É até chover no molhado citar o quanto esse filme é atual. Ao final eu estava completamente extasiado. Essencial de se assistir nesse tempo em que vivemos. Extremamente bem filmado, um ótimo elenco e viva Costa-Gavras.
O filme é adaptado da autobiografia homônima de Romain Gary, que já teve uma versão pro cinema em 1970, dirigida pelo grande Jules Dassin. Dessa vez, o trabalho ficou por conta do por mim desconhecido Eric Barbier, que aqui demonstra talento com um trabalho empolgante e muito cuidadoso.
Eu, pessoalmente, não conhecia quase nada sobre Gary e, enquanto assistia ao filme, nem sequer me ocorreu que aquilo tudo era baseado em fatos reais, ainda mais por seu sobrenome verdadeiro ser Kacew. A história é sobre o amor da mãe (Nina) por seu filho, executado em uma extrema confiança aliada a uma desmedida cobrança. Sim, ao acreditar demais que Romain seria um homem de tanto sucesso e executor de tantos feitos, Nina colocava sobre os ombros dele um fardo exagerado, mas que o pequeno garoto faria questão de carregar, certamente superando todas as expectativas da mãe.
No longa em questão, ele não segue exatamente o caminho que ela traçou ou imaginava. À despeito de ter vivido as obsessões da mãe, pelo menos o Romain desse filme também viveu para si. Entre aventuras e algumas frustrações, ia galgando cada um dos pontos que a mãe esperava. Parece até meio suspeito acreditar em tudo, creio inclusive que as obras dão alguma valorizada em relação à isso, mas não deixa de ser emocionante e bonito de se ver, ainda mais da maneira não convencional como tudo foi feito.
A narrativa fílmica começa meio bagunçada em algum lugar do México, com Gary a caminho de um hospital e a medida que sua atual esposa lê o manuscrito do romance, o espectador assiste a história deles na Polônia até chegar ao paraíso francês que a mãe tanto sonhava. Nina é personagem tão importante quanto o próprio Gary, mulher forte, esperta e inteligente que com tanta força e garra criou seu filho e se recusava a precisar de homens pra viver, aliás, tinha pavor da ideia.
O texto é inteligente, empolgante e tem ótimas tiradas cômicas. Além da relação deles, outro ponto que o longa trata muito bem é o preconceito racial e os efeitos do nazismo na Europa. O final é bonito, triste e poético, uma das grande experiências do Varilux desse ano, vale a pena assistir.
Como Bergman sabia construir dramas entre mulheres! Aqui temos as incríveis Liv Ullmann e Bibi Andersson em atuações arrebatadoras, numa trama complexa e curiosa. Envolvimento e confiança são construídos e desrespeitados. Como já citaram repetidas vezes, possui um texto erótico sem imagens que é mais excitante que muita nudez gratuita e forçada de filmes por aí, são particularidades como essa que fazem Bergman ser quem é. Necessário!
Relação mãe-filha, amor, feridas mal-curadas. Há o forte sentimento positivo e admiração entre eles mas isso não as exime das diferenças e que isso as cause dor e sofrimento. Revelações e duras lembranças são apresentadas, roupas sujas são lavadas e nós acompanhamos inertes cada dura palavra e todo um processo de assepsia. O marido e a irmã são figuras importantes em discussões paralelas mas o principal é muito bem marcado, e que atrizes são Liv Ullman e Ingrid Bergman, grandiosas! Um Bergman como outros porém mais democrático, e indispensável!
A dor de Agnes, o amor de Ana, o sofrimento de Karin e Maria. Todas essas mulheres juntas em uma casa, sentimentos fortes, perda, o laço que unia as irmãs à funcionária. A quebra do laço e o que resulta do trauma. Bergman era único e até na escolha do elenco um diretor se mostra também grandioso. Que filme meus amigos!
Já comentei anteriormente sobre a extrema importância do título de uma obra artística, ainda mais pra alguém como eu, que foge de sinopses e trailers. Os filmes de Bergman costumam ter títulos incríveis e que comunicam demais com a narrativa: O Sétimo Selo, Sonata de Outono, Gritos e Sussurros. E com Morangos Silvestres a coisa não é diferente.
Uma curiosidade que descobri fazendo uma rápida pesquisa é que o morango que nós conhecemos mais comumente é na verdade um fruto híbrido de outras variações, quase entro numa crise existencial com isso, (risos). Se alguém da biologia puder falar sobre com mais propriedade, me interessa aprender.
Disso chegamos aos morangos-silvestres, os quais eu nunca havia visto, e o preto e branco do filme – apesar da imagem restaurada – não permite que haja um bom contato visual com o fruto, que é uma espécie selvagem endêmica das regiões de Mata Atlântica e, como seu próprio nome sugere, é silvestre, espontâneo.
Isak Borg é um senhorzinho declaradamente chato e desagradável. Primeiro ele se apresenta de forma eufemista numa narração descritiva e pode até dissimular uma boa personalidade pra alguns, mas com pouca metragem sua verdadeira face é apresentada. No dia em que viajaria para receber uma honraria em sua cidade natal, ele acorda de um sonho que aconteceu pra mudar sua vida.
Aquele sonho incomodou Borg a ponto de mudar imediatamente sua personalidade e lhe cobrar uma transformação que parece a muitos tardia e até impossível naquela altura da vida, mas não pra ele, que estava decidido a revisitar algumas velhas feridas. Tudo começa com a decisão de pegar a estrada de carro, um ensaio para um road movie, acompanhado de sua nora (Marianne), a quem dava carona de volta, e que havia sido vítima de tantos desplantes seus.
Isak até tenta se aproximar, mas Marianne não lhe dá espaço, até que uma parada numa antiga casa de campo acompanhada de um encontro com um trio de jovens muda tudo. Naquele espaço é onde estão os morangos que dão nome ao filme, e aqui na verdade instaura-se um paradoxo: os morangos que são silvestres estão em um canteiro, algo que deveria ser espontâneo está sendo cultivado, e isso fala demais sobre o filme.
As lembranças da infância, o encontro com uma nova Sara e sua saudável dúvida entre a dupla de pretendentes, o caminho, os encontros e desencontros, a assepsia de feridas mal saradas iniciando o processo de cura, além das dúvidas e perguntas que Bergman faz questão de plantar, são curvas dese processo.
Assistir a esse filme é acompanhar e torcer pela redenção de Isak Borg, e saber que seja eles de canteiro, silvestre, ou ambas as coisas, que não nos furtemos ao dever e ao direito de comer os morangos da vida.
Assisti no SESC Cidade Alta (Natal-RN). Augusto, o técnico responsável pelas sessões fez o convite à diretora para um bate-papo mas ela não pode por compromissos do novo trabalho, no entanto indicou Carmen Silva que prontamente aceitou e nos brindou com sua presença e uma conversa incrível após a sessão. O filme é lindo, gosto demais dessas propostas inovadoras de formato que servem à narrativa, não canso de falar. Zé do Monte sempre incrível e uma narrativa afiadíssima na defesa da luta pela moradia. Abarca também a questão dos imigrantes que era a intenção original da diretora e que pelo que entendi será o tema de seu novo filme. Interessante que assim como em Narradores de Javé, a linha de discussão é sempre pelo direito de se manter onde se está, o direito pelo seu lugar. A conversa que seguiu o filme também teve a participação de alguns ocupantes de Natal e foi extremamente enriquecedor. Ótimo como filme e como objeto político, pelo inegociável direito ao teto!
Bobão como já esperava mas com a Tata e o Furlan no elenco já ajuda bastante, e ainda tem a crítica ao modus operandi dos atores brasileiros,e outras discussões mais sobre depressão e por aí vai. Tem suas qualidades.
Cao junta Adriana Falcão, Anna Muylaert e Bráulio Mantovani pra colaborar no roteiro, além da produção dos irmãos Gullane mais grande equipe, tinha que sair coisa boa! Acho o filme lindo, ele segue sim uma narrativa simples por ser produto de um realizador audiovisual voltado sobretudo pro público infantil. Ainda assim o filme tem sua sutil profundidade. As atuações são mesmo meio rígidas, mas eu achei que de forma intencional, por isso comprei a ideia. A ambientação é linda, assim como a fotografia. A história apesar de contada de uma forma leve é na verdade durissima, o final é destruídor. Um filme necessário.
Devo ter assistido esse filme algumas vezes na escola mas precisava revê-lo depois de adulto. Não tem nada de muito complicado mas é sempre bom testar se um filme passa naquela regra da pós-infância. E bem, não dava pra esperar menos de uma obra de Annaud. Um grande exercício mimético pra falar um pouco sobre uma das mais importantes tecnologias da pré história, e como foi mais ou menos a relação daquele povo com ela. Grandes discussões sociais e psicológicas são feitas nesse filme aparentemente tão primitivo quanto os povos que retrata, mas que é sempre atual. Ótimo elenco e direção. Obrigatório!
É aquela velha história, inferior ao primeiro, mas até que conseguiram manter um bom padrão. O roteiro segue sua linha cômica e é bastante divertido. Gosto demais das brincadeiras com proporções. A cena pós-créditos é foda realmente.
Primeiro de tudo: não tinha motivo pra terem matado a personagem da Streep, alguém sabe se ela não quis fazer o filme? Quanto às músicas, claro que nós queríamos exatamente as mesmas e eles fizeram isso muito bem!!! Além de terem adicionado outras ótimas. A vida deu limões e Ol Parker fez uma boa limonada. O problema do filme é que com a morte de Donna escreveram um roteiro extremamente melancólico em tudo, chega dá pena, ele é bom quando não é contraditório, principalmente na mãe da Donna que está ótima mas que a gente sabe que claramente não deveria ser aquela personagem. Alguns personagens mais novos também não fazem sentido apesar da sacada ser boa. E é isso. Bom de ouvir as músicas novamente e narrativa satisfatória.
Se eu ainda não tivesse conhecido as músicas em O Casamento de Muriel, as teria conhecido aqui, mas como já conhecia, ficou muito mais divertido assistir ao filme e ouvi-las novamente. A história é interessante, tem lá suas críticas e brincadeiras, as músicas embalam perfeitamente os momentos e o elenco é muito bom. Além de cenários e ambientação agradabilíssimos. Uma delícia de assistir sem muitos compromissos.
Uma espécie de precursor musical de Mamma Mia. Um amigo indicou que eu visse antes e foi ótimo pois achei um filme muito bom, além de já ter ido me familiarizando com as músicas. Por meio do filme eu conheci e aprendi a gostar do ABBA. A história tem uma tragicomicidade única e que faz da narrativa uma experiência bem diferente. A Toni Colette tão esbelta como a conheço, não a imaginava assim. Conheci de cara mas foi um choque. Indico demais o filme!
Gosto desses formatos híbridos ainda mais quando a proposta inovadora é também útil e coerente. Textos incríveis da grande Beauvoir, aliados a atuações formidáveis dessa dupla. A captação da dança contemporânea também é linda, nosso padrão muda depois de assistir a Pina, mas de todo modo a direção de Lúcia é esforçada e suficiente nesse sentido, e as bailarinas também são otimas. Um belo exercício de cinema com uma mensagem grandiosa.
Apesar de todos os caminhos por onde ele se desloca este filme na verdade é sobre a tolerância e a aceitação. Há realmente muitas similaridades com Me Chame Pelo Seu Nome,
inclusive pela trama também tratar de um relacionamento homossexual. Ronit abandona a comunidade judaica pois queria algo diferente da vida, mas aquela escolha lhe custou tudo que lhe era caro nas relações de afeto. O que se desdobra disso faz o filme grandioso: reencontros, maldades, sofrimentos e compreensão. Dovid conceder o divórcio a Esti deveria ser lógico mas não é, além da separação isso representa também o ônus de perder sua liderança religiosa, e ainda assim ele se mostra grandioso.
O filme poderia muito bem acabar na cena do abraço, o que vem depois disso é descartável e/ou desnecessário. A cena final dela fotografando o túmulo é incrível, mas podia ter sido facilmente encaixada em outro momento do longa. Um grande filme, merece e deve ser visto.
Stephen Frears e Daniel Day-Lewis em começo de carreira. No início eu estava tendo uma impressão parecida com a da maioria do pessoal dos comentários abaixo: o filme não decide sobre qual assunto quer tratar. Mas depois me toquei que na verdade isso foi uma forma inconsciente de não conceber que a homossexualidade estivesse tão presente em um filme inglês de 1985 e não fosse seu assunto principal. Depois de aceitar isso o ótimo roteiro fica muito mais fácil de ser recebido, e ao contrário de algumas opiniões, achei a química entre os protagonistas muito boa. Não é nenhum filme grandioso ou revolucionário, mas foi visionário em suas aspirações e cumpriu bem seu papel. Deve ser visto!
Fraco mas a Thalita Carauta como protagonista salva. Você encontra exatamente o que o filme se propõe a fazer. Latino super brega, Letícia Lima em papel escroto, Márcio Garcia pior ainda e Alessandra Maestrini de vilã. Diversão completamente descompromissada.
Não querendo fazer aqui um divã para desabafo mas eu fui o pior aluno da escola e me arrependo pouco das merdas que fiz, porém foi um processo natural que me levou a ser aquela pessoa a qual fui abandonando com o passar dos anos. E mesmo não me arrependendo tanto confesso que me envergonho de muitas coisas que fiz e opiniões que tinha. Continuo gostando do politicamente incorreto desde que ele não prejudique a vida do meu semelhante, e Gentili tenta levar o mundo na total contramão disso, esse cara é um brincante, e a mensagem desse filme não serve nem como piada ruim. É bom que assistamos como exemplo de tudo que deva ser combatido.
Parece que os anos afastados dos sets de cinema não fizeram bem a Neville. O diretor tentou imprimir em seu longa as características que trazia daquele cinema marginal e soft porn da sua época mas acabou não dando certo. Ele já não era um diretor formidável e depois disso então. Até torci e me parecia ser um bom filme, mas na cena inicial a bomba se anunciava. Tem uma qualidade ou outra mas muito pela minha boa vontade. Veja apenas pela curiosidade.
Z
4.4 122É até chover no molhado citar o quanto esse filme é atual. Ao final eu estava completamente extasiado. Essencial de se assistir nesse tempo em que vivemos. Extremamente bem filmado, um ótimo elenco e viva Costa-Gavras.
Promessa Ao Amanhecer
4.0 25 Assista AgoraO filme é adaptado da autobiografia homônima de Romain Gary, que já teve uma versão pro cinema em 1970, dirigida pelo grande Jules Dassin. Dessa vez, o trabalho ficou por conta do por mim desconhecido Eric Barbier, que aqui demonstra talento com um trabalho empolgante e muito cuidadoso.
Eu, pessoalmente, não conhecia quase nada sobre Gary e, enquanto assistia ao filme, nem sequer me ocorreu que aquilo tudo era baseado em fatos reais, ainda mais por seu sobrenome verdadeiro ser Kacew. A história é sobre o amor da mãe (Nina) por seu filho, executado em uma extrema confiança aliada a uma desmedida cobrança. Sim, ao acreditar demais que Romain seria um homem de tanto sucesso e executor de tantos feitos, Nina colocava sobre os ombros dele um fardo exagerado, mas que o pequeno garoto faria questão de carregar, certamente superando todas as expectativas da mãe.
No longa em questão, ele não segue exatamente o caminho que ela traçou ou imaginava. À despeito de ter vivido as obsessões da mãe, pelo menos o Romain desse filme também viveu para si. Entre aventuras e algumas frustrações, ia galgando cada um dos pontos que a mãe esperava. Parece até meio suspeito acreditar em tudo, creio inclusive que as obras dão alguma valorizada em relação à isso, mas não deixa de ser emocionante e bonito de se ver, ainda mais da maneira não convencional como tudo foi feito.
A narrativa fílmica começa meio bagunçada em algum lugar do México, com Gary a caminho de um hospital e a medida que sua atual esposa lê o manuscrito do romance, o espectador assiste a história deles na Polônia até chegar ao paraíso francês que a mãe tanto sonhava. Nina é personagem tão importante quanto o próprio Gary, mulher forte, esperta e inteligente que com tanta força e garra criou seu filho e se recusava a precisar de homens pra viver, aliás, tinha pavor da ideia.
O texto é inteligente, empolgante e tem ótimas tiradas cômicas. Além da relação deles, outro ponto que o longa trata muito bem é o preconceito racial e os efeitos do nazismo na Europa. O final é bonito, triste e poético, uma das grande experiências do Varilux desse ano, vale a pena assistir.
Os Penetras 2: Quem Dá Mais?
2.1 49Uma porqueirinha, na linha do primeiro. O elenco tem bons momentos isolados mas nada além disso. Tomara que parem por aí kk.
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraComo Bergman sabia construir dramas entre mulheres! Aqui temos as incríveis Liv Ullmann e Bibi Andersson em atuações arrebatadoras, numa trama complexa e curiosa. Envolvimento e confiança são construídos e desrespeitados. Como já citaram repetidas vezes, possui um texto erótico sem imagens que é mais excitante que muita nudez gratuita e forçada de filmes por aí, são particularidades como essa que fazem Bergman ser quem é. Necessário!
Sonata de Outono
4.5 492Relação mãe-filha, amor, feridas mal-curadas. Há o forte sentimento positivo e admiração entre eles mas isso não as exime das diferenças e que isso as cause dor e sofrimento. Revelações e duras lembranças são apresentadas, roupas sujas são lavadas e nós acompanhamos inertes cada dura palavra e todo um processo de assepsia. O marido e a irmã são figuras importantes em discussões paralelas mas o principal é muito bem marcado, e que atrizes são Liv Ullman e Ingrid Bergman, grandiosas! Um Bergman como outros porém mais democrático, e indispensável!
Gritos e Sussurros
4.3 472A dor de Agnes, o amor de Ana, o sofrimento de Karin e Maria. Todas essas mulheres juntas em uma casa, sentimentos fortes, perda, o laço que unia as irmãs à funcionária. A quebra do laço e o que resulta do trauma. Bergman era único e até na escolha do elenco um diretor se mostra também grandioso. Que filme meus amigos!
Morangos Silvestres
4.4 656Já comentei anteriormente sobre a extrema importância do título de uma obra artística, ainda mais pra alguém como eu, que foge de sinopses e trailers. Os filmes de Bergman costumam ter títulos incríveis e que comunicam demais com a narrativa: O Sétimo Selo, Sonata de Outono, Gritos e Sussurros. E com Morangos Silvestres a coisa não é diferente.
Uma curiosidade que descobri fazendo uma rápida pesquisa é que o morango que nós conhecemos mais comumente é na verdade um fruto híbrido de outras variações, quase entro numa crise existencial com isso, (risos). Se alguém da biologia puder falar sobre com mais propriedade, me interessa aprender.
Disso chegamos aos morangos-silvestres, os quais eu nunca havia visto, e o preto e branco do filme – apesar da imagem restaurada – não permite que haja um bom contato visual com o fruto, que é uma espécie selvagem endêmica das regiões de Mata Atlântica e, como seu próprio nome sugere, é silvestre, espontâneo.
Isak Borg é um senhorzinho declaradamente chato e desagradável. Primeiro ele se apresenta de forma eufemista numa narração descritiva e pode até dissimular uma boa personalidade pra alguns, mas com pouca metragem sua verdadeira face é apresentada. No dia em que viajaria para receber uma honraria em sua cidade natal, ele acorda de um sonho que aconteceu pra mudar sua vida.
Aquele sonho incomodou Borg a ponto de mudar imediatamente sua personalidade e lhe cobrar uma transformação que parece a muitos tardia e até impossível naquela altura da vida, mas não pra ele, que estava decidido a revisitar algumas velhas feridas. Tudo começa com a decisão de pegar a estrada de carro, um ensaio para um road movie, acompanhado de sua nora (Marianne), a quem dava carona de volta, e que havia sido vítima de tantos desplantes seus.
Isak até tenta se aproximar, mas Marianne não lhe dá espaço, até que uma parada numa antiga casa de campo acompanhada de um encontro com um trio de jovens muda tudo. Naquele espaço é onde estão os morangos que dão nome ao filme, e aqui na verdade instaura-se um paradoxo: os morangos que são silvestres estão em um canteiro, algo que deveria ser espontâneo está sendo cultivado, e isso fala demais sobre o filme.
As lembranças da infância, o encontro com uma nova Sara e sua saudável dúvida entre a dupla de pretendentes, o caminho, os encontros e desencontros, a assepsia de feridas mal saradas iniciando o processo de cura, além das dúvidas e perguntas que Bergman faz questão de plantar, são curvas dese processo.
Assistir a esse filme é acompanhar e torcer pela redenção de Isak Borg, e saber que seja eles de canteiro, silvestre, ou ambas as coisas, que não nos furtemos ao dever e ao direito de comer os morangos da vida.
O Sétimo Selo
4.4 1,0KA morte é uma inimiga ou uma operária? Bergman em uma de suas obras-primas, filme incrível para se ver e rever.
Era o Hotel Cambridge
4.2 99Assisti no SESC Cidade Alta (Natal-RN). Augusto, o técnico responsável pelas sessões fez o convite à diretora para um bate-papo mas ela não pode por compromissos do novo trabalho, no entanto indicou Carmen Silva que prontamente aceitou e nos brindou com sua presença e uma conversa incrível após a sessão. O filme é lindo, gosto demais dessas propostas inovadoras de formato que servem à narrativa, não canso de falar. Zé do Monte sempre incrível e uma narrativa afiadíssima na defesa da luta pela moradia. Abarca também a questão dos imigrantes que era a intenção original da diretora e que pelo que entendi será o tema de seu novo filme. Interessante que assim como em Narradores de Javé, a linha de discussão é sempre pelo direito de se manter onde se está, o direito pelo seu lugar. A conversa que seguiu o filme também teve a participação de alguns ocupantes de Natal e foi extremamente enriquecedor. Ótimo como filme e como objeto político, pelo inegociável direito ao teto!
Porta dos Fundos - Contrato Vitalício
2.0 352 Assista AgoraRuim de verdade.
TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva
2.4 303 Assista AgoraBobão como já esperava mas com a Tata e o Furlan no elenco já ajuda bastante, e ainda tem a crítica ao modus operandi dos atores brasileiros,e outras discussões mais sobre depressão e por aí vai. Tem suas qualidades.
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias
3.7 454Cao junta Adriana Falcão, Anna Muylaert e Bráulio Mantovani pra colaborar no roteiro, além da produção dos irmãos Gullane mais grande equipe, tinha que sair coisa boa! Acho o filme lindo, ele segue sim uma narrativa simples por ser produto de um realizador audiovisual voltado sobretudo pro público infantil. Ainda assim o filme tem sua sutil profundidade. As atuações são mesmo meio rígidas, mas eu achei que de forma intencional, por isso comprei a ideia. A ambientação é linda, assim como a fotografia. A história apesar de contada de uma forma leve é na verdade durissima, o final é destruídor. Um filme necessário.
Um Tio Quase Perfeito
2.7 93Os filmes desse Pedro Antônio me divertem, ainda mais tendo o Majella. É fraco, ruim, bobo, mas divertido. Não veja com outra intenção.
A Guerra do Fogo
3.6 352Devo ter assistido esse filme algumas vezes na escola mas precisava revê-lo depois de adulto. Não tem nada de muito complicado mas é sempre bom testar se um filme passa naquela regra da pós-infância. E bem, não dava pra esperar menos de uma obra de Annaud. Um grande exercício mimético pra falar um pouco sobre uma das mais importantes tecnologias da pré história, e como foi mais ou menos a relação daquele povo com ela. Grandes discussões sociais e psicológicas são feitas nesse filme aparentemente tão primitivo quanto os povos que retrata, mas que é sempre atual. Ótimo elenco e direção. Obrigatório!
Homem-Formiga e a Vespa
3.6 990 Assista AgoraÉ aquela velha história, inferior ao primeiro, mas até que conseguiram manter um bom padrão. O roteiro segue sua linha cômica e é bastante divertido. Gosto demais das brincadeiras com proporções. A cena pós-créditos é foda realmente.
Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo
3.7 613 Assista AgoraPrimeiro de tudo: não tinha motivo pra terem matado a personagem da Streep, alguém sabe se ela não quis fazer o filme? Quanto às músicas, claro que nós queríamos exatamente as mesmas e eles fizeram isso muito bem!!! Além de terem adicionado outras ótimas. A vida deu limões e Ol Parker fez uma boa limonada. O problema do filme é que com a morte de Donna escreveram um roteiro extremamente melancólico em tudo, chega dá pena, ele é bom quando não é contraditório, principalmente na mãe da Donna que está ótima mas que a gente sabe que claramente não deveria ser aquela personagem. Alguns personagens mais novos também não fazem sentido apesar da sacada ser boa. E é isso. Bom de ouvir as músicas novamente e narrativa satisfatória.
Mamma Mia! O Filme
3.6 1,8K Assista AgoraSe eu ainda não tivesse conhecido as músicas em O Casamento de Muriel, as teria conhecido aqui, mas como já conhecia, ficou muito mais divertido assistir ao filme e ouvi-las novamente. A história é interessante, tem lá suas críticas e brincadeiras, as músicas embalam perfeitamente os momentos e o elenco é muito bom. Além de cenários e ambientação agradabilíssimos. Uma delícia de assistir sem muitos compromissos.
O Casamento de Muriel
3.8 237Uma espécie de precursor musical de Mamma Mia. Um amigo indicou que eu visse antes e foi ótimo pois achei um filme muito bom, além de já ter ido me familiarizando com as músicas. Por meio do filme eu conheci e aprendi a gostar do ABBA. A história tem uma tragicomicidade única e que faz da narrativa uma experiência bem diferente. A Toni Colette tão esbelta como a conheço, não a imaginava assim. Conheci de cara mas foi um choque. Indico demais o filme!
Em Três Atos
3.8 27Gosto desses formatos híbridos ainda mais quando a proposta inovadora é também útil e coerente. Textos incríveis da grande Beauvoir, aliados a atuações formidáveis dessa dupla. A captação da dança contemporânea também é linda, nosso padrão muda depois de assistir a Pina, mas de todo modo a direção de Lúcia é esforçada e suficiente nesse sentido, e as bailarinas também são otimas. Um belo exercício de cinema com uma mensagem grandiosa.
Desobediência
3.7 720 Assista AgoraApesar de todos os caminhos por onde ele se desloca este filme na verdade é sobre a tolerância e a aceitação. Há realmente muitas similaridades com Me Chame Pelo Seu Nome,
inclusive pela trama também tratar de um relacionamento homossexual. Ronit abandona a comunidade judaica pois queria algo diferente da vida, mas aquela escolha lhe custou tudo que lhe era caro nas relações de afeto. O que se desdobra disso faz o filme grandioso: reencontros, maldades, sofrimentos e compreensão. Dovid conceder o divórcio a Esti deveria ser lógico mas não é, além da separação isso representa também o ônus de perder sua liderança religiosa, e ainda assim ele se mostra grandioso.
Minha Adorável Lavanderia
3.5 72Stephen Frears e Daniel Day-Lewis em começo de carreira. No início eu estava tendo uma impressão parecida com a da maioria do pessoal dos comentários abaixo: o filme não decide sobre qual assunto quer tratar. Mas depois me toquei que na verdade isso foi uma forma inconsciente de não conceber que a homossexualidade estivesse tão presente em um filme inglês de 1985 e não fosse seu assunto principal. Depois de aceitar isso o ótimo roteiro fica muito mais fácil de ser recebido, e ao contrário de algumas opiniões, achei a química entre os protagonistas muito boa. Não é nenhum filme grandioso ou revolucionário, mas foi visionário em suas aspirações e cumpriu bem seu papel. Deve ser visto!
Duas de Mim
2.4 95Fraco mas a Thalita Carauta como protagonista salva. Você encontra exatamente o que o filme se propõe a fazer. Latino super brega, Letícia Lima em papel escroto, Márcio Garcia pior ainda e Alessandra Maestrini de vilã. Diversão completamente descompromissada.
Como se Tornar o Pior Aluno da Escola
2.5 340Não querendo fazer aqui um divã para desabafo mas eu fui o pior aluno da escola e me arrependo pouco das merdas que fiz, porém foi um processo natural que me levou a ser aquela pessoa a qual fui abandonando com o passar dos anos. E mesmo não me arrependendo tanto confesso que me envergonho de muitas coisas que fiz e opiniões que tinha. Continuo gostando do politicamente incorreto desde que ele não prejudique a vida do meu semelhante, e Gentili tenta levar o mundo na total contramão disso, esse cara é um brincante, e a mensagem desse filme não serve nem como piada ruim. É bom que assistamos como exemplo de tudo que deva ser combatido.
A Frente Fria que a Chuva Traz
2.5 152 Assista AgoraParece que os anos afastados dos sets de cinema não fizeram bem a Neville. O diretor tentou imprimir em seu longa as características que trazia daquele cinema marginal e soft porn da sua época mas acabou não dando certo. Ele já não era um diretor formidável e depois disso então. Até torci e me parecia ser um bom filme, mas na cena inicial a bomba se anunciava. Tem uma qualidade ou outra mas muito pela minha boa vontade. Veja apenas pela curiosidade.