à Zona, e sua filha é fisicamente deficiente e psiquicamente superdotada – provavelmente por conta de suas visitas à Zona.
A última cena do filme mostra a menina e seus poderes telecinéticos acompanhada com a Nona Sinfonia de Beethoven.
É como um último sinal de que o filme não nos leva a nada, que ele apenas nos apresenta imagens e sons para que nós próprios possamos fazer uma ideia própria do que aquilo tudo significa.
O filme, na verdade, mostra três lados destintos da vida humana: a fé, a arte e a ciência. Esses lados se acompanham em uma viagem a um paraíso situado no inferno. E essa viagem é, na verdade, uma experiência que muda seus sentimentos e pensamentos em relação ao mundo em que vivem. Ou talvez seja uma experiência cujo o começo é igual ao fim. Ou talvez não existe um fim. Ou talvez não existe um começo.
Na semana passada, eu assisti o filme 1900, do Bernardo Bertolucci, que há muito tempo tinha vontandade de ver. Acho que encontrei algo muito diferente do que eu esperava, porém não posso dizer que essa surpresa foi desagradável.
O filme é dividido em dois atos. O primeiro é, não teria palavra melhor para descrever, perfeito. Não só a parte técnica, mas a própria história contada pelo filme chamou minha atenção durante o tempo todo. Se o filme acabasse ali, seria, com certeza, um dos meus favoritos de sempre, embora não cumprisse seus objetivos principais. Isso porque o segundo ato tem muitos altos e baixos – no primeiro a cada cena a história vai ficando mais interessante. O começo do segundo ato é também ótimo, mas após 15 minutos ele começa a decair.
Quando começa o casamento, o filme já está quase desinteressante e com o decorrer da festa, e o assassinato do garoto, o filme quase vai ao ridículo, ficando com um clima de thriller. Após essa parte, que é a pior do filme, ele melhora um pouco. Embora tenha o fato de que todos os personagens começam a ficar chatos, as cenas de ciumes/perseguição são das mais interessantes do segundo ato. Mas quando a história pula em alguns anos, com a ascenção do fasismo e tal, o filme novamente fica horrível. E então não melhora mais. O fim da 2ª Guerra Mundial é bem mostrado no resumo do início. No final, esse assunto se torna uma coisa longa e chata que
quando o filme acabou e eu fiquei desejando rever o começo.
Sobre a estetica do filme: simplesmente impecável. A fotografia é das mais lindas que já vi, a direção de arte, as locações, figurino, colaboram para essa beleza. A música do Morricone sempre agrada. Gostei de praticamente todas as atuações e, dos Bertoluccis que já vi, esse é de longe o melhor. E não poderia terminar esse post sem dar o devido destaque
Na primeira metade do filme eu fui me envolvendo, na segunda, me soltando; como Marc. Os personagens foram desenvolvidos conforme sua importância na história; e foi difícil em alguns momentos me colocar no lugar do Marc, consegui sentir aquela agonia, pois simplesmente não havia saída. A cena final é simbólica e estou apaixonado pela música que toca nos créditos. O filme só não foi melhor, porque algumas cenas que poderiam aprofundar mais a história foram muito curtas
Não sei exatamente o que eu esperava desse filme, mas achei que ia gostar mais. A fotografia e a edição são super inovadoras, o roteiro é surreal, brisado, bizarro. Algo bem diferente do que eu geralmente vejo, talvez por isso gostei do filme.
Não posso deixar de ver To The Wonder como uma obra complementar a The Tree Of Life: a beleza permanece (montagem, fotografia e trilha sonora sublimes, perfeitas); os temas são quase os mesmos, embora aqui eles sejam tratados com menos profundidade, pois esse filme não é tão pretensioso quanto o anterior, ou seja, não pode também ser tão quande quanto ele; novamente temos atuações boas, muito mais por causa do diretor do que do próprio ator (Ben Affleck); entre outros, a ausencia de muitos diálogos e as narrações demonstram que o filme não trata de uma história comum, mas de uma história sobre o interiror. Entre os que eu vi até agora, To The Wonder é o melhor filme do ano.
Não sei o que esperava do filme, mas adorei. Acho que eu fiquei perdido em algum momento do filme, mas em geral a história é cativante. Ótima fotografia, edição e atuações.
Só pelas referências cinematograficas ele já vale a pena, sem falar nas cenas que mostram a intimidade dos protagonistas, mesmo ficando um pouco bizarro demais em alguns momentos. Como um filme sobre maio de 68, deixa um pouco a desejar. Mas é um grande deleite para a mente de um cinéfilo...
Já vi muitos considerarem esse filme a obra prima de Altman, o que me deixou no mínimo curioso para assistir. Assisti, enfim, o filme e não gostei. Esperava um tipo de Shot Cuts (esse sim, obra prima) mais estilizado. É mais ou menos isso, só que não tem o mesmo poder do filme de 1993. Nashville perde muito com aqueles números musicais horríveis (pior ainda para quem não aprecia country, como eu) e não tem aquela "bagunça divertida" como em Short Cuts, não é esse o termo, mas... O que quero dizer é que aqui há muitos personagens soltos, perdidos, desinteressantes, que não são desenvolvidos, na verdade, nenhum persongem consegue ficar marcado na mente. Prefiro, então, pensar nesse filme como um ensaio para uma obra prima, que veio a acontecer 18 anos depois.
Sinto dizer, alguns livros simplesmente não podem ser adaptados. Meia estrela pela direção de arte e duas estrelas pela fotografia magnífica. O resto...
Frances Ha
4.1 1,5K Assista AgoraNão tenho o que dizer <3
A Bela Junie
3.7 826Eu só fui assistir esse filme nesta noite, porque não deu certo de ver o outro que eu planejava. E tenho que dizer... Valeu a pena!
Assisti La Belle Personne sem esperar muito e me surpreendi a cada cena. Os personagens são tão humanos, fazem coisas tão humanas... Não pude deixar de me envolver com quase todos os personagens.
Sem Sol
4.2 36Eu poderia gostar desse filme, mas a maior parte das cenas não me interessam realmente. Vale pela cena inicial (o começo em geral não é ruim), as cenas em que ele busca os locais de Vertigo e algumas frases e imagens soltas.
A Professora de Piano
4.0 686 Assista AgoraNão sei que nota dar a este filme... Ainda não sei se gostei ou não gostei, se me senti atingido, excitado, desconfortado, ou o contrário.
Anatomia de um Crime
4.1 133 Assista AgoraA primeira parte deste filme passa o ex-promotor de James Stewart, que está voltando para os tribunais como advogado de defesa, se inteirando de um caso em que uma mulher foi estuprada e seu marido assassinou o estuprador. Mas é na segunda parte, já no tribunal, que o filme pega fogo. Stewart enfrenta o homem que o substituiu no seu antigo cargo, fazendo do caso uma questão de honra. Preminger torna tudo tão real e ainda divertido, enquanto Stewart tem uma das melhores atuaões de sua carreira. Eu poderia dizer que de todos os filmes de tribunal, este é o meu favorito.
Picnic na Montanha Misteriosa
3.8 176 Assista AgoraPiquenique Na Montanha Misteriosa, obra-prima da angustia, é um algo que particularmente me encanta e intriga. Isso porque é um filme de fantasmas sem fantasmas, uma história de repressão sexual sem sexo, um quebra-cabeça sem solução. Tudo isso dentro de sentimentos desesperados em personagens calmos.
O filme já começa de maneira angustiante, com imagens da natureza e uma trilha sonora feita com flautas de pã. A história em si é bem simples: um grupo de alunas de uma escola faz um piquenique e três garotas e uma professora desaparecem. A dúvida permanece e a angustia aumenta. A possibilidade de algo além de um simples acidente ter acontecido cresce. A história se torna mais e mais complexa,
e tudo muda quando uma das garotas é achada. Um silêncio angustiante sentimental. As outras garotas nunca mais são vistas...
Piquenique Na Montanha Misteriosa só pode ser visto como um grito de angustia daquelas que desapareceram. Ou um sonho febril-doentio-insano-surreal. Apesar de sua complexidade e contraditóriedade, este filme pode ser resumido apenas na primeira frase sussurrada por Miranda. “Aquilo que vemos e aquilo que parecemos é só um sonho, um sonho dentro de outro sonho”.
Pink Flamingos
3.4 878“A pessoa mais grotesca do mundo”. Um hippie retardado e pervertido sexualmente. Uma obesa que ama ovos, ovos e ovos que vive em um berço. Um casal que sequestra mulheres para serem estupradas e terem filhos que serão vendidos para casais de mulheres lesbicas. Este filme é palco para essas e outras ”pessoas” igualmente exêntricas. Roteiro estúpido, fotografia propositalmente ruim e as cenas mais nojentas da história do cinema. Conhecido como o “melhor pior filme” de todos os tempos, Pink Flamingos é ruim demais para não ser bom.
Veludo Azul
3.9 776 Assista AgoraO excêntrico David Lynch é um agente do desconforto. Todos os seus filmes, de Eraserhead a Império Dos Sonhos, mostram situações insanas e, por vezes, até surreais que tendem a perturbar e incomodar quem assiste. Veludo Azul, um dos seus trabalhos mais bem sucedidos – em todos os sentidos, mostra a violência insana atrás das cortinas de casas tranquilas com portas vermelhas e cercas brancas.
Veludo Azul mostra a colisão da “normalidade” do sonho americano e da violência do submundo, dois mundos que vivem um ao lado do outro. Tudo começa quando um jovem (Kyle MacLachlan) encontra uma orelha no jardim de sua casa e resolve investigar esse caso com a ajuda da filha do delegado local (Laura Dern). Eles se envolvem com uma cantora de boate perturbada (Isabella Rossellini) e um homem sadico (Dennis Hopper) que é viciado em seu tanque de oxigênio.
O filme tem cenas inesquecíveis,
sobretudo a sequência em que o jovem interpretado por MacLachlan é descoberto dentro do guarda roupa da louca cantora e ela faz sexo oral nele segurando uma faca enquanto diz “Don’t move! Don’t look at me! (…) Don’t touch me! Or I’ll kill you!” – fala memorável, que inclusive inspirou uma amiga que assistiu o filme comigo a imitar tal cena enquanto faz sexo oral com seu namorado, KKKK. Logo depois o personagem de Hopper chega e o jovem é obrigado a assistí-lo do guarda-roupa estuprando a cantora vestida em um veludo azul. Sem falar em todas as cenas em que a música In Dreams é tocada ou cantada.
É impossível difinir qual personagem deste filme é o mais sexualmente perturbado, suas cenas chocam muito, mas podem ser um pouco engraçadas (MUTO ENGRAÇADAS, na verdade – se seu humor for como o meu).
Tão estranho quanto Eraserhead, tão violento quanto Coração Selvagem e tão (quase)brilhante quanto Cidade Dos Sonhos, Veludo Azul fica melhor cada vez que eu assisto.
Aconteceu Perto da Sua Casa
3.8 102Uma das coisas mais incríveis em um filme é quando ele consegue convencer aquele que está assistindo que o que se passa é real. Com exceção daqueles que eu assistia no início da minha infância, acho que nunca assisti um filme de ficção que tenha me convencido tanto que o que se passava era real quanto Aconteceu Perto Da Sua Casa. Do primeiro ao último minuto estive realmente convencido que aquilo era real.
Ben era um assassino sádico e extremamente divertido. Os documentaristas eram pessoas quase inocentes que passaram aos poucos para o lado do prazer e da violência. Aquelas pessoas que morriam estavam mortas. Aquela mulher que foi estuprada, realmente foi estuprada. Quando o filme terminou e todos estavam mortos, eu estava certo que o aquelas filmagens foram achadas de alguma maneira por alguém que resolveu lançá-las. Era tudo muito real. Era tudo real. Mas não era.
Quando eu descobri que Aconteceu Perto Da Sua Casa era na verdade um falso documentário, que eram apenas atuações seguindo um roteiro, fiquei, de outra maneira mas, mais impressionado do que antes.
A covardia se tornou coragem. A coragem se tornou criatividade. A criatividade se tornou documentário. O documentário era ficção. A ficção era Aconteceu Perto De Sua Casa. Aconteceu perto de sua casa é uma obra-prima.
O Grande Gatsby
3.9 2,7K Assista AgoraDurante toda a sessão tive uma sensação horrível de que tudo aquilo era artificial e falso, aquela beleza... E era. O que me faz pensar que o mérito desse filme é todo da produção e não de Baz Luhrmann.
Assisti para falar mal, é a verdade. O romance de Fitzgerald é um dos meus livros favoritos e eu sou desses que não gostam de adaptações de certas obras que já são completas. Mas gostei do filme! Foi uma boa adaptação, mas jamais uma obra prima. Poderia ser uma outra história, mas por que eu vou ficar criticando uma tradição de 100 anos?
Enfim, esse comentário certamente ficou confuso, mas foi muito mais algo meu do que para ser compartilhado. O filme é bom - não por causa do diretor, mas desnecessário. E nem se compara ao livro.
O Terceiro Homem
4.2 175 Assista AgoraNo final da Segunda Guerra Mundial, escritor de 5ª categoria (Joseph Cotten) vai à Viena para encontrar-se com um velho amigo. Este, porém, já estava morto, sem que o pobre escritou soubesse.
Dá uma palestra sobre literatura para uma platéia que nem sequer conhece seus livros, conhece policiais e bandidos, se envolve com a ex-namorada do falecido amigo, procura o “terceiro homem” que foi visto levando o corpo deste embora, e acaba descobrindo que ele havia forjado a própria morte. Após mais algumas complicações e vem o clímax e um desfecho em aberto.
O melhor de O Terceiro Homem tão bom, na verdade, é sua fotografia. Enquadramentos perfeito e extremamento ousados nunca vistos de tal maneira antes ou depois. Tem também Orson Welles, como o vilão, que, apesar de só aparecer na segunda parte do filme, praticamente rouba a cena. E a piada do “relógio cuco”.
Week-End à Francesa
3.8 108Week-End foi um filme simbólico de várias maneiras. Provavelmente é o mais selvagem e obscuro da carreira de Godard. Outro filme do mestre, Pierrot Le Fou (que é meu preferido), também mostra um casal em uma viagem sem rumo. Mas, ao contrário de Pierrot Le Fou, Week-End não é um filme belo, ele é feio.
É uma experiência surreal. Logo nas primeiras cenas vemos confissões sexuais extremamente bizarras, mas tudo fica pior quando eles saem para a viagem. Personagens de contos de fada no bosque, outros ainda mais insanos, guerrilheiros, acidentes automobilísticos. Mas tudo é uma reflexão sobre a vida burguesa e a sociedade.
A cena mais memorável de Week-End é a do engarrafamento gigantesco onde se encontra tudo: não só carros de todos os tipos em todos os estados possíveis, animais de zoológico, muito sangue, um piquenique e até mesmo barcos. Esse plano-sequência panorâmico é constantemente interrompido pelos subtítulos amados por Godard. Mesmo assim, permanece como uma das cenas mais impressionantes já feitas.
Porém, Week-End é um filme triste. Um adeus ao Godard jovem e divertido. Não há mais Anna Karina, Belmondo, Nouvelle Vague. O que vem a seguir é um cinema político; então, vejo isso como um adeus.
Stalker
4.3 505 Assista AgoraStalker nos mostra um lugar desconhecido, onde surgiu uma Zona, possivelmente resultado de um meteorito ou de forças alienígenas. Na Zona as regras da geografia e da física não se aplicam, ou seja, não é possivel definir espaço e tempo, mover-se para a frente pode significar voltar para trás. A Zona é um local proibido pelas autoridades e é também onde ninguém consegue se locomover. Ninguém, exceto pessoas que são chamadas de stalkers. Uma dessas pessoas está levando outros dois homens até um lugar da Zona chamado “Quarto”, onde supostamente o desejo mais íntimo das pessoas se realiza.
Esses homens, o “professor” e o “escritor”, em muitas cenas têm desentendimentos e conseversas aparentemente banais com o stalker. A obra, porém, é centrada na própria Zona, local estranho, mas belo, e nos sentimentos dos personagens que eles mesmo desconhecem. O filme oferece diálogos, trilha sonora e fotografia febris, além de ser narrado com os maravilhosos poemas do pai de Tarkovsky.
O stalker que protagoniza o filme ainda tem uma vida mais triste do que parece: sua esposa é contra suas viagens à Zona, e sua filha é fisicamente deficiente e psiquicamente superdotada – provavelmente por conta de suas visitas à Zona.
A última cena do filme mostra a menina e seus poderes telecinéticos acompanhada com a Nona Sinfonia de Beethoven.
O filme, na verdade, mostra três lados destintos da vida humana: a fé, a arte e a ciência. Esses lados se acompanham em uma viagem a um paraíso situado no inferno. E essa viagem é, na verdade, uma experiência que muda seus sentimentos e pensamentos em relação ao mundo em que vivem. Ou talvez seja uma experiência cujo o começo é igual ao fim. Ou talvez não existe um fim. Ou talvez não existe um começo.
1900
4.3 102 Assista AgoraNa semana passada, eu assisti o filme 1900, do Bernardo Bertolucci, que há muito tempo tinha vontandade de ver. Acho que encontrei algo muito diferente do que eu esperava, porém não posso dizer que essa surpresa foi desagradável.
O filme é dividido em dois atos. O primeiro é, não teria palavra melhor para descrever, perfeito. Não só a parte técnica, mas a própria história contada pelo filme chamou minha atenção durante o tempo todo. Se o filme acabasse ali, seria, com certeza, um dos meus favoritos de sempre, embora não cumprisse seus objetivos principais. Isso porque o segundo ato tem muitos altos e baixos – no primeiro a cada cena a história vai ficando mais interessante. O começo do segundo ato é também ótimo, mas após 15 minutos ele começa a decair.
Quando começa o casamento, o filme já está quase desinteressante e com o decorrer da festa, e o assassinato do garoto, o filme quase vai ao ridículo, ficando com um clima de thriller. Após essa parte, que é a pior do filme, ele melhora um pouco. Embora tenha o fato de que todos os personagens começam a ficar chatos, as cenas de ciumes/perseguição são das mais interessantes do segundo ato. Mas quando a história pula em alguns anos, com a ascenção do fasismo e tal, o filme novamente fica horrível. E então não melhora mais. O fim da 2ª Guerra Mundial é bem mostrado no resumo do início. No final, esse assunto se torna uma coisa longa e chata que
Sobre a estetica do filme: simplesmente impecável. A fotografia é das mais lindas que já vi, a direção de arte, as locações, figurino, colaboram para essa beleza. A música do Morricone sempre agrada. Gostei de praticamente todas as atuações e, dos Bertoluccis que já vi, esse é de longe o melhor. E não poderia terminar esse post sem dar o devido destaque
à cena em que os protagonistas (tentam) faze(r)m sexo com a prostituta, que eu realmente amei!"
Escrevi isso em 16/07/2013 e ainda hoje tenho a mesma opinião/impressão do filme.
Queda Livre
3.6 591Na primeira metade do filme eu fui me envolvendo, na segunda, me soltando; como Marc.
Os personagens foram desenvolvidos conforme sua importância na história; e foi difícil em alguns momentos me colocar no lugar do Marc, consegui sentir aquela agonia, pois simplesmente não havia saída. A cena final é simbólica e estou apaixonado pela música que toca nos créditos. O filme só não foi melhor, porque algumas cenas que poderiam aprofundar mais a história foram muito curtas
(principalmente a primeira vez que eles fazem sexo, na chuva).
As Pequenas Margaridas
4.2 267 Assista AgoraNão sei exatamente o que eu esperava desse filme, mas achei que ia gostar mais. A fotografia e a edição são super inovadoras, o roteiro é surreal, brisado, bizarro. Algo bem diferente do que eu geralmente vejo, talvez por isso gostei do filme.
Amor Pleno
3.0 558Não posso deixar de ver To The Wonder como uma obra complementar a The Tree Of Life: a beleza permanece (montagem, fotografia e trilha sonora sublimes, perfeitas); os temas são quase os mesmos, embora aqui eles sejam tratados com menos profundidade, pois esse filme não é tão pretensioso quanto o anterior, ou seja, não pode também ser tão quande quanto ele; novamente temos atuações boas, muito mais por causa do diretor do que do próprio ator (Ben Affleck); entre outros, a ausencia de muitos diálogos e as narrações demonstram que o filme não trata de uma história comum, mas de uma história sobre o interiror.
Entre os que eu vi até agora, To The Wonder é o melhor filme do ano.
Os Suspeitos
4.1 2,7K Assista AgoraSuperou minhas expectativas. Melhor suspense policial dos últimos anos.
A Um Passo da Liberdade
4.3 40Que filme! O melhor que já vi sobre o tema, sem dúvidas. E realmente não esperava aquele final...
Orelha
3.8 11 Assista AgoraNão sei o que esperava do filme, mas adorei. Acho que eu fiquei perdido em algum momento do filme, mas em geral a história é cativante. Ótima fotografia, edição e atuações.
Os Sonhadores
4.1 2,0K Assista AgoraSó pelas referências cinematograficas ele já vale a pena, sem falar nas cenas que mostram a intimidade dos protagonistas, mesmo ficando um pouco bizarro demais em alguns momentos. Como um filme sobre maio de 68, deixa um pouco a desejar. Mas é um grande deleite para a mente de um cinéfilo...
Atlantis 2: O Retorno de Milo
2.9 42 Assista AgoraEsse filme marcou minha infância, assistia incontáveis vezes. Me lembro vagamente de várias cenas/trechos,
como uma luta dentro da água com um polvo gigante (?), coiotes no deserto, e quando eles chegam em um castelo, e outras coisas ainda mais vagas.
Nashville
3.8 64Já vi muitos considerarem esse filme a obra prima de Altman, o que me deixou no mínimo curioso para assistir. Assisti, enfim, o filme e não gostei.
Esperava um tipo de Shot Cuts (esse sim, obra prima) mais estilizado. É mais ou menos isso, só que não tem o mesmo poder do filme de 1993. Nashville perde muito com aqueles números musicais horríveis (pior ainda para quem não aprecia country, como eu) e não tem aquela "bagunça divertida" como em Short Cuts, não é esse o termo, mas... O que quero dizer é que aqui há muitos personagens soltos, perdidos, desinteressantes, que não são desenvolvidos, na verdade, nenhum persongem consegue ficar marcado na mente.
Prefiro, então, pensar nesse filme como um ensaio para uma obra prima, que veio a acontecer 18 anos depois.
Fausto
3.4 220Sinto dizer, alguns livros simplesmente não podem ser adaptados. Meia estrela pela direção de arte e duas estrelas pela fotografia magnífica. O resto...