Quando Hollywood lança um filme de guerra sobre soldados norte-americanos, é difícil para nós, os brasileiros, criarmos a empatia necessária para com o personagem retratado. Talvez, Sniper Americano seja um grande exemplo disso.
Na trama, temos a história do texano Chris Kyle (Bradley Cooper) contada desde sua infância, colocando a mostra como a sua paixão por armas foi herdada de seu pai, ainda muito jovem. Como qualquer garoto do Texas, Kyle tenta seguir na carreira de cowboy, porém, ao não enxergar um futuro muito promissor, ele e seu irmão se alistam no exército estadunidense, mais precisamente na marinha. Ao se destacar como um franco atirador, Chris, parte ao Iraque deixando sua recém-formada família para trás. Lá, o sniper, mata mais de 160 pessoas em dez anos de guerra, no qual acaba sendo condecorado por sua atuação.
Clint Eastwood segue na direção ao lado do roteirista Jason Hall, tendo o drama intenso como viés da obra. Kyle é o herói americano que todos se orgulham, menos o próprio. A humanização do soldado na guerra é clara, temos em vista ele não é um psicopata sem sentimentos, mais sim, apenas um alienado em busca do objetivo de salvar os Estados Unidos custe o que custar. Esse patriotismo exagerado é declarado quando o sniper diz que há apenas três coisas importantes em sua vida: deus, seu país e sua família. Assim, percebemos a origem de sua fúria, mesmo que ela não faça sentindo.
Ao fugir do lado político da guerra, a trama se estende ao intercalar o presente com os flashacks de seu passado, Kyle é apresentando de duas formas diferentes ao espectador, o anterior e o posterior a passagem pela guerra. A câmera sempre é movida por sequências lentas, onde o olhar do protagonista está sempre em destaque. O olhar de uma leoa em sua presa, pode se fazer essa analogia quando se trata do mais forte atingindo o mais fraco. Uma realidade indiscutível.
Eastwood não quis mostrar um herói, muito menos uma vítima. Em Sniper Americano, o diretor quis destacar uma realidade que poucos veem de perto, em um mundo onde não há certo ou errado, ou seja, na guerra. Para a melhor familiarização, temos o exemplo do nacional, Tropa de Elite, no qual o diretor José Padilha apresentou uma guerra civil brasileira, onde em uma mesma história pode-se ter muitas verdades. Com isso, percebemos que a nossa cadeia alimentar é ainda muito maior do que aparenta, com os mais fracos sendo engolidos pelos mais fortes em uma terra quase sem lei.
Por: Caroline Venco